Éramos Nós escrita por HanaInari


Capítulo 2
Capítulo 1




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Entrei em minha nova sala de aula. Parece clichê, mas sou aluna nova e estou atrasada. Cena de filme? Talvez.

            - Senhorita Martin, atrasada em sua primeira aula aqui? – a professora me parou na porta, eu com certeza estaria encrencada – Te vejo na detenção após o almoço.

            - Desculpe. – eu disse e ela fez sinal para eu me sentar.

            Meu lugar era na ultima carteira da fileira da esquerda e havia uma menina loira sentada ao lado.

            - Pois bem, vamos começar a aula.

            As duas primeiras aulas passaram rápido, já a terceira, passou tão lentamente que estava a ponto de dormir.

            O menino a minha frente me passou um bilhete.

“Também vou ter que ir na detenção, te vejo lá!!!”

            Perguntei-me de quem seria e cutuquei as costas dele. Ele virou só um pouco, sem deixar que eu visse seu rosto todo.

            - Quem me mandou?

            - Fui eu.

            - Ah, tudo bem.

            Fiquei pensando se eu já o conhecia de algum lugar, se alguém tivesse me apresentado, mas lembrança alguma vinha à mente. Eu realmente não o conhecia.

            O sinal do intervalo tocou e eu guardei minhas coisas, peguei meu lanche e sai. Caminhei calmamente pelo corredor, eu estava perdida, a escola era muito grande e eu não tinha ideia de por onde ir. Parei no meio do corredor e abri meu lanche, comecei a comer ali mesmo, já que era perto da classe e eu não queria me perder mais ainda.

            - Ei! Você não pode comer aqui, se te virem, te levam pra detenção. – uma menina loira disse, ela vinha em minha direção.

            - Boa noticia, já vou pra detenção... – respondi com um “sorriso amarelo” no rosto.

            - Sério? Já te viram comendo? – ela perguntou e riu.

            - Não, cheguei atrasada.

            - Ah, entendi. Bom, quer que eu te mostre onde é o pátio? – ela perguntou.

            Fiz que sim com a cabeça.

            Ela me guiou por entre os alunos, em direção a uma grande entrada sem porta e emoldurada por um batente de madeira. Finalmente eu sabia onde era o refeitório e como voltaria para minha sala. Eu agradeci e disse que se ela quisesse, poderia voltar com os amigos dela.

            - Ah, eu? Voltar com meus amigos? Se eu tivesse algum... – ela riu novamente.

            - Hm? Não tem? Mas você é tão... – ela não me deixou terminar.

            - Não tenho, nenhumzinho! As pessoas tiram sarro de mim por eu ser muito falante! – ela disse e tomou um gole de seu suco.

            - Ah, pessoas falantes são legais, quando falta o assunto sempre dão um jeito de acabar com o silêncio... – eu respondi e fiquei olhando para todos que estavam no pátio.

            - Ah? Sério? Acha mesmo? Que ótimo, obrigada. Sério, obrigada mesmo.

            - Magina...

            - Esqueci de perguntar, qual seu nome? – ela perguntou, parando a minha frente.

            - Amy Young Martin, e o seu? – respondi e continuei comendo.

            - Marie Anderson, e se pronuncia Marriê! – ela disse toda animada.

            - Prazer, Marriê! – eu disse e sorri.

            Marie deu muita risada comigo, não entendo muito bem, porque não sou muito falante, muito menos engraçada. Parecia que me faltava algo... Sempre foi assim, então eu não falava muito e ficava na minha. Não era timidez, era só que... Eu me sentia bem assim e pronto.

            Assim que o intervalo acabou, o mar de alunos invadiu os corredores novamente, eu me sentia “A” diferente, meus cabelos ruivos e levemente ondulados se destacavam em meio aos castanhos e loiros normais.

            Entrei na classe novamente e fui me sentar.

            O menino que me mandara o bilhete entrou na sala de aula cercado de muitos outros alunos e rindo intensamente. Ele tinha um lindo sorriso. Disse tchau para seus amigos e depois parou de costas para mim por que foi chamado por uma menina. A menina com certeza disse algo que o deixou preocupado, porque ele voltou com essa cara para se sentar.

            Sentou-se de lado, encostado na parede bege, e virou-se para mim.

            - E ai! – ele disse e... Seus olhos eram azuis, muito azuis. Azul piscina! E combinavam perfeitamente com o escuro intenso de seus cabelos.

            - Oi. – respondi ainda olhando em seus olhos muito perfeitos.

            - Animada pra detenção?

            - Ah... Não... Nem um pouco.

            - Nem me fale, é a professora de artes plásticas que cuida da detenção, ou seja, a gente vai ter que fazer coisas ligadas a isso. – ele disse e fez uma cara de nojo.

            Dei risada ao ver a careta que ele fizera.

            - É... Você é bem diferente sabia? – ele disse e sorriu.

            - An? Como assim? – perguntei um pouco confusa.

            - Ruiva, olhos verdes, quase nem parece americana. – ele disse ainda sorrindo.

            - Ah, valeu... – respondi e a professora entrou na sala no mesmo momento.

            - Boa aula, aluna nova! – ele disse.

            - Sou Amy.

            - Sou Ian. – sorriu e virou para frente.

            As ultimas três aulas passaram muito mais rápido que as primeiras, talvez seja porque eu gosto da matéria e fiquei interessada. Ou talvez, porque fiquei muito distraída pensando em como seria a detenção. Não, espera. Isso não. Acho que não.

            - Estão todos dispensados, e a Senhorita Dallia está esperando quem precisa ir à detenção. – a professora disse, arrumou suas coisas e saiu.

            - Somos só eu e você. – disse Ian.

            - Só? Nossa... – eu disse meio envergonhada.

            - É porque somos foras da lei. – ele disse e piscou para mim.

            - Pode apostar. – eu dei risada.

            - Bom, vamos?

            Fiz que sim com a cabeça e o segui, a escola já estava praticamente vazia e nossos passos faziam eco no piso.

            Andamos por um bom tempo, e logo chegamos a detenção.

            - Sejam bem vindos, alunos desordeiros... – a professora começou, mas como Ian começou a falar comigo, deixei de prestar a atenção nela, e prestei atenção nele.

            - “Desordeiros”, viu só? Ela está falando de nós, somos vida louca! – disse ele e riu.

            - Vida louca. – repeti, e dei risada.

            - Sabe, essa velha ai, me via quase todos os dias no ano passado, isso não é muito legal né? Imagina só o quanto já cansei dela, e ela de mim. – ele disse e deu risada, eu ri junto.

            A professora dividiu por classes quem iria fazer cada tarefa, eu e Ian ficamos com a parte de pintura de cenário.

            - Porque tantos cenários assim? – perguntei.

            - Temos festivais antes das férias de verão e de inverno. – ele disse.

            - Ah... entendi.

            Começamos a produzir os enfeites e a tarde passou rápido, mal comecei na escola e já percebi que algo diferente estava se agitando dentro de mim. Será amor?


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