Naquela manhã acordei motivada a fazer qualquer coisa. Tresh estava vivo e agora andava novamente, então isso me motivou. Ainda estava insegura com a Amanda, mas eu decidi não pensar muito nisso.

Depois do café da manhã a primeira coorte teve um tempo de treinamento com a quinta coorte. Eu e Louis ficamos com Tresh. Lottie tinha dito que precisava fazer umas coisas.

-Eu não sei o que ela foi fazer, ela geralmente não some. – Louis disse.

-Ela deve estar meditando. – Tresh falou.

-Da onde tirou isso? – Louis fez uma cara de confuso.

-Eu não sei. – Ele riu.

-Só espero que ela não tenha tentado fazer algo inusitado. – Falei.

-Tipo a vez que ela tentou nadar no pequeno Tibre? – Perguntei.

Uma vez Lottie disse que queria se superar, então ela tentou nadar no pequeno Tibre, o rio que fica no acampamento Jupiter, e acabou não dando certo. Ela quase se afogou.

-É. – Louis respondeu. – Achei que ela iria morrer.

Um garoto que eu não sabia de qual coorte era entrou no quarto correndo.

-Louis... – Ele respirava aceleradamente. – Vá da um jeito em sua namorada.

-O que ela fez? – Ele perguntou indo até o garoto. O acompanhei.

-Ela está querendo bater na campista nova!

-A Amanda? 

-Sim. Vai dar um jeito nela.

-Deuses, a Lottie me surpreende certas horas! – E saiu atrás dela.

-Tresh, fica. – Falei.

-Mas eu quero ver! 

-Eu mais ainda. Tente nos alcançar. – Sai correndo.

Tresh teria que me desculpar, mas ver a Lottie batendo em Amanda era imperdível.

Quando cheguei lá Louis estava segurando Lottie, que se debatia em seus braços loucamente.

-Eu vou bater em você! – Ela gritava.

-A culpa disso é sua! – Amanda apontou para mim. Ela estava com o rosto vermelho. Eu comecei a rir.

-Minha? Se eu precisasse que alguém fosse bater em você não teria graça. – Sorri.

-Eu acho que estou fora de forma. – Tresh disse parando atrás de mim. – O rosto dela está vermelho. – Ele conteve o riso.

Os olhos de Amanda ferveram de raiva.

-Lottie, vamos. Olha, não sei o que houve, mas desculpe-me por isso. – Louis disse.

-Deveria conter essa garota. Ela me deu um tapa na cara! – Amanda disse.

-Se você fosse uma boa guerreira você revidaria, quem sabe até bloquearia. – Disse.

-Romana, você também para. – Tresh falou.

-Está defendendo ela?

-Não, estou impedindo que você brigue com ela. Vamos. – Ele pegou na minha mão e saiu atrás de Louis. 

-Me fale o motivo. – Louis disse parando, e nós paramos atrás.

-Ela me deixou com raiva por ter falado aquelas coisas para Romana. – Lottie estava com uma cara emburrada.

-Como deu um tapa nela? – Perguntei.

-Xinguei ela de nomes baixos e disse que a quebraria se ela falasse algo ruim para Romana.

-E ela? – Louis perguntou.

-Disse algo sobre a língua ser dela. Ai foi quando dei o tapa.

-E depois disse eu cheguei e tinha umas pessoas te segurando. – Louis completou.

-Obrigada, Lottie, mas não precisava. – Falei.

-Precisava sim. Eu estou vendo a hora que você pegar ela. 

-Não pense nisso. – Louis riu.

Eu gostei de Lottie ter dado um tapa nela, fiquei até com raiva das pessoas que impediram isso, mas tive que aceitar.

Na hora do almoço eu tive uma grande surpresa.

-Prestem atenção! – Era Amanda de pé, batendo em seu prato com um garfo. – Eu quero fazer um anuncio. 

‘Tomara que ela avise que quer sair daqui’. Pensei.

-Na verdade é um desafio. – Ela sorriu. – Eu, Amanda, estou propondo um duelo contra Romana!

A refeitório todo começou com uma breve falação. Lottie acabou cuspindo todo seu refrigerante na cara de um campista que estava do seu lado.

-O que acham? Você aceita, Romana? – Ela sorriu.

-Isso é ótimo! – Octavian falou em alto e bom som. – Você aceita, Romana?

Tresh olhou para mim com um rosto que dizia ‘não’.

-Você tem medo que uma pessoa de mate? – Amanda riu.

-Não seja idiota! – Falei ficando de pé.

-Isso é um aceito? – Ela retrucou.

-Quais são as condições? – Perguntei.

-É um duelo simples. Só luta. – Ela falou.

-Não. Isso não é o estilo de Roma, a morte é a única saída para a vitória. Quem morre perde, a vencedora sai viva. – Octavian berrou. 

Tresh, Jay e Brayan lançaram olhares nervosos de seus lugares para mim. Tresh agora fazia um não com a cabeça.

-Está com medo? – Ela disse.

-O que acha disso pretora? – Falei com Reyna que nos olhava.

-Uma luta valendo a cabeça da outra? Faz tempo que não temos propostas como essa. – Ela fez silêncio. – Por mim tudo bem.

-Parem! Isso é idiota! – Tresh levantou.

-Cale a boca fraco. – Octavian disse.

-Qual seu problema? Você acabou de chegar, acabou de saber sua origem. Nem foi reclamada e quer fazer uma luta custando sua vida? – Tresh disse.

-Que lindo, está com medo por me perder. – Ela disse.

Meu sangue subiu, deu a entender isso quando Tresh se manifestou.

-Não! Você não percebe que é uma coisa idiota a se fazer? Você não tem condições de lutar contra ela! – Tresh sabia do que eu era capaz.

-Graecus, cale-se. Romana vai decidir isso, afinal, para quem mata quatro campista se livra de uma novata facilmente. – Ele riu.

-Então porque você não luta comigo? – Tresh disse seriamente para Octavian.

-Não seja tolo, eu venceria. O foco não sou eu. Ande Romana, o povo espera sua resposta.

-Está com medo? – Ela disse. – Está com medo que eu vença e você morra? Se morrer seu namorado fica comigo, sabia? 

-Nem que você me de dinheiro! – Tresh disse.

-Se Romana não aceitar, minha proposta é para Lottie! –Amanda falou.

Agora quem cuspiu o refrigerante foi Louis.

-Quer mesmo lutar até a morte comigo? – Lottie se levantou.

-É o que ouviu. – Ela sorriu.

-Se Romana não aceitar, eu estou dentro. – Lottie disse.

Não podia deixar que ninguém levasse o pato por mim culpa.

-Lottie, isso é idiotice! A briga não é sua!

-É! – Berrou Octavian.

-Romana, eu acabaria com ela. – Lottie disse.

-Não! Chega de se prejudicarem por mim. – Olhei para Brayan, Jay, Louis, Lottie e por fim Tresh. – Qual o prêmio? Haverá punições? 

-Medalha, uma semana sem tarefas e sua vida. Não haverá punições. – Octavian disse.

-Eu aceito. – Falei.

-Ótimo. Vocês tem dois dias para treinar. A luta será na nossa réplica do Coliseu, às três da tarde. Que vença a melhor! – Ele abriu um sorriso maníaco. 

Não terminei de almoçar e fui para fora.

-Romana! Porque você... – Era Tresh

-Pela Lottie! Ela não é obrigada morrer! – Gritei com ele.

-Eu mataria ela. – Ela disse. Todo meu pesoal estava comigo lá fora.

-Deuses, você não podia ter feito isso. – Tresh disse.

-Era ela ou eu. Amanda quer briga? Ganhou uma comigo. – Falei. – Desculpe, mas chega de vocês pagarem pelo que eu faço! 

Tresh tinha que entender, e foi o que ele fez, entendeu.

-Saia viva! – Ele me abraçou.

-Desculpe ter de matar alguém. – Falei.

-Ela causou isso. Saia viva. – Ele repetiu.

Então fiz o que eu tinha de fazer. Treinar. Comecei depois que todos terminaram de almoçar.

-Estou indo treinar, descanse. – Falei para Tresh o beijando sua testa.

-Treinar com quem?

-Craig... – esperei ele ter ataque.

-O que? Porque justo com ele?

-Craig luta bem e não tem medo de me machucar. – Falei.

-Outros campistas fazem isso. Tipo, Lottie.

-Tresh, outros campistas teriam dó.

-Não! Você não vai treinar com ele!

-Isso é uma proibição?

-É.

-Quem vai me impedir? Você?

Ele pensou um pouco.

-Droga... – Ele fez um bico. – Quero assistir. Ou isso, ou irei ver a Amanda treinar.

-Isso é jogo baixo!

-Se viramos como podemos. – Ele fiz um bico.

-Ta. Mas sem interjeição! 

Ele concordou, e até se saiu comportado como telespectador.

Craig ficou surpreso com o convite, mas aceitou. Ele me parabenizou por ter aceitado o desafio e me desejou sorte.

Começamos o treino. Primeiro corpo a corpo, depois armados, depois só ele com arma. Foi um bom combate e no final estava suando.

-Bom treino! – Dei a mão para ele.

-Ótimo treino! – Ele me abraçou todo suado e sem camisa.

-Ei! – Tresh veio em nossa direção. – Sem aproximações. E por favor, coloque sua camisa. Eu a abraço. – Ele me abraçou quando Craig me soltou.

-Ciumento. – Sussurrei. 

-Sou mesmo. – Ele me beijou.

Ainda estava sem minha Adaga, então quando o treino chegou ao fim fui pegar com Reyna.

Cheguei até o fórum ela conversava com um garoto. Assim que me viu interrompeu a conversa e veio falar comigo.

-O que deseja?

-Reyna, ainda estou sem minha Adaga. Gostaria de poder usá-la na luta.

-Nosso Arsenal é cheio de armamento, fique a vontade.

-Mas eu prefiro minha Adaga. 

-Sinto muito. Saia viva e talvez a devolva.

-Mas...mas...

-Boa sorte! – Ela virou as costas e saiu.

Fiquei indignada de não poder lutar com minha Adaga. Fiquei realmente brava.

-Você é boa com facas. Amanhã iremos ver umas lá no Arsenal. – Brayan me disse quando falei com ele sobre isso.

E foi o que fizemos no dia seguinte. Passei algum tempo com ele escolhendo minhas armas.

Os dois dias passaram-se e o dia da luta enfim chegara.