How To Make A Friend escrita por Joopy Jellopy


Capítulo 9
Capítulo 9




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O sono tranquilo foi interrompido pelo susto, ao acordar, lembrando-se do pesadelo que teve. Olhando para o teto, o alquimista já estava se sentindo cansado de não poder ter sequer uma noite de sono completa, sem interrupções. O susto, porém, foi maior ainda ao se virar em sua cama e notar um estranho dormindo ao seu lado. Saltou da cama, desesperado, e acabou caindo no chão, enquanto gritava silenciosamente, na tentativa de compreender a situação.
- Tudo bem, tem um estranho na minha cama... Tem um estranho na minha cama... Tem um estranho na minha cama! – as tentativas de repetir o acontecido para se acalmar não estavam sendo de muita utilidade.
Rondava o perímetro, assustado, e observando o estranho que parecia dormir profundamente. Passado o susto e, substituído por um súbito interesse, Noah pôde observá-lo melhor. Por algum motivo, o alquimista sentia uma forte ligação com ele e se aproximava lentamente, admirando-o. Porém, a sonolência matutina abandonara o corpo e percebeu que não parecia se tratar de uma pessoa, apesar da aparência. Deslizou os dedos por entre o corpo do estranho e retirou-os rapidamente, sentindo uma frieza inexplicável. Ficou ainda mais assustado ao constatar que não era só frio, mas rígido... Era composto de minérios. A ociosidade do momento foi quebrada pela saudação:
- Bom dia! – disse esboçando um leve sorriso e abrindo os olhos que pareciam ser feitos de ouro.
- Q-quem é você?! – perguntou espantado, afastando-se da cama lentamente.
O estranho se levantava da cama e se aproxima do alquimista pouco a pouco. A luz que adentrava pela janela parecia reluzir em seu corpo todo, produzindo em Noah uma sensação de admiração, mas ao mesmo tempo de apreensão – Meu nome é Omnes Aes. Creio que ainda não sabia disso. – disse o humanoide estendendo sua mão. – Mas pode me chamar de Omne.
- Ham... Eu o conheço? – disse, respondendo ao cumprimento do estranho que tinha um aperto de mão muito forte e parecia maior ainda, comparado a ele.
- Não se lembra de mim? Foi você quem me salvou. – disse com um sorriso de agradecimento.
- Você é aquela coisinha, digo, aquela criatura gelatinosa?? Você está um pouco diferente... – o espanto em ver como o homúnculo havia ficado era evidente nos olhos do alquimista.
- Sim. Eu perdi a minha massa citoplasmática e os minérios se fundiram, fazendo com que eu ficasse maior e mais resistente.
- E mais forte, e mais alto e... Mais bonito – pensou um pouco alto de mais.
- O que foi que disse? – perguntou o hominídeo, ficando com o corpo encostado ao do alquimista.
- Nada! – respondeu um pouco intimidado ao olhar para cima e deslumbrar-se com o tamanho e força do amigo, afastando-se – Minha... Nossa. Estou atrasado! – Noah olhou no relógio cuco da parede do quarto e notou que estava atrasado para as aulas.
- Para onde vai?
- Estou atrasado para a escola. Não é um dos meus lugares favoritos, mas, para meu infortúnio, ainda não concluí meu ensino, então, se não se importa... – Noah não conseguia disfarçar o nervosismo; afastava-se em direção à porta a cada passo que o homúnculo dava em sua direção; até ficar encurralado na saída, com a mão na maçaneta, olhando para cima, devido à altura de Omne.
- Eu posso ir junto? – disse colocando sua mão sobre a do alquimista.
- Mas... Lá é um lugar terrível, tanto para mim quanto para você, por que quer me acompanhar? – perguntou ajeitando uma mecha de seus cabelos brancos atrás da orelha, confuso.
- Porque eu quero estar onde você estiver. – naquele momento, com esta resposta, o coração de Noah palpitava tão rapidamente que era possível ouvir os seus batimentos; as faces ruborizaram e pela primeira vez alguém fazia questão de sua presença. Era o mais próximo que chegou de ser amado por alguém, mesmo que aquilo não fosse amor, pelo menos ainda.
- I-isso é... Muito gentil de sua parte, mas... Você é um homúnculo humanoide com cor de bronze, feito de minerais dos quais eu desconheço a origem e com quase dois metros de altura... As pessoas poderiam achar... Um pouco... Diferente. Talvez. – disse do modo mais eufêmico possível, para evitar o desapontamento do amigo.
- Bom... Nesse caso... – o alquimista já se aproximava, preparando-se para consolá-lo, quando é surpreendido – Acho que terei que ser um garoto humano de dezoito anos composto de carbono e com quase dois metros de altura. Ou pelo menos parecer com um. – disse espirituoso, enquanto mudava sua aparência externamente, surpreendendo Noah – Então, estou apresentável?
- Você... Tornou-se humano? – perguntou, surpreso com o quanto havia ficado parecido com os garotos que nunca notaram a existência do alquimista, e que ele ficava tempos observando e torcendo para que algum deles falasse com ele. Estava exatamente como um deles, exceto pelos brilhantes olhos dourados que continuavam atrativos e aconchegantes como antes.
- Na verdade... – parte do braço de Omne voltou à cor original e foi moldada em forma de uma clava, com espinhos compostos de diferentes minérios –... Só a minha aparência foi mudada, mas creio que seja o suficiente. – completou, fazendo a mão voltar a ter aparência e forma humana e sorrindo para o alquimista.
A partir daquele momento, todos os dias que se seguiram estavam sendo felizes como nunca tinham sido antes para Noah, com exceção do período em que seus pais estavam presentes; apesar de que, mesmo naquela época, ele não tinha amigos. Agora ele tinha alguém com quem esvair o caótico turbilhão de pensamentos que inundavam sua cabeça, e o deixava com a sensação de ser um trem desgovernado. Pois agora esse trem possuía trilhos e um condutor.


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