Espreguiçou-se retirando o edredom sobre seu corpo, percebeu que estava somente de roupas intimas, estranhou estar com aquela vestimenta, mas não se importou, levantou da cama e apanhou seu hobby que estava pendurado no cabideiro ao lado do armário. Desceu as escadas bocejando e com uma pequena dor no lado esquerdo de sua nuca, tocou o local da dor e foi em direção a cozinha para pegar uma aspirina e tomar um gole de seu adorado café preto, despejou o liquido escuro na xícara de porcelana chinesa e seguiu para sua amada janela de vidro sem reparar nenhuma diferença em seu apartamento, admirou os raios de sol já ultrapassando os prédios ao lado, suspirou com sua visão e automaticamente virou para sua sala, reparando ao de errado com seu sofá, era uma pessoa, prendeu a respiração, trazendo de volta momentos da noite passada.

— Ela dormiu aqui! – disse sussurrando tentando se convencer que aquela pessoa era Anne.

Samantha entrou em um estado de nervosismo completo, momentos da briga no bar, do beijo na estranha, e Anne a botando na cama surgiu como vultos, Samantha se aproximou do sofá, tentando arranjar algum modo de fugir, acorda-la com beijos ou arrancar sua roupa, balançou a cabeça a fim de espantar aqueles pensamentos inapropriados, a morena andava de um lado para o outro, não conseguia formar todas as lembranças de uma vez em seu cérebro, talvez a acordasse? Talvez não? Voltar a dormir? Chamar alguém? Fingir uma morte instantânea? Porque tinha que ser tão linda ainda mais dormindo? Nessa hora Samantha tropeça em seu tapete felpudo e vai direto para o chão derrubando a xícara com todo seu conteúdo no tapete, fazendo um grande barulho, acordando a loira que dormia tranquilamente.

— Samantha? – disse a loira esfregando os olhos e olhando para trás do sofá.

— Derrubei essa merda de xícara na porcaria do meu tapete. – exclamou a morena sem fazer contato visual com a loira.

— Quer ajuda? Acho que acabei pegando no sono, esse sofá é extremamente confortável – disse acariciando o tecido do sofá e colocando involuntariamente uma mecha loira do cabelo para traz e o alto de sua bochecha ganhou uma coloração avermelhada.

— Sem problemas – dessa vez olhou para a linda mulher. — Dou um jeito nisso. – disse referindo-se ao tapete que foi enrolado e jogado em algum canto da grande sala.

— Então, oque quer para o café? – perguntou Samantha mordendo os lábios e coçando a nuca.

— Oque tem? –Anne levantou empolgada seguindo a morena até a cozinha.

— Temos... Hm... Deixa-me ver. Frutas, cereais, café, leite, pão, ovos, bacon...

— Quero... Hm... Cereal.

— Ok. – Samantha pegou o cereal no armário, uma tigela e uma colher e entregou a Anne. Samantha ia servi-la, mas foi impedida pelas mãos sedosas da loira.

— Eu posso fazer isso – disse com a mão ainda no braço de Samantha, a encarando com um de seus melhores sorrisos fazendo a mesma parar sua ação e sorrir de volta.

— Arrumei encrenca ontem não foi? – perguntou desapontada.

— Sim – mastigou o cereal e depois continuou. — Uma garota te beijou e a outra não gostou então imagine o resto.

— Como me trouxe pra cá? – disse agora olhando para oque estava vestindo revirou os olhos e fechou o hobby, não solucionando o caso, pois era transparente.

— Segui você a todo canto e te trouxe, foi fácil.

— Me desculpa por te fazer sair da festa, juro que não sou esse tipo de pessoa, que bebe e volta para a casa com ajuda, ontem não estava bem e...

— Tudo bem Sam – deu um sorriso inocente. — Fui com uma cara muito bobão sabe, o Kevin, tão inteligente, mas tão sabe.. Lento?

— Sei. – não podia negar a ponta de ciúme.

Samantha ficou observando mais uma vez Anne, ela era perfeita, até sua pequena pinta no canto direito de sua boca, se perguntava se realmente tinha prestado atenção naquele pequeno detalhe, seus olhos eram tão claros quanto o céu num dia com poucas nuvens, Anne era A mulher. Samantha se perguntou várias vezes como ela soaria ao perguntar oque se seguia, como ela iria reagir, mas o lance do beijo na balada teria deixado claro, não? Mas ainda tinha suas duvidas ao porque que Anne se preocupava tanto, porque não me deixou brigar naquela balada, somente amizade Samantha dizia, ela tinha que reagir naturalmente. Pegou sua xícara e levou para a pia de costas perguntou.

— Então sabe que eu sou...

— Gay? – respondeu assustando a morena.

— É... – Mordeu seu lábio inferior ainda virada de costas para á amada.

— Descobri ontem – ela riu — Para mim isso não importa, oque importa é a pessoa ser feliz com quem ela realmente ama sabe, nunca tinha pensado sobre isso mas acho que o amor é incondicional não importa o sexo. – com as palavras de Anne Samantha soltou um suspiro de alivio.

— Que bom que pensa assim.

Ding Dong

— Quem será essa hora? – perguntou à morena se levantando e indo em direção à porta.

— Sam! – Quinn deu um super abraço de urso na amiga.

— Pensei que tinha morrido não te vi sair da festa. – disse ainda abraçando forte.

— Me solta Quinn estou bem! – disse tentando respirar.

— Você perdeu meu Deus, eu beijei a Taylor, nossa ela é muito gostosa, e disseram que teve uma briga e... –Quinn avistou Anne.

— Quinn essa é Anne uma amiga que me trouxe pra casa. – revirou os olhos.

— Encantada – Quinn cumprimentou Anne sorridente. .

— Prazer – disse Anne rindo da situação.

— E Anne essa é Quinn minha amiga. – disse Samantha.

— Me desculpe por entrar assim, estou acostumada em encontrar a Sam sozinha.

— Claro sem problemas. – disse gesticulando.

— Me da licença Anne. – pediu Samantha puxando Quinn para o canto.

— Sam ela é muito gostosa!

— Cala a boca, oque você esta fazendo aqui?

— Calma vim pegar aquele uísque que você me deu. É ela então, se não fosse não estava com a mão toda suada de nervosismo.

— Eu vou te matar se você não pegar esse uísque e for embora, agora! – foram interrompidas por Anne.

— Gente, tenho que ir embora daqui a pouco minha mãe chega de um plantão.

— Não Anne, espera mais um pouco. – pediu Samantha com um quase bico.

— É Anne, eu e a Sam íamos a um restaurante almoçar hoje, é domingo vamos quebrar a rotina e levar mais uma pessoa. – Quinn pediu tendo uma ideia brilhante

— Sim ou Sim? – perguntou Samantha esperançosa.