Naruto lentamente andou até o monte dos kages, pavimentou seu caminho sob à luz do sol que se derramava pela sua cabeça. Se sentou e observou Konoha lá do alto, estava tudo mudado. Depois que a guerra acabou, as pessoas voltaram a reconstruir a vila, a reconstruir suas vidas sem seus entes queridos perdidos nessa maldita guerra.

Suspirou cansado.

Ele fechou os olhos, os dentes cerrados. O que havia de errado com ele? O que era esse sentimento que o fez se sentir tão fraco, tão assustado, tão indefeso? Ele correu as mãos frustradas por seu cabelo loiro espetado, xingando baixinho, percebendo que era simplesmente demais para ele.

— Naruto.

O adolescente exausto olhou para cima ao ouvir a voz familiar de Kakashi-sensei. Decepcionado com ele mesmo, ele simplesmente deu um aceno de saudação. Kakashi olhou com preocupação para o rapaz que havia passado por tanta coisa.

— Há algo que você precisa, Sensei? — Naruto oferecia friamente;

O ninja copiador deu um leve aceno de cabeça — Não. — O silêncio seguiu, mas depois ele continuou — No entanto, eu acho que você deveria sair do chão.

— Por que eu faria isso? — Naruto franziu a testa com irritação.

— Bem, isso é óbvio, Naruto — Seu sensei observou — Porque ela está esperando por você.

A irritação foi aliviada dos olhos de Naruto quando ele respondeu

— Eu não posso — Ele virou os olhos e apertou-os fechados, envergonhado — Eu simplesmente não posso. — De repente, sentiu uma mão em seu ombro.

— Naruto — Ele abriu os olhos com tom tranquilizador de Kakashi, com o seu único ​​olho — Você pode. Ela quer você. — Kakashi deu-lhe as costas, sumindo e deixando-o ali no chão. Naruto soltou um suspiro, olhando para Konoha, sabendo que ele tinha que fazer isso... Se não para si mesmo, então para ela. Devia isso à ela.

O sol já tinha ido embora, o receptor da Kyuubi entrou no cemitério. Suspirou pesado, não gostava no clima ali. Os shinobis de Konoha que perderam suas vidas na batalha estavam ali. Perderam muitos, mas felizmente, eles tinham vencido essa guerra. A encontrou, a kunoichi de olhos perolados estava em pé na frente da lápide de seu primo. Desde que o mesmo fora enterrado, ela ia ali todas as noites, sempre no mesmo horário. Se aproximou, precisava ter uma conversa definitiva com  Hinata.

— Naruto-kun — Sua voz leve e linda soou em meio aquele cemitério, ele estava surpreso que ela tenha o visto.

— Hinata. 

Ficou ao seu lado, ele olhou para o chão, seu olhar, ocasionalmente, pousando na lápide. Ele era sempre tão forte, mas quando ele teve que encontrar a coragem para travar os olhos com ela, seu coração se apertou. Aqueles olhos, tão leve e quase vazio, mas cheio de carinho e cuidado. Seu cabelo escuro caia em cascata sobre os ombros, a franja emoldurando seu rosto de forma modesta. Ela o olhou para ele como se fosse chorar, mas não completamente.

Mas não, ela estava apenas preocupada.

— Por favor, Hinata — Naruto falou — Não olhe para mim assim...

Suas bochechas ficaram avermelhadas com suas palavras e ela fechou os olhos, virando a cabeça para a frente — Eu sinto muito, N-Naruto-kun...

Mais culpa caiu sobre os ombros do Uzumaki, na ponta de dor em sua voz, a sua voz tão doce. Mais silêncio passou pelo lugar vazio, ela se sentia extremante culpada pela morte de seu primo. Afinal ele morrerá para lhe proteger.

— Naruto — Ele ficou surpreso ao ouvi-la falar. — Por que você está aqui?

Um sorriso fraco ergueu nos lábios do loiro com amargura

— Eu continuo a perguntar a mim mesmo o por quê, apesar de eu já saber a resposta. 

Ele olhou para a garota que estava ao seu lado. Seu cabelo azul meia-noite brilhou à luz da lua que refletia  na pele incrivelmente branca. Linda. A kunoichi ferida vacilou um pouco quando de repente ele levantou a mão para tocar em seus cabelos.

— Minha mãe — Naruto falou baixinho, correndo os dedos pelas pontas dos cabelos — Ela tinha o cabelo como o seu. Longo, reto — Um brilho entrou em seus olhos — Muito bonita.

Seus lábios se levantaram em um sorriso doce com suas palavras.

— O dela era vermelho, no entanto — Ele riu um pouco — Como uma pimenta Habanero — Uma espécie de tristeza reentrou em seus lindos olhos azuis — Eu só a vi uma vez — sua voz começou a trilhar pesada — apenas uma vez, às vezes eu nem tenho certeza de que era real.

Seu olhar era severo enquanto ele olhava nos olhos dela novamente. Ela estava claramente nervosa sobre isso, mas ela não poderia ajudá-lo. Ele deixou suas mãos cair do cabelo — Por que você fez isso?

Seus olhos se arregalaram com suas palavras — N-Naruto-

— Por que você me protegeu? Por que arriscou sua vida, sabendo que você poderia ter morrido? — Sua voz se levantou, sua boca estava aberta de ansiedade e quase terror. Ele se conteve, baixando o olhar para o tumulo novamente, que estava diretamente na frente dele. — Sinto muito, Hinata, eu ... Eu não entendo.

Ela ergueu o queixo dele e virou-se para si, para olhar para ele enquanto falava.

— Eu disse tudo o que eu precisava dizer, Naruto. E eu sei que você me ouviu.

Ele balançou a cabeça, sentindo as lágrimas, que ainda não eram o suficiente pra expressar tudo que sentia

— Mas por que eu?

Um fraco sorriso aguado bateu em seus lábios quando ela disse

— Eu te disse. Você me salvou. — Hinata voltou seu olhar para o tumulo ao lembrar que — Eu nunca te disse, eu nunca tive coragem. Mas você sempre significou algo para mim, Naruto. Algo além do que eu poderia explicar. Toda vez que eu te vi, cada vez que você estava perto me sentia diferente. Você me faz sentir melhor — Ela olhou para ele e continuou

— Você é a minha força.

A seriedade entrou seus olhos quando ela baixou o olhar do dele e tirou suas mãos do rosto do mesmo

— Você me salvou, e por isso eu jurei a mim mesma que, se o tempo chegasse, eu iria salvá-lo.

Naruto fechou os olhos enquanto ele absorvia suas palavras. De todas as pessoas lá fora, parecia impossível que alguém tão boa quanto Hinata jamais iria escolhê-lo. Uzumaki Naruto, que era rebelde, selvagem, e desprezado por todos na aldeia. Hyuuga Hinata, uma garota nobre, com beleza, graça natural, e uma ternura que escapou à expectativa. Não fazia sentido para ele. Lágrimas caíram de suas pálpebras fechadas, ele agarrou a mão dela, ela segurou a mão dele entre as dela, suave, mas firme.

Ele olhou-a de cima, já estava quase mais alto do que ela se lembrava.

Azul olhou para marfim.

— Gostaria de morrer protegendo você, Hinata — Sua voz era baixa e cheia de eloquência — Agora eu vejo que você é a beleza do meu mundo.

Lágrimas caíram dos olhos suaves de Hinata quando ela tocou o rosto dele, ele era o seu destino.

Naruto apertou seus lábios em sua mão e encontrou seu olhar mais uma vez.

E foi assim que começou as promessas de suas vidas.