Bem ao Lado escrita por Alessa Petroski


Capítulo 53
Capítulo 53




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A quermesse estava cada vez mais cheia de gente e fora preciso que a diretora esvaziasse os caixas para conseguir mais espaço para o dinheiro que estávamos arrecadando. Não havia dúvida de que o orfanato ganharia uma boa doação. Tudo estava indo às mil maravilhas, como berrava vovó, contente para todos, enquanto não parava um minuto no mesmo lugar.

– Bela Ruby - disse Vini.

– Temos cachorros quentes de todos os sabores e tipos. Escolha no tabuleiro os ingredientes que te sirvo. - falei pegando o pão.

– Você sabe como eu gosto.

Fiz do jeito que ele gostava. Era uma droga lembrar ainda sobre os gostos dele. Mas tudo estava muito menos doloroso. Eu estava começando a não sentir raiva.

– Obrigado.

– De nada, docinho - falei ironizando ao extremo - Como está a Márcia?

Logo após nosso encontro no hospital, ela fora para a escola três dias depois para não voltar mais.

– Grávida. Isso responde a sua pergunta? - ele se irritou.

– Não precisa se irritar. Não fui eu quem a engravidou.

– Nem seria possível - ele sorriu - Ela está cheia de manias e de desejos estranhos. Acho que ela nem pisaria no chão se não fosse possível.

– Para mim, continua a mesma. Onde ela está morando?

– Comigo. Mamãe não quer largá-la por nada. As duas são inseparáveis agora. Parece que Márcia que a filha dela. Acredita que as duas deram fim aos meus troféus? Fui dar com eles jogados na área de serviço como se fossem qualquer coisa. Minhas camisas de times também. As revistas pornôs.

– Uau! Estou com pena de você. Deve estar sendo difícil ficar sem suas revistas. Uau. Sua vida é difícil, cara!

Ele revirou os olhos e se afastou. Mas parou a alguns passos além. Ele continuava o mesmo filhinho de papai bonito vestido em roupas caras. Vini estava mais Vini do que nunca. E mesmo assim estava longe daquele babaca bêbado que me machucara. Ele parecia mais maduro e menos propenso a fazer idiotices. Márcia com sua infantilidade o estava tornando mais adulto e eu fiquei feliz por isso. O bebê que esperavam deveria ter pelo menos um pai de verdade.

– Você era a garota certa. E continua sendo - ele gritou para todos ouvirem - Eu que sempre fui o errado da história.

– Obrigada - fiz com os lábios sem emitir som.

– Você é uma ótima destruidora de corações - falou a diretora se aproximando com sua sombra.

– Boa noite. Oi, Eduardo.

– Oi, Ruby.

– Já fui assim - disse a diretora piscando os olhos como uma garotinha.

Aquela noite estava ficando cada vez mais estranha.

...

As pessoas foram diminuindo aos poucos. E muitos foram embora quando as barracas de comida foram fechadas por falta do que vender. Na barraca em que eu estava agora, a de churros em que eu havia passado apenas uma hora vendo à senhora Brenda, uma quarentona sorridente, perfurando aquela massa para preencher com doce e fritando mais churros na mesma medida, não havia mais nada para vender além de balas de hortelã.

A diretora reuniu os remanescentes.

– Tivemos uma excelente noite. Tenho apenas que agradecer pela ajuda de vocês. Pelos pais e mães, ótimos cozinheiros - todos bateram palmas - e pelos que serviram a todos e prestaram seu auxílio - ouvi minha mãe gritar - Tenham um ótimo fim de noite. E aqueles que estiverem responsáveis pela limpeza, sigam a Ruby.

Sorri educadamente, mas por dentro estava morta de cansaço, com os pés doloridos ao extremo.

– Acha que dá conta de tudo? - perguntou baixinha a diretora Minerva parando ao meu lado.

– Sim. Lucius vai me ajudar.

– Avise se precisar de algo. Precisa que eu fique e a ajude?

– Deixa que eu cuido de tudo, senhora. Pode ir descansar.

– Tenha uma boa noite, Ruby.

– Obrigada - sorri sem desejar o mesmo, eu tinha certeza de que a noite dela seria boa.

– Lucius, ajude a Ruby - ela disse para alguém perto de mim.

Lucius apertou meu braço e começou a dar ordens a todos enquanto fui convencer a Elli de que daríamos conta da limpeza. Tive que usar vários argumentos para mandá-la para casa, se ali ela permanecesse iria acabar explodindo com todos. Ela era muito exigente e isso tirava muita gente do juízo perfeito.

Minha avó foi para casa acompanhada de uma vizinha e mamãe e tio Joshua ficaram para ajudar. O encarreguei juntamente de Katrina a juntarem o lixo do chão. ML, Douglas e Felipe cuidariam do desmonte das barracas. Joseph e Sebastian cuidariam da parte eletrônica, como sempre. Juntamente com eles mais sete pessoas ficaram para ajudar. Inclusive a Ana, a garota da loja de HQ's.

– E aí? - ela falou.

– Você parece bem melhor - falei a vendo livre de qualquer evidência do problema.

– Você também. O que eu preciso fazer?

– Temos que pegar caixas vazias para guardamos tudo.

– Ok. Você vai e eu fico aqui mandando força através de minha mente.

– Isso é sério?

Ele fez que sim com a cabeça.

– Preciso de cobertura. Tenho um compromisso.

Não tive tempo para perguntar. Lucius a abraçou pela cintura e senti àquele monstro dos ciúmes remexer no meu peito, cutucando, inflamando.

– A Ana vai sair com um garoto, que com total de certeza a mãe dela nunca aprovaria - ele fala.

Arqueei as sobrancelhas.

– Você?

– Eca, Ruby - ela bate no meu ombro - Agarrar um primo é demais até para mim. Ainda mais um pirralho.

Lucius a faz sair do chão e a coloca sobre seu ombro em uma brincadeira muito infantil. Eu estou necessitando iniciar uma pesquisa sobre as ramificações da árvore genealógica dele.

– Lucius, seu cachorro, vem me ajudar, velho - grita ML.

– Partiu - fala Ana saindo antes dele.

– Juízo - grita Lucius e para mim: - Precisa de ajuda?

Faço que não com a cabeça. Não me atrevo a falar. E nem quero ir sozinha ao teatro, mais por temer o que se esconde no escuro do que a própria escuridão. Mas talvez - talvez mesmo - o pior que pode acontecer é eu me perder entre beijos dele naquele lugar.

Então vou sozinha.


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Notas finais do capítulo

Bom, vocês provaram que são péssimos comigo. Mas beleza.



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