Com Outros Olhos escrita por Sensei


Capítulo 1
Uma bailarina de Cristal num palco de Metal


Notas iniciais do capítulo

Hey, olha eu aqui de novo! Agora meu primeiro trabalho com PJO, espero que curtam.
Sou apaixonada pelo casal Hefesto e Afrodite.
Beijoos



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Afrodite estava andando pelas ruas da Espanha quando se deparou com a presença de Hefesto, ela se escondeu atrás em um beco e olhou, ele estava em uma casinha pequena com uma mulher, eles dois estavam conversando e rindo enquanto Hefesto segurava uma criança e brincava com ela. O deus das forjas sorria e parecia feliz, como Afrodite não via a muito tempo. Na verdade, Afrodite pensou, ela nunca o vira feliz desde que se casaram.

Naquele momento ela sentiu uma coisa... Algo no limite da raiva, com uma ponta de desejo e uma porção de desespero. Ciúmes. Era isso que ela estava sentindo. Por uma mortal insignificante. Tudo por que ela o fazia feliz como Afrodite nunca conseguiu.

Com raiva do próprio sentimento ela se dissipou em uma névoa cor-de-rosa e voltou para o palácio. Afrodite dividia o palácio com Hefesto, mas ela nunca ficava por lá muito tempo, passava a maior parte o dia com Ares e quase nunca dormia em casa. Ela sentou no sofá da sala do seu marido e suspirou, ainda estava com aquele sentimento irritante no coração e o sorriso de Hefesto na cabeça.

Por quê? Pensou ela. Ele nem é tão bonito assim!

Automaticamente o seu olhar foi para a mão onde havia um lindo anel, o dia do seu casamento não fora o seu dia mais feliz, até por que ela não queria se casar com Hefesto, mas ela podia confessar que o anel que ele fizera foi a coisa mais linda que ela já viu em sua vida, era de ouro e havia umas pedrinhas cor-de-rosa que formavam as letras “H” e “A”.

No momento em que ele a presenteou com o anel Afrodite lhe deu um pequeno selinho... O único beijo que ele ganhou dela desde sempre. Ela nunca o beijara. Afrodite parou um segundo e pensou que gosto teriam os lábios de Hefesto, ele era seu marido e ela nunca descobriu. Por quê?

Uma vozinha na sua cabeça falou maldosamente, por que as pessoas dizem que ele é feio, lembra?

Mas Hefesto nem era tão feio assim, não para ela pelo menos, além do mais era um cavalheiro, sempre foi carinhoso com ela e apesar de todas as suas traições nunca a deixou.

Naquele momento ela ouviu a buzina da moto de Ares na porta de seu palácio, esqueceu que tinha marcado com ele para pegá-la antes que o seu marido chegasse, mas... Não queria ir com ele, queria ficar ali e pensar em Hefesto e em seu sorriso. Então balançou a cabeça e fez uma careta, ela não parecia com si mesma hoje. Pegou a bolsa e foi até Ares.

O deus da Guerra a levou até um quarto de Motel que era totalmente vermelho e tinha um espelho no teto, mas pela primeira vez ela não queria sexo, ela só queria conversar.

–Ares... –Mas antes que ela falasse mais alguma coisa ele a beijou bruscamente.

Ela ficou assustada, mas retribuiu do melhor jeito que pôde. Ares a empurrou para cima da cama e subiu em cima dela, aquilo parecia tão errado. Afrodite abriu os olhos durante o beijo e cada vez mais aquela sensação de que aquilo era errado continuava, ela o empurrou.

–O que foi? –Ares perguntou confuso.

Afrodite olhou para ele um segundo e o rosto de Hefesto lhe veio à cabeça... Ela o queria, Hefesto, o queria ali, beijando-a, acariciando seu corpo, não o belo e forte Ares, mas Hefesto, o seu marido atrapalhado e fofo. Não! Não pode ser! Afrodite pensou. Como ela pôde se apaixonar por ele logo agora? Decidida a esquecer-se disso ela puxou o rosto de Ares para o seu e o beijou com volúpia.

Mais tarde a deusa do amor estava acordada olhando para o espelho no teto daquele quarto de Motel, Ares roncava ao seu lado com uma das mãos na cabeça e a outra na cintura dela. Afrodite nunca notara o quanto ele ronca alto... Hefesto quase não faz barulho enquanto dorme. Por que ela estava comparando Ares e Hefesto? Ela balançou a cabeça e olhou para o seu reflexo, estava linda... E frustrada! Aquele sexo havia sido horrível. Ela nem chegou a ficar saciada. Pela primeira vez Ares não fez um bom trabalho. Mas ela sabia que não tinha sido culpa dele, a culpa foi dela. Afrodite não queria Ares, queria Hefesto.

Delicadamente ela retirou a mão de Ares de cima do seu corpo e se vestiu, mas quando abriu a porta a mesma fez barulho acordando Ares.

–Afrodite? –Ele chamou meio sonolento.

Ela fechou os olhos se repreendendo. Sua mente acelerou tentando pensar em uma desculpa.

–Volte a dormir querido, Eros me chamou, fez besteira com as flechas e acabou fazendo a Rihanna se apaixonar pelo Jhonny Depp.

Afrodite tinha certeza que Ares não sabia quem era Rihanna e muito menos Johnny Depp, mas a desculpa serviu pois o deus da Guerra virou na cama e voltou a roncar. Quando estava relativamente arrumada ela sumiu em uma fumaça rosa a apareceu em frente ao seu palácio, que dividia com Hefesto. Ela entrou escondida.

–Afrodite? –Hefesto chamou surpreso. –O que está fazendo aqui?

Ela deu um pulo e virou. Ele estava suado, vestia uma blusa de botões que estava aberta, mostrava seus músculos cheios de cicatrizes, antes xadrez vermelho e preto, mas agora estava totalmente suja de poeira e graxa, uma calça jeans rasgada nos joelhos e um pouco acima da coxa na perna direita, na mão trazia um martelo fumegante, com certeza estava nas forjas. Afrodite ofegou, ele estava tão... tão... SEXY!

–Boa noite Hefesto. –Ela sorriu sem graça.

–Boa noite. –Ele disse achando aquela situação bizarra.

–Eu estava indo para o quarto.

–Então tá. –Ele falou devagar.

Afrodite foi para o quarto e fechou a porta escorregando até o chão, seu coração estava acelerado, seu rosto vermelho e quente e entre as suas pernas... Molhado. Ele conseguiu deixá-la muito excitada. A deusa do amor foi para o banheiro e tomou um longo banho gelado, estava parecendo um adolescente quando encontra seu primeiro amor. Ela amarrou o cabelo em um coque e colocou uma camisola rosa claro, deitou na cama para esperar o seu marido, coisa que nunca fizera antes e parecia tão divertido, alguns minutos depois Hefesto entrou no seu quarto, já que ele e Afrodite dormiam em quartos diferentes.

Ela estava deitada e fingia dormir ressonando baixinho, Hefesto ficou parado um segundo a olhando, achou que nunca em sua eternidade veria Afrodite dormir ao seu lado, ele esfregou os olhos e balançou a cabeça para se certificar que não estava sonhando, mas ela continuava ali. Ele passou direto para o banheiro tomar um banho, se ela iria dormir ali ele não queria estar com cheiro de óleo.

Afrodite abriu os olhos quando ouviu a porta do banheiro bater, ele estava a admirando, ela sabia disso e se sentiu tão insegura... E se ele não gostasse mais dela? Foram milênios de traições, será que ele a perdoaria? Afinal, ele passou diretamente para o banheiro ao invés de deitar com ela. A deusa do amor ouviu a porta do banheiro abrir e fechou os olhos rapidamente.

Hefesto estava com uma calça de flanela e uma camiseta fina, não gostava de mostrar o corpo por causa das cicatrizes. Ele deitou ao lado dela, Afrodite estava de costas, então Hefesto fechou os olhos para tentar dormir apesar de saber que o nervosismo de ter uma mulher como Afrodite dormindo ao seu lado não o deixaria descansar em paz.

Uns cinco minutos depois, quando a respiração de Hefesto estava regular Afrodite virou o corpo para olhar o marido, ele estava de olhos fechados e ressonava baixinho, deitava de bruços, as costas subiam e desciam a cada respiração. Ele era grande, Afrodite notou, e muito forte também. A deusa do amor queria tocá-lo, sentir a dureza de sua pele sobre as suas mãos delicadas, ela queria ele.

Receosa ela levantou a mão o mais silenciosamente que pôde e tocou a bochecha do marido, ela desceu o dedo pelo queixo quadrado, ele estava com uma barba rala que o deixava tão másculo, ela suspirou apaixonadamente.

–O que está fazendo? –A voz grossa perguntou fazendo-a dar um pulinho.

Ela puxou a mão rapidamente e deu uma risada gostosa.

–Fui pega no flagra. –Ela sussurrou sorrindo.

Ele abriu os olhos... Eram dourados! Como se fossem duas poças de ouro derretido, como ela nunca notou que os olhos dele eram tão lindos? Aquilo fez o coração de Afrodite acelerar, será que ele podia ouvi-lo? Será que ele notava que ela estava agindo como boba?

Provavelmente não. Ela pensou. Hefesto é tão inocente quando se trata de amor.

–O que estava fazendo? –Ele perguntou sussurrando assim como ela.

Isso rendeu outra gargalhada gostosa de Afrodite, sua risada era tão linda que fez Hefesto sorrir também. A deusa do amor se derreteu ao ver o sorriso que ela causou, o primeiro de muitos, ela prometeu a si mesma.

–Estava apenas olhando você. –Ela sorriu carinhosamente.

–Por quê? –Ele perguntou inseguro. –Eu sei que não sou tão bonito quanto Ares...

–Você é lindo. –Afrodite o interrompeu.

Hefesto achou que estava realmente sonhando, será que aquilo estava mesmo acontecendo? Ele a encarou e arqueou a sobrancelha.

–Está falando sério? –Ele perguntou.

–Claro que sim. –Ela disse suavemente.

Ela se aconchegou na cama e virou de costas, Hefesto achou que a conversa havia acabado ali, mas se enganou.

–Hefesto... –Afrodite chamou baixinho, um arrepio desceu as costas do deus das forjas ao ouvir seu nome ser sussurrado tão apaixonadamente por sua esposa.

–Sim? –ele perguntou no mesmo tom.

–Me abraça?

A boca dele se abriu, se ela virasse e o visse agora com certeza riria... Ela estava mesmo pedindo aquilo? Para ele?

–Hefesto? –Sua voz saiu um pouco magoada, ele notou, talvez tenha sido por causa de sua dúvida?

Ele se apressou em passar os braços pela cintura dela e a abraçou de um jeito meio desajeitado, nunca havia feito isso antes.

–Assim está bom? –Ele perguntou um pouco receoso.

Ela sorriu maravilhada quando seu marido se aproximou e para ajudá-lo ela se encostou ao corpo dele, notou o encaixe perfeito. Ele suspirou quando sentiu todo o corpo dela em contato com o seu.

–Perfeito. –Ela sussurrou.

Hefesto sorriu e deitou a cabeça no travesseiro, ele dormiu sentindo o cheiro do cabelo de Afrodite, nunca teve uma noite de sono tão boa.

Afodite suspirou e se encostou mais ao seu marido, ela dormiu consciente das mãos de Hefesto ao seu redor possessivamente, nunca teve uma noite de sono tão boa.

–--

No dia seguinte Hefesto acordou primeiro, o cheiro doce invadiu seu nariz quando respirou fundo, nunca esteve tão feliz quanto hoje ao acordar com o cheiro de sua mulher preenchendo seu quarto, mas melhor que isso era senti-la em seus braços e saber que ela estava ali por que queria. Ele ficou ali, de olhos fechados, sentindo o perfume dela.

Afrodite acordou com a buzina da moto de Ares, ela teve medo do seu marido acordar e levantou para mandá-lo embora, foi até a janela do quarto.

–Afrodite! –ele gritou ao vê-la, parecia impaciente.

Ela ia gritar para mandá-lo embora quando o ranger da cama denunciou que Hefesto estava acordado, ela olhou para trás e o viu levantar da cama e sair do quarto sem olha-la.

Não! Ela pensou com raiva. Não posso perder todo o avanço que consegui ontem à noite.

Olhou para fora irritada.

–Vai embora Ares, não vamos sair hoje.

–O quê? –ele a olhou desnorteado.

–Quer que eu repita? VAI EMBORA!

Ele ficou parado um momento e então esbravejou.

–Você é maluca! Vai implorar que eu volte! –Acelerou a moto e foi embora.

Então ela virou e olhou para a cama e suspirou derrotada, se pelo menos ele estivesse ali para vê-la mandando Ares embora, mas ele havia saído, provavelmente estava magoado... Tantas vezes ela o trocou por outro! Seja Ares ou qualquer humano.

Não vou desistir. Ela pensou.

Afrodite foi para o banheiro e tomou um banho longo, ela estava na banheira do seu marido, o cabelo num coque, rodeada de espuma e bolhas, ela ouviu a porta do quarto dele se abrir e Hefesto entrar.

–Afrodite! Afrodite! –Ele chamou, parecia um pouco desesperado.

–Aqui! –Ela falou.

Ele empurrou a porta do banheiro e sorriu aliviado num primeiro momento, então como se notasse naquele momento a falta de roupa da deusa do amor seu rosto criou uma coloração vermelha e ele baixou o olhar.

–Você me chamou? –Ela perguntou sorrindo lindamente, talvez ela não tenha perdido avanço da noite passada.

–Eu... E-eu... –Então ele fez um barulho como se estivesse limpando a garganta. –Eu queria apenas lhe entregar uma coisa que fiz.

Então ele colocou uma pequena caixinha do lado da banheira e saiu apressado. Era uma caixinha de ferro em forma de coração, havia uma linda rosa delicadamente desenhada em cima, ela secou a mão numa toalha branca que havia ali e abriu a mesma, dentro dela havia uma linda bailarina totalmente feita de cristal, ela dançava suavemente num palquinho de metal ao som de uma melodia doce e simples que se repetia.

Aquilo encantou a deusa do amor, ela colocou a mão na borda da banheira e deitou a cabeça delicadamente no braço, começou a admirar o seu presente.

–Obrigada. –Ela suspirou suavemente pensando em seu marido.

–--

Quando saiu do banho ela não conseguiu achar seu marido em lugar algum, ele havia saído de casa, ela pegou a caixinha e saiu andando pelo Olimpo, o sol estava brilhante, como sempre, mas dessa vez combinava tão bem com o humor dela, por onde passava Afrodite deixava as pessoas apaixonadas e felizes. Ela parou em um banquinho no jardim de Hera rodeada de flores e colocou sua caixinha ao seu lado, abriu-a e ficou aproveitando a melodia.

De longe Athena estava saindo de seu palácio e ouviu a música, que apesar de baixinha era muito bonita, ela seguiu a melodia e encontrou Hera no caminho.

–Você também está ouvindo? –Hera perguntou. Athena apenas assentiu e elas seguiram.

–Vem do seu jardim. –Athena disse.

As deusas seguiram e encontraram Afrodite olhando para o céu e cantarolando baixinho com um sorriso no rosto.

–O que deu nela? –Athena perguntou.

–Parece... –Nesse momento Hera riu. –Parece apaixonada!

–Afrodite! –Athena chamou.

A deusa do amor olhou para as duas e sorriu.

–Bom dia. –Ela cumprimentou.

–Bom dia! –Hera e Athena falaram juntas.

–O dia não está lindo? –Ele perguntou.

–Está de bom humor... O que houve? –Athena perguntou.

–Nada de mais. Só que... Estou amando! –Ela falou dando uma risadinha no final.

–Ares? –Athena perguntou.

Afrodite balançou a cabeça negativamente e mordeu o lábio, divertida, como uma criança que tem uma surpresa.

–Algum mortal? –Hera perguntou.

Ela balançou a cabeça negativamente de novo.

–Então quem? –Athena perguntou.

Hera então olhou para a caixinha de música e a bailarina que valsava no palco de metal.

–Quem te deu isso Afrodite? –Hera perguntou maravilhada.

Athena olhou e suspirou.

–Como é bonito... –a deusa as sabedoria falou se aproximando.

–Foi o homem que você está amando quem te deu isso? –Hera perguntou tocando delicadamente a bailarina de cristal que se afastou e voltou a rodopiar.

–Sim. –Afrodite sorriu carinhosamente.

–Oh! –Athena falou sua mente dando um estalo. –Não pode ser quem eu estou pensando, é?

Athena olhou para Afrodite que confirmou com a cabeça.

–Nossa! –Ela disse surpresa.

–O que? Quem é? –Hera perguntou irritada.

–Não reconhece o trabalho? Quem aqui no Olimpo que faz coisas como essas? –Athena apontou para a caixinha de música.

Hera demorou um segundo para entender.

–Oh! Foi o meu filho?! –Ela perguntou chocada. –Ele quem fez isso?

–Sim... Hefesto. –Afrodite respondeu quase como se estivesse fazendo uma carícia no nome.

–Ela está realmente apaixonada! –Athena falou surpresa.

–Eu não esperava por isso. –Hera disse. –Mas estou feliz.

Afrodite não ligava para os outros, não mais, agora que descobriu a beleza do seu marido guardaria para si. Não queria nenhuma sirigaita de olho no seu homem, por que ele era somente dela, assim como ela seria somente dele, se ele quisesse é claro. Mas ele iria querer, ela tinha certeza disso.

–--

Hefesto estava na sua forja, ele não conseguia trabalhar por que a sensação do corpo de Afrodite no seu não queria sair de sua mente, muito menos a imagem dela nua dentro de sua banheira.

–Vá trabalhar homem! –Ele se repreendeu. –Aquela mulher não ama você!

Então ele levantou e começou a criar alguns autômatos, por que era nisso que ele era bom, criar coisas e não lidar com pessoas, ele nunca fora bom nisso.

–Olá Hefesto. –Aquela voz suave soou em sua sala.

–Dite? –Ele perguntou surpreso, Afrodite o olhou surpreso por ele chamá-la assim. –Desculpe.

–Não se desculpe, eu adorei. –Ela falou se referindo ao apelido.

–O que está fazendo aqui? –Ele perguntou.

–Vim passar um tempo aqui. –Ela disse.

–Mas... –Doía perguntar isso, mas ele sentia que tinha que fazer. –Mas e o Ares, não vai sair com ele?

–Não! –Ela fez um gesto displicente com a mão. –Prefiro ficar aqui com você.

Um sorriso bobo surgiu na face dele, ela nunca trocara a companhia de Ares pela sua antes. Não se iluda. Ele pensou. É só por hoje, seja lá qual for o motivo.

Então ela sentou em um sofá que estava ali, pura decoração já que nunca fora usado, começou a falar e falar e falar... Sobre tudo, desde a última fofoca das celebridades até a vida de suas filhas.

–Elas me contaram... Você está entendendo? –Afrodite perguntou sorrindo.

Hefesto balançou a cabeça positivamente, não estava entendendo nada e Afrodite sabia, mas a estava ouvindo, o que era mais do que qualquer outro já fizera por ela. Então Apolo entrou na forja.

–Hefesto você...? –Mas parou na porta com uma expressão de dúvida. –O que está acontecendo?

–Estamos conversando. –Afrodite disse.

–Por quê? –Apolo perguntou.

–Não posso mais conversar com meu marido? –Afrodite perguntou o olhando sarcástica.

Apolo e Hefesto a encararam surpresos, ela olhou de um para o outro.

–O que foi? –Ela perguntou.

–Quero dizer... Claro que pode, desculpe Afrodite. –Apolo falou meio sem graça.

–O que você quer Apolo? –Hefesto perguntou sem tirar os olhos de sua esposa, ele estava surpreso demais por ela tê-lo chamado de meu marido de forma tão orgulhosa.

–Eu... Digo... –Apolo também estava surpreso. –Eu só queria saber se você fez aquele capô novo para o carro do sol que eu te pedi.

Hefesto bateu a mão na própria testa, ele iria fazer hoje, mas Afrodite apareceu e ele acabou esquecendo.

–Ainda não, estava conversando com Afrodite, mas te mando hoje à tarde, pode ser?

–Tudo bem. –Apolo falou.

Hefesto e Apolo se encararam, o deus do sol olhou para o irmão como se perguntasse o que a Afrodite tinha, o deus das forjas apenas deu de ombros, feliz de mais com tudo aquilo.

–Você vai ficar aí? –Apolo perguntou a Afrodite.

–Sim! –A deusa do amor falou animada. –Deve ser fascinante ver meu marido trabalhando.

Hefesto e Apolo a encararam chocados, quem era aquela e o que fez com a Afrodite?

–Então tá. –Apolo falou lentamente.

–Tchau Apolo. –Afrodite disse animada.

–Tchau. –Apolo respondeu meio confuso e saiu de lá.

Hefesto olhou para a mulher e pendeu a cabeça para o lado, como um passarinho, pensou Afrodite maravilhada.

–Você realmente vai querer me ver trabalhar? –Ele perguntou.

–Claro que sim, não posso? –Ela perguntou.

–Claro que pode.

–Então finja que não estou aqui.

Isso seria impossível, pensou Hefesto. Ele então começou a andar pelo lugar ciente do olhar da deusa do amor que o analisava, ali ele sentiu muita vergonha, queria ser bonito como Apolo para que ela pudesse apreciá-lo, mas não era e ficou triste por isso.

Afrodite encostou a cabeça no encosto do sofá e ficou olhando seu marido, ele era incrível, trabalhava com aqueles materiais duros, suas mãos eram tão fortes, ele era tão másculo! Ela suspirou, tinha que se controlar para não atacá-lo, para não implorar que ele a possuísse com suas mãos fortes ali em cima de uma das bancadas que ele usa para trabalhar.

Mas ela não podia, queria que ele acreditasse que ela mudou que ela realmente o amava e faria isso devagar, mostrando aos poucos... Mas até o amor perde a paciência de vez em quando e ela não sabia o quanto iria aguentar até implorar para tê-lo dentro dela.

–--

Apolo encontrou Hermes saindo do palácio de Zeus.

–Acabei de ver uma coisa muito estranha. –Apolo falou para o irmão.

–O que? –Hermes perguntou, ele era um fofoqueiro.

–Afrodite... Está na forja com Hefesto. Estão conversando. –O deus do sol falou.

–Bateu com a cabeça Apolo? Afrodite na forja? –Hermes deu uma gargalhada.

–Estou falando sério. Quando perguntei se ela iria continuar lá ela me deu um olhar mortal e disse: Deve ser fascinante ver meu marido trabalhando. –Apolo disse fazendo uma imitação pobre da voz da deusa.

–Não acredito! –Hermes ficou boquiaberto.

–Não estou brincando.

Os dois continuaram a conversar, enquanto isso Hefesto terminava de fazer o capô para o deus do sol, ele deixou o metal em cima de uma bancada enquanto limpava a mão com uma toalha que havia ali perto.

–Eu sei que não é muito divertido. –Hefesto disse olhando para a esposa, ela estava deitada no sofá seguindo todos os seus movimentos.

Afrodite sorriu e balançou a cabeça indicando que ele não se importasse com isso. Na verdade, Afrodite estava se divertindo muito! Ela nunca teve tanta consciência de um corpo masculino como tinha de Hefesto, toda vez que ele flexionava o abdômen ela ofegava e não tinha ideia se o calor que sentia era do seu corpo ou da própria forja, jamais imaginou que seu marido era tão sensual.

Um barulho do lado dela chamou atenção, Afrodite e Hefesto viraram para a porta onde Eros entrava tentando passar por uns pedaços de metal.

–O que faz aqui querido? –Afrodite perguntou.

–Eu é que pergunto o que faz nesse lugar mamãe? –Eros se referiu a forja de modo tão nojento que irritou Afrodite.

Hefesto virou o rosto, mas estava decididamente vermelho, ele sabia que sua forja não era lugar para uma mulher como Afrodite.

–Onde fico ou deixo de estar não é da sua conta, agora me diga o que veio dizer e suma daqui! –Ela disse com a voz letal.

Hefesto sorriu pequeno e cruzou os braços encostando o quadril em uma bancada, gesto que não passou despercebido por Afrodite que queria gravar todas os seus sorrisos e seu movimentos. Eros engoliu seco.

–E-eu... –Ele começou. –É só que houve um problema com uns cupidos e...

–É muito urgente? –Afrodite perguntou.

–Na verdade sim. –Eros respondeu de cabeça baixa.

–Argh! –A deusa do amor resmungou. –Às vezes você não serve para nada Eros! Vá à frente, daqui a pouco lhe alcanço.

Eros saiu da forja, Afrodite virou o rosto para Hefesto.

–Tenho que ir agora! –Ela disse.

Hefesto baixou a cabeça e fingiu mexer em algumas latas e pregos.

–Tudo bem Dite...

Afrodite levantou interrompendo a fala dele, ela se aproximou criando coragem para pedir aquilo.

–Hefesto... –Ela começou.

–O que foi? –Ele perguntou tentando pegar uma tigela com duas esferas prateadas e grandes.

–Me dá um beijo?

Aquela pergunta o pegou tão desprevenido que ele acabou derrubando a tigela e as esferas prateadas caíram em sua cabeça, Afrodite gritou assustada.

–Você está bem? –Ele perguntou, preocupada.

Hefesto colocou a mão na cabeça um pouco tonto, mas nada se comparava a como ele se sentiu com o pedido dela... Será que ele entendeu direito?

–Estou bem! –Ele disse. –Mas o que você disse?!

–Eu pedi um beijo. –Ela repetiu simples.

Hefesto ficou ali parado olhando para a sua esposa... A deusa do amor acabou de pedir um beijo a ele? A ELE?!

–É alguma brincadeira? –Ele perguntou, não resistiu, aquilo parecia surreal.

Só que a pergunta magoou Afrodite, ela se sentiu mal, mas entendia Hefesto, foram tantos anos de traições, ela o ignorava totalmente e nunca se arrependeu disso, qualquer um se sentiria assim.

–Não. Tudo bem se você não quiser, era só um beijinho e...

Afrodite começou a tagarelar nervosa, Hefesto se sentiu nas nuvens, ela queria um beijo dele, mas o que então ele estava fazendo ali parado?

Num rompante de coragem ele segurou a deusa pela cintura e encostou seus lábios nos dela, Afrodite não foi pega exatamente de surpresa, pois sorriu durante o beijo, ele moveu os lábios desajeitadamente e tocou a bochecha dela de modo carinhoso. A deusa do amor puxou o lábio inferior do seu marido delicadamente e se separou sorrindo... Ele tinha gosto de canela, seus lábios tinham gosto de canela.

Ela continuou com os olhos fechados ainda aproveitando a sensação.

–Tenho que ir. –Ela disse baixinho.

Hefesto acenou com a cabeça concordando, sua mente meio nublada.

–Okay! –Ele falou meio ofegante.

Então ela se dissipou em uma névoa cor-de-rosa o deixando ali sozinho com um sorriso no rosto e a lembrança de um beijo.


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Notas finais do capítulo

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Se não, deixa um comentário.
Criticas que não venham acompanhadas de xingamentos são bem vindas.
Essa escritora é viciada em reviews, ajudem a sustentar meu vicio!
Câmbio e desligo