Jonathan Morgenstern escrita por Catherine


Capítulo 8
Capítulo 8




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De manhã, Katherine estava no estúdio de ballet, treinando na barra com a sapatilha de ponta. De repente ouviu um grito abafado. Victória nem se mexeu, parecia não ter ouvido, ou tentado ignorar. Seus pés estavam doendo muito, então a tutora decidiu deixar o resto da aula livre, se ela quisesse parar, e então foi embora.

Ela tirou as sapatilhas de ponta e colocou a sem ponta, para treinar grand jetés. No meio de um salto, ouviu outro grito, e logo um som de algo pesado sendo arrastado. Os barulhos vinham da sala de treinamento.

–Se arrume para o almoço, se não irá se atrasar! - disse Victória, aparecendo nas portas de vidro.

No almoço, Jonathan não estava na mesa, e Valentine saiu antes do fim da refeição, o que seria considerado rude. Ele parecia irritado.

Ela estava em seu quarto, se preparando para o treino, quando Victória entrou:

–Hoje treinaremos lá fora. Você vai correr, logo tire esta roupa de couro.

Após ela sair, Katherine colocou shorts de corrida rosa pink, uma camiseta branca solta, tênis e pegou um casaco de moletom branco para colocar se sentir frio.

Correu pelas trilhas, no meio da floresta, e até na estrada. Victória queria mesmo cansá-la. Quando já estava exausta, mandou-a escalar uma árvore. Katherine olhou para o tronco velho e quebradiço, tomou coragem e começou a subir. Quase no topo, quando foi pisar em um galho, ele se quebrou e ela se desequilibrou, caindo no ar. Tentou aterrizar de modo que não se machucasse muito, mas atingiu o chão de lado, machucando o ombro. Após uma iratze, estava bem.

Para finalizar, fez abdominais e apoios na grama mesmo. Antes de entrar na mansão, colocou o casaco para cobrir a camiseta suja de grama e de sangue por causa dos arranhões dos galhos. Estava passando pelo corredor, tão silêncioso que conseguiu ouvir gemidos. Lembrou-se dos gritos da sala de treinamento, e queria entrar lá para ver o que estava acontecendo. Ao parar em frente à porta, hesitou, não tinha ideia do que poderia ser. Ainda estava com aquela roupa de corrida, estava quase desistindo, mas ouviu respirações pesadas. Alguém poderia estar mal, sem pensar ela girou a maçaneta e viu algo horrível.

Em um canto da enorme sala, Jonathan estava todo machucado, atirado no chão, suas costas visíveis cheias de marcas e cortes com bastante sangue. Como aquilo poderia ter acontecido? Katherine não sabia o que fazer, seria errado ir embora, mas ele estaria certamente muito irritado. Estava em pé, com o coração acelerado, quando de repente Jonathan tentou se ajoelhar e olhou para trás. Neste movimento, caiu no chão, tão fraco que não conseguiu usar os braços para parar a queda.

Ela correu até ele. Se sentou ao seu lado, e perguntou baixinho:

–Você está bem?

Jonathan murmurou alguma coisa irritado. Perguntou com a voz meio falhada:

–Você... tem uma... e-estela...?

Por sorte, ela havia deixado sua estela no bolso do casaco. Desenhou umas iratzes nas costas dele, algumas marcas cicatrizaram, menos os cortes profundos. Ela tocou um deles, mas seus músculos ficaram rígidos com a dor, e ele soltou um grito baixo. O sangue contrastava com sua pele pálida, seus cabelos loiros estavam manchados com sangue seco.

–Por que estes cortes não desapareceram com a runa? - ela perguntou

Após um minuto esperando por uma resposta, ela decidiu falar novamente:

–Jonathan, eu estou querendo te ajudar. Como isso aconteceu?

Ele suspirou.

–Não são cortes... São marcas do chicote de metal demoníaco... Não cicatrizam... Não tem como me ajudar...

Ele estava com os olhos fechados com força, para suportar a dor.

Katherine respirou fundo. Iria tentar, incerta dos resultados. Tocou um corte com as pontas dos dedos e tentou se concentrar. A ferida foi lentamente fechando. Lentamente, curou um corte mais longo, e percebeu os músculos relaxarem. Foi passando os dedos por mais marcas de metal demoníaco, até que ele parou de tremer, e suas costas estavam sem mais feridas, apenas cicatrizes brancas que mal se distinguiam de seu tom de pele.

–Como... fez isso? - ele perguntou

–O sangue de anjo. Achei que não conseguia mais fazer isso... Como está se sentindo?

–Melhor. - ele disse, porém ainda estava fraco.

Katherine foi ao seu quarto, pegou um pacote de biscoitos mundanos que estava em sua mala, uma toalha molhada e um copo com água. Voltou na sala, e começou a limpar o sangue do corpo de Jonathan.

Com cuidado, passou a toalha pelas suas costas, até remover todo o sangue seco, e umedeceu-a novamente para limpar seus braços musculosos. Ela não tinha como deixar de admirar o corpo maravilhoso de Jonathan. As runas o deixavam incrivelmente sexy.

Ele se sentou com as costas encostadas na parede para ela limpar seu rosto. Uma vez ou outra, seus olhos se encontraram, mas ela desviava rapidamente.

–Tome essa água e os biscoitos. Vai se sentir melhor.

Jonathan tomou a água em pequenos goles, ainda fraco, e comeu todos os biscoitos. Depois disso, ficaram num silêncio estranho por um tempo.

–Por que me ajudou? Se meu pai descobrir, ficará furioso. Ou não, pois você é uma mulher, e não um monstro.

–Você não é um monstro. O que aconteceu?

–Isso...

–Está bem, há coisas que é melhor você não falar se não quiser.

–Então por que me falou ontem aquilo? - perguntou ele

–Não sei... Ás vezes preciso contar, não dá para esconder. Toda a Clave já sabe mesmo, e provavelmente meia Idris também. Não é a toa que meus pais me chutaram de casa permitindo eu vir para cá sem a mínima resistência.

–O que eles fizeram quando descobriram?

–Disseram que eu era uma vergonha, gritaram, eu chorei. Odeio quando gritam comigo, eu fico assustada.

–Só gritaram? - ele perguntou, brincando, como se ela estivesse exagerando

–Como assim, "só"? Foi horrível. Minha mãe atirou uma vaso em mim, e tive que me curar sem a estela. Pelo menos eles não sabem dos meus poderes.

–Ás vezes Valentine também tira a minha estela, odeio isso. Ele diz que tenho que sentir dor mesmo.

–Sim, caçadores de sombra tem runas para quê?

–Eu tenho vontade de enfiar aquela espada inteira em seu corpo pela garganta. - ele falou, com raiva

–Pelo Anjo! Ele é seu pai! - ela disse, horrorizada.

Jonathan colocou a cabeça entre os joelhos, e agarrou seus próprios cabelos com força.

–Não posso... Deixar o sangue de demônio me dominar.

–Shh... É só se acalmar. Respire fundo. Conte de 100 a 0, assim mesmo, ao contrário, até sentir que está mais calmo.

Jonathan achou aquilo estranho, mas decidiu tentar. Precisava controlar a raiva, havia treinado durante muitos anos, e recebido muitos punimentos quando falhava.

Minutos depois, ele esticou os joelhos, acalmado. Estava olhando para o vazio.

–Acho melhor irmos... Não quero te por em problemas. - disse ele

Os dois se levantaram, e saíram da sala de treinamento em silêncio. Jonathan parou na frente de seu quarto, se virou, e disse:

-Obrigada.

 Ele sorriu de leve ao falar aquilo, olhando-a nos olhos. Katherine sentiu seu coração amolecer, e borboletas no estômago. Mas peraí, se endireita! Pensou. Seguiu pelo corredor, pois o seu ficava no fundo. Quando foi dobrar, deu de cara com um terno preto. Olhou para cima e viu um rosto rígido e cabelos muito loiros, quase brancos. Valentine. Ah, não! Ela pensou.

–Estava te procurando. Venha para o meu escritório.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem! Por favor digam, que posto o próximo cap logo. A escola está me enlouquecendo :/