– Mel acorda criatura, o que houve? – Perguntou preocupada.

– Nada, apenas um mal estar, mas já passou. – e tentei voltar ao normal, mas já não conseguia. Apenas sorri aliviada ao ouvir minha mãe lá de baixo gritando nossos nomes para jantar. – Eu juro, não foi nada, só uma tontura. – eu continuei tentando explicar, pois seu rosto acusava que ela estava “duvidando” do que eu estava falando.

– Tem certeza Mel?

– Sim, eu já estou bem. – Sorri fraco e ela sorriu um pouco.

– Ok, mas se voltar a ter isso me avisa tá, eu fico muito preocupada com você. – ela me abraçou e realmente eu senti isso, que ela se preocupava comigo.

– Eu digo sim, agora vamos que mamãe já chamou. – Saímos do quarto abraçadas e quase caímos da escada duas vezes por isso, mas parecíamos não nos importar, pois a cada topada que levávamos riamos muito. Enfim descemos e minha mãe nos esperava na cozinha com meu pai e meu irmão. Cumprimentei meu pai, o apresentei a Sidney, ele só disse “oi” e voltou a comer calado, meu pai era meio estranho com pessoas que não conhecia. O jantar todo foi uma alegria que eu já não via a algumas semanas desde que aconteceu aquele primeiro caso, de me encontrarem no chão do quarto- talvez por que a Sidney estivesse ali, não importava o que fizéssemos que meu pai não abria a boca, apenas nos olhava com os olhos atentos a cada palavra que dizíamos, assim que ele terminou, foi o primeiro a sair da cozinha, continuamos lá por mais alguns minutos e depois minha mãe saiu e só ficamos  eu, Sidney e meu irmão sentados. Terminamos e Sidney se ofereceu para me ajudar com a louça, estranhamente Pablo também. Ok, ele que deve estar doente agora, me ajudando em alguma coisa, só deve estar ficando louco, mesmo comigo dizendo que três pessoas era muito pra lavar uma simples louça ele insistiu em nos ajudar, deixei, pois não era sempre que ele fazia isso.

Estava tudo bem até que eu comecei a jogar água nos dois que não aguentaram ficar quietos e jogaram em mim, enfim foi muito divertida a “ajuda extra” que tive. Quando terminamos estávamos todos molhados, inclusive a cozinha, e minha mãe apareceu na hora.

– Mel eu vim te avisar que... - e olhou pra cozinha molhada já arregalando os olhos. - o que é isso Pablo e Melanny Gray? Sequem essa cozinha agora. – Ela aumentou o tom da voz e saiu dali, nós três nos olhamos e rimos da bronca acabamos de levar.

– Acho que ela não viu você Sidney. Por que não éramos só nos dois que estávamos fazendo essa bagunça toda. – Ele olhou para Sidney fazendo uma careta e ela riu.

– Mas quem mora aqui são vocês e eu só estou aqui de passagem, então tenham uma ótima limpeza. – Ela ia saindo da cozinha quando a puxei pela blusa. –Mel. – Ela me olhou com reprovação.

– Nada disso, fomos nós três que fizemos isso, então vem logo e sem choro. - eu disse séria e nós três rimos. – ok, vamos logo com isso que não quero ficar o tempo todo nessa cozinha. – não demoramos muito e tudo já estava limpo e em seu devido lugar, saímos da cozinha e fomos direto pra sala e caímos exaustos no sofá.

– Ficou mais limpo que antes, parece que eu limpei a casa toda de tão cansado que fiquei.

– Ai como é mole esse meu irmão. Nem estou tão cansada assim.

– Pois é. Mel eu estou subindo tá. – ela falou perto da escada. – Tchau Pablo até amanhã. – acenou pra ele que sorriu de volta.

– Tchau gatinha. – Piscou para ela e eu dei um beliscão nele. – ai Mel doeu. – passou a mão sobre o lugar que estava doendo.

– Era pra doer mesmo seu safado. – e bati nele mais uma vez. – Estou subindo. – Não esperei resposta e logo subi atrás da Sidney que já estava pronta para dormir.

– Parece que eu vou dormir nessa cama mesmo. – Ela disse sorrindo. – E você dorme no chão Alfredo. – ela riu e apontou para o chão.

– Agora que eu vi... Não vou dormir no chão só por que você quer sua folgada. Eu vou dormir na minha cama, se quiser pode dormir ai também, mas não sozinha.

– Ah como você é ruim. Nem doa sua cama pra visita.

– Para de reclamar mulher. – rimos. – E vamos dormir logo que já tá tarde. – Subi em cima da cama e me deitei, Sidney também subiu e conversamos um pouco até chegar o famoso sono. Dormimos ate 06:00 horas que foi a hora que o celular de Sidney despertou.

E incrível, ela acordou de bom humor como sempre e já pulou em cima de mim, quando eu abri os olhos totalmente percebi que ela já estava pronta e linda como sempre.

– Vem Mel, levanta se não vamos nos atrasar.

– Se acalma garota, que horas são?

– 06h25min levanta. – ela me empurrou da cama e eu acabei caindo no chão com tudo. – ops, a culpa não foi minha. – Ela sacudia as mãos no ar, com uma expressão engraçada no rosto, o que me fez rir logo cedo, coisa que eu não fazia há muito tempo.

– Tá já vou, sua apressada. – entrei no banheiro tomei meu banho, vesti uma roupa pra escola, Sidney penteou meus cabelos, o que os fez ficarem menos desgrenhados, ficou um pouco melhor, admito. E descemos para preparar alguma coisa pra comer por que ainda estávamos com tempo, ainda eram 06h40min, comemos torradas com suco de uva, subimos escovamos os dentes e logo estávamos a caminho da escola, ouvindo musicas no meu ipod, e com os braços dados, cantávamos as musicas loucamente no meio da rua e todos nos olhavam como se fossemos estranhas ou coisa parecida.

Assim que chegamos na escola, entramos e logo fomos em direção a nossa sala, conversando e rindo, coisa que eu não estava acostumada a fazer logo de manhã, mas com Sidney ao meu lado tudo podia ser possível. Éramos as únicas que haviam entrado, pois ainda era cedo, não se passava das 06h55min e metade da escola estava do lado de fora ou ainda chegando. Conversamos mais um pouco e ouvimos musicas e finalmente alguns alunos já entravam na sala, acompanhados pela professora de inglês, que para o nosso azar assim que entrou na sala já avisou que teria prova surpresa, todos os alunos arregalaram os olhos em sinal de surpresa, e comigo não foi diferente, não havia estudado, e muito menos prestado atenção em suas aulas. Logo ela nos entregou as folhas de prova com uma expressão alegre no rosto. Acho que ela esta feliz em saber que ficamos surpresos, pois um sorriso sarcástico não saia do seu rosto, esse foi o momento que eu mais pensei em quantas opções existiam para matar. Para matar ela, muitas passaram por minha cabeça e simplesmente ri com essa ideia que havia acabado de me ocorrer.

Mas quando olhei para a prova arregalei ainda mais os olhos, por que sinceramente eu não sabia nem o que estava escrito ali. Olhei para Sidney e ela me parecia normal, acho que ela já sabia o que fazer e logo começou a fazer sua prova, eu peguei minha lapiseira e uma borracha e comecei a ler todas as palavras tentando entender algo, tentativa frustrada essa, comecei a olhar para todos os lados em sinal de medo, frustração e tudo a mais que se possa sentir. Então de repente eu ouvi uma voz que parecia sair da minha cabeça.