O Conto "sparks Fly" escrita por aLexo


Capítulo 1
15 de maio




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    Não vou desperdiçar tempo com apresentações, afinal, você nem sabe se sou real, nem essa história, na verdade nem eu sei. Não me lembro mais que dia era, porque isso realmente não importa, mas quero acreditar que foi dia 16 de maio, uma quarta-feira:

    Era uma quarta-feira de inverno na cidade de Elizabeth, Nova Gersei. Não havia aulas, por isso eram 10h e eu ainda estava dormindo. Mas ás 10h30 mais ou menos eu já era forçado a levantar pela minha irmã - não era minha irmã de verdade mas quase. Aquilo tinha tudo para ser mais um daqueles dias chatos em que eu ficaria sentado na frente de uma tela de 12” o dia todo. No dia anterior eu havia convidado Nathalie - a quem eu costumo chamar de “Nath”, minha irmã - para ir ao cinema para ver um filme, mas ela não podia, faria algo a tarde com as amigas ou algo assim. Também convidei meu irmão, Anthony, para ir, mas ele recusou do mesmo jeito.

    “O que vai fazer hoje a tarde?”, perguntou Nath inocentemente como se não tivesse me levantado da cama ás forças.

    “Ler, postar e curtir coisas idiotas no Facebook...”, respondi, “e você?”, perguntei, mas nesse momento Anthony derrubava alguma coisa na cozinha.

    

    “O.k. Vou ali, minha irmã tá me chamando... Tchau” foi a última mensagem que escrevi para minha amiga... Sabe aquelas horas que você não tem mais nada pra falar com a pessoa?    

    Obviamente era mentira. Nath tinha saido a mais de uma hora e Anthony... devia ter saido também porque não ouvia mais nada em casa.

    Saí. Fui andando por ai, me lembro bem, usava uma camisa cinza escura e uma jaqueta vermelha e preta e uma calça meio apertada cinza e meu velho AllStar Converse com nomes de músicas escritas nas laterais. Nem percebia por onde andava. Quando me dei conta, estava a uma rua de distancia do cinema que costumava ir.

    Sem me parecer uma má ideia, fui até a bilheteria. Nem me passou pela cabeça checar os bolços para ver se tinha dinheiro ou ao menos ver se o filme ainda estava em cartaz - sim, sou precavido.

    Ouvi meu nome ser chamado por uma voz suavemente familiar e acordei do meu transe bem a tempo de não bater com a lata de lixo. Ao me virar, encontrei uma garota de pele clara, rosto sorridente e um pouco avermelhado. Tinha cabelos castanhos amarrados a um lacinho branco e usada um moletom branco da mesma cor. Na verdade usava pelo menos cinco camadas de roupas.

    “Juliet!”, não a chamava assim a muito tempo, mas antes que me desse conta havia gritado aquilo, o que nos deixou com o mesmo tom corado no rosto. Sempre falo demais e talvez para tentar sumir com o silêncio constrangedor disse mais baixo desta vez “O q-que faz aqui?”.

    Havia conhecido ela na terceira série, não de verdade, só começamos a estudar juntos a partir dessa época, mas na sétima série viramos amigos em uma quarta-feira de maio, mas por uma série de acontecimentos, paramos de conversar antes mesmo do final do mesmo ano.

    “Vamos assistir um filme?”, disse ela antes deu terminar minha pergunta anterior. Eu não sabia o que dizer, fiquei me perguntando o que ela queria dizer com aquilo... Ela iria ver um filme com alguém? Espera, então ela tem um namorado? Ela não disse que morreria sozinha?

    “Uhum...”, foi a coisa mais inteligente que pude dizer quando finalmente entendi o que ela queria dizer. Assim, fomos em direção a bilheteria, não trombando com a lixeira, como era meu plano inicial.

    Compramos as entradas e, falando nisso, sim, eu tinha dinheiro no bolço. Acho que naquele dia assistimos “Em Chamas”. Entramos e não acho que algo de interessante para essa narração tenha acontecido lá dentro. Ah sim, entramos e logo aqueles longos meses que ficamos sem conversar pareciam nunca ter existido porque mal se passaram vinte minutos e já jogavamos pipoca um na boca do outro como um jogo. Como a sala de cinema estava quase vazia, não tivemos problemas. Momento tenso: Quando eu pegava um pouco de pipoca, ela foi pegar também, assim que nossas mãos se tocaram nós tiramos ao mesmo tempo e grande parte da pipoca saiu voando. Resumo: Não vimos quase nada de filme, a pontuação ficou 17 a 26 pra ela e foi só isso mesmo de pipoca que comemos.

    Saímos discutindo sobre coisas muito importantes mundialmente como o quanto a Taylor tinha ficado linda no clipe do Tim McGraw e se o clipe de Everything Has Changed deveria ter a participação da Taylor e do Ed - é claro que sim, né!

    “And I don’t know how it gets better than this, you take my hand and drive me head first fearless...” misturado com “If you could see that I'm the one who understands you been here all along so why can't you see me...” tocou de nossos bolços.

    Eu atendi e era Nath me procurando, nesse momento eu até tinha esquecido que eu tinha uma vida fora daquele lugar. Respondi que estava no cinema assistindo um filme e que não podia conversar agora. Desliguei. Mas Juliet ainda falava no telefone e eu decidi jogar “Cut The Rope”, mas não demorou muito para ela desligar - mentira, foram décadas de palavras trocadas...

    “Desculpe, era meu pai, ele ainda está receoso por me deixar viajar sozinha”, ela respondeu, “Acredita que ele perguntou quantos garotos eu já tinha beijado?”. Rimos. Depois olhei para ela com uma cara que ela conhecia bem, significava “quantos?”, então, ela revirou os olhos o que queria dizer... 3... (risos). Trocamos telefones.

    “Então você está hospedada aqui perto?”, perguntei e ela acentiu. Saímos e havia começado a nevar. Pessoas normais andariam cuidadosamente pela neve fresca ou até chamariam um táxi, mas, claro, nós saímos correndo e gritando como dois adolescentes loucos.

    “Chegamos”, disse ela, e eu percebi que já estava a mais de dez metros dela. Eu voltei andando devagar e ficamos frente a frente. Neve caindo, cada vez mais líquida. Pessoas passando pelo outro lado da rua. “Tchau...”, ela disse e se virou lentamente para a porta...

    No momento seguinte, eu não sei o que me deu na cabeça, ela estava indo embora, mil pensamentos invadiam minha mente, mas tudo ficou claro quando começou a chover:

    SPARKS FLY começou a tocar em minha mente:

    “Drop everything now...”

    Eu peguei-a pelo braço...

    “...meet me in the pouring rain...”

    ...trouxe-a até mim...

    “...kiss me on the sidewalk...”

    ...beijei-a...

    “...take away the pain...”

    ...soltei-a...

    “...’cause I see SPARKS FLY whenever you smile!”

    ...então ela correu para dentro do prédio, mas pude ver um sorriso em seu rosto antes de meus olhos falharem e eu ver faíscas voarem sobre minha cabeça.

    Não sei dizer quanto tempo fiquei atônito olhando aquela porta. Saí do transe com o barulho que Nathalie chamava de buzina. Nunca minha cabeça tinha ficado tão cheia. Muita coisa acontecera em menos de dois anos...

    “Pop!” - mensagem de texto: “Romeo, me encontre amanhã ás 9h no café. Bjo. Juliet.”.


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