Lorienos Na Escola! escrita por NumberSix


Capítulo 8
Romântico?


Notas iniciais do capítulo

Pipou, esse capítulo talvez tenha ficado meio meloso, mas eu achei que seria importante mostrar um pouco dos sentimentos dos personagens. Ando tendo mais tempo pra escrever, então se esse capítulo estiver muito pequeno, não se preocupem que logo mais eu postarei outro. Minha inspiração tá "on fire"... Bom, aproveitem =)

Ah, uma última coisa, dei uma ajeitada no último parágrafo do capítulo anterior, só pra deixar um pouco mais cômico ;)



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POV NOVE

.

Me sinto estranho. Senti um calor intenso subir para as minhas bochechas quando falei aquelas coisas para Seis. E, para falar a verdade, nem sei de onde aquelas palavras vieram. Só sei que foram honestas. Só senti isso uma vez na minha vida, quando me apaixonei por Maddie, uma menina que me traiu para salvar a família dela, que havia sido pega pelos Mogs. Mas assim que ela me entregou e os pais dela foram libertados, bestas mogadorianas apareceram e mataram a todos eles, inclusive Maddie. E eu fui obrigado a assistir sem poder fazer nada.

Eu estava pensando sobre isso sentado no sofá quando John me chama.

– Ei, Nove!

Me viro para ele, me recompondo rapidamente.

– Fala, Johnny.

Ele vem até mim e se senta ao meu lado.

– Preciso perguntar uma coisa a você.

Franzo o cenho. Ele está sério.

– O que diabos você fez? – Pergunto.

– Não, calma, não aconteceu nada. – Ele diz, fazendo eu relaxar os ombros. Então faço um sinal para ele continuar. – Percebi que você e a Seis andam mais, hum, juntos agora, certo? – Assinto com a cabeça lentamente, sem saber aonde ele quer chegar. – Então você provavelmente já deve ter percebido que ela é uma pessoa fechada.

– Bom, não precisa ser um gênio para perceber isso. – Digo, com um sorrisinho de lado.

– Então, eu estive pensando, você é um dos Gardes que tiveram o passado mais difícil, assim como a Seis. Ficar guardando os sentimentos não é uma coisa saudável para se fazer. – Franzo o cenho novamente. O que diabos ele está falando? – Então pensei: e se você tentasse fazer a Seis se abrir?

Fico parado, pensando um pouco sobre isso. Quer dizer, ele tem razão ao dizer que manter os sentimentos no escuro é uma coisa ruim, mas a ideia de eu fazer a Seis se abrir parece loucura. Contando com o fato de que ela meio que me odeia. O “joguinho de sedução” é só para sair do tédio. Então percebo que ele está só tirando uma com a minha cara e começo a rir.

– Entendi, é só zoeira sua. – Digo.

– Não, Nove, é sério. E talvez você pudesse se abrir com ela, já que você também não é exatamente um livro aberto. – Ele diz, sério. Então paro de rir.

– Mas John, como você espera que eu consiga “quebrar as paredes” de Seis? – Digo, gesticulando aspas.

– Sei lá, você poderia sugerir uma troca de histórias, não sei. Só sei que, mesmo sendo difícil de admitir para ambos, vocês dois têm muita coisa em comum. – Ele diz, se levantando. Então apoia uma mão no meu ombro. – Por favor, cara. Conto com você.

Então ele vai embora, me deixando meio pasmo – uma coisa meio difícil de acontecer comigo. Como ainda não era muito tarde, resolvo acabar logo com isso e vou até o quarto de Seis. Além do mais, quem iria reclamar de passar mais um tempo com Seis?

Quando cheguei na frente do quarto dela, ouvi ela cantarolando baixinho uma música enquanto arrumava sua escrivaninha. Desde quando a Seis canta? E canta incrivelmente bem, devo dizer. O quarto está iluminado apenas pela luz amarela do abajur, dando um tom aconchegante no quarto. Bato de leve na porta, fazendo-a parar de cantar e virar rapidamente para mim. Suas bochechas meio coradas. Sorrio com isso.

– Nove. O que você quer? – Ela pergunta, voltando sua atenção à escrivaninha.

– Nada, só queria conversar. – Digo, entrando em seu quarto e sentando em sua cama. Só porque eu posso.

Seis franze as sobrancelhas, se virando para mim.

– Conversar? – Ela pergunta. – Quem é você e o que fez com Nove?

Dou um sorrisinho.

– Só achei que poderíamos fazer uma troca de histórias, sabe? Eu te conto a minha história e, em troca, você me conta a sua. – Digo.

– E por que eu faria isso? – Ela pergunta, confusa. Isso pode ser mais difícil do que eu pensava...

– Porque eu sou uma pessoa legal e estou realmente muito interessado em saber sobre seu misterioso passado.

Ela revira os olhos e volta para a escrivaninha, não acreditando em mim. Mas o pior é que eu realmente estava interessado na história dela.

Ela está de costas pra mim, usando uma regata e um short que bate na metade de suas coxas como pijama. Me distraio enquanto olho para ela e percebo uma pequena cicatriz em suas costas, próxima ao seu ombro direito. Vou até ela lentamente e passo os dedos em cima da cicatriz. Sorrio ao ver que ela se arrepiou.

– O que você fez aqui? – Pergunto, me referindo à cicatriz.

– Foi uma das adagas que me acertaram quando eu e John lutamos em Paradise. – Ela responde, indiferente.

Uma das adagas? – Pergunto.

– É, teve uma outra me acertou no braço direito e a outra na base esquerda da coluna.

Movo minha mão lentamente até a barra de sua regata, meio que pedindo sua permissão para ver a cicatriz. Ela não se move, então levanto um pouquinho, apenas o suficiente para ver a cicatriz. Percebo Seis tensa com o meu toque. Então ela se vira, me encarando.

– O que você está fazendo? – Ela pergunta.

Cometo o erro de olhar nos olhos dela. Me hipnotizo e perco a fala. Aquele tom provocante e misterioso de avelã, surpreendentemente fascinantes, que escondem um passado cheio de dor e sofrimento. Conheço aquele olhar muito bem. Vejo-o todos os dias quando me olho no espelho ao acordar.

– Nove? Você está bem? – Seis pergunta, me trazendo de volta à realidade.

Então digo a coisa mais inteligente que vem na minha cabeça:

– Hã? – Pois é, essa foi a coisa mais inteligente que eu achei na minha cabeça.

– Você é estranho, sabia? – Seis diz, sorrindo brincalhona. Então se afasta de mim e vai até sua cama. Me viro e vejo ela arrumando a pequena bagunça que tem na cama. Então vejo outra cicatriz, desta vez em sua coxa direita. Essa parece um pouco mais séria.

– E qual é a história dessa outra cicatriz em sua perna? – Pergunto. Acho que estou deixando ela irritada com essas perguntas, mas não ligo.

– Também foi em Paradise. Um canhão mogadorianos me acertou. – Ela responde, com um tom de quem está perdendo a paciência. – Agora que você já sabe das minhas cicatrizes, posso saber por que você está me perguntando essas coisas? – Ela pergunta, seriamente.

– Já te disse, estou interessado em saber sua história. – Digo, ainda não convencendo-a.

– John te mandou aqui, não foi? – Ela pergunta com uma sobrancelha erguida. Fico chocado. Então desisto e falo logo a verdade.

– Tá bom, ele me mandou aqui porque ele quer que nós nos abrimos.

Ela sorri, satisfeita por ter arrancado a verdade de mim. Me sento ao seu lado na cama. Então começo a contar a minha história. Hesito um pouco, mas sei que John tem razão e que isso será bom tanto para mim quanto para Seis. Começo por quando eu e Sandor viemos para Chicago. Conto sobre Maddie, sua família e sua traição. Conto sobre a morte de Sandor, que acabou sendo cometida por mim. Conto que tive que fazer aquilo porque não conseguia mais suportar vê-lo sofrer. Conto sobre os meses que passei em cativeiro, e em como John e Sam me tiraram dali. Conto tudo.

Seis ouve tudo em silêncio, sem me interromper nem uma única vez. Quando acabo de contar, ela continua em silêncio. Por um momento, penso que ela não vai me contar sua história. Mas ela conta.

Começa contando sobre sua fuga com Katarina e quando foram achadas pela primeira vez. Conta sobre como Katarina era uma Cêpan boa. Conta sobre quando foram realmente pegas, e sobre como teve que assistir a tortura de Katarina sem poder fazer nada, nem mesmo se levantar para matá-la e acabar logo com sua dor. Conta sobre como era nova e sobre as tentativas de assassinatos que os mogs fizeram com ela. Conta sobre seu primeiro Legado: invisibilidade, e de como ele foi útil para sua fuga da prisão mogadoriana. Então conta sobre sua tentativa de rastrear Três e sobre seu treinamento solitário. Conta sobre como ficou chateada quando percebeu que era tarde demais para ir atrás de Três, e sobre sua tentativa de achar Quatro. Finaliza a história contando sobre o seu encontro com John. Ela conta tudo.

Fico surpreso com cada palavra. Mas fico ainda mais surpreso quando vejo uma lágrima escorrer por sua bochecha. Mas Seis a limpa rapidamente. Então a abraço. Dou um abraço apertado e, me surpreendendo ainda mais, ela retribui, e sinto lágrimas molhando minha camiseta. Sinto o cheiro do shampoo de coco de seus cabelos. Aproveito cada segundo daquele abraço. Santo Pittacus, não estou mais me reconhecendo.

Quando suas lágrimas finalmente cessam, Seis se afasta, com uma expressão confusa.

– Hum, acho que vou me deitar agora. – Ela diz, parecendo mesmo cansada. Me pergunto se ela anda tento sonhos ruins.

– É, eu também. Já está tarde, vou deixa-la dormir em paz. – Digo sorrindo, surpreso por ter sido incrivelmente gentil e educado. Sou humilde.

Então, sem pensar, dou um beijo em sua testa e vou em direção à porta, deixando uma Seis confusa para trás.

.

POV SEIS

.

O que diabos acabou de acontecer aqui? Esse com certeza não é o Nove que deu em cima de mim descaradamente quando nos vimos pela primeira vez. Mas tenho que admitir, gostei de ver esse lado dele. Nunca imaginei que ele poderia ser paciente, cuidadoso e carinhoso. E sua história também me impressionou. Eu jamais imaginaria que a vida dele tivesse sido tão ruim quanto a minha. Mas o que mais me surpreendeu foi quando ele disse que havia se apaixonado pela tal Maddie. Imagino a dor que ele deve ter sentido ao ser traído e ao vê-la morrer diante de seus olhos.

Não sei dizer exatamente, mas hoje o Nove mexeu comigo de uma maneira inexplicável. Só posso dizer que é algo profundo. Nunca consegui me abrir para alguém como me abri para ele agora.

Penso nisso enquanto fico deitada na cama. Então começo a sentir meus olhos pesarem e imediatamente me lembro dos meus sonhos. Sempre o mesmo: a memória de Katarina sendo torturada e assassinada. Eu tinha só 13 anos, então meio que fiquei um pouco traumatizada. Foi à partir desse dia que comecei a detestar o sentimento de não poder fazer nada. O sentimento de impotência.

Então tentei me manter focada em Nove. Não sei por que escolhi ele, apenas acho que ele irá me ajudar com os pesadelos. Acho que um dos motivos pode ser o respeito que comecei a ter por ele. Então finalmente adormeci e, por incrível que pareça, não tive pesadelos.


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Notas finais do capítulo

Críticas são bem-vindas, estou aqui pra aprender =)