Adoráveis Inquilinos escrita por Harley K


Capítulo 2
Capítulo 1




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- Por favor, Scorpius. Por favor! Todo mundo em Londres vai viajar. Não ficará uma alma na cidade!

Scorpius Malfoy fez força para não sorrir.

- Só você e outros sete milhões de pessoas.

- Não ria de mim! Estou falando sério!

- Eu também, Darcy. Você prometeu tomar conta da casa enquanto eu estiver ausente, e espero que cumpra sua palavra. Se não tivesse prometido, eu teria contratado alguém.

- Você disse que não conseguiu ninguém – ela argumentou.

- Disse que seria difícil. – ele corrigiu.

Darcy tinha a mente afiada, sempre com uma resposta na ponta da língua.

- Pode ligar e tentar contratar alguém para tomar conta da casa, não pode? – insistiu a garota sem se acanhar.

- Neste instante? – Scorpius indagou surpreso. – Sabe que estamos no meio da tarde aqui, o que significa que aí em Londres estão no meio da noite. Duvido que haja alguém na agencia de empregos a esta hora!

- Mais tarde, então. – ela concordou – Você liga mais tarde?

- Talvez. – ele concedeu. – Mas para quê?

Um caso de fraude no qual ele trabalhara durante semanas o atormentava. Aquele julgamento deveria levar, no mínimo, três meses. Tendo coisas mais sérias com que se preocupar, ele relutava em discutir com sua prima de dezoito anos sobre futilidades.

- Você não tem dinheiro para sair passeando pela Europa durante três meses, Darcy. Foi exatamente por isso que aceitou minha oferta de cuidar da casa, enquanto eu vinha para cá – Scorpius observou, enquanto esfregava os olhos com uma das mãos. – Aliás, está usando o meu telefone para fazer essa ligação internacional!

-Estamos no meio da noite aqui – Darcy retrucou. – É mais barato. E tem outra coisa...

- O quê?

- A respeito do dinheiro... Bom, pensei que talvez você pudesse me emprestar algum até que mamãe volte às boas comigo.

- Para sair de mochila pela Europa? Está louca? Sua mãe me mataria, ou pior, teria um ataque!

- Oras... Eu não conto a ela, se você não contar. – Darcy propôs com uma risadinha matreira.

- Nem pensar, querida. – ele respondeu categórico.

A Europa teria que esperar.

- Tenha boas notas quando fizer os exames em novembro, e eu lhe darei um cheque polpudo. Poderá ir esquiar no Natal. Enquanto isso, sugiro que aproveite essas longas semanas para estudar!

- Como pode ser tão malvado? – Darcy perguntou ofendida.

- É preciso ter prática, anjo. – Scorpius respondeu.

Ele realmente tinha muita prática. Algumas mulheres não aceitavam uma recusa sutil.

- Diga-me como vão meus preciosos figos – ele continuou. – Não está esquecendo de borrifa-los, está? Água morna, não esqueça.

- Está bem. – ela respondeu seca. – Vou borrifa-los com água morna, depois vou arranca-los dos vasos e cortar todas as malditas raízes!

Com isso, Darcy desligou.

Scorpius riu. Sentia-se melhor. Não estava preocupado com aquelas malditas plantas, que tinham sido ideia de sua mãe e davam trabalho demais. E a tia conseguira convencê-lo a aceitar que Darcy fosse tomar conta de sua casa enquanto ele ia para o Oriente.

Darcy precisava de responsabilidades, Dafne insistira, algo que a prendesse em Londres, estudando para os exames.

Não que, pensou Scorpius, Dafne fosse responsável. Mesmo tendo uma filha de dezoito anos, sua tia agia a maior parte do tempo, como se fosse livre de qualquer tipo de responsabilidade. Tanto era assim, que desde que nascera Darcy passava mais tempo na casa de Scorpius com seus pais, do que com a própria mãe, que vivia viajando e se casando.

Daphne, agora Greengrass novamente, era uma perua que já passara por três casamentos e encaminhava-se para o quarto. Scorpius sabia que Darcy sentia uma carência enorme da mãe, e que fazia tantas coisas “indevidas” só para chamar a atenção.

Bem, devido à situação da viagem, Scorpius precisaria realmente de alguém. Não podia deixar a casa desocupada por tanto tempo.

Duas semanas borrifando as plantas eram mais do que Darcy podia aguentar. E àquela altura, todos os seus amigos iam sair de férias pela Europa!

Rose fechou o chuveiro. Alguém tocava desesperadamente a campainha da porta.

- Já vou! – ela gritou apanhando o roupão e enrolando uma toalha nos cabelos molhados.

A campainha provavelmente já acordara metade dos moradores de Taplow Towers, ela pensou, correndo para a porta.

Destravou-a e abriu alguns centímetros. Ninguém. Então olhou para baixo ao ouvir um muxoxo, e seus olhos encontraram os do pequeno Dan, que a fitava de seu carrinho.

Deixou-se enternecer por alguns segundos, antes de se perguntar onde estariam os pais do bebê.

- Lily? Hugo? O que aconteceu? – ela perguntou, escancarando a porta.

Nem sinal do seu irmão e da prima e cunhada. Só uma nota escrita num pequeno papel amarelo.

Rose apanhou a nota, ergueu-a a altura dos olhos e franziu o cenho. Lembrou que seus óculos estavam no bolso do roupão e colocou-os.

As palavras entraram em foco: “Por favor, fique com Dan por alguns dias. Explicaremos na volta. Abraço, Hugo e Lily.”

Alguns dias? Ela pensou intrigada. Quantos? E por quê? Algo devia ter acontecido.

- Hugo! Lily! – ela gritou. – Esperem!

Ouviu a porta do elevador batendo, três andares abaixo.

Desceu correndo as escadas, mas no fim do primeiro lance foi interrompida por uma vizinha.

- Aconteceu alguma coisa, Srta. Weasley?

No mundo organizado de Rose, tudo corria conforme o planejado. Ela se antecipava aos possíveis problemas antes que eles acontecessem. E naqueles dias, estava determinada a evitar problemas emocionais.

Mais acima, Dan choramingou, fazendo Rose compreender que seus problemas eram reais, prática e emocionalmente falando!

Taplow Towers, o prédio onde morava, em um poço de tranquilidade. Sem música alta, sem animais e sem crianças, a não ser para visitas breves e exclusivamente durante o dia.

Minerva McGonagall, presidente da associação dos residentes, com ouvidos mais apurados que os de um morcego, olhou para cima. Dan resmungava, o que parecia prenunciar algo muito mais terrível.

- O que foi isso?- a Sra. McGonagall perguntou.

- Nada – Rose respondeu depressa. – Só estou com um pouco de pigarro. – fingiu uma tosse. – Desculpe o barulho da campainha. – mudou de assunto. – Eu estava no banho e não pude abrir a porta.

Na verdade, aquela visita às seis e meia da manhã fora proposital. Seu irmão sabia que, pouco vestida àquela hora, Rose não poderia correr atrás dele na rua, pedindo explicações.

Funcionara perfeitamente.

Acenando o bilhete para ilustrar sua desculpa, Rose tratou de esquivar-se daquele olhar direto e recriminador da Sra. McGonagall.

- Era Hugo, meu irmão – ela murmurou, subindo os degraus.

Diante do olhar desconfiado da mulher mais velha, forçou um sorriso.

- Desculpe, mas deixei o chuveiro aberto.

Não era fácil enganar Minerva McGonagall.

- Não vamos tolerar desordem, Srta. Weasley. Suas visitas, no domingo, fizeram muito barulho.

Rose relembrou a visita de Lily e Hugo no fim de semana anterior. Os pobres-coitados estavam tão cansados, que adormeceram no sofá, enquanto ela levara Dan para um passeio no parque!

- Sei disso, sinto muito. Os dentinhos de Dan estão nascendo, entende? Eu o levei para fora, mas... – ao ver que o olhar da Sra. McGonagall se tornava cada vez mais recriminador, Rose decidiu se calar. – Desculpe. – murmurou. – Não vai acontecer novamente. Prometo.

Nada arruinaria suas chances de permanecer em Taplow Towers, disse a si mesma. Aquele prédio era totalmente silencioso, absolutamente previsível. Ali não haveria a menor chance de um homem atraente bater na porta alegando que seu pó de café acabara. Ela deveria ter presumido que Lorcan, mais cedo ou mais tarde, iria ficar sem café novamente.

Em Taplow Towers, poderia trabalhar o dia todo e toda a noite se quisesse, sem risco de ser perturbada. Já tivera toda a perturbação que podia suportar.

A associação de residentes preferia pessoas mais velhas, mas de alguma forma sentiram-se seguros quando Rose alegou ter “perdido” o noivo. Ela lhes parecera absolutamente desencantada e assim haviam lhe concedido permanência temporária, a título de experiência. Faltava ainda um mês para cumprir esse prazo, e Rose sabia que qualquer passo em falso a tiraria do apartamento em vinte e quatro horas.

- Desculpe ter incomodado, sra. McGonagall – ela ainda acrescentou por precaução.

- Está certo, Srta. Weasley. Todos temos o direito de errar uma vez.

Rose entendera o recado nem tão subliminar.

Os ruídos vindos de cima tornavam-se mais frequentes.

- Devia tomar chá de limão com mel para essa tosse. – Minerva aconselhou.

- Obrigada. – Rose agradeceu, tossindo. – Vou fazer isso.

Assim que se viu livre da vizinha, correu escada acima, empurrou o carrinho de Dan para dentro do apartamento e entrou, fechando cuidadosamente a porta atrás de si.

Inclinou-se então para seu pequeno sobrinho, que a olhava com o rostinho intrigado.

Na tentativa de tranquiliza-lo, ela o afagou suavemente.

- Então, Dan, em que enrascada você me colocou!

Foi um erro. O bebê podia confundir a figura de Rose com a da mãe, mas certamente não a voz. E aquela não era a voz de sua mãe!

Dan abriu a boca para deixar que o mundo todo soubesse de sua frustração.

- Psiu... por favor, quietinho, Dan! Prometo encontrar seus papais logo – Rose sussurrou para o pequeno.

Ele, claro, não se convenceu.

Caminhando de um lado para o outro com o bebê no colo, Rose passou pela escrivaninha e instintivamente agarrou o telefone. Claro que seu irmão e sua cunhada não deviam estar em casa, mas ela deixaria um recado. Eles certamente iam procurar os recados, no caso de uma emergência, não?, ela tentou consolar-se.

Mas não deixou uma mensagem. Eles haviam deixado uma para ela!

“Rose querida, nós realmente precisamos descansar, dormir, e Lily e eu achamos que, já que além de tia, você é a madrinha de Dan, não se importaria de cuidar dele. Não havia mais ninguém a quem pudéssemos pedir.”

Pedir? Rose indignou-se. Não pediram coisa alguma aqueles dois. E, pior, sabiam muito bem que ela não podia hospedar um bebê em Taplow Towers!

E por que não pediam aos pais deles, que cuidassem de Dan? Ao menos eles tinham experiência com crianças, já que tiveram filhos. Agora ela, Rose, que experiência tinha com bebês?

A mensagem continuava: “Vou levar Lily para passar uns dias fora. Faremos o mesmo por você um dia, prometo.”

Sem chance, Rose concluiu amarga.

Horrorizada com o tamanho de seu problema, olhou para Dan, que parara de chorar, mas apenas para tomar fôlego.

- Não querido, não!

Dan não estava ouvindo. O resto do prédio, sim.


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Notas finais do capítulo

E então, o que vocês estão achando?
Dá para perceber que confusões estão a caminho, né?! rs
Devo postar um novo capítulo só depois de atualizar OW - V, okay? Se não fizer assim, termino essa fic e a Victoire não. rsrs As ideias para essa daqui estão borbulhando na minha cabeça.
Bom, é isso. Espero comentários. rs
:)



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