Oi, meu nome é Abbie Jespen. Para uma brasileira eu sou bem diferente. Tenho 16 anos (meu aniversário é em algumas semanas), cabelos loiros platinados, olhos azuis claros, uso óculos e 1,65 de altura.

Eu sou órfã, então eu moro com a minha madrinha e com o meu irmão mais velho, Finn. Ele se formou há três anos e começou a morar na faculdade, em New York.

Os meus passatempos são meio... Não comuns pra minha aparência, na opinião das pessoas. Parkour, skate e games. Para o desespero da minha madrinha, junto com isso vem meu vestuário.

Voltando para a história, estou arrumando as malas para ir morar com o meu irmão. A maioria das pessoas diria “New York, nossa! Um dos lugares mais legais do mundo, uau!”. Pra mim isso é um pesadelo! Praticamente, vou largar tudo aqui e ir pra um lugar que nunca vi na vida.

Estou embarcando no avião

Agora não tem mais volta.

No aeroporto vou ter que encontrar com o meu irmão, a última vez que eu o vi foi na despedida do aeroporto há três anos.

Fiquei um pouco nervosa, só de pensa que vou ter que começar tudo da estaca zero.

Acordei com o aviso que o avião tinha chegado. A voz da aeromoça incomodava meus ouvidos.

Fiquei esperando minha mala, enquanto isso olhava para os lados procurando meu irmão.

Vai ser difícil. Lógico que ele deve estar bem diferente. Não só na aparência, mas no jeito...

–Abbi! Abbie Jespen! Aparece, filhote de cruz credo!

Eu mereço... A figura que gritava por mim era o meu irmão, mesmo diferente ainda dá pra ver que é ele.

–Para de gritar, aberração da natureza.

–Abbi?

–Não, Silvio Santos.

Ele veio correndo em minha direção. Deu-me um abraço que quase quebra as minhas costelas.

–AAAABBIIIIIII! OLHA SÓ, VOCÊ TÁ ENORME! EU TO FICANDO MUITO VELHO! EU TAVA MORRENDO DE SAUDADEEEEEEEEEES!

–Não consigo respirar...

Cara, assim eu não sobrevivo a tanto abraço.

De adulto, o Finn só tinha a cara. Além de estar parecendo a Rapunzel com os cabelos loiros nos ombros. Peguei uma mecha, só para brincar com a cara dele.

–E aí, Rapunzel. Como vai a vida?

–Muito boa Miss educação.

–Aonde que descarregam os animais aqui?

–Não me diga que você trouxe aquela peste...

–Ele não é peste, tá?

Fui até onde estavam descarregando os animais e encontrei a caixinha cinza e vermelha onde estava a “peste”, como a minha irmão diz.

Um gato preto e loiro de olhos azuis, que eu dei o nome de Goku (pensei em Sayajin, mas ele não era todo loiro).

O meu irmão o chama de peste porque o Goku arranhava as revistinhas dele.

–Essa peste continua tão feia quanto antes.

–Deixa o Goku quieto. Ele era filhote quando rasgava suas coisas, ok?

–Nhá, até que estou feliz em ver esse projetinho de besta... E o gato também.

–Bobo!

Ele me perguntou muitas coisas sobre tudo. Eu estava feliz em escutar aquele falar bobagens.

–Um Gol 2003?

–Um Gol 2003 usado, a grana dava meio curta e tinha cansado de pegar metrô... Vem cá, como que você sabe que é um Gol 2003?

–Eu estava planejando começar a juntar dinheiro para um carro. O Alan me ajudou bastante a ver os modelos.

–Achei que quem Iria te ajudar nesses quesitos seria o Ken.

Baixei o olhar e tirei o sorriso do rosto.

–O que foi?

–O Ken se mudou há quase um ano... Eu nunca mais tive sinal dele.

–Que pena... Vocês eram amigos desde crianças. Lembra que foi por causa dele que o seu cabelo ficou curto quando era pequena.

–É mesmo!- pus um sorriso bobo no rosto- Estávamos fazendo bolo de cenoura e caiu calda no meu cabelo. Você riu muito da minha cara.

–Também, né?

Depois de alguns minutos chegamos à casa dele. Era um prédio estreito de mais ou menos dois andares.

–Lar, doce, lar. Vem ver como que é por dentro.

Ele parecia uma criança mostrando um brinquedo novo.

A casa por dentro era muito bonita. Ele levou as malas até o andar de cima. Lá tinha um quarto amarelo com uma cama e um armário. Ele também tinha uma janela com um banquinho do lado.

–Pronto tá aqui o seu quarto! Vou te dar um tempo para arrumar as coisas.

Olhei minhas malas no chão e meu próprio reflexo em um espelho simples preso na parede. Minhas roupas estavam um pouco amassadas por causa da viagem. Ainda me sentia um pouco estranha por causa dessa mudança repentina.

Nessas horas eu penso que estou sonhando, largada na minha cama, com os fones no máximo.

Desarrumei minhas malas. A primeira coisa a fazer foi colar meu pôster na parede, um pôster da Legião Urbana.

–Se prepare New York, Abbie Jespen chegou.

–Sério? Coisa brega...

O meu irmão estava me espionando pela porta.

–AAAAAAH! DEIXA-ME TER O MEU MOMENTO, VAI!

Ele entrou no quarto e pôs a mão na minha cabeça.

–Ainda não me conformo em quanto cresceu. To ficando velho!

–Concordo.

–Só uma coisa, que roupas são essas? Tenho quase toda certeza que essa bermuda é minha!

–Ó só como tá tarde! Boa noite maninho.

Empurrei-o para fora do quarto.

–Afe! Mal educada! Só lembre-se de acordar cedo amanhã pra aula.

–Beleza, tá, beijo, boa noite!

Peraí! Ele disse aula?

Poxa... Não dava pra ficar pelo menos uma semana sem aula?