A Culpa É Das Estrelas - Epílogo escrita por Bells


Capítulo 1
O.k?


Notas iniciais do capítulo

Um livro para tocar até a pessoa mais insensivel de todo o mundo, nao acham?Então acabei de terminar o livro e to aqui chorando né a ideia da minha amiga é interessante pra pacas e eu ainda acho que ela deveria ser escritora tb, mas ela é ótima em artes fotografia e teatro, e é gata e gostosa, então já há mt talento nela



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Essa é a história de Hazel, minha história. Minha narração. Assim como a de Anna ela acaba com minha morte. Logo após ler a carta de Agustus, logo após aceitar minhas escolhas. Eu sei que isso pode parecer estranho para você, mas minha morte foi linda, foi perfeita, eu me senti, acredite ou não, plenamente viva.

Sem avisar ao meu pai ou minha mãe resolvi sair pela janela que dava para o quintal, onde não havia mais balanço algum, e eu queria que tivesse, me pouparia a caminhada. Mas eu não me arrependia. Não me arrependia de nenhuma escolha que eu houvesse tomado, elas me levaram até onde eu estou agora e eu não desejaria estar em outro lugar.

Caminhei arrastando o carrinho de oxigênio, com a maior concentração que pude para que meus pulmões esperassem pela hora certa, como se houvesse uma hora certa para morrer, mas eu era Hazel Grace e como meu Augustus disse, sou diferente.

Caminhei até a casa do homem que havia comprado de mim o balanço, de relance pude ver seu quintal e o balanço permanecia abandonado, mas agora com uma nova paisagem ao seu redor, em frente a uma piscina.

Bati na porta e aguardei, recuperando o fôlego perdido. Sei que é estranho: você jantando com sua família quando uma garota com câncer bate em sua porta e você descobre que foi dela que você comprou o seu balanço novo, então você atende surpreso e eu espero sua reação.

–Desculpe... - O homem era afro-descendente, tinha olhos escuros e sobrancelhas arqueadas em dúvida, o cenho franzido.

Estendi a mão quando ele estava prestes a continuar sua fala. Achei que seria educado, no mínimo, me apresentar.

–Hazel Grace Lancaster... Só Hazel - Torci o nariz com a cânula me machucando - Eu lhe vendi o balanço.

Ele sorriu sem jeito..

–Só Hazel - Brincou tal como o pai de Augustus, isso me fez sentir melancólica, talvez seja um talento de adultos - Quer o balanço de volta? - Ele pareceu preocupado - Se quiser, não há problema, eles mal tocam nele...

–Não, não, senhor. Só queria saber se o senhor me permite andar nele, uma última vez?

–Ahn... É... Claro - Ele coçou a careca e deu espaço para eu entrar, erguendo meu carrinho de oxigênio pelos dois degraus da varanda.

Aposto que se eu não fosse doente ele acharia mais insano do que parece, e me mandaria embora. Deve ser um privilégio do câncer, é claro.

Cumprimentei a família dele, que me cuidou com cautela, a mulher se apresentou e agradeceu pelo balanço. Eu disse que não era nada de mais e que só queria me despedir do velho amigo, se não fosse pedir demais, ela disse que tudo bem, mas que queria o número de minha casa, caso algo acontecesse, como se pudesse ler meus olhos e soubesse o que eu faria, ou simplesmente tivesse uma desconfiança de que eu fosse uma vândala, não que haja grandes vândalos com câncer, mas cada um com sua imaginação.

Dei de ombros e rabisquei o número com a caneta preta que ela me alcançou no papel em que ela me deu.

Depois agradeci e me dirigi para o quintal, rastejando até o balanço, onde me sentei e tentei me embalar um pouco. Cuidei para ver se não era observada e acho que eles resolveram me dar privacidade, senti-me, novamente, grata.

Retirei a cânula e a joguei em um arremesso fraco para a piscina, não medi esforços, ela estava perto. Agora minha cânula estava banhada, e eu apenas com os meus fracos pulmões.

Inclinei-me para trás do balanço, e suspirei feliz por finalmente me sentir livre, por alguns segundos fechei os olhos e depois, quando os abri, fitei as estrelas, e imaginei que Gus era uma delas, parecia tolo e meio gay, mas imaginar que uma daquelas pequenas bolas de fogo, a que brilhasse mais, era meu Agustus me reconfortou. E eu sabia que ele seguraria minha mão agora.

Depois de um tempo sentada no balanço sentia cada vez mais dificuldade em respirar, em me manter ereta, deixei-me resvalar e acabei caída no chão, a grama era macia, e com certeza artificial de tão verde e límpida.

Sentia meu pulmão arder em chamas e não me incomodei, não os quis mandar aguentar mais essa, porque não tinha que aguentar. Mas mesmo assim ele lutava, e eu me sentia desconfortável.

Enquanto eu procurava entre as estrelas Agustus, pensei em meus pais. Sentia-me egoísta, mas pelo menos eles estariam livres, e sua renda sobraria se não os gastassem em remédios e tratamentos, pensei que mamãe choraria abraçada no meu pai, que estaria chorando mais ainda. E então ela balbuciaria:

–Eu deixei de ser mãe.

Apesar de ela ter dito que mesmo que eu estivesse morta ela seria mãe. Imaginei ela, por um instante, em todos os dias das mães indo até meu túmulo, levando flores e então pegando uma delas e dizendo:

–Feliz dia das mãe pra mim! - E tentando sorrir, como sempre fazia ao anunciar uma data especial, ou superficial.

Senti-me péssima, e eu não pude deixar de imaginar que talvez fosse um sacrifício eles se manterem juntos após minha morte, mas torcei para que se mantessem.

Quis voltar atrás, mas já era tarde, agora minha cânula estava inundada, e meus pulmões também.

Meus olhos e eu travamos uma briga para fechá-los, como queriam, e deixá-los abertos como eu queria, para admirar as estrelas, e quem sabe as culpar. Lembrei do que Augustus disse que lutaria consigo mesmo e que sabíamos quem ia vencer. Era a mesma coisa agora, eu podia teimar, mas eu sabia que no final eu estaria inconsciente e meus olhos fechados, e eu não olharia mais o céu, e seria como os Augustus, seus olhos azuis não se abriram novamente, e meus verdes também não.

Senti-me triste por deixar Isaac sozinho, mas tive que confiar em mim mesma. E talvez quando eu estivesse lá em cima poderia fazer Monica ser menos trouxa, e eles voltassem. Talvez. Eu não sei o que me aguarda, mas gosto de pensar que é algo que me dará controle para fazer as coisas boas que não posso fazer aqui.

Quando apalpei o bolso do jeans, simplesmente por costume, senti que a caneta que a moça me dera ainda estava ali, eu a havia guardado, não sei por que, mas guardei, ergui o pulso e encarei a pele lisa que me incomodava. Eu sempre quisera uma tatuagem. Ok?

Minha mão pendeu para o lado, a caneta rolou naquela grama macia e a tatuagem ficou virada para cima enquanto eu dava os últimos suspiros e pensava que mesmo de longe Isaac talvez os entendesse, foi reconfortante.

Quando voltei a abrir os olhos ainda estava no quintal, pensei que talvez minha tentativa de quase-suicídio, já que eu iria morrer de qualquer jeito, apenas acelerei o processo, tivesse fracassado. Descobri que havia de fato funcionado, o céu ainda estava estrelado, mas não havia nada que interrompesse a vista, nenhum telhado ou prédio, nenhuma construção, apenas árvores, e um quintal extenso, onde atrás de minha cabeça havia o balanço. Olhei para o lado e sorrindo para mim estava Augustus, seus olhos azuis tinham um brilho especial.

Ele se levantou e eu pude ver que embaixo de sua bermuda haviam duas pernas perfeitamente saudáveis, ele estava como da primeira vez que o vi, saudável. Ele estendeu a mão para mim e me levantou, acariciou meu pulso, então perguntou:

–O.k?

E eu percebi que não precisava de meu carrinho oxigênio. Que respirava, ou não, muito bem. E que de fato estava no Algo com a maiúsculo que Augustus acreditava. Depois olhei para o pulso que ele acariciava, onde o meu 'o.k' foi eternizado. Sorri feliz para Augustus e assim respondi:

–O.k.

Ele se inclinou para me dar um beijo, e quando o fez eu não senti aquela falta agonizante de ar. E me senti como em nossa dimensão particular, aquela que visitávamos ao nos ligar, e então por um momento ficávamos mudos. Aquele era o nosso Algo.

–Quer ir? - Ele me perguntou.

–Para onde?

Eu estava sorridente e radiante, e mesmo sem ver meu reflexo, sentia-me mais linda do que nunca, porque Augustus me fazia sentir assim. Pude me imaginar sem as bochechas inchadas, e talvez até com o busto que desejava ter, como qualquer garota. Talvez aquele cabelo de Príncipe Valente caísse melhor em mim agora e sem as cânulas eu ficasse com uma aparência melhor, também imaginei que meus olhos estariam bem mais bonitos, porque eu sorria com eles. E não me sentia mais uma granada.

–Seu enterro? Eu fui no meu... - Então piscou.

Não creio que quisesse ver todos sofrendo por mim, então fiz uma careta e torci o nariz, agora não doeu, sentei em baixo de uma árvore e o puxei para sentar junto, imaginamos a estátua dos ossos maneiros, por alguns minutos de silêncio pude jurar que ela realmente estava ali.

–Não, Agustus, eu prefiro imaginar, sem o choro de todos e a dor de meus pais.

–E como seria? -Ele se aconchegou em meu colo e me senti completamente feliz. Alisei seu cabelo.

–Hum... Eu estaria com meu vestido que nunca foi usado, aquele feito especialmente para meus quinze anos. Ele serviria. Meu cabelo estaria desajeitado, como se eu dormisse, porque imagino que a morte seja um sono eterno. E ia tocar... O novo álbum dos The Hectic Glow, eu e Isaac nos sentimos nostálgicos por você não o ouvir. E haveria uma frase "O problema da dor é que ela tem de ser sentida" em meu caixão... Ah, achei que gostaria de saber: Van Houten foi a seu enterro e eu li sua carta, antes de bem... Vir para cá.

Ele deu seu sorriso torto, sua metáfora fazendo cócegas em seu rosto.

–Fico feliz que tenha lido, e que ele tenha tomado jeito.

–Está tentando tomar.

–Continue, está muito bom.

–Bem, alguém leria sua carta, de preferencia Van Houten, não sei porque, mas acho apropriado. E as pessoas não chorariam no velório, apesar dos olhos vermelhos, mas elas não estariam chorando, deixariam flores e eu sei que a mão de minha mãe estaria sobre a minha. Mas eu só ia permitir que eles chorassem longe de meu corpo, e aposto que se conseguissem, fariam isso.

O olhei esperando um comentário, ele estava esperançoso e ansioso pelo final, que não seria como o de nosso livro favorito.

–Seria enterrada ao seu lado.

Ele deu um sorriso aberto, largo, e não apenas o torto sedutor. Ele estava tão feliz como nunca havia visto. E ele me disse, em um sussurro:

–O.k.

Não deixei de sorrir e entrelaçar nossas mãos, para finalmente lhe responder:

–O.k.


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Notas finais do capítulo

eu gosto do reviews e da opinião de vcs. sou social na internet e curto conhecer novas pessoas nela, então podem até xingar por reviews, ñ me importo.Obrigada por lerem.Se eu não responder o review é defeito do nyah -.- então me mande uma M.PEntrem no meu perfil e vejam se há uma história q gostembeijos