Greco-romana: O Segundo Lado escrita por P3RC4B3TH


Capítulo 19
Obrigada por melhorar




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Era dia de Tresh ter alta. Acordei primeiro que todos na minha coorte. Cheguei no refeitório e enfiei algumas coisas na boca e logo em seguida desci apressadamente para a enfermaria.

Achei que ele estaria dormindo. Porém, quando cheguei ele estava sentado com uma bandeja sobre seu colo. Estava comendo sopa. 

-Ah! Oi! Quero dizer, bom dia! – Ele disse colocando a colher de volta no prato.

-Bom dia! – Me aproximei com um enorme sorriso.

Ele ficou me olhando mexendo nos dedos que estavam livres dos curativos. Sabia que ele estava nervoso.

-Não precisa ficar nervoso. Sou só eu. – Disse.

-Ãn...ta...- Ele tirou a bandeja de seu colo colocando na mesa que tinha do lado.

-Como está se sentindo?

-Razoavelmente bem. Senta. – Ele disse indo um pouco para o lado.

-Cadê Jay? – Me sentei na cama, ao seu lado.

-Não sei, mas ele veio me acordar. Disse que era para eu me alimentar e viria aqui para checar as ultimas coisas antes de me dar alta.

-O gesso coça?

-Sim, mas tenho uma régua! Brayan me deu, ele disse que ajudaria, e deu certo. – Ele riu.

-Sabe, eu queria poder de pegar no colo.

-Porque?

-Para fazer igual você fez comigo quando fiquei no hospital, por causa do tiro, lembra?

Uma rápida imagem de Tresh me segurando no colo, ainda gordo, e me ajudando a sair escondia do hospital passou em minha mente.

-Como esquecer? Afinal, foi a primeira vez que peguei uma garota no colo. E ainda foi a primeira vez que uma garota tirou a blusa no mesmo quarto que eu. Quem diria que o gordinho ia conseguir essa proeza. E nem apanhei, foi um recorde!

-Não seja bobo.

-Mas é serio. Nunca achei que uma garota fosse me beijar por livre e espontânea vontade. – Ele se referiu a vez que dei um selinho nele.

-Deuses, eu estava desengonçada. Não sabia como fazer aquilo. – Ri.

-Eu gostei. Foi também à primeira vez que beijei uma garota e ela não me bateu, ou disse ‘seu gordo nojento’.

-Que horror, Tresh!

-Mas é sério, elas sempre diziam isso. Na verdade a única menina que beijei disse isso. E as outras sempre que me olhavam diziam isso.

-Só beijou uma garota?

-Uhum. – Ele disse timidamente.

-E como foi?

-Não quero falar sobre isso. Mas me traumatizou.

-Ok. E eu não bati em você, então tudo bem.

-E a vez da garrafa?

Odiava quando ele lembrava naquela cena. Foi na nossa primeira missão juntos. Achei que Jay tinha morrido, Tresh havia colocado uma garrafa do me lado e eu recusei a jogando de volta. Na segunda tentativa eu acertei em cheio em seu nariz, e começou a sangrar.

-Para de lembrar disso.

-Sangrou muito e eu chorei.

-Tresh, para. Você sabe que eu odeio quando lembra disso! – Disse me levantando.

-Ei, me desculpe, volta, volta aqui, em?

-Não vou. Volta a comer, vou te ajudar até.

-Não precisa. Não sei quem fez, mas está ruim.

-O que está ruim? – Jay disse entrando na ala dos ferimentos leves. – Espero que tenha comido.

-Não tive culpa de nada. – Falei.

-Sei... – Jay estava com uma bandeja na mão. Nela tinha duas seringas.

-Vou ter que tomar de novo? – Tresh perguntou fazendo uma cara feia.

-Vai. Isso é importante. Não se preocupe, essa é a ultima, depois vou tirar esses equipamentos de você e pronto, alta!

-É por uma boa causa. – Tresh tirou o lençol de cima de suas pernas.

-Romana, vire. A menos que queira ver a bunda de seu namorado. O que eu super recomendaria. – Jay riu.

-Não tem graça. – Tresh disse.

Virei de costa para não deixar o momento mais constrangedor. Uma das injeções foi no braço e a outra em sua bunda.

-É dolorido. – Tresh disse.

-Romana, chame alguém para me ajudar descer a cadeira de roda. – Tresh iria ter um auxílio até a quinta coorte.

Quando voltei com Louis e Brayan, Jay já tinha tirado todo equipamento de Tresh.

-Vamos. – Jay pegou em um lado de seu braço.

Ele se levantou com um pouco de esforço. Deu dois paços e logo sentou-se na cadeira.

-Vamos lá, garotão! – Jay deu um tapinha amigável no ombro dele.

Os garotos sofreram um pouco para descer a cadeira de rodas com Tresh em cima. Acabaram chamando mais dois campistas que estavam por perto.

Chegamos à quinta coorte e os meninos até que tiveram facilidade em colocá-lo para dentro.

-Eu estou indo providenciar as novas roupas dele. – Louis disse saindo.

-Brayan, faz um favor? Vai atrás de uma sacola para eu colocar no gesso de Tresh. – Jay ia dar banho nele.

-Certo. – E Brayan saiu.

-Romana, coloque Tresh dentro do banheiro. Vou guardar esse jaleco. 

Assim que Jay saiu fui logo levando ele para o banheiro na cadeira de rodas.

-Pronto. Agora é só esperar Jay. – Disse quando estávamos dentro do banheiro.

-Não tem ciúmes dele me ver nú? Tipo, ele é gay.

-Eu deveria? Tresh, vai me trair com Jay? – Brinquei.

-Claro que não! Sei lá, eu teria ciúmes.

-Tresh, você tem ciúmes.

-Não é verdade. – Ele mentiu.

-Saia do banheiro, vou dar um banho nessa coisa linda! – Jay disse.

-Você pode parar com isso? – Tresh disse.

-Querido, você é muito sexy. Não vou parar com isso.

Esperei do lado de fora sentada na cama de Tresh. Louis já tinha trago as roupas e posto em cima da cama. 

-Romana, a roupa! – Jay gritou.

Levei até a porta do banheiro.

-Olha, - Jay disse saindo do banheiro. – eu tenho que comer. Estou com fome. Ele está terminando de se trocar. Se ele gritar o atenda.

-Tudo bem.

Esperei alguns minutos, até que Tresh me gritou.

-Romana, vem aqui.

-Está tudo bem, Tresh?

-Acho que não. Eu não consigo subir minhas calças.

-Sério?

-É. O gesso e os dedos da minha outra mão não colaboram.

-Ta, espera ai que eu vou ver se acho alguém.

-Ta.

Vi se alguns dos meninos estavam ali perto, mas não achei nenhum conhecido que faria esse esforço.

-Ãn...o Tresh? Eu não achei ninguém. – Falei por trás da porta.

-E agora?

-Espera. A menos que queira que eu ajude.

-Mesmo?

-É. Você colocou cueca, certo?

-Sim.

-Posso entrar então? 

-Pode.

Ao mesmo tempo que foi engraçado foi constrangedor. Tresh estava com uma nova camisa do acampamento Júpiter e sua calça abaixada na altura das coxas. O que me fez reparar que eram grandes. Cueca branca boxer o deixava extremamente sexy.

-Para de olhar, estou com vergonha. – Tresh estava em pé e vermelho de vergonha.

-Desculpe, mas é difícil. Entendo porque a calça fica justa. Olhe suas coxas! – Ele riu todo envergonhado. Subi a calça.

-Abotoa, não vou conseguir. – Ele pediu.

-Em relações normais as parceiras desabotoam as calças. Não as abotoam. – Dei risada.

-Tem razão. Somos diferentes, e especiais.

Tresh conseguiu ir até sua cama andando. Após tirar a sacola do braço ele se deitou. Jay pediu que ele ficasse em repouso.

-Deita aqui comigo.

-Não precisa pedir duas vezes. – Quando deitei ficamos um de frente para o outro se olhando.

-Sabe, quando eu acordei, sabia que faltava alguma coisa. Quando eu te vi, soube que era você que faltava. Você não sabe, mas faz falta. – Ele passou os dedos enfaixados em meu rosto.

-Tresh, temos que conversar... – Falei.

-Posso te pedir um favor antes?

-O que?

-Minhas calças estão me apertando. Tira elas? Deuses, estou sem fôlego.

-Ta brincando comigo?

-Não, eu juro.

-Você me da trabalho! Vai logo, levanta!

-Minha bermuda está na minha bolsa.

Tresh se sentou. Peguei a bermuda e fiz isso logo de uma vez. Abri o botão e fui abaixando as calças dele. Tresh colocou um travesseiro em cima de sua cueca.

Acreditem, tudo ficou pior quando Brayan entrou e viu a cena.

-Mas o que? – Ele disse.

-Não é o que você está pensando! – Falei.

-Contaram do quartinho que se amassam, ali atrás?

-Brayan... olha, não é isso...essa calça só estava me... me... Deuses, que constrangedor! – Tresh tentou arrumar, mas ficou pior.

Terminei de tirar a calça para ele, e Brayan ainda estava olhando.

-Colocar uma bermuda nele, ok? Só isso. – Disse colocando – a em Tresh.

-Certo. Vim buscar a cadeira de rodas. Mas se forem tirarem a roupa um do outro de propósito, vá no depósito, é ali trás. – Ele saiu rindo.

-Ótimo, meu irmão me deve achar uma tarada.

-Isso foi constrangedor.

-A culpa foi sua!

-Eu sei. – Ele riu. – E então? O que vamos conversar?

-Então... - Disse sentando. – Tenho umas coisas para te contar.

-O que você fez? Não gosto da sua reação.

-Por partes. Descobri porque você foi vítima disso tudo.

-Foi por treino, lembra?

-Para de ser inocente! Octavian mandou os caras baterem em você e propositalmente!

-Como? Isso... Isso é...

-Absurdo? Eu sei!

-E o que você fez com ele? Você não o...

-Não. Mas eu quero.

-Não vai matar ele! Já conversamos sobre isso!

-Mas olha como ele te deixou. – Eu apontei para ele.

-Não quero que mate ele, fui claro? Isso eu resolvo quando eu melhorar! – Tresh estava sério.

-Não tem como você resolver, que droga! Você está assim por minha culpa.

-Não fale assim!

-Mas é verdade. – Eu respirei fundo. Ainda tinha que contar sobre eu talvez ser morta. – Preciso que saiba administrar outra coisa.

-O que?

-Lembra que ia ser julgada?

-Sim. Vão fazer isso quando?

-Na verdade as sessões já foram. A ultima vai ser daqui alguns dias.

-E o que foi resolvido? O que disseram? Isso aconteceu durante meu coma?

-Calma. – Falei. – Sim, aconteceu durante seu coma. 

-Ta, mas me fale, o que foi resolvido?

-Acabei admitindo que matei os quatro campistas, disse para Reyna que foi por legitima defesa. Octavian optou todas as vezes que eu fosse punida com pena de morte...

-Isso é um absurdo! Não podem te matar!

-É ai que você se engana. Tresh, a pena de morte aqui no acampamento Júpiter é valida.

-Não podem te matar... – Os olhos de Tresh se encheram de lágrimas.

Ele estava chorando.

-Romana, você sabe o quanto você é importante para mim? – Ele começou a soluçar em meio as lágrimas.

-Tresh, isso foi conseqüência do que fiz no passado...

-Se você morrer é como se fosse em vão o que Jay fez por mim. Isso é um absurdo!

-Calma, ok? Sei que é um absurdo. Reyna esta considerando tudo. E no ultimo julgamento irá ser definido o meu destino.

-E o que você vai fazer? Se for pena de morte? A gente vai fugir, certo?

-Não sei. Se eu fazer isso o primeiro lugar para me caçarem é o acampamento meio-sangue. Ia ser guerra, na certa. Vocês vão ser prejudicados.

-Mas e o seu tio Sandy? Brayan? Jay? E eu? E nós? 

-Tresh, - Eu ia começar a chorar, decidi por um ponto final naquilo. – Meu atos são minhas conseqüências. Se eu tiver que assumir, assumirei. Se eu for tentar fugir, será sozinha. Sem vocês para tomarem a culpa. 

-Mas...

-Vou tentar sair dessa. Não chore. 

Fui abraçar Tresh, que me agarrou com toda a força.

-Não se atreva a morrer e me deixar viúvo!

Foi difícil fazer Tresh parar de chorar. Ele realmente ficou abalado. Não queria esconder dele que talvez fosse punida com morte. Não tive opção. 

Fiquei a manhã toda com ele. Fomos para o refeitório na hora do almoço, quando percebemos os campistas se movimentando.

-Parece que tem campista novo na área. – Falei.

-É uma menina. – Tresh disse.

Uma garota com cabelos longos, da cor castanho com algumas mechas loiras estava se aproximando toda suja com os guardas em sua cola.

-Xi, boa sorte para ela. – Eu ri.

-Romana! – Tresh me puxou para um canto quando a menina se aproximava.

-Tresh, o que aconteceu? Porque está com essa cara? – Ele parecia confuso.

-Romana, essa garota... É a Amanda!

-O que?


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