Bem ao Lado escrita por Alessa Petroski


Capítulo 12
Capítulo 12




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Meus olhos se abriram e tudo estava embaçado. A única coisa que pude distinguir naquele ambiente era a predominância da cor branca. Levei o braço ao rosto para comprovar o que eu já sabia: que estava sem óculos, no entanto, não consegui levantar mais o braço e senti, em resposta ao movimento, uma dor aguda e perturbador. No braço que eu levantara – o direito – havia uma agulha no meu pulso que estava ligada a um saquinho de soro. Não consegui ler as letrinhas miúdas no saco transparente, mas deduzi que era um soro com remédio contra dor. O que era bem melhor do que ter que levar furadas de injeção para tomar o remédio no próprio corpo.

Uma mulher que eu não notara antes se aproximou de mim. Assim que ela chegou mais perto pude ver seu rosto e percebi que eu não a conhecia. Ela vestia um uniforme padrão de enfermeiras e tinha feições largas, mas gentis.

– Cadê minha mãe? – perguntei meio nervosa.

Eu tinha trauma de enfermeiras. Não que uma me tivesse feito mal. Quando eu era pequena costumava ir ao hospital onde minha mãe trabalhava na época e, às vezes, conversava com o zelador dali. O homem era muito alto e tinha a pele escura, salpicada de sinais, o cabelo já era completamente branco, mas ele apresentava um bom físico porque nunca o vi reclamar de dor. O senhor Jorge era ótimo na limpeza, possuía um carisma contagiante e amava contar histórias de terror. E fazia isso muito bem.

Eu me entrosava com algumas crianças mais velhas, também filhas dos funcionários do hospital e íamos atrás do senhor Jorge para que ele nos contasse histórias. E ele contava se você desse um doce a ele. Era uma troca mais do que justa na época. E ele sempre contava histórias de enfermeiras sanguinárias que destroçavam os pacientes. Não eram demônios nem monstros, não eram nem médicos ou crianças. Eram sempre as enfermeiras que tocavam terror e devoravam suas vítimas de forma inusitada.

Por ser a menor do grupo eu tinha que me manter sem medo para continuar com aquela história. Porém o estrago feito foi tão grande que depois de 12 anos eu ainda morria de medo de enfermeiras. Principalmente daquelas boazinhas como a que estava na minha frente.

– Sua mãe foi resolver algumas coisas relacionadas à sua saída daqui – ela respondeu.

– Já vou sair? – perguntei feliz demais.

– O que você teve foi um corte, não muito fundo, mas que precisou levar pontos. Você também não perdeu muito sangue e só está aqui para que amenizemos a dor do corte.

Ela se aproximou mais de mim e sorriu. Acho que se eu estivesse ligada a aparelhos que medissem meus batimentos eles estariam apitando loucamente por causa do medo.

– Vou ter que injetar mais remédio contra a dor – ela disse e sacou rápido demais uma seringa que inseriu numa parte que ficava no fio ligado ao soro.

O soro antes transparente ficou amarelado. Senti meus membros pesando.

– Ah, ainda agora tive que expulsar seu namorado daqui porque ele não quis sair um segundo de perto de você. Parecia tão aflito – ela sorriu conspirativamente – Ele tem lindos olhos escuros.

Quis responder, mas até minha língua pesava. Eu estava ficando alta rápido demais. Eu deveria lembra-me de agradecer a Sebastian pela preocupação.

...


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