Capítulo 3

-Como é que pudeste salvar a Caroline em vez de nós? – Rebekah gritou para Klaus, mas eu fiquei para trás, ainda cansada. Apoiei-me na soleira da arcada, não conseguindo mover-me nem mais um segundo.

-Olá irmão, pensei que estavas morto, fico tão feliz por não estares – disse Klaus e eu fechei os olhos, já que não conseguia revirá-los.

-Tu abandonas-nos! – exclamou Rebekah.

-Só tinha tempo para salvar uma de vocês e tu não podes morrer. O interesse deles não era em Samantha, ela era apenas um meio para me conseguirem. Acredita, tive um dia pior do que tu. Acho que é hora de seguirmos em frente, encontrarmos mais lobisomens.

-Para criares uma família de híbridos? Tu não sabes nada sobre família! – gritou Rebekah e eu comecei a caminhar para o meu quarto. Sim, caminhar, como os humanos. Pior do que isso, já que o sangue que tinha bebido não tinha sido o suficiente. Precisaria de muito mais para conseguir ter tantas forças como anteriormente tinha.

-Bem, eu sei que eles podem ser facilmente silenciados com uma adaga – brincou Klaus, mas Rebekah não achou piada nenhuma.

-Não! – gritou Klaus e o sangue da doppelganger voou até mim. – Larga – pediu ele, com mais tolerância. As bolsas que ele estava a guardar deviam de estar nas mãos de Rebekah. Pelo menos duas delas, porque a terceira tinha ido ao ar. Pensei em voltar para trás e alimentar-me do sangue da doppelganger, mas decidi que a minha auto preservação era maior do que o meu desejo por sangue.

-Fiz o luto! O meu coração despedaçou-se a pensar que nunca mais te iria ver outra vez.

-Pousa o sangue, Rebekah, tu és uma boa menina.

-Fui sempre eu! Não o Finn, não o Elijah, não o Kol, eu! Eu amei-te apesar de tudo tu nem te importas.

-Larga-as! – gritou Klaus.

-Queres uma família? Aqui está a tua família.

Ouvi as bolsas de sangue a serem despedaçadas e logo de seguida mais cheiro a sangue. Coloquei-me na cama, esperando que Klaus tivesse o bom senso de vir ter comigo e pedir desculpas depois de se zangar com Rebekah.

-Sabes uma coisa Rebekah, tu estás certa: eu não me importo. A partir deste momento, querida, tu não és minha irmã, não és da minha família, tu não és nada – partiu-lhe o pescoço e até eu me sobressaltei na cama. Agarrei os lençóis com força nos meus dedos, com os olhos arregalados, com medo do que ele me poderia fazer por não ter estado ao lado dele e não tê-lo defendido de Rebekah. Sabia a importância que os híbridos tinham para ele e não gostei nada do que ele tinha feito. Ele partiu o pescoço à sua própria irmã!

Klaus irrompeu pelo quarto e assim que fechou a porta, ouviu-o a respirar fundo. Fechei os olhos com tanta força que até devo de ter enrugado a testa.

-Relaxa, love, não vou fazer nada contigo.

Mesmo assim não consegui descontrair. Klaus entrou na casa de banho e mais tarde voltou, de banho tomado. Deitou-se dentro dos lençóis e encostou o seu corpo ao meu.

-Poderás desculpar-me e ouvir o que eu te tenho a dizer?

Acenei com a cabeça, não conseguindo virar-me e encará-lo. Eu estava na ponta da cama, cheia de medo dele. Ele pousou uma mão no meu ombro e deslizou-a até pegar na minha mão, ficando assim com um braço por cima de mim.

-Fiz o que fiz porque te amo. Não te disse nada porque não sabia o que ia acontecer. Bonnie veio ter comigo e contou-me sobre Alaric, que estava determinado a acabar comigo. Mas se eu morresse, quase todas as pessoas que ela conhecia iam morrer juntos comigo, então ela e Tyler conversarem e concordaram em eu mudar por pouco tempo para o corpo de Tyler, até a situação estar resolvida. Foi isso que aconteceu. Eu fiquei no corpo do Tyler nestas últimas vinte e quatro horas. Depois de resgatar Caroline, fui ter com Bonnie, sabendo que ela iria conseguir encontrá-la, afinal, são amigas. E agora, aqui estou eu de volta, só para ti.

Não disse nada durante vários minutos e Klaus não se moveu.

-Samantha? Estás acordada?

-Sim, estou – murmurei. – Só estou a pensar em tudo o que me contaste.

-Não podia contar a ninguém. Lamento.

-Eu sei disso.

-Então qual é o problema?

-O problema é que resgataste a Caroline. Rebekah e eu também lá estávamos. Se tivesses levado a tua irmã, até iria compreender, mas Caroline?

-Ela é tua amiga. Pensei que…

-Eu sei que gostas dela – interrompi. – E eu não admito competir com alguém pela tua atenção.

-Estás com ciúmes?

-Não, Klaus – neguei. – Apenas estou cansada de tudo isto. Não podemos simplesmente ir embora e esquecer que esta estúpida cidade existe?

Levantei-me e vesti o roupão roxo escuro de seda.

-Preciso de pensar. Não me sigas.

©AnaTheresaC