A Última Chance escrita por Gaby Molina


Capítulo 17
Capítulo 17 - O Jardim... De novo


Notas iniciais do capítulo

Olá :3 Só queria dizer que agradeço muito todas as reviews. Sempre escrevi para mim mesma, nunca pensei que fosse ter tanta gente linda se interessando pela minha história. Então... Obrigada mesmo. Todo mundo gosta de elogios, né? Dá aquela vontade de escrever mais e melhor quando você recebe um. Eu acho incrível.
Enfim. Vieram me perguntar se tem algum jeito de conversar melhor comigo, e a resposta é SIM! :3 Meu twitter é @GaabyMolina, se alguém quiser perguntar quando eu vou postar o próximo capítulo, ou brigar comigo porque eu não terminei quando disse que ia terminar, ou dar alguma sugestão para o desenvolvimento da história... Ou simplesmente bater papo, sinta-se à vontade, haha ;)



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Annie falou. Jane ouviu. Durante mais de quarenta e cinco minutos, assim foi.

— Então... A senhorita gosta dele.

— Eu não disse isso.

— Bem, está implícito. A senhorita se importa.

— Eu...

— E a importância dada provavelmente deve-se ao fato de que...

— Está bem! Eu gosto dele! — Annie bufou, erguendo os braços. — Bem, ao menos achei que gostasse. Eu só... Droga, Jane. Só não quero gostar mais das pessoas do que elas gostam de mim. De novo.

— O sr. Charlie se importa com você. Nada foi encenação.

— Exceto o beijo. A existência de uma exceção nos leva a questionar outras.

— Annabelle Shreave. Não aprendemos muito quando nossa boca está se movendo.

A moça suspirou, sorrindo com o tom materno que a voz de Jane assumiu.

—... Charlie achou que estava fazendo a coisa certa. A senhorita sabe disso. Ele provavelmente ainda acha. Dê algum tempo a ele.

— Eu com certeza daria, se ele me desse alguma razão para tal.

— Aqui está uma razão: vocês precisam um do outro. Oferecem perspectivas completamente diferentes um para o outro, e... Francamente, Alteza — Jane a encarou. — A senhorita o colocou em um pedestal.

— Eu não...

— Mas aqui está outra perspectiva: o sr. Charlie colocou a senhorita em um pedestal também. Só que coisas em pedestais são mais difíceis de alcançar. E não sei se ele está preparado para tirar a senhorita de lá.

— Nós sabemos que não somos perfeitos.

— Então por que a senhorita está agindo como se esperasse que ele fosse? E o sr. Charlie pode não considerá-la perfeita — Jane sorriu. —, mas tenho certeza de que ele a acha extraordinária. Aquele rapaz faria muita coisa pela senhorita, Alteza.

— Bem, onde está ele agora?

Foi quando elas ouviram uma batida na porta.

Charlie estava mesmo tentando convencer a si mesmo de que ir até o quarto de Annie fora uma boa ideia, mas cada milésimo que ela demorava para atender a porta soava como uma condenação.

Até que ela atendeu. Seus olhos azuis se focaram nele. Droga, ela era linda. Ele não costumava prestar muita atenção, mas ali estava. O rosto era delicado, perfeitamente proporcional e interessante. Os lábios eram pequenos, e naquele momento estavam apertados um contra o outro. Uma parte dele se lembrou daqueles mesmos lábios tocando os dele há apenas dois dias.

Não era hora de pensar nisso.

— O que está fazendo aqui? — mas ela não soava irritada. Apenas confusa.

— Eu... — a voz dele falhou quando ele percebeu que ainda estavam com os olhos cravados um no outro. Suspirou. — Você tem um minuto?

Annie fez que sim com a cabeça.

— Boa tarde, sr. Charlie — Jane sorriu e, com uma reverência final e um piscadela, saiu do aposento.

— Eu interrompi alguma coisa? — Charlie sorriu levemente para Annie, apenas por costume, e por um momento ficou com medo de que ela não sorrisse de volta.

E ela não o fez. Mas tentou. Só não parecia real.

Eles se sentaram no chão, com as costas encostadas na cama dela. Ficaram em silêncio por um segundo, mas, como se fosse planejado, os dois se viraram ao mesmo tempo e disseram:

— Annie, eu...

— Eu só...

Os dois pararam de falar, mas não desviaram o olhar.

— Você primeiro.

— Não, deixa para lá.

Mais um segundo de silêncio.

— Eu sinto muito — disseram em uníssono. — Não, fui eu que...

Eles pararam novamente, rindo um pouco.

— Não foi certo exigir aquilo de você — Annie enrubesceu um pouco.

— Eu fui um porco insensível.

— E eu fui uma mimada possessiva.

— Talvez um pouquinho.

Annie riu, dando um encontrão de leve nele.

— Então... Estamos bem? — Charlie ergueu uma sobrancelha.

— Não ganhamos nada brigando. Nenhum dos dois.

— Concordo plenamente. Além do mais, a ideia de que você pudesse ficar sem falar comigo para sempre... — a voz dele falhou. — Bem, me enlouqueceu um pouco.

Annie fingiu estar interessada na própria unha.

— Você não pode dizer coisas assim.

— Por quê?

— Porque eu sou a futura governante desse país e estou dizendo que você não pode dizer coisas assim para mim.

— Bem, você não se sentiu do mesmo jeito?

Ela abriu a boca, mas depois fechou. E então disse:

— Não é essa a questão.

"Ele a acha extraordinária", as palavras de Jane retumbaram em sua cabeça.

"Certo, Charlie, você é bem legal também", pensou Annie. "Mas não faz ideia do efeito que causa".

— Então... Amigos? — ele estendeu a mão direita.

"Que seja, eu só preciso de você aqui", as palavras quase pularam para fora da boca dela.

Quase.

— Amigos.

— Amigos se abraçam, certo?

Annie sorriu e permitiu que ele a envolvesse.

* * *

— Você parece melhor — Jasper notou depois do jantar. Sorria levemente. Seus cabelos louros estavam um pouco bagunçados e sua camisa era um pouco larga. Isso o fez parecer bem mais... verdadeiro.

— Estou um pouquinho — ela o abraçou. — Obrigada por ter ficado comigo. Sei que eu estava sendo uma companhia terrível.

— Vossa Alteza nunca é má companhia — ele deu de ombros. A Princesa ergueu uma sobrancelha. — Estou falando sério.

— Certo, que seja, Blakewood.

— Eu estava pensando — ele a fitou com os olhos azuis bem claros. — Se a senhorita tiver um tempo livre...

— Quer caminhar? — sugeriu ela. — Eu acho que deveríamos caminhar.

— Caminharemos, então — ele enganchou seu braço no dela e eles começaram a caminhar pelo jardim.

A única luz vinha dos pequenos postes espalhados pelo lugar. O suficiente para que pudessem ver onde pisavam, mas não muito mais que isso.

— Tem um lugar assim lá perto de casa — contou Jasper. Depois disse em tom mais baixo: — Foi onde eu dei meu primeiro beijo. Mas não gosto muito de lembrar.

— Ah, é?

— Foi um desastre.

— Duvido!

— Certo — ele a fitou, rindo um pouco de si mesmo. — Quando eu tinha quatorze anos, era muito baixinho. E tinha essa menina, a Lily Ann Spielfield. Ela era pelo menos uns dez centímetros mais alta do que eu, cabelos louros bonitos e olhos escuros. Era a melhor artista que já conheci. Enfim. Isso não importa. Estávamos em uma praça perto de casa à noite. Só que eu era muito baixinho... — ele enrubesceu. — Então eu subi no banco de pedra da praça para ficar do tamanho dela. E quando estávamos quase nos beijando, eu... caí.

Annie segurou um riso.

— Está brincando! Jasper Blakewood, o príncipe encantado em seu cavalo branco... Não acredito.

— Pois é. Eu desequilibrei e caí em cima da Lily Ann Spielfield. E a beijei ali no chão. Ai, meu Deus — ele desviou o olhar, ainda rindo. — Não acredito que contei isso.

Annie sorriu, feliz por Jasper se sentir confortável perto dela.

— E depois?

— Ela terminou comigo no dia seguinte. Disse que eu era muito baixinho.

A moça olhou para cima a fim de fitar Jasper, que era pelo menos quinze centímetros mais alto do que ela agora.

— Bem, problema dela.

Jasper riu.

— Você me surpreende toda vez.

— Posso dizer o mesmo.

— E quanto ao seu primeiro beijo, Princesa?

— Hã... Topo da torre mais alta. Estrelas. Fogos de artifício. Um cara lindo. — ela fez uma pausa. — Resumindo, um dos momentos que mais me arrependo em minha vida toda.

— É mesmo?

— Na verdade, me arrependo de todos os meus beijos. É trágico.

— Duvido! — ele a imitou.

— O primeiro cara que eu beijei veio com aquela coisa de "Vamos ficar juntos para sempre", e cinco minutos depois eu o peguei beijando outra garota. Trágico o bastante para você?

— Pelo menos o beijo foi bom.

— E o outro cara que eu beijei, foi para fazer ciúme no primeiro cara que eu beijei. Só que eu não me dei conta de que gostava demais do segundo cara para ser apenas um beijo sem significado.

— É, você precisa de um abraço — ele a abraçou, sorrindo. — Mas agora as coisas vão mudar.

— Ah, é?

— Afinal, eu estou aqui.

— Meu heroi — ela debochou, rindo um pouco.

— Você sempre tem a última palavra, não é?

— Acostume-se.

— Nada me agradaria mais.

* * *

— Sr. Charlie, o que está fazendo? — Jane ergueu uma sobrancelha ao perceber que o rapaz estava olhando pela janela.

— Observando — ele apontou para Annie e Jasper. — Ela parece feliz, né?

— Parece, sim.

— Mas quando você diz feliz... Quer dizer, feliz "Ele é legal", ou feliz "Eu estou perdidamente apaixonada por ele"?

— Por que se importa?

— Ela é minha amiga, oras.

— Então não está com ciúme?

— Ciúme? — Charlie franziu o cenho. — Por que eu estaria com ciúme?

— Sr. Charlie, onde está seu relógio? — perguntou Naomi.

Charlie se lembrou de que o havia dado a Alexandre, o que o fez rir.

— Está... do outro lado do oceano Atlântico, na verdade.

— Já chega — Jane o encarou, séria. — Você está agindo como um completo imbecil há dois dias, e eu te bateria agora mesmo se não gostasse demais do meu emprego. Eu vi o jeito que olhou para ela quando bateu na porta mais cedo. Vi sua expressão vendo-a com Jasper. O jeito que sorri quando o nome dela entra na conversa. No começo achei que estivesse apenas receoso, o que já é ruim. Mas não é isso. Você está mentindo para si mesmo, Charles! E isso é ainda pior!

As outras criadas assentiam, apesar de não fazerem ideia de nem metade da história. Charlie vestiu um casaco.

— Jane, eu não gosto dela. E ela não gosta de mim. Nós já deixamos bem claro o por que de estarmos aqui, e...

— Então por que o senhor está indo atrapalhar o encontro dela?

Charlie abriu a porta.

— Você não tem nenhuma prova disso.

* * *

— Esse lugar fica bem mais legal à noite — comentou Jasper, se sentando no banco.

— De certo modo — ela se sentou ao lado dele. O rapaz colocou o braço em volta dela e a moça não o censurou.

Ele se virou para fitá-la.

— Alteza, eu...

Mas Annie não olhava para Jasper. Fitava a figura escura que estava se aproximando.

— Charles, o que diabos você está fazendo aqui? — ela franziu o cenho.

Charlie mordeu o lábio.

— Você tem um minuto? É importante.

Jasper ficou esperando que ela mandasse Charlie embora, e uma parte dela sabia que devia fazê-lo, mas as palavras não saíam.

— Está bem. Jasper, eu já volto.

Annie e Charlie caminharam até que Jasper não pudesse mais ouvi-los.

— Não sei se você percebeu — ela o encarou. — Mas eu estava no meio de algo.

— Ah, é? Não acredito que o trouxe aqui. Achei que o jardim fosse nosso.

— Que ótimo. Vamos adicionar isso à lista de Coisas que Pertencem ao Charlie, logo abaixo de A Verdade Absoluta Sobre Todos Os Assuntos No Universo.

— Isso não é justo.

— Pobrezinho. Afinal, veio aqui para me censurar, foi isso?

— Certo. Desculpe — ele desviou o olhar. — Não foi por isso que eu vim aqui. O que você disse à Jane?

— O quê?!

— Ela explodiu comigo agora há pouco.

— Seja lá o que for — Annie ainda o encarava. — Jane não diz nada porque eu mandei dizer. E, acredite, se ela ficou brava com você, é porque ela se importa muito.

— Ela é uma ótima pessoa.

— É mesmo. E tem a mania de estar sempre certa.

Charlie ainda não olhava para ela.

— Você deveria voltar para o Jasper.

— Deveria, mesmo.

— Então, o que está esperando?

— Algo que claramente não vou receber.

Quando Charlie finalmente olhou para ela, a Princesa saiu andando.


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Notas finais do capítulo

Eu seeeeei que várias de vocês estão bravas com o Charlie, apesar de algumas me dizerem que gostaram de, pela primeira vez, não gostar do Charlie. Eu acho fantástico observar as reações, vocês me dão uma perspectiva incrível sobre a história e os personagens. Enfim. Eu só queria terminar dizendo que...
Princesas sempre dão um jeito de lidar com a situação, não é mesmo?