Hoje é a sessão individual e eu não tenho a mínima ideia do que irei fazer.Como sempre.Vou ter que improvisar na hora sei lá. Ando até a mesa e somente Kaily está sentada.Ela está vestida de forma simples,mas claro sem perder todo seu charme.Ela acena em minha direção e me sento ao seu lado.

– Bom dia. – Ela quem diz primeiro.

– Bom dia,cadê todo mundo?

– Ah não sei,roncando imagino.Eu trouxe a roupa de vocês já. – Ela diz esboçando um grande sorriso.

– Posso ter uma prévia? Eu e Kats ficaremos iguais de novo ou não?

– Não,pensei numa coisa mais diferente. Amanhã conto pra você. – Ela diz isso imitando alguém que esconde algo valioso.

No jardim tento pensar um pouco,tenho a manhã livre e à tarde,a sessão.Me sento perto de uma janela que tem a melhor vista para a Capital.Ultimamente tenho vindo muito aqui para raciocinar.

O que farei para impressiona-los? Não sei. Que tal atirar algumas facas? Brega,todo mundo faz isso. Fazer um inventário das plantas ? Não, Nicholas use a massa cinzenta que você chama de cérebro. Usar a espada? Pra fazer o quê? lutar contra seu inimigo mortal Sr. invisível? Não. Usar o machado quem sabe? Claro,tem muitas árvores no centro de treinamento. E você não é do distrito 7,acorda! Fazer algum abrigo? Sim,ai pode usa-lo para se enfiar lá dentro e não sair nunca mais.Idiota,pense em algo que ninguém nunca fez antes! Tudo bem,agora estou falando comigo mesmo.Cara, isso tudo está me deixando louco, no mal sentido da coisa.

Tive uma ideia,e dessa vez meu subconsciente não apareceu para me dar a honra de sua presença. O que eu acho, que deve ser bom.Mas,essa minha ideia genial,dará muito trabalho e levará muito tempo para ser realizada,espero que os gordos que ficam lá tenham um pingo de paciência com isso. Já que estou indo para os jogos,pelo menos eles têm prestar atenção em mim não é?

Depois do almoço Katherine veio me procurar para irmos juntos ao elevador para a sessão.Chegando lá nossos aliados estavam numa rodinha rindo de alguma coisa,menos Luke é claro,o cara não tem senso de humor.

– Qual é a piada ? – Pergunto.

– O gorila sem cérebro aqui,estava nos contando os dramas da vida dele,incluindo a tentativa de pintar o cabelo. – Emily responde apontado para Tyler.

– Você perdeu irmão,o negócio foi muito engraçado. – Tyler diz.

– Nossa,a história de sua vida Tyler,deve ter sido tão interessante,pena eu não estar aqui. – Katherine rebate com ironia o quê claro Tyler não percebe,por causa do tamanho de seu cérebro.

– Sim,minha peixa do mar. Foi realmente muito irado.

– Alguém por favor,pode cortar meus ouvidos para eu não ter que ouvir a voz desse ser patético? – Fala Luke que estava sentado.

– Se você quiser, a Katherine pode te dar um chute! – Emily diz rindo e apontando pro cara do 7. Katherine concorda e diz com um olhar assassino :

– Dessa distância aqui,posso arrebentar seu tímpano sem derramar uma gota de suor.- Luke dá um sorriso e ergue as sobrancelhas.

– Atenção tributos. – Escuto uma voz um tanto robótica de uma caixa de som acima na ponta da sala onde estamos. – Chamarei os nomes de vocês e o distrito ao qual pertencem. Por favor se dirijam até a sala de treinamento.Assim que forem dispensados,se reverenciem e podem se retirar.

– O bicho vai pegar. – Emily solta sorrindo.Sorriu de volta,mas ela desvia e olha para o chão.

– Boa sorte,perdedores. – Luke murmura para todos nós,inclusive os outros tributos.

– Sorte? Sorte é para os fracos. – Katherine o repreende.

– Ei Luke,por que você não cala a boca hum? Ou melhor cara, se você quer se aparecer tanto assim,engole uma melancia,terá mais enfeito do que humilhar as pessoas. – Digo. Estou enjoado do Luke e suas frescuras.Se ninguém matar ele na arena eu juro que eu mesmo posso fazer isso.Cara sem noção.Ele fica quieto para a alegria de todos e a voz robótica anuncia:

– Tyler Melville.Distrito 1.

– Falou galera,até mais tarde – Diz ele acenando com a mão.

– Boa sorte,gorila! – Emily diz.Ele entra na sala e a porta se fecha fazendo um grande barulho.Puxo Emily de um lado e digo surpreendendo a mim mesmo:

– Você não está sendo amiguinha demais dele?Você vai ter que matar ele,lembra disso? Lá na arena,não estamos aqui para férias.

– Está com ciúmes? – Ela fala.

– Quê? Não! Eu... eu... Dá pra me responder por favor?

– Eu sou amiga de todo mundo aqui,menos do Luke.Eu sei que se eu quiser ganhar vou ter que mata-lo.Assim como você. - Fico em silêncio por alguns segundos.E nesse meio tempo ela sorri e murmura só pra mim:

– Não esquenta com isso!Tenho tudo em mente,peixinho.

Tyler demora uns 15 minutos pelo o que vejo no relógio acima da gigantesca sala cinza,com cadeiras móveis em que estamos.Escuto um som ensurdecedor como se a parede estivesse sendo quebrada e aplausos ao fundo.Todo mundo olha com amargura para a porta indagando o que será que ele fez para receber tantas palmas.

– Idiota,e peso. – Katherine diz quebrando o silêncio.

– Emily Grace.Distrito 1.

– Bem...tchau pessoal. – Ela treme um pouco e antes de sair de perto de nós digo:

– Ei,arrasa com eles. – Ela me olha surpresa,dá um grande sorriso,suspira e segue até a porta. Sou um completo imbecil! Acabei de falar para a garota não ser amiguinha de outros tributos quando o grandão aqui está fazendo o mesmo. Eu sou tão idiota quanto uma ostra.Suspiro e Kats vem ao meu lado.

– Cara de atum?

– O quê?

– Está dando muito na cara,ok?

– Não sei do que você está falando. – Olho para parede.Qual é! Eu e ela? Não.Tenho que prestar atenção no jogo.Vida da Katherine em risco.Estalo os dedos me focando.

Luke e Sarah são chamados, e chega a minha vez.Droga meu plano é ridículo mas,pode dar certo.Pode ser que eles não gostem disso. Ótimo,agora meu subconsciência veio ferrar tudo.Era só o que faltava.

– Cara cala a boca, e me deixa trabalhar aqui. – Digo pra mim mesmo,fazendo algumas pessoas rirem e Katherine erguer a sobrancelha.

– O quê Nick?

– Nada.Até daqui a pouco mana, e boa sorte! – Digo sorrindo e me afastando.

– Pra você também cara de atum.

– Ei não mate ninguém ai,valeu? – Ela revira os olhos como se dissesse:"Eu não procuro briga,cara de atum,ela que me encontra.” Ta legal.

Certo,escuto o barulho da porta se fechando atrás de mim.Ando até ficar no meio da sala. Todos estão me olhando. O centro de treinamento está vazio sem todos os tributos treinando ao mesmo tempo. Aqui tem várias cordas penduradas no teto que têm utilidade de escalagens casuais,para passar o tempo.Mas,na verdade servem para caso de ter um confortante abismo na arena.

As cordas estão expostas de forma que fiquem em zigue-zague. Tem vários bonecos-alvos por aqui também e começo a trabalhar na minha estúpida ideia.

Para a minha sorte,tanto no treinamento em casa quanto no treinamento aqui,aprendi a fazer nós decentes. Então faço 23 nós em forma de uma pequena forca. O nó fica de um jeito que encaixando alguém,a pessoa fica pendurada pelo pescoço mas não pode morrer asfixiada,pois o nó está muito baixo.Depois que termino todos os nós,começo a arrastar 22 bonecos em direção as cordas.1,2,3,4,até os 22 estarem corretos.Quando estou no último boneco,um homem gordo, de barba rosa pink até o pescoço grita com uma voz grossa:

– O quê o garoto quer nos mostrar? O quanto é bom em levantar um boneco desses?Até minha vó pode fazer isso! E olha que a velha já morreu à 5 anos! – Alguns estranhos de cabelos de várias cores e barbas de várias formas dão risada,gerando gargalhadas em cadeia.Fico furioso por isso,entretanto continuo arrumando os bonecos .

Encaixo todos para aparentarem estarem “mortos”.Pego um boneco que sobrou o coloco no meio da sala e pinto do jeito mais legível que posso com tinta de camuflagem, o número 4 nele.Pego uma espada e esfaqueio em todos os bonecos cortando partes deles. Me movo até a última corda que está vazia e entro dentro dela.Viro a cabeça de lado deixo a espada cair no chão e espero até que falem alguma coisa.

Algumas pessoas soltam gritinhos estranhos quando começam a entender o sentido dos bonecos e das forcas ,outras não falam nada. O cara,imagino ser o idealizador dos jogos desse ano pergunta com uma voz confusa :

– O quê isso quer dizer 4 ? – Saio da corda,Vou até o boneco que está no meio e repondo à pergunta:

– Significa senhor,que matarei todo e qualquer tributo que esteja no meu caminho até que o vencedor dessa edição dos Jogos,seja o tributo feminino do meu distrito. - Respiro fundo.E olho para eles de um jeito quase psicótico.

– Que seria sua irmã não é?

– Sim,senhor.- Todos continuam em um silêncio mortal. – Pode se retirar tributo.

– Obrigado. – Saio da sala tentando demonstrar calma.Escuto gritos altos e algumas vozes cochichando.Vou onde está o elevador e subo.