Hunter estava ansioso. Não, a palavra seria assustado. Daqui a pouco lutaria contra o seu irmãozinho, a pessoa que mais queria proteger no mundo. É, ultimamente não estava mesmo sendo um bom irmão mais velho. Estava sentado em posição meditação enquanto observava a cachoeira que ficava perto do local onde ocorreria a batalha. Estava bem adiantado, mas não se importava, precisava de um tempo sozinho para refletir e ficar em casa com Tori e seu filho só faria a sua consciência pesar mais. Não sabia o que fazer, não queria esta batalha, mas parecia que se não fosse dessa forma ele nunca se reconciliaria com seu irmão.

— Não imaginei que te encontraria aqui. Aliás, não sei nem porque estou surpreso, afinal era aqui que nos escondíamos quando queríamos fugir. – Diz Blake, sobressaltando Hunter.

— Ah, oi. – Responde Hunter após se recuperar. – Se quiser eu posso ir embora, ainda faltam – Hunter verifica seu relógio. – 52m para o início da luta. – Disse, já se preparando para levantar.

— Não precisa. Sabe, você que descobriu o local, acho que é um direito seu querer ficar. – Falou Blake, ainda com uma expressão fechada. Hunter não disfarçou a surpresa que sentiu quando seu irmão sentou ao seu lado. Não conseguia encara-lo, então tudo o que fez foi observar o movimento das águas enquanto apertava o tecido de sua calça, deixando sua tensão ainda mais visível.

— É legal saber que eu tenho um sobrinho, mal posso esperar para ensina-lo tudo sobre os poderes dos Ninjas Trovão. – Quando Blake abriu a boca para falar, Hunter esperava algo do tipo “Você é um imbecíl” ou “Nunca vou te perdoar”. Quando Blake pronunciou aquilo, Hunter soube que ainda havia uma esperança.

— Nem eu. Já imagino Harry vestindo o uniforme do Travão Rubro. – Respondeu hesitante.

— Aposto que Tori quer que ele treine na Academia Ninja do Vento.

— Sim, mas é óbvio que ele vai treinar na Academia Trovão, afinal meu filho nasceu para ser o melhor. – Falou Hunter, provocando risadas nos dois irmãos. Após a crise de risos ter acabado, permaneceram em silêncio, até que Hunter se pronunciou.

— É necessário essa luta? Eu não quero brigar. – Diz Hunter, suspirando logo em seguida.

— Não sei. Talvez. Eu deveria querer socar a sua cara agora, mas tudo o que sinto é angústia. Angústia por ter perdido minha namorada para meu irmão e meu irmão para minha namorada. Angústia porque o meu sobrinho é filho da minha ex-namorada com meu irmão. Eu nunca vou superar isso. – Responde Blake, tentando ser o mais sincero possível. A verdade é que tudo dentro dele estava um caos. Não, não é porque perdeu Tori de vez, ele amava (e ainda ama) muito a ex-ranger azul, mas nada se compara a dor de ser traído pelo seu irmão, a única família que lhe resta. Agora tem um sobrinho e deveria estar feliz por isso, mas quando o olha só consegue ver os traços das pessoas mais importantes da sua vida.

— Eu sei, acredite, eu também me sinto horrível. Tori também. É compreensível você me odiar agora, eu sei disso também, sei que estou sendo egoísta por pedir algo assim, mas por favor, me perdoe. – Implorou Hunter. Blake apenas fechou olhos e refletiu.

— Você é meu irmão, nunca irei te odiar. Não sei se capaz de perdoar vocês. Quem sabe com o passar do tempo? – Respondeu, ainda sem encarar o ex-ranger rubro.

— Obrigado, de verdade Blake. – Falou Hunter, muito mais aliviado.

— Ei, somos irmãos. Eu e você contra o mundo, lembra? – Falou Blake, sorrindo em seguida.

— É, eu e você contra o mundo. – Complementou Hunter, logo em seguida dando um aperto de mãos no seu irmão. E ele sabia que aquilo significava que os irmãos Bradley estariam de volta. Pelo menos por enquanto.

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— Sério que eles vão mesmo lutar? – Perguntou Kira, incrédula. Após o encontro dos Rangers Tempestade Ninja e Dino Trovão as duas se tornaram grandes amigas, mesmo com Tori tendo ficado com ciúmes da Ex-Ranger amarela com Blake. Sempre que possível, as duas conversavam pelo Skype.

— É sim. Eu pedi para o Hunter não fazer isso, mas ele disse que era necessário. – Respondeu Tori, com um tom preocupado.

— Eu te falei que era melhor você ter contado para o Blake. –Kira advertiu.

— Obrigada por não dizer: Eu te avisei. – Ironizou Tori. – Eu sei disso, não precisa ficar me falando o óbvio. – Respondeu, adquirindo uma expressão culpada.

— Desculpe, sei que já está se sentindo culpada o suficiente, não precisa eu ficar falando essas coisas. – Desculpou-se Kira. – Mas agora vamos falar de um outro problema que pode ser ainda pior. – Falou Kira, passando a ter um fisionomia mais séria.

— Que problema? Pior do que tá não fica. – Respondeu Tori revirando os olhos.

— Nós duas sabemos que você ainda ama o Blake. – Falou Kira, ignorando as lamentações da Ninja da Água.

— Já conversamos sobre isso várias e várias vezes, eu agora estou com o Hunter. – Respondeu Tori, indiferente.

— Uma coisa não impede a outra. Você nunca deixou de amar o Blake, a diferença e que antes ele não estava aqui, então você conseguia lidar com isso. Mas agora ele voltou. Não minta, ele mexe com você. – Argumentou Kira.

—  Kira, por favor, tudo o que eu menos quero falar agora é dos meus possíveis sentimentos pelo meu ex que agora é meu cunhado. – Pediu Tori, abaixando a cabeça em direção a escrivaninha do computador.

— Ok. Agora eu tenho que ir, já vai começar o ensaio para a gravação da minha música nova. Você vai ficar bem? – Perguntou Kira, preocupada.

— Sim, não se preocupe, pode ir. Bom ensaio. – Tori sorriu. Despediram-se e Kira foi para seu ensaio, deixando uma Tori cada vez mais preocupada com a possível verdade por trás das palavras da amiga.