Meu Doce Monstro escrita por black rose


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem !!!



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Era fim de tarde , Shizuo estava na praça central de Ikebukuro sentado num dos bancos próximo à fonte , fumando vagarosamente um cigarro. Seu trabalho já havia terminado à horas , mas estava sem ânimo de ir pra casa , na verdade estava sem ânimo pra fazer qualquer coisa que fosse.

-Shizu-chan! – Izaya o chamou com aquele tom cínico e irritante de sempre , mas nem isso fez com que o loiro mudasse sua expressão – O quê ? Sem postes e máquinas de refrigerante voando em minha direção ? Assim eu vou achar que você não me odeia mais , Shizu-chan ! – provocou enquanto se aproximava , parando bem em frente ao loiro.

-Suma ! É exatamente por que te odeio que não vou mais dar ouvidos às suas provocações!

 O moreno revirou os olhos, irritado , e se sentou ao lado do outro , que o olhou de esguelha por alguns segundos , mas não disse nada.

-Shizu-chan , você não é nada divertido assim ! – tirou o canivete do bolso e ficou girando-o entre os dedos. – Já fazem três meses , Shizu-chan ! Quando vai voltar a ser aquele monstro desprezível e facilmente irritável que eu odeio ? Não tem a menor graça te provocar se você não ficar irritado e perder o controle !

-Você é doente ! – disse o loiro se levantando. – Deveria me agradecer por eu ainda não ter quebrado o seu pescoço.

-Como se você fosse conseguir! – sorriu da forma mais cínica que pôde.

Normalmente só o fato de Izaya estar vivo já seria o suficiente para Shizuo se irritar e perder o controle , resultando na destruição de boa parte da cidade. Mas o Heiwajima simplesmente pôs as mãos nos bolsos e deu as costas ao informante , caminhando lentamente até desaparecer de vista.

Izaya estreitou os olhos , irritado , não estava gostando nem um pouco de ser privado de sua brincadeira favorita. Tudo por causa de uma coisinha à toa – na opinião dele , claro – que aconteceu três meses atrás.Guardou o canivete no bolso e se espreguiçou , daria um jeito de trazer seu odiado monstro de volta e já tinha até uma idéia de como fazer isso.

     Três meses antes

- I-ZA-YA ! – berrou Shizuo , arremessando um pedaço de concreto de um prédio que havia sido demolido , na direção de Izaya , que desviou facilmente.

- Isso é o melhor que você pode fazer , Shizu-chan ? – perguntou rindo ao desviar de outro pedaço de concreto , duas vezes maior que o primeiro.

- Eu vou te matar , Izaya ! – arrancou uma placa de sinalização e jogou no informante , não o acertando por muito pouco.

O moreno riu alto e jogou uma de suas facas em Shizuo , fazendo-lhe um corte na bochecha esquerda.

- Eu vou te esfolar vivo , seu maldito ! – a raiva parecia fluir do corpo de Shizuo , deixando o informante cada vez mais deliciado com o espetáculo. A noite estava sendo muito divertida pra ele.

- Pra isso você vai ter que me pegar primeiro ! – sorriu de canto e começou a correr , sendo prontamente seguido pelo outro.

Algumas quadras depois Izaya acabou  tropeçando ao desviar de uma máquina de doces e torceu o tornozelo esquerdo. Ignorou a dor e continuou correndo , se Shizuo o pegasse , aquela torção seria como picadinha de mosquito comparada ao estrago que o loiro faria ! Mas depois de alguns minutos se tornou impossível continuar naquele ritmo e ele teve que parar. Seu tornozelo latejava e provavelmente estava bastante inchado , apoiou todo seu peso na perna direita e sorriu debochado pra Shizuo , do outro lado da rua.

O guarda-costas já havia notado a torção no tornozelo do outro e agora que ele não poderia mais correr ou se esquivar como sempre fazia , levaria a maior surra de toda a sua vida ! Sorriu sadicamente estalando todos os dedos das mãos e tendo o prazer de ver Izaya engolir a seco e lhe apontar seu inseparável canivete. Começou a atravessar a rua sem se importar se havia ou não carros passando e acabou sendo atingido por um caminhão , ficando embaixo do veículo.

Izaya começou a rir , ou melhor , gargalhar , achou que desta vez não escaparia da surra. Teria que se lembrar de agradecer ao motorista do caminhão depois. Izaya só parou de rir quando Shizuo começou a se levantar erguendo o caminhão , para logo em seguida arremessá-lo em sua direção. O moreno , já mais do que acostumado com aquele tipo de coisa , se jogou no chão e rolou para a lateral da rua , vendo o caminhão acertar em cheio uma pequena loja , destruindo-a quase completamente. Se levantou com um pouco de dificuldade , seus olhos automaticamente procurando por Shizuo e o encontrando a pouquíssimos metros de si. Pegou seu canivete e ficou preparado pra quando o loiro pulasse em seu pescoço . Mas isso não aconteceu. Shizuo estava paralisado , seus olhos arregalados estavam fixos no local que havia acabado de destruir.

  

Shizuo estava deitado no sofá da sala assistindo a um filme qualquer – na verdade se lhe perguntassem , ele nem saberia dizer se a tv estava ligada ou não – quando batidas na porta chamaram sua atenção. Ignorou-as , não estava com paciência para ser perturbado por quem quer que fosse e se fingisse não estar em casa , logo a pessoa desistiria  e iria embora.

Ledo engano. As batidas continuaram de forma irritantemente insistente , até que Shizuo desistiu de se fingir de morto e foi atender a porta.

-Que demora pra atender , hein Shizu-chan ! – disse Izaya já adentrando o apartamento do loiro sem esperar ser convidado.

-Fora ! – disse simplesmente , ainda segurando a porta aberta.

-Eu venho aqui te trazer um presente e é assim que você me trata ? – fez uma expressão falsamente ofendida.

-Nada que venha de você me interessa. Fora !

-Que cruel , Shizu-chan ! – sorriu debochado , colocando o pacote que havia trago encima da mesinha de centro e se jogando no sofá. – Vamos , abra ! Garanto que não vai se arrepender !

Shizuo respirou fundo duas vezes , fechou a porta e voltou para a sala , permanecendo em pé ao lado da mesinha.

- O que tem aí ? – olhou desconfiado para o pacote.

- Algo que você quer muito !

- Então é algo que vai te matar ?

- Não. – sorriu de canto – Mas é provável que um dia te mate !

Shizuo estreitou os olhos ,  ainda mais desconfiado.

- Não quero. Vindo de você , não deve ser boa coisa !

- Assim você me magoa , Shizu-chan ! – fez bico e depois sorriu cinicamente.

- Por que não volta pro inferno de onde você saiu e leva esse  pacote junto !?

Izaya sorriu , divertido , e abriu ele mesmo o pacote , mostrando seu conteúdo ao loiro.

- Ainda quer que eu leve de volta ? – perguntou ironicamente , observando a reação do outro.

Shizuo encarava o pacote aberto com os olhos brilhando e a boca levemente entreaberta , parecia estar em outro mundo. Alguns segundos depois , franziu as sobrancelhas , num misto de confusão e desconfiança.

- Por que me trouxe isso ?

- É o seu favorito , não é ?

- Responda !

- Ora , Shizu-chan , não posso  presentear meu mais odiado rival de vez em quando ? – sorriu inocentemente. Shizuo cruzou os braços e o encarou de forma séria , fazendo o moreno revirar os olhos. – Estou entediado ! Você acabou com a minha principal diversão com essa história de “ não vou mais dar ouvidos às suas provocações ! ”

- E acha que me trazendo esse pudim , vai conseguir que eu volte a destruir a cidade enquanto tento esmagar a sua cabeça , só pra sua diversão ? – perguntou , cético.

Shizuo sempre gostou de doces desde que era criança. Sempre comia algum depois do almoço e do jantar , praticamente fazia parte de sua rotina. Inclusive , sua primeira explosão de raiva aconteceu por causa de um doce ! Seu querido irmãozinho , Kasuka , havia comido seu precioso pudim , na hora da raiva acabou pegando a geladeira e estava pronto para arremessá-la no irmão quando percebeu o que estava fazendo. Desde então se deu conta de duas coisas : um : ficava fora de si quando estava com raiva , e dois : era totalmente viciado em doces !

- Acho ! Afinal você só começou com essa bobagem de controlar sua raiva , porque destruiu aquela lojinha de doces na última vez que brincamos ! Lá era o único lugar da cidade que vendia o seu precioso pudim de amora ... – sorriu com falso pesar – Uma fruta muito difícil de se conseguir aqui no Japão , não é ?

Izaya maldito ! Shizuo apertou os punhos com força tentando se controlar , não queria deixar a raiva que sentia por aquele verme se sobressair , mas estava ficando cada vez mais difícil. Os últimos três meses haviam sido os piores de sua vida , era quase impossível controlar a própria raiva , principalmente quando uma certa pulga irritante aparecia para infernizar sua vida. Por várias vezes esteve muito perto de ceder às provocações do outro , mas aí sempre se lembrava de sua loja de doces favorita sendo destruída por seu ataque de fúria e conseguia se controlar. Estava tudo razoavelmente bem , até Izaya resolver tentar suborná-lo com um pudim de amora. Seu favorito. E que não comia há três meses.

- Se acha que pode me comprar  com um pudim , está muito enganado ! – disse com raiva.

- Quanto a isso não precisa se preocupar , tem muito mais de onde saiu esse ! Basta você voltar a ser aquele monstro raivoso que sempre foi ! Então , o que me diz ?

- Digo pra ir pro inferno ! – rangeu os dentes com força sentindo o sangue ferver.

- Você é mesmo surpreendente , Shizu-chan ! – sorriu divertido – E é exatamente por isso que te odeio ! Qualquer pessoa normal já teria perdido o controle , ou então , sucumbido ao vício. Você é mesmo um monstro , Shizu-chan !

Shizuo estreitou os olhos , a vontade de jogar aquele infeliz pela janela crescendo cada vez mais.

- Suma da minha frente , verme !

- Não , não , Shizu-chan ! Não sem antes você comer um pedaço desse pudim ! – roubou um pouco da calda com um dedo e pôs na boca – Delicioso !

O loiro engoliu à seco vendo aquilo , o pudim estava com uma cara ótima , parecia realmente estar delicioso.

- Não quer provar um pouquinho ?

- Por que quer tanto que eu coma ? Por acaso você colocou veneno aí ?

- Assim você me ofende ! – fez bico – Não teria a menor graça te envenenar. Você não sofreria o bastante ! – abriu seu sorriso sádico. Shizuo arqueou uma sobrancelha , não acreditando nem um pouco , fazendo Izaya revirar os olhos. O moreno se levantou e foi até a cozinha , como se fosse o dono da casa ,  voltou com pratos e talheres e serviu o pudim , pondo uma generosa colherada na boca. – Satisfeito ?!

- Só vou estar satisfeito quando você estiver morto , verme ! – disse contrariado , mas acabou não resistindo e pegando um pedaço do pudim. Estava delicioso ! Shizuo se sentiu no céu comendo aquela maravilha , se encontrasse quem o fez , provavelmente até pediria a pessoa em casamento !

- Parece que você gostou , né Shizu-chan ! – Izaya virou-se de lado no sofá , apoiando a cabeça na mão direita e deixando à mostra um curativo na mão.

- Se cortou com aquela sua faquinha , foi ? – pôs mais uma colherada de pudim na boca.

- Preocupado comigo , Shizu-chan ? – sorriu debochado e recebeu um “ tsc ’’ como resposta – Isso foi só um pequeno acidente doméstico... acabei me queimando , sabe !?

Shizuo que  estava prestes a pôr mais uma colherada na boca , parou o movimento na metade e arregalou os olhos. Olhou de Izaya para o pudim e novamente para Izaya , largando o prato de qualquer jeito encima da mesa  como se o pudim tivesse se transformado em uma bomba prestes a explodir.

- Não me diga que foi você que fez isso !? – seus olhos estavam ainda mais arregalados.

Izaya arqueou levemente a sobrancelha um pouco surpreso , tinha que admitir que Shizuo era realmente astuto.

- Mas é claro ! – riu de forma escandalosa – O meu passatempo nas horas vagas é cozinhar pra você , Shizu-chan ! – disse sarcasticamente. Shizuo estreitou os olhos , não muito convencido.

- Não me provoque , Izaya ! – disse num tom de voz recheado de promessas dolorosas. O que só fez com que Izaya sorrisse amplamente. – Foi você que fez esse pudim ?

- E qual a importância disso ? Ficou bom , não ficou ?

- O que você colocou nele ? Veneno ?

- E por que eu faria isso ? Já disse que não teria a menor graça te envenenar !

- Então realmente foi você quem fez ? – Shizuo estava surpreso , nunca passou pela sua cabeça que o informante soubesse cozinhar ou que algum dia ele faria pudim para si !

- E que diferença isso faz ? – revirou os olhos – Vai me pedir em casamento por causa disso ?! – perguntou sarcástico.

Shizuo arregalou os olhos e pigarreou , um pouco desconfortável. Izaya arqueou as sobrancelhas ante aquela reação do loiro e começou a rir.

- Então vai me pedir em casamento , Shizu-chan ? –sorriu malicioso.

- Não seja idiota ! – Shizuo cruzou os braços e virou o rosto pro outro lado , fazendo o sorriso de Izaya aumentar ainda mais. O loiro ficou apreensivo – e pela primeira vez na vida – com um pouquinho de medo. Se tratando de Izaya , podia se esperar qualquer coisa !

 - Sabe , Shizu-chan , já que eu não vou mais ter a minha brincadeira favorita , você vai ter que me compensar de alguma forma ! – a cada palavra , Izaya deslizava alguns centímetros para perto de Shizuo , que recuava à mesma medida.Ficaram nessa perseguição até que Shizuo acabou praticamente empoleirado no braço do sofá com Izaya se inclinando sugestivamente sobre ele. O informante sorriu ainda mais malicioso enquanto aproximava seu rosto do de Shizuo , que se inclinava para trás.  Se inclinou tanto que acabou caindo no chão e levando o moreno junto , e durante a queda esbarrando na mesinha de centro , fazendo com que o pudim voasse alguns centímetros e caísse em sua cabeça.

Izaya começou a rir , riu tanto que lágrimas começaram a sair de seus olhos e depois de alguns instantes Shizuo também começou a rir , contagiado pelas gargalhadas do outro.

Permaneceram assim por algum tempo , Shizuo coberto de pudim  caído no chão com Izaya encima dele e ambos rindo da situação. Mas de repente , Izaya pára de rir e o encara com uma expressão indecifrável. Shizuo ficou confuso com aquela súbita mudança , mas nem teve tempo pra pensar no motivo , pois no minuto seguinte Izaya o beijou.

“ Izaya me beijou ! BEIJOU ! ”- Era a única coisa que se passava pela mente de Shizuo , que parecia ter sido petrificado pelo beijo.

- Doce ... – a palavra sussurrada brevemente em seu ouvido , trouxe Shizuo de volta à realidade e a próxima coisa que seu cérebro registrou foi a figura do informante já de pé em frente a porta. – Foi divertido , né Shizu-chan !? Mas o trabalho me chama ! – retirou o celular do bolso e leu algo nele – Que tal bolo da próxima vez , hein Shizu-chan ? – sorriu maliciosamente - Bye bye ! – e saiu pela porta , dando um breve aceno.

- IZAYAAA ! – Shizuo ainda pôde ouvir um riso alto  como resposta ao seu grito e um mínimo sorriso começava a aparecer em seu rosto. Mal podia esperar pelo bolo !

FIM


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