And I Choose You escrita por Elizabeth Stark


Capítulo 1
Eu quase




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Astoria,

Eu me sinto sozinho. E arrependido agora por ter escrito seu nome ali em cima. Acho que terei que enviar isto porque não tenho mais vontade de escrever em mais papéis e pelo motivo de que, ou eu faço ou permaneço com essa sutura aberta. Eu deveria ter aprendido em doze anos de casamento como se fecha um corte, mas até essa simples aprendizagem me foi negada. Eu sei. Eu sei. Foi minha culpa e de um modo ou de outro sempre vai acabar sendo pelas mesmas razões: a falta de tempo e coragem. Eu deveria saber que a falta de coragem sempre seria um problema, mas até um certo tempo, eu fiz um bom trabalho com minha inovação no lugar. E com minha intuição que a propósito, nunca falhou. Eu sentia que você iria embora; por levantar sempre mais cedo que de costume, por evitar tomar seu vinho preferido comigo, e por sempre chorar quando Scorpius perguntava o que significava casamento mas, eu sabia mais que tudo, que você também não precisava de nenhuma decepção para partir. Você simplesmente iria, eu sabia. E acabou indo.

Mas me responda! Você me deve esse direito, como foi partir sabendo que deixava para trás um ninho onde nenhuns dos pássaros sabiam voar direito? Eu acordo todos os dias achando que vou encontrar uma resposta boa o bastante para me consolar, mas todos os dias eu quase descubro. E esse quase nunca tem fim. São milhões de “quases” tão perto da resposta e tão perto de um consolo, mas que sempre, acabando ficando só no quase. Eu quase vou esquecer e eu juro que quase consegui explicar a Scorpius porque a mamãe não vai mais voltar. Você sabe como ele é precoce, mas até esse momento só consigo vê-lo como uma criancinha que ainda precisava de ajuda para andar. Sim, você fez um ótimo trabalho com ele, mas não vou dar conta sozinho. Ainda estou beirando na raiva e de vez em quando uma depressão aparece e não tenho tempo para responder as perguntas dele. Sim eu ainda tenho falta de tempo, e acho que sempre vou ter...

Eu só consigo pensar por que, por que, por que, e quando está quase no fim, no último minuto para o dia seguinte, eu aproveito esse tempo para achar uma resposta para os infinitos “por que” que eu fiz durante o dia. Acha errado eu não pensar em mim nem mesmo um segundo? Acho que estou alucinando... O que é alucinar? Por favor, pelo menos essa você não pode deixar em branco. É nessas horas que eu invejo as pessoas céticas e bem relacionadas com suas cabeças, sempre fora do sentimento, mas sempre vão estar com uma resposta consolável estalando na ponta da língua. Consolo, sim eu preciso de consolo. Mas nem todo meu dinheiro poderia comprar uma simples consolação. Essa é a sensação, eu acho. Não poder, não conseguir. Eu esperaria não ter qualquer coisa, menos... Não vou terminar essa frase porque ainda estou com sintoma da falta de coragem, e ainda estou doente de saudade.

Você me faria um favor? Pergunte como estou me sentindo. Minha asma atacou de novo. O médico perguntou se eu sabia que era emocional, mas eu apenas repeti que não era. Eu me sinto como se estivesse atravessando uma rua de olhos fechados. Sinto-me perdido e com medo de me sentir sozinho, apesar de eu já saber que estou sozinho. Pensei em dizer a Scorpius que você tinha morrido. Cruel, eu sei. Mas a determinação do garoto em fazer desenhos cada vez mais bonitos e aprender a ler para quando você finalmente chegasse, me deu pena. Mas ele me consola. E consolo é um passo.

Você lembra do dia do nosso casamento? Que todas as rosas eram brancas, e você queria porque queria seu buque vermelho? Eu corri atrás de um buque vermelho para você, mesmo sem poder te ver antes da cerimônia... Eu tenho vontade de fazer esse esforço agora, mas para ir atrás de você. É errado? A escolha a e interpretação tem que vim do outro lado da corda agora. E tudo me diz que isso não vai acontecer, porque eu ainda tenho intuição. E saudade. E sentir saudade nunca é bom, porque se iguala a sensação de ter perdido alguém.

Você foi embora, agora minha vez de perguntar: como está se sentindo? Eu quero todas essas respostas respondidas, mas você é uma biscate e não vai responder. Sim, você é uma vadia que foi embora. E acabou com todas as minhas esperanças, e com a do meu filho. Mas mesmo sentindo toda repulsa e ódio por você, eu não consigo aceitar que você também foi responsável pelos meus instantes mais alegres. E agora, eu apenas queria uma chance, um tempo, como eu tive de buscar as rosas vermelhas para você. E dói, amor, pode acreditar que dói muito, e tenho que decidir entre você e nunca mais. E é incrível, Astoria, porque dói, mas eu sempre escolho você.

Do homem sem coragem.

P.S: Eu quase não te amo.


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