A Filha De Héstia escrita por Mrs Isa


Capítulo 2
Lira, a semideusa


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, esse não ficou tão grande como o outro....



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*POV narrador

A garra enrugada tentava pegar Lira. A garota não sabia como, mas conseguia desviar. Naquele momento ela tinha grande reflexos, vindos do além talvez, ou então frutos de sua dislexia e déficit de atenção. Ela resolveu arriscar um golpe de espada. Esperou o momento certo, e quando aquela figura com asas de couro se virou para ela com o peito desprotegido ela avançou com a espada em mãos, o golpe dividiria a criatura em dois, porém o que aconteceu foi diferente. O monstro explodiu, em o que parecia ser cinzas ou pó preto, com um grito ensurdecedor, deixando apenas um cheiro forte de enxofre no ar.

—Lira você... Você conseguiu! - Deni.

—Eu acho que sim. Mas o que era aquilo?

—Uma Benevolente. - ele falou baixinho quase sussurando.

Lira ao ouvir aquela palavra arregalou os olhos.

—Uma Benevolente? Eu li sobre elas num livro sobre monstros da mitologia grega!

—E digamos, que isso não seja muito bom! - Deni fitava o monte de cinzas no chão.

—Você acha que outros monstros virão?

—Se você for o que penso, sim, outros virão! Mas acho melhor irmos para sua casa, seu pai deve estar desesperado. Veja já amanheceu!

E de fato, o sol nascia. O tempo tinha passado tão depressa naquela noite.

—Eu vou! Mas você vai comigo, preciso que você entenda porque fugi.

—Eu sei porquê! É sua nova madrasta não? Ela é a 3ª ou 4ª?

—5ª, e última!

***

A campainha tocou e Richard pulou da poltrona.

—Richard, amor! Deixe que eu atendo!- Trina se levantou e foi atender a porta.

Mas ela se arrependeu de ter feito aquela gentileza.

—Veja! Lira voltou! - Trina mostrava os dentes em um sorriso falso.

—Lira, filha! É você mesmo?

Lira entrou correndo para abraçar o pai, que não sorria desde a noite passada.

—Desculpe, ter fugido ontem! Eu estava chateada e não sabia o que fazer.

—Tudo bem, filha! Mas na próxima vez não fuja por favor, você não sabe como fiquei desesperado quando não te achei agora de manhã.

Lira sorriu, e se virou para a porta onde Deni ainda estava.

—E esse moço, é seu amigo?

—Sim! Entre Deni!

—Com licença! - Deni tentou dar uma de educado.

—Hum! Deni? Quanto tempo não? - Lira olhou para o pai que reconheceu seu amigo.

—Vocês se conhecem?

—Sim, Lira! Eu e seu pai nos conhecemos a algum tempo.

—Hm...

—Trina, amor, me desculpe, mas eu preciso conversar com esses dois.

—Não tudo bem! Eu não atrapalho!

—É em particular...

Trina fez que sim e saiu da sala. Lira sorriu por não ter de conversar com seu pai com ela por perto.

—Lira. Então, você tem se comportado muito diferente ultimamente.

Lira se sentou, assim como Deni.

—Você, que sempre foi quietinha, organizada e comportada, agora está um pouco diferente. Eu, no início, achei que fosse por conta da idade, normal que uma menina de 14 anos não agisse mais como agia quando tinha 8 anos. Mas o seu comportamento de ontem, me fez pensar no que sua mãe me disse certa vez - os olhos de Lira brilharam ao ouvir as palavras "sua mãe" - que um dia isso aconteceria, eu não esperava que fosse acontecer tão cedo. E agora... Eu deixei a caixa que sua mãe me pedira para te entregar se isso acontecesse, segui todos os conselhos dela, e agora aqui estou. Vendo você usando o anel e a corrente... Eu não sei como explicar essas coisas...

Lira olhou para o pai e em seguida olhou para o anel que virara uma espada, e para a corrente que parecia emanar uma força e confiança que protegia Lira.

—Richard... Você sabe que tem mais coisa, não é? Será que já está na hora de contar?

—Acho que... Na verdade eu não sei.

*POV Lira

—Deni antes de tudo me responda uma coisa!

—Fale!

—O que você é?

—Como assim! - ele se entreolhou.

—Você berrou diversas vezes, e o monstro te chamou de garoto bode!

—Ah! Acho que aqui não é um lugar seguro! - e se virando para meu pai- Precisamos leva-la para o Acampamento!

Meu pai suspirou e assentiu com a cabeça.

—Acho que chegou a hora! Vamos meu carro já está com as malas de Lira. Eu já imaginava que algo acontecesse, não como aconteceu, mas sabia que ia acontecer algo.

—--

Nós estávamos no carro indo para o que eles denominavam de Acampamento Meio-Sangue, e me explicavam a minha história.

—Filha! Pode ser um pouco complicado explicar...

—Fala logo!

—Ok! Eu conheci sua mãe numa festa, eu resolvi falar com ela, e mantemos contato por alguns dias até nos encontrarmos novamente. Foram os 4 melhores dias, ela era perfeita e quando me falou quem era de verdade, me assustei, e depois ela me contou que estava esperando uma menina. Ela se foi e me deixou, meses depois a campainha da mansão tocou, mas a única coisa que estava na porta era uma cestinha com um bebê dentro e um bilhete de sua mãe, me pedindo para que te cuidasse e esperasse o dia que você se revelaria filha dela. Eu deveria te entregar aqueles presentes quando fosse a hora certa. E aqui está você, com seus 14 anos indo para o Acampamento Meio-Sangue!

—E o que, precisamente, é esse tal Acampamento?

—Um acampamento para semideuses como você. Onde jovens heróis treinam seus dons para protegerem o mundo!

—Hm... E então quem é minha mãe?

—Filha, você descobrirá quando chegar a hora certa!

—Que legal!- disse sem animação. Já estávamos chegando, estranhei que nenhum monstro nos atacou no caminho.

—É normal que algum monstro nos atacasse! - Deni leu meus pensamentos.

—Pois é! Muito pacífico. - e meu pai com seu dicionário gravado na cabeça.

Saímos do carro, e andamos um pouco, no horizonte eu conseguia ver uma plantação de morangos e um bosque divido por um rio. Até que nós paramos em frente a um arco, onde tinha escrito em grego, que eu estranhamente traduzi com facilidade: Acampamento Meio-Sangue.

—Filha, eu só te desejo sorte a partir de agora, e saiba que eu te amo muito!

—Você não vem conosco?

—Não posso, não posso passar da fronteira.

—Venha! Seu pai ficará bem, e você também ,pelo menos eu acho.

Deni me conduziu até a entrada do arco, quando nós entramos por ele novas coisas começaram a surgir no horizonte, 12 chalés, e mais algumas casinhas um pouco mais distantes, jovens com camisetas laranjas com o nome do Acampamento Meio-Sangue brincavam com outros meninos metade meninos e metade cabras(?) e/ou treinavam duelos com espadas... Um centauro 'trotou' na nossa direção.

—Vejam só! Pelo que vejo Deni voltou acompanhado de uma semideusa! Seja bem-vinda ao Acampamento Meio-Sangue...

—Lira Venture!(sobrenome bizarro .-.)

—Eu sou Quíron. Venha vou mostrar a você onde ficará, pelo menos por enquanto.

—Quíron, Sr. D me pediu para que quando eu voltasse eu falasse com ele. E acho que não posso faltar.

—Tudo bem, Deni!

Quíron me levou para um dos 12 chalés. Mais precisamente o 11, um ruído de vozes veio de dentro, a porta estava aberta e eu pude ver vários meninos e meninas conversando, o interior do chalé era apertado e poucos lugares não tinham colchões espalhados.

—É aqui que ficará, eu preciso ir.- O centauro sorriu como se desejasse boa-sorte.

—Olá! Eu sou Victor. Parece que você ficará aqui por enquanto não é? - um garoto loiro com um enorme sorriso orgulhoso estampado.

—É parece que sim!

—Pois então entre!

Eu entrei e ele me indicou um colchão vago num canto do chalé. Eu arrumei minhas coisas lá e olhei melhor meus novos colegas de quarto, muitos eram parecidos, com um ar de quem tramava alguma, como se fosse entrar em uma confusão na certa, outros tinham rostos e traços diferentes.

—Normal ou Indeterminada? - um menino perguntou.

—Indeterminada!- Victor disse.

—Lira? - Deni me chamava - Venha vou mostrar o acampamento para você!

Eu fui. Ele me mostrou o refeitório, a arena, o arsenal e tudo o resto, mas algo me incomodava porque ele não estava como eu o conhecia, não mesmo, no lugar das calças jeans surradas e tênis, existiam cintura e pernas peludas além de cascos.

—Ah! Então você é um garoto-cabra!

—Béé! Bode!

—Que seja, é a mesma coisa!

—Não é.

—Então tá! Mas não ache que me acostumarei tão rápido de te chamar de menino-bode, ou então de sátiro.

—Pois, não precisa! Me chame como sempre me chamou, de Deni!

—Okay!

—----

Uma semana depois...

Já se passou uma semana e eu ainda não fui determinada. Já fiz alguns amigos aqui no acampamento, pelo menos eu acho que são amigos. Toda vez que eu passava pelo chalé de Ares, todos riam e faziam piadas sobre quem seria minha mãe, e como devia pensar minha mãe por não ter me reconhecido ainda. Eu segurava minha raiva para não gritar e provocar uma briga com eles, eu não podia fazer aquilo.

—Lira! Finalmente te encontrei! - Milena, filha de Apolo vinha acompanhada de Fernanda, filha do Sr. D e Jack filho de Hefesto.

Por incrível que pareça nós 4 tão diferentes, nos dávamos muito bem. Cada um com sua mania e personalidade.

—É, por onde você andou? - Fernanda perguntava com seu rotineiro sorriso de canto de boca.

—Er.. Eu estava dando uma volta, e treinado um pouco.

—Sei... - dessa vez foi vez de Jack dar a palavra, mesmo que bem curta.

—Vamos logo! O jantar será daqui a pouco!

Nós fomos conversando, e quando chegamos boa parte dos semideuses já estavam sentados em suas respectivas mesas. Eu me sentei, mais uma vez, na mesa de Hermes, e Milena, Fernanda e Jack na mesa de seus chalés. Quíron já estava lá assim como Sr. D e Deni. Eu estranhei a rara presença de alguns centauros, muitos estavam com arcos e flechas, o que dava certo medo. Depois de toda a cerimônia de sempre, começamos a nos servir e a hora das oferendas, eu ainda não tinha ao certo a quem oferecer meu jantar. E quando chegou minha vez de dar a oferenda. Simplesmente fiz o que sempre fiz.

—Mãe! Esteja onde esteja, seja quem seja, aceite essa oferenda e por favor me aceite como sua filha. - eu despejei a comida no fogo, que explodiu em chamas.

Ouvi uma briga de centauros e uma dor muito forte no ombro, depois meus olhos se fecharam e depois só consegui ouvir vozes chamando e gritando meu nome, mas depois não vi nada, ouvi nada e senti nada.


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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam? Comentem!