Hermione subiu sozinha a torre de astronomia. Estava vestida com suas roupas de dormir, mas colocou um roupão por cima. Sabia que o quê fazia era errado, mas às vezes fazemos algumas loucuras por amor. “Se o Filch me pegar aqui em cima há essa hora...”. Ela riu em silêncio. Eram 10 pra meia noite, estava adiantada. Ao chegar à entrada da sala do alto da torre, ouviu passos. “Droga, tem alguém lá cima.” Ela se enrolou no roupão, a esperança a impelia a continuar subindo. Abriu a porta com o maior cuidado. E suspirou aliviada.

Draco estava sentado na murada da torre. O luar se refletia nos cabelos louros, e ele se vestia com elegância. Uma camisa social branca, com as mangas arregaçadas e o colarinho aberto. A Marca Negra estava fraca, mas estava lá. Usava as calças da escola.

Hermione parou e se escorou na porta, olhando para o garoto. Depois, virou-se e trancou a porta.

- Abaffiato. – Ela sussurrou. Agora estavam seguros.

Draco ouvira o sussurro, e se virou para ver quem era. Ao ver Hermione, sorriu. Ela se aproximou dele, e se apoiou na murada.

- Oi.

- Oi. – Draco olhou para o roupão fino que a garota usava. – Não está com frio?

Hermione fez uma careta.

- Não muito. É que aqui nós pegamos uma corrente de ar mais fria que a da torre da Grifinória.

Draco riu e lhe estendeu a sua capa.

- Tome, eu não estou usando.

Hermione vestiu-a e a cheirou. Tinha cheiro de coisas antigas, não mofo. E um leve toque de hortelã. Ela olhou para ele, mas o garoto já a estava olhando. Desviou o olhar, corando. Eles sorriram.

- Draco... – Hermione começou.

- Sim? – Ele virou para ela.

“Muito melhor do que se pensava”.

- Por quê? – Ao ver a expressão dele, ela reformulou. – Por que eu?

Ele levantou as sobrancelhas. Depois fitou a luz, pensando.

- Por quê... Oras, Hermione. Você é você. Eu não sei por quê. Só sei que aconteceu. Quando eu vi, já não queria mais voltar atrás. – Draco passou o braço pelos ombros dela. – E você?

- Eu não sei. Não sei. Foi um susto quando você me contou, e me deu raiva. Mas aí foi crescendo, crescendo... E ficou assim. – Ela mordeu o lábio.

- Foi estranho, não foi? Quando eu te contei e tals. Eu não sei o quê eu tinha na cabeça...

- Eu. – Hermione riu, e Draco a acompanhou. – Eu lembro direitinho. Foi muito tenso, do nada eu tinha que encontrar você na Sala Precisa, e eu queria ir, mas eu não queria ir porque... por que era você. Mas eu era curiosa, e aquele monstrinho roxo dentro de mim...

- Monstrinho roxo? – Draco a olhou intrigado. Hermione riu.

- Depois eu explico. Aquele montrinho roxo me mandava ir, e  aí eu fui e, vamos combinar, você enrolou um monte antes de me falar. E aí, do nada...

- “Eu gosto de você” – Draco sussurrou no ouvido dela, interrompendo a história e sua linda de raciocínio.

- Foi, Foi isso. Eu fiquei apalermada. – Draco riu. – você só podia estar zombando de mim. Não tinha outra explicação. Aí eu fui embora. E contei pra Gina, por que ela me obrigou. – Ela riu. – Depois aconteceu tuuudo aquilo. Nós somos um casal muito estranho, Draco. – Ela se virou rindo para o garoto, e se deparou com a expressão séria dele. Ficaram se olhando, um mergulhado nos olhos do outro, nos sentimentos do outro.

- Hermione... – Draco sussurrou no seu ouvido.

- Sim?

- Quer namorar comigo?

Hermione não pode deixar de rir.

- Você já me perguntou isso, não lembra?

- Lembro. Mas na primeira vez. – Ele remexeu nos bolsos. – Eu não tinha isso.

Ele tirou uma caixinha do bolso. Vermelha, aveludada. E abriu. Hermione cobriu a boca, Draco se ajoelhou.

- Hermione Jane Granger, quer namorar comigo? – Ele a olhava, uma mistura entre divertimento e ansiedade.

- Quero sim. – Ela sorriu. Uma lágrima correu por sua bochecha.

Ele tirou um anel de prata de dentro da caixa. Dentro estava escrito “Draco”, e colocou no dedo dela.

- E o seu?

Draco levantou a mão direita. A aliança se refletia a luz da lua. Ele riu.

- Você realmente não pensou que eu ia te dar uma e não ia ter o par, né? O Weasley podia comprar uma cópia barata da sua e sair usando por aí.

Hermione lhe deu um tapa no ombro e riu.

- No fundo você não mudou muito, não é? Mas eu gosto desse seu jeito, Sonserino.

- Meu jeito?

Draco a pegou pela cintura e a jogou para o lado. Ficaram se olhando. Draco aproximou seu rosto do dela com calma. Seus lábios se tocaram. Hermione enroscou seus dedos nos cabelos loiros do garoto, Draco a puxava pela cintura. O gosto de Menta voltara. Era doce e fresco. Quente e frio. As estrelas pareciam que dançavam de mãos dadas com o vento.

A porta da torre se abriu.