Greco-romana: O Segundo Lado escrita por P3RC4B3TH


Capítulo 11
Talvez não honre Roma




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Depois do almoço tivemos que ir novamente até o fórum. Atravessamos novamente todo o Campo Marte para chegar até lá. Tresh e Jay estavam nervosos.

-Garotos, tenham calma, vai ficar tudo bem.

-Mas e se ficarmos em coortes diferentes? – Tresh disse.

-Isso não vai interferir em nada, ok? Craig não está na mesma coorte que eu, relaxe.

-Eu sei. Mas eu estou meio nervoso com isso.

-Eu estou sentindo falta de casa. – Jay disse.

-De casa? Não quer dizer Fred? – Tresh disse.

-É, dele também. Mas isso aqui me faz sentir saudade da minha casa e da minha mãe. E Tresh, você está parecendo um metrossexual com essa calça e blusa agarrada. – Nós começamos a rir.

-Sério? 

-Sim, mas eu gostei. Você ficou com uma bunda bonita. – Tresh deu um sorriso de vergonha.

-Você reparou?

-Sou sua namorada. Claro que reparo. 

-Vou me lembrar disso. – Ele respondeu.

Quando chegamos na frente do fórum os meninos hesitaram por alguns instantes.

-Vai ficar tudo bem. – Peguei as mãos dos dois e entramos com as mãos dadas.

-Enfim, chegaram. – Reyna estava sentada na sua cadeira com as latarias caninas ao seu lado. – Fiquei sabendo de seu encontro com Octavian.

Não respondi.

-Vamos discutir isso depois. Gregos, - ela prosseguiu - vocês são filhos de que deus? 

-Apolo.

-Afrodite.

-Vale lembrar que aqui é o acampamento romano e os deuses tem outros nomes. Adapte a isso. – Ela lançou um olhar a Tresh. – Seus nomes.

-Sou Jay.

-E eu Tresh.

-Certo. Jay, você será mandado para a quarta coorte.

Jay ficou decepcionado.

-Tresh, você ficará na quinta coorte.

-Mas...

-Mas?

-Nada, Reyna.

-Pretora Reyna. – Ela o corrigiu.

-Certo. – Tresh e às vezes agia muito na defensiva e isso acabava me incomodando. 

-E eu? – Falei.

-Ainda continua na primeira coorte. 

-Ok. Estamos dispensados? – Falei.

-Os gregos sim. Você fica.

-Posso acompanhá-los até a porta?

-Não.

-Nos vemos depois. – Falei.

Assim que eles saíram Reyna se levantou e ficou parada em minha frente. Ela era intimidadora.

-Como eles aceitaram você tão bem? – Ela disse seriamente.

-Demorou um pouco, confesso.

-Não a ponto de desistir deles. Estava esse tempo todo no acampamento grego, certo?

-Sim. – Eu e ela estávamos com as expressões rígidas.

-Você não pode ficar do lado deles. É uma traição!

-Não é traição quando não se revela nada daqui para eles.

-Não se confia em gregos!

-Eu confio neles!

-Você é um caso perdido. Como não se adapta à própria origem, mas se adequada aos inimigos?

-Reyna, eles não são inimigos. Porque ainda pensa assim? 

-Porque talvez sejam! Olhe no que te transformaram! Olhe para você! – Ela estava falando como se eu tivesse uma tatuagem na testa escrito ‘Eu amo a Grécia e os gregos acima de tudo’.

-O que tem eu?

-Sua tatuagem até sumiu! – Ela disse pegando no meu braço.

Nem havia reparado que a minha tatuagem com o símbolo romano havia saído.

-Como é capaz de uma garota cuja o qual nome é a sua origem se bandear para o outro lado? Seu nome é Romana! Honre ele! 

-Não tem haver com meu nome.

-Tem haver com seu pai! Mercúrio é aspecto romano. É inaceitável. 

-Inaceitável? Reyna, eles me aceitaram. Aceitaram meu irmão.

-O garoto é mesmo seu irmão?

-Sim.

-Você deveria o ver lutando. Ele sim honra Roma.

-Olha, eu não sou muito fã daqui. Não posso ser o que eu não quero. Só voltei aqui porque foi preciso.

-Tem razão. Te admiro com lutadora, pena que talvez a perdemos. Mas saiba que sua escolha terá conseqüência.

-Eu sei.

-Certo. Vamos ter várias sessões de conversas, estão aguarde. Também fique atenta, sobre o que você fez no passado... Chegamos ao bom senso que será julgada.

-Esperei por isso.

-Dispensada.

Sai do fórum e minha cabeça estava a mil. Jay e Tresh estavam lá me esperando.

-O que aconteceu lá dentro? – Tresh disse.

-Serei julgada, a tal coisa do passado.

-A que temos que saber? – Jay disse.

-É. – Falei.

-Quando vamos saber? – Tresh perguntou.

-Me dêem um tempo. Vou pensar sobre o ocorrido e mais para frente conto para vocês.

Discutimos sobre o que aconteceu lá dentro por mais alguns instantes, até que uma voz mais que familiar surgiu atrás de mim.

-Quem é essa garota bonita na minha frente? A, deuses! É minha irmã! – Era Brayan. Quando me virei tive um choque. Brayan não era mais aquele garotinho, ele agora era um adolescente em puberdade.

Ele estava da minha altura. O sorriso era o mesmo só que mais lindo. Os grandes cachos caindo em seus olhos. Sua blusa do acampamento estava larga em seu corpo magro. Sua calça estava caindo e seu coturno desamarrado. Brayan estava tão bonito.

-Ual! Você definitivamente não é o pentelho que eu resgatei.

-Me da um abraço! – Ele me abraçou.

-Parece que todos aqueles anos que o cassino te retardou se desenvolveu nesse meio tempo. Você já é um homem!

-E você ainda é uma garota baixa. Escutem, a Romana não cresce? 

-Não. –Jay riu indo o cumprimentar. – Você mudou.

-Pois é. Quem é o garoto com vocês?

-Você não o reconhece? – Perguntei. Brayan havia voltado para o acampamento antes de ver Tresh bonitão.

-Não. Quem é?

-Digamos que ele é um ex-gordo.

-Pelos correios sagrados de Mercúrio! Tresh, é você?

-Sim. – Eles deram as mãos.

-O que aconteceu?

-Bem, eu mudei um pouco, graças aos treinamento. E fui me adaptando à puberdade. E fui reclamado. Sou filho de Afrodite.

-Vênus? Isso é sério? Ual!

-Pois é. E Brayan, estamos namorando. Agora é oficial.

-É? Eu sabia! Vocês ainda iam ter um caso. É impossível duas pessoas se olharem daquela forma e não sentirem nada um pelo outro.

-Ãn...Brayan, sabe a hora de calar a boca? Então, é essa a hora.

-Me desculpe. Mas e ai? E Meridia?

-Aah, Meridia... Ela te mandou uma coisa. Depois temos que pegar.

-Como ela está? Faz tempo que não a vejo.

-Sei que faz. Ainda mantém um relacionamento?

-Sim. Nosso pai também é deus viajante então é bem mais fácil nós no vermos.

-Tem certeza que é confiável? Não quero ser a chata, mas...

-Romana, esta tudo em ordem, ok?

-Espero que sim. Não quero ninguém em prantos depois. Qual sua coorte?

-Quarta. Fiquei sabendo que você é da primeira.

-É, mas Jay está da quarta.

Passamos aquela tarde toda conversando com Brayan. Ele também não sabia do que eu tinha feito no passado, então nem toquei no assunto. Sabia que uma hora tinha que contar, mas não agora.

Depois fomos pegar as coisas dos meninos com Lottie que ficou de olhar para eles. Cada um foi para sua respectiva coorte se instalar. Ambos se sentiram peixes fora d’água. Afinal, eles eram.

-Oi meu nome é Dannielle, mas para você é Dany, gracinha.

-Queridinha, meu nome é Jay, mas para você é ‘A Diva’. Eu em! Se joga, meu amor! – E Jay deu aquela típica bichada passando a mão em seu topete e saiu andando pela coorte.

Com Tresh...

-Você tem uma namorada, não é?

-Tenho.

-Ual...que sorte! Você deve ser uma delícia. 

-Olha...ela me fala isso sempre. Pode parar então.

-Se quiser um dia esquecer ela por alguns instantes, ta? – Ela se aproximou de Tresh. – Sou Sophi. 

-Olha, eu sou gay, ok? Minha namorada é um transexual. Nem rola. Gosto de mulheres versáteis.

Depois do banho foi à hora do jantar. Todos estavam em seus lugares na hora de comer. No refeitório os Lares iam e vinham. Os faunos estavam em algumas mesas com os campistas. Estava tudo bem animado.

Quando à hora do jantar acabava os campistas não iam dormir. Todos ficam no campo Marte para dar uma relaxada. É a hora em que o pessoal se descontrai. Tresh e Jay estavam me esperando na porta.

-Porque aquela garota da me olhando? – Falei.

-Isso...isso é uma longa história. Vamos. – Tresh estava saindo, mas a tal Sophi nos parou.

-Eu não acredito que você é transexual! Qual o seu segredo para pegar ele?

-O que? – Olhei para ela.

-É. Você toma qual hormônio? Não ta dando certo, nem seios você tem direito. Você é um garoto jovem para se transformar. Como fez sua cirurgia?

-Eu? Me transformar em...

-Transexual, sua boba! – Ela meu deu aqueles tapinha no ombro.

-Romana, eu posso explicar... – Tresh estava vermelho.

-Ai querida! – Fiz uma voz extremamente modificada. Não sei se parecia a de um transexual, mas Jay estava rindo. – Você não sabe, acredita que o médico não quis me operar porque sou de menor? Tive que me operar. Sabe espada? Menina, a dor foi horrorosa. Mas valeu, eu agora me sinto uma mulher. E não diga dos meus pequenos peitos. O seu pode ficar horrorosos! Querida, nos de licença, eu e os bofes temos o que fazer.

Fiz um sinal de tchau e ela nem respondeu, só saiu andando.

-O que foi isso? – Jay estava vermelho de tanto rir. – Chamem um médico, eu estou sem ar. – Ele ria muito.

-Romana, me desculpe, eu tive que inventar isso ou ela me agarraria.

-Esquece isso. Foi divertido. – Falei. – Mas sabe que quem vai ficar com má fama é você. Tipo, sou gostoso, mas pego transexual. 

-Droga, não pensei nisso.

-Não se assuste se um dia me ver com um volume. Sabe como é, meu órgão pode ter crescido de novo. – E eu e Jay estávamos rindo muito.

Saímos lá fora e nós três ficamos sentados juntos. Conversa vai e vem e eles acabaram insistindo para que eu contasse o meu rolo com Craig.

-Nos beijamos só uma vez, mas um dava mole para o outro. Ele sempre disse que eu era durona e isso ele adorava. Nós não éramos namorados mas o acampamento sabia que algo rolava. 

-Como se beijaram? – Jay perguntou.

-Depois de uma luta entre eu e ele no treino. Eu havia ganho dele e estava toda suada. Segundo ele aquilo o deixou animadinho e ele acabou me agarrando e me beijando.

-Que tipo de beijo? – Tresh perguntou.

-Beijo, tipo você e eu.

-Ah. Que bom que isso não vai acontecer de novo. 

-Romana, ele foi delicado? – Jay disse.

-Jay, não importa, vamos parar com isso. Ele é filho de Marte então não é delicado.

-Ai, - era Sophi de novo – posso ver a marca do corte em seu membro? 

Olhei para Tresh e ele ficou me olhando.

-Olha, nem eu vi a marca do corte ainda, então por favor, se toque! – Tresh disse.

-Sério? Mas que tipo de parceiro não...

-Se não sair daqui eu vou acabar te batendo. – Levantei indo na sua direção.

-Eu estou saindo. – Ela se virou e foi embora.

-Tresh, se mais alguém me vier com essa história, quem vai ter um corte no membro, e de verdade será o senhor!

Não fiquei brava com ele, mas o dei um gelo. Na hora de dormir acompanhei cada um em sua coorte.

-Boa noite. Até amanhã. – Jay me deu um beijo e um abraço, e deu a mão para Tresh.

-Eu te acompanho, vamos. – Falei.

-Romana, me desculpe por ter...

-Está tudo bem, foi até engraçado. Desmente depois.

-Obrigada por não querer me matar.

-Sem problemas, já acostumei você fazer bobagens.

-São tantas assim?

-Não, eu agüento. 

-Você está diferente comigo. Mais paciente.

-Tenho que ser, se vamos assumir uma relação não quero que seja um campo de guerra.

-Isso foi maduro da sua parte. Estou orgulhoso. – Ele beijou minha orelha.

-Tem queda por orelhas?

-Ela estava mais perto. – Ele riu.

-Chegamos. Se Sophi atacar você, eu ataco ela.

-Sem essa, eu não deixo. Mas sabe que se quiser me atacar... – Tresh me agarrou e começou a me beijar. Era incrível como eu e ele nos sincronizávamos em nossos beijos. A mão dele passava por todas minhas costas e a minha se perdia em seus pescoços. 

-Quem sabe algum dia. – Dei um selinho nele. – Boa noite. 

-Amanhã temos que fazer o que? 

-Eu não sei, veremos. Durma bem.

-Uhum. Vou ficar aqui te olhando descer.

-Ok.

Cheguei à coorte e coloquei meu pijama. Lottie assim como tinha dito tirou quem estava dormindo na minha antiga cama, na qual ela dormia embaixo. Demorei a dormir, mas quando isso aconteceu nem sonho eu tive. 


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