Radioactive escrita por Carol Weasley Everdeen Jackson


Capítulo 1
Radioactive




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Caroline Wenman 

Ser escolhida para a central nuclear é uma " honra " muito pouco vulgar. Só um grupo pequeno de jovens de 16 anos lá vão por ano. Nem sequer metade volta.

Quando fui arrancada da minha cama, de madrugada, soube imediatamente que fora escolhida.

O autocarro da prisão, de bancos velhos e sangue seco ainda mais velho, range e para bruscamente e protejo a boca com as mãos para os meus dentes não baterem na barra de ferro ferrugento que nos impede de voar para a frente do veículo. 

Aprendi a fazer isto depois de 16 anos a andar aqui. Mas só depois de perder um dente e ficar com uma cicatriz no coiro cabeludo.

Um guarda moof ( ou mutante, como lhes chamamos de frente para frente )  me empurra para fora e vejo a velha central nuclear. Só passava por ela duas vezes por dia, no caminho para a escola. Uma vez na ida, uma vez na volta.

- Ande, humana. - Rosnou o moof . Humana é o pior insulto para os mutantes. Tal como mutante é na prisão.

Suspiro e começo a andar para o caminho de terra batida. A poeira se cola nas solas dos meus sapatos enquanto me aproximo da central nuclear.

É, provavelmente, um dos maiores edifícios de Nova Iorque. Foi construída depois da Invasão Mutante e é feita de cimento, com quatro torres de onde saí fumo com cheiro de enxofre para o seu, ainda mais escuro que o fumo. 

A Invasão Mutante foi à 9o anos e percorreu o mundo. Todas as cidades e países foram dominadas por mutantes.

Eles viviam no Centro da Terra, na mística e lendária cidade de Elva-Nova. Então decidiram sair e os humanos tomaram-nos como aberrações. Atiraram-lhes coisas, e mataram alguns.

Os mutantes detestaram tanto que, para nos condenarem pela pouca aceitação, dominaram a raça humana. Mas, por bondade, deixaram alguns de nós transformarem-se em mutantes. 

Por isso, um grupo seleccionado a dedo por critérios que nunca descobri, é levado à central nuclear. 

A entrada é guardada por um moof  de patas de tigre, que seguram uma arma.

- É o carregamento da prisão? - Pergunta o guarda.

moof que nos veio levar da prisão acena.

Porque foram eles buscar adolescentes na prisão? Porque somos culpados do pior crime na opinião dos mutantes: ser humanos.

Todos os que nascem humanos são mantidos numa prisão, saindo apenas para trabalhar e para ir para a escola. Se formos escolhidos para ir na central nuclear, talvez passemos a viver numa casa.

Isso se sobrevivermos.

moof da entrada abre uma porta de vidro opaco e vejo uma entrada feita de plástico e vinil, tudo branco, preto e cinza. O ar é radioactivo e vejo o primeiro morto do dia.

Só a carga de radioactividade no ar o fez morrer.

Caí no chão, se movendo como se estivesse tendo um ataque. Grita, um grito horrível, o grito de quem está a morrer. Depois, para, e duas moofs da limpeza, uma com uma cauda de gato e outra com cinco olhos, retiram-no do caminho.

Conduzem os sobreviventes para uma sala completamente branca e ficamos lá sozinhos.

A sala branca tem cadeiras feitas  de material branco que não conheço: algo macio e duro, que transforma os nossos cabelos e olhos brancos. Existe uma mesa branca no centro, um sofá branco, um tapete branco e uma cama branca. Deve ser para os mortos.

Ouço a porta a ser trancada.

Então tudo se torna verde. Verde como uma esmeralda ( não que eu já tenha visto uma ).

Uma garota baixa e de aspecto frágil, que estava sentada no sofá, grita quando ele se torna verde e lança raios de energia verde brilhante para o seu corpo. Desvio o olhar da luz.

Quando volto a olhar, ela está morta.

A minha pele começa a arder com a radioactividade e o meu cabelo ruivo caí-me para os olhos. As paredes, verdes vivas, puxam-me como um imãn.

Mais pessoas morrem, mas um garoto, de cabelo castanho-arruivado e olhos verdes como o ambiente, agarra-se ao braço e vejo-lhe escamas a crescer. Ele é, de certeza, um mutante. 

Mas nunca vi mutantes com escamas. Ou com folhas a crescer de dentro da roupa, como um garoto loiro e alto a 10 metros de distância. Ou rodeada por milhares de nuvens de tempestade, como uma garota morena ao meu lado.

Vou morrer. Penso.

Tenho a pele a ferver anormalmente. Sinto que os meus ossos se derretem dentro de mim. Grito e chamas cobrem a minha visão.

A minha língua queima, por isso puxo-a para baixo e vejo que o fogo saí da minha boca. Abro mais, afastando os dentes das chamas e deixo cair uma lágrima.

Dói. Dói tanto enquanto o meu interior lança chamas. Urro e mais fogo, mais longe, invade a sala. 

Então entendo que não tenho dentes. Tenho presas de dragão, que se projectam da boca e me arranham os lábios. 

O garoto de olhos cor de esmeralda lança água na minha direcção.

Rosno na direcção dele.

- OLHE O QUE FAZ! - Gritei e, sem pensar, lanço ar pela boca. O ar treme e, em poucos segundos, se transforma em fogo. Os meus lábios parecem magma, o meu nariz já não sente a radioactividade. Agora, o ar parece tão... puro. 

Como se estivesse no meio de um prado de florzinhas amorosas. Até consigo imaginar os carvalhos, à distância.

- CALE A BOCA, MOOF! - O garoto ergue as mãos e somos rodeados de uma camada de vapor: a água apagou o fogo, mas criou fumo. Como se o Oceano Atlântico tivesse atingido Leo Valdez ( Que foi? Eu li Percy Jackson! )

- Parem os dois! - Urra a garota morena. Ela estala os dedos e somos varridos por uma tempestade de ar tão forte que sou atirada contra um dos sofás verdes, atirando um morto para o chão.

O garoto loiro revira os olhos e bate com as palmas das mãos no chão, fazendo enormes raízes crescerem do chão e atirando mais mortos pelos ares. Um garoto, que eu lembrava morar ao lado da cela da minha família, é atirado para uma parede e o seu crânio explode.

Estamos numa luta de titãs: fogo, água, ar e terra, todos a lutar contra os outros por... Nada.

Estamos radioactivos.

O nosso cérebro está coberto de medo, raiva, horror, ansiedade e outras coisas. A adrenalina é tão grande que nos atacamos uns aos outros. Não nos interessa que todos os outros já tenham morrido.

Sinto-me animalesca. Sinto-me libertada.

Urro mais uma vez e mais fogo enche a sala. Ainda tenho a garganta a arder, a língua nem se fala. Mas a dor é uma liberdade. Naquela sala, a dor é liberdade, são asas.

O garoto de olhos verdes solta um autêntico dilúvio.

A garota morena solta um furacão do seu interior.

O loirinho rosna e o chão treme.

Não sei se ganhei. Não sei se sobrevivi. Não sei sequer se estou morta. Nesse momento, uma explosão de luz cobre tudo como um manto branco, tirando o verde da sala, e desmaio.

Só tenho uma certeza quando a minha cabeça atinge o solo.

Sou uma moof. 


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Notas finais do capítulo

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