Pov Ally

Ok. podemos dizer que hoje literalmente não é o meu dia. Ou melhor, não é um bom ano.

o que? eu não estou exagerando, muitas coisas na minha cabeça...e agora, como se já não bastasse, dois idiotas estão seguindo minha irmã e eu pelas ruas quase vazias dessa cidade dos infernos. e-e

–Ally, lança algum feitiço neles ou sei lá o que!

–Kelly, eu sou um anjo, não uma bruxa ou uma feiticeira!

–Ai animal, me engole.

Reviro os olhos.

–Já sei!! pega o volante...

– O que?

Não espero que ela termine a frase. Vou direto para o banco de trás e me abaixo sobre eles.

–Ally, por Deus! o que está fazendo ai??

–Cala a boca e continua dirigindo...

Ela bufa mas faz o que eu pedi.

Pego uma caixa velha de ferramentas, um extintor de incêndio e aquela arma que serve pra quando nos perdemos. Como aquilo foi parar ali eu não sei, e eu não vou questionar, até porque isso vai salvar a minha vida. E a da minha irmã, é claro.

–Kelly, acelera um pouco mais. Eu vou abrir a janela e tentar acertar o " João" e o " Jordin" com esses objetos, e é claro, vou precisar da sua ajuda.

(...)

Depois de inúmeras tentativas conseguimos acertar os idiotas. Acontece que eu não acertei com o extintor e nem com as outras ferramentas que tinham naquela caixa maldita. A nossa única solução foi usar aquela arma, que eu nunca lembro o nome. Droga.

Já com a arma a minha mira foi certeira! Acertei a cabeça do João e na mesma hora ele virou pó. o Jordin se deu mal sozinho...quando ele colocou a cabeça dele pro lado de fora um caminhão enorme arrancou sua cabeça. E assim como o João, seu corpo virou pó.

–Posso saber onde as mocinhas se meteram??!!!

Acontece que o Austin ficou uma fera com a gente por ter fugido, quase morrido e segundo ele o pior, quase ter mostrado ao mundo que anjos existem.

–Primeiro, não grite comigo. Tive um dia muito estressante e posso cortar sua garganta sem mais nem menos.

–Escuta aqui...só estávamos na praia conversando e tomando um sol.

–Kelly, acontece que vocês não são normais, não podem fazer essas coisas.

–É, MAS EU QUERIA SER NORMAL AUSTIN! EU QUERIA SER NORMAL PELO MENOS UMA VEZ NESSA DROGA QUE EU CHAMO DE VIDA. PORRA, EU NÃO PEDI PRA SER UM ANJO, NÃO PEDI QUE APOSTASSEM A SUAS VIDAS EM UMA GAROTA QUE SÓ SABE CHORAR DIA E NOITE QUE NÃO SABE O QUE É SER FELIZ, EU NÃO PEDI ISSO. NÃO PEDI. EU SÓ QUERO SER NORMAL, OUVIU? NORMAL!!

Pov Austin

–Ally, me...

–Por favor, não venha com suas desculpas Austin.

Ela joga suas coisas no chão e corre para o andar de cima.

–Ally, Ally volta aqui!!- Corro atrás dela

Entro em seu quarto e o encontro todo escuro. E, no canto do quarto, uma garota encontrava-se sozinha, chorando. Era a Ally.

–Vá embora!

–Não.

–VÁ EMBORA AGORA!! - Vira e cospe as palavras na minha cara

–Eu disse que não. - digo calmo

Ela ruge e vira completamente furiosa. Pula em cima de mim e aperta o meu pescoço.

–Ally, me solta! eu não quero machucar você, mas se não fizer vai ser pior que daquela primeira vez...

–Desculpe.

Ela me solta e eu caio de joelhos.

Quando vinha me ajudar seu olhos ficam negros. algo a prende no mesmo lugar e ela começa a gritar:

–O que aconteceu comigo? onde está a luz? devolva a minha visão agora!!

–Ally, fica calma...é só um feitiço, e não foi eu quem lançou.

–NÃO, NÃO! MEUS PAIS, O QUE FIZERAM COM MEUS PAIS, NÃÃÃÃÃO!!

Ela cai de joelhos e seus olhos voltam ao normal.

–Eles o mataram! eles, eles mataram meus pais!

Ela começa a chorar e a soluçar. Vou para perto da mesma, mas ela me afasta e começa seu surto novamente.

–Eles mataram meus pais, eles não fizeram nada, absolutamente nadaaa. Não, eu não acreditooooooo!!!

Começa a quebrar tudo em seu quarto. Livros, quarto, bagunça a cama, soca a janela, guarda roupa, tudo vira um caos.

–ALLY, ALLY ME ESCUTA OK? FICA CALMA, É ISSO QUE ELES QUEREM, NÃO ACREDITE NO QUE VIU.

–ELES MATARAM OS MEUS PAIS AUSTIN! MATARAM OS MEUS, EU NÃO ACREDITO, NÃÃÃÃO!!- Chora

Ela continua quebrando e jogando tudo para cima.

Pulo em cima dela e a seguro.

–Ally, Ally fica calma por favor. Você sabe que a cada lágrima o demônio fica mais forte.

–NÃO, NÃO, NÃO!! MEUS PAIS MORRERAM, O QUE EU VOU FAZER???

–Ally...

–NÃO!!

Ela dá um chute no meio das minhas pernas e levanta. Ela olha de um lado para o outro chorando, buscando algo que pudesse destruir ou jogar contra mim. Por fim ela olha para a janela e para.

–Ally, nem pense nisso. Você sabe muito bem que isso não vai mudar absolutamente nada.

–Como pode saber? por acaso já passou pelo o que estou passando? não, não passou.

–Ally não!!!!

Ela corre e eu corro atrás dela. No momento em que ela se joga eu a puxo pela camisa e caímos sobre o tapete e os livros jogados no chão de seu quarto.

–Me solta Austin, me solta, eu tenho que ir! me soltaaaaaaa...- começa a chorar

–Ally para! o que eu posso fazer pra te ajudar, pare por favor!!

–Me mata! é, isso vai ajudar...

Não, eu tenho que fazer alguma coisa, mas o que?

E como uma lâmpada, uma ideia apareceu em minha mente. E sem dizer mais nada, fecho os olhos e beijo seus lábios.