_Não pude reconhecer o reflexo do espelho, mas sentia meu coração pulsar como o vôo de um beija-flor. Meus olhos apresentavam a cor mais linda que já vi, que eu tanto ansiava ver novamente, não desta forma, neste corpo, mas já era alguma coisa. Meus olhos, uma vez chocolates, antes verdes, agora donos de um vermelho vivo brilhante.

          Eu estava voltando. Será que eu poderia ser considerada uma vampira recém-nascida? Infelizmente não. Procurei por algum vestígio de uma transformação, mas nada encontrei. Não conseguia nem encontrar o aroma do sangue que seria minha refeição em poucos minutos.

          Esses pensamentos não levaram mais de poucos segundos. Na verdade enquanto eu pensava um som histérico saia de meus lábios.

- AAAAAAAAAAHHHHHHHHHH – Gritei com a mesma histeria de uma adolescente que ganhou um carro.

- O que fo.... – Tia Alice interrompeu a pergunta quando encontrou meus olhos lívidos.

- Eu voltei! Eu voltei! Eu voltei! Eu voltei! Eu voltei! Eu voltei! – Não conseguia para de repetir isso.

- O que está acontecendo? – Vovô entrou em meu quarto perguntado. – Nessie... Seus olhos....

- Eu voltei! Eu voltei! Eu voltei! Eu voltei! Eu voltei! Eu voltei!

- Querida, você não voltou a ser meio-vampira. Seu sangue ainda é mais humano.

- Então por que meus olhos estão vermelhos? – Fiquei triste com aquela noticia.

- Eu não sei ao certo. Mas é provável que uma parte do seu corpo esteja reconhecendo o veneno com predominante. Afinal, essas transfusões estão fazendo com que o veneno aja em seu organismo.

- Então é só uma questão de tempo até que eu volte a ser o que eu era.

- É o que parece.

- OBA!!!!!

          Eu estava feliz. Desci para o café da manhã.

- Querida você está muito fraca e seu estomago está muito sensível, então eu fiz uma sopinha para você. – Vovó nem de meu bom dia. Quando vi a sopa eu fiquei estática.

- Isso é sopa de tomate vó?

- Não querida. É sangue tipo AB+ com brócolis, cenoura e abobrinha. – Arg.... Mas tinha sangue... então deveria estar gostosa. Experimente receosa. Mas a sopa estava demais.

- Nossa vó. Está uma delicia.

- Que bom que você gostou minha querida. – Vovó me deu um beijo na testa. – Seus olhos estão lindos. – E então saiu.

- OBRIGADA VÓ. – Mesmo longe ela deve ter escutado.

          Mamãe entrou na cozinha e se assustou quando viu meus olhos.

- Chega de sangue para você mocinha. – Ela disse rindo depois do susto inicial passar.

- Bom dia mãe.

- Bom dia minha princesa. – Ela olhou em direção ao quarto em que meu pai estava ainda imóvel.

- Ele vai se recuperar mamãe. Não se preocupe. Meu sangue dará resultados. Ou então seu dinheiro de volta. – Tentei distraí-la um pouco. Não funcionou muito bem.

- Eu vou caçar. Não suporto ver vocês dois sofrendo.

- Até depois mãe. E não demora muito.

- Até depois minha menininha.

          Terminei minha sopa e fui para minha seção de doação de sangue. Meus braços já estavam todo furados. Quem visse diria que era uma viciada em drogas injetáveis. Me deitei na poltrona e fiquei pensando na cor de meus olhos. Não conseguia pensar nisso sem me lembrar do Lestat. Eu sentia muito a sua falta. Agora eu entendo o que a mamãe sentiu quando o papai a abandonou. São situações completamente diferentes, eu sei, mas se eu não tivesse a minha família eu teria ido atrás dele. Seria fácil. Demetri me diria como encontrá-lo. Mas o que eu iria fazer se o encontra-se com a tal rainha dos vampiros. Eu não quero pensar nisso.

          Me lembrei de quando conheci os olhos vermelhos do rock star mais lindo do planeta. Eram lindos. Os olhos mais lindos que eu já vi. Cujo dono não representava um perigo real para os humanos. Apenas um ou outro que lhe serviriam de alimento. Os outros o idolatraram. Poderia até afirmar que seu autocontrole era igual ao de Carlisle, mas ele não trabalhava diretamente com o sangue humano exposto. Se bem que nas vezes em que eu “acidentalmente” provocava pequenos cortes ele não me atacou.

Mini Flash Back

- Como você resiste ao meu sangue, se diz que ele tem um aroma incomparável?

- É um pouco difícil resistir ao seu sangue. Você não faz idéia do quanto minha garganta arde quando estou ao seu lado. Mas eu jamais suportaria viver sem esse aroma.

- E ao sangue dos demais humanos? Você vive normalmente ao lado da Jannet e do Johnny por exemplo.

- Eu vivo há muito tempo entre os humanos. Acho que é uma forma de resgatar o que um dia eu fui. Então posso dizer que é a experiência. – Quando ele começava a falar de resgatar coisa e tal eu sabia que era melhor mudar de assunto.

- Então o Sr. Vampiro-do-mal-super-controlado resiste ao poder dominador do meu sangue, é? – Abri um pequeno corte provocante no pescoço.

          Ele me olhou com cara de quem iria aprontar algo. Eu sai correndo e ele atrás de mim. Da sala até meu quarto. Ele voou para cima de mim me derrubando na cama.  

Fim do Mini Flash Back

          É, teria sido assustador se eu não o amasse tanto. Um pequeno sorriso escapou no canto da minha boca.

          Após a seção Hellraiser eu fui até o piano. Precisava descarregar meus sentimentos ou o tio Jasper teria um surto psicótico. (Musica My Immortal – Evanescence. Link: http://www.youtube.com/watch?v=idd_92ajjwY).

I'm so tired of being here
Suppressed by all of my childish fears
And if you have to leave
I wish that you would just leave
Your presence still lingers here
And it won't leave me alone

These wounds won't seem to heal
This pain is just too real
There's just too much that time cannot erase

When you cried I'd wipe away all of your tears
When you'd scream i'd fight away all of your fears
And I've held your hand through all of these years
But you still have all of me

You used to captivate me
By your resonating light
But now i'm bound by the life you left behind
Your face it haunts my once pleasant dreams
Your voice it chased away all the sanity in me

These wounds won't seem to heal
This pain is just too real
There's just too much that time cannot erase

When you cried I'd wipe away all of your tears
When you'd scream I'd fight away all of your fears
And I've held your hand through all of these years
But you still have all of me

I've tried so hard to tell myself that you're gone
But though you're still with me
I've been alone all along

When you cried I'd wipe away all of your tears
When you'd scream I'd fight away all of your fears
And I've held your hand through all of these years
But you still have all of me

            Terminei de cantar a música com lágrimas escorrendo por minha face. Ainda assim fui até o quarto onde o papai estava. Abri a porta devagar. A alegria substituiu a dor que havia em meu peito. As lágrimas passaram a ser de esperança e não mais de sofrimento. Ao abrir a porta do quarto vi papai mexendo os dedos. Ele estava reagindo.