A Filha Do Sol - Parte II escrita por Taty B, Let B Aguiar


Capítulo 13
Capítulo XII


Notas iniciais do capítulo

ESSE
CAPÍTULO
CONTÉM
SPOILERS
DE
A CASA DE HADES.
Fica inteiramente ao seu critério, leitor(a), a decisão de ler esse capítulo se você ainda não teve a oportunidade de ler o livro.

ANTES DE SE IRRITAREM COMIGO, LEIAM:

Eu preciso adicionar essa nova informação dada pelo Rick à história. Eu sei que escrevo, junto com a minha irmã, uma fanfiction: uma história alternativa, que pode ter nenhuma, pouca ou muita semelhança à narrativa original das séries em questão. Nós, desde o começo de A Filha do Sol, optamos por dar """""continuidade"""" à narrativa do Rick. NEM TODOS OS FATOS batem com o que foi escrito nos livros. Mas tentamos ao máximo, proporcionar uma fanfiction bem escrita e fiel à história que todos conhecemos. Ignorar o acontecimento implicado nesse capítulo prejudicaria as próximas temporadas da história E COM CERTEZA daria uma sensação de 'Ué, mas isso está infiel ao enredo' à vocês que já leram A Casa de Hades.

Espero que entendam!

Boa leitura :)



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CAPÍTULO XII

        LEO

Tão perto.
Essa pequena e singela expressão não abandonou meus pensamentos um segundo sequer depois da fatídica noite em que eu quase beijei a garota pela qual eu sou louco.
Quase. De novo, mais um quase atrapalhou meus planos e fez-me desperdiçar oportunidades únicas. Eu estava cansado de quases. Cansado de ser covarde e não ter atitude. Eu ignorei os conselhos de Johnny, mas a verdade é que ele estava coberto de razão: eu precisava confiar no meu próprio taco. Depois de muito raciocinar, tentando encontrar uma saída lógica para a questão, acabei admitindo que de fato o problema era eu, não as garotas.
Se eu quisesse ter a Pattie de vez, precisava deixar a insegurança de lado. O que eu fiz aquela noite foi inadmissível. Eu deveria ter lhe beijado, independente do medo. Não me admira que, na manhã seguinte, ela sorriu fraco para mim e parecia desapontada comigo. Pattie esperou algo que eu não fui capaz de lhe proporcionar.
Mas essa realidade estava prestes a mudar.
Eu tive uma conversa com Annabeth que me fez analisar a situação de outra maneira. Normalmente, nossos diálogos sempre acabavam em forma de discussão, pois nenhum dos dois gostava de admitir que estava errado... Me considerava muito mais amigo de Annabeth do que de Percy, só que nossa relação era complicada. Mas naquele dia após o ocorrido, a filha da sabedoria provou ser inegavelmente mais sábia do que eu.
- E então? – Annabeth apareceu no Bunker pela tarde, de repente. – Está preparado para ver a Pattie ir embora do acampamento sem ter mostrado a ela o quanto você a merece?
Quase martelei meu próprio dedo de susto ao ouvir sua voz.
- O que você tá falando? – me virei e dei de cara com Annabeth em sua típica pose de filha de Atena: de braços cruzados e lançando um olhar penetrante, te intimidando a concordar com cada uma de suas palavras.
- Leo, não é nenhum segredo: já faz um tempo que você nutre um sentimento romântico pela Pattie. – ela despejou. – O problema é que você é tão cabeça de alga quanto Percy. É incapaz de captar os sinais dados pelo sexo feminino.
- Eu estou acostumado com sinais vindo de sonares e computadores de bordo, não com sinais enviados pelo sexo feminino. – rebati, na defensiva. Annabeth possuía o dom de me intimidar.
- Isso é bem óbvio. Mas, se você tivesse deixado esse paradigma de lado e confiado mais em si mesmo, teria percebido que o sentimento é recíproco há, pelo menos, duas semanas atrás.
A sensação de estar mastigando areia invadiu minha boca. Eu odiava não saber o que dizer em resposta à Annabeth.
- Admita que você precisava ter escutado essas palavras para cair na real. – Annabeth pegou nas mãos o elmo de grifo que eu dei para Pattie. Continuei em silêncio. – Se for melhorar sua autoconfiança... A Pattie veio conversar comigo e com a Piper. Desesperada, porque ela está gostando de você, o melhor amigo dela, a primeira pessoa a lhe acolher aqui no acampamento... Desesperada, com medo de que você esteja pensando que não é bom suficiente para ela e desista por causa disso.
Queria que minhas cordas vocais emitissem um som, mas elas não estavam colaborando comigo. Se Pattie demorou meses para finalmente se dar conta de que eu sou apaixonado por ela, eu demorei quase três semanas para notar que nossa proximidade havia se transformado em algo mais. E dali a três dias, ela estaria voltando para Los Angeles.
Quando eu iria parar de fazer tudo da forma mais errada possível?
A resposta era óbvia. Quando eu parasse de ser cuzão, idiota, covarde e bunda mole.
- Annabeth. – minha voz saiu um tanto trêmula. – Acredito que você é a última pessoa que iria brincar comigo.
- Leo, por favor. – Annabeth bufou. – Eu não viria aqui, enquanto poderia estar terminando de ler A História da Arquitetura, de Jonathan Glancey, para te repassar mentiras. É sério. Você e a Pattie estão apaixonados um pelo outro. Parem de perder tempo! Não faça com ela o que Percy fez comigo. Eu esperei demais. E quando pude tê-lo, ele ficou fora do meu alcance por oito meses.
- O problema é que eu não consigo simplificar as coisas, Annabeth. E-eu...
- Você continua preso à promessa que fez há dois anos.
Não queria admitir que Annabeth fez a constatação mais correta de sua vida. Negligenciei esse pensamento desde o primeiro instante em que me dei conta de que me apaixonara por outra garota.
Uma garota real, que estava do meu lado o tempo todo e não presa em uma ilha impossível de ser encontrada duas vezes por um homem. Por quase dois anos, eu não achei que seria possível sentir algo tão intenso como o que senti por Calipso. Mas o sentimento aconteceu; sem aviso prévio, sem nenhum sinal dos deuses ou uma profecia. Pensei que poderia lutar contra ele, afinal, a Pattie gostava de outro cara. Ela não possuía nenhum motivo para se apaixonar por mim. Cada vez que eu a via beijando Ryler, sentia vontade de desistir e voltar a me agarrar àquela promessa feita instintivamente... Então ela me escutava por horas, me fazia rir com suas brincadeiras tão idiotas quanto as minhas e fazia eu me sentir o cara mais especial do mundo (e o mais traíra ao mesmo tempo). Pattie foi se tornando parte do meu ser. Não pedi para que uma pessoa tão incrível aparecesse e me arrebatasse dessa forma. E parecia que lá do Olimpo, Afrodite ria da minha cara, dizendo ‘Pobre Valdez, além de não cumprir suas promessas, se apaixona por outra garota, só que dessa vez ela é mortal e também está a fim dele. Que linda história de amor!”
Minha consciência pesava, mas não podia ignorar o fato de que tentei. Foram meses de trabalho em Festus, refazendo suas partes, usando a tecnologia das esferas de Arquimedes para formular um novo disco central... E no final das contas, nada funcionou. Ele continuava incapaz de levantar voo ou movimentar seus membros recém-feitos, sem motivo aparente; todas as peças, a parte elétrica, mecânica e mágica foram feitas com perfeição e precisão. Eu cheguei a implorar para os deuses fazerem Festus voltar a funcionar. Mas nada aconteceu. Era como se aquele projeto, em especial, estivesse amaldiçoado. Então, furioso, eu desfiz todo trabalho que tive e comecei a procurar outros métodos. Magia, teletransporte, mensagens de íris, mapas que mostram localizações impossíveis, construir um barco voador – porém, nada se mostrou eficiente. Eu devia ter levado as palavras de Calipso a sério. Fiz uma promessa vazia e nunca seria capaz de encontrar Ogigia novamente. A esperanças minaram. e por um bom tempo, não fui capaz de aceitar minha própria incompetência.
A realidade era simples: eu falhei. E como consequência, decepcionaria uma pessoa que não merecia ser decepcionada.
E se ela realmente decidiu me esperar? Eu chegava a ficar tonto quando a imaginava fitando a praia, esperando que eu aparecesse montado num dragão de bronze. Em vez disso, eu estava perdidamente apaixonado por uma semideusa de carne e osso; sem nem um pouco de imortalidade ou divindade. Apenas Patricia Veloso, com seu jeito atrapalhado e seu coração gigantesco.
Além de falhar, eu fui fraco e estúpido.
Entretanto, toda culpa, arrependimento e peso na consciência, não se comparavam ao medo. Medo de, em algum momento de minha vida, ser obrigado a cumprir um juramento que se esvaia lentamente conforme o tempo o fazia mais ínfimo e distante... E neste momento em questão, ter de deixar um futuro feliz para trás e um rastro de destruição na vida de quem estivesse ao meu lado.
Só que eu precisava tentar seguir em frente. A batalha entre os dois lados da minha consciência me matava devagar, como um veneno de dose perfeita. Eu merecia alcançar a felicidade que estava, de fato, batendo à minha porta, praticamente arrombando-a. E graças aos meus receios, aos poucos eu ia desperdiçando as chances de me sentir completo ao lado de alguém.
- Leo, você precisa seguir em frente. Você sempre fez isso, até quando enfrentou situações mais dolorosas. Não pode desperdiçar uma oportunidade tão maravilhosa como a que está tendo. Qual é o propósito em adiar a própria felicidade? Eu sou uma filha de Atena e ajo racionalmente o tempo todo. Mas o amor, Leo... ele não é racional. Ele é cruel, intenso e exige muito de quem ama. É necessário tomar decisões e ter coragem para se entregar. Eu sei que há tudo isso dentro de você. Só precisa tentar. E então, se libertar.
Um peso se depositou no meu estômago, como se eu tivesse acabado de engolir uma bigorna inteira. Annabeth sabia o que dizer, na hora certa e da maneira certa. Seus conselhos fizeram-me lembrar do velho Joey do papelão, um dos moradores de ruas mais antigos de Houston, que costumava dormir no mesmo beco que eu depois de fugir da primeira família adotiva que me acolheu. “Garoto, imagine se todas as pessoas do mundo não tentassem. Imagine se os médicos não tentassem salvar a vida de um paciente à beira da morte, criando o transplante de órgãos. Imagine se Nikola Tesla não tentasse contestar Thomas Edison e sua teoria da corrente contínua. Celulares? Televisão? Pff, esses jamais existiriam! Tentar é preciso, moleque. Se nunca tentarmos, nunca seguiremos em frente.”
Joey do papelão, na verdade, era um ex-professor de história que foi abandonado pela família ao ser diagnosticado com esquizofrenia. Porém, a doença não anulava a sua genialidade. E nem o poder de suas palavras.
A mesma regra se aplicava à Annabeth. Seus olhos cinzentos permaneciam vidrados em mim.
Respirei fundo. O ar tinha até se esvaído de meus pulmões. Deuses, Annabeth era genial em todos os sentidos. Eu precisava escrever minha própria carta de alforria e seguir em frente mais uma vez, independentemente das consequências. Se fosse para ser feliz, que pelo menos pudesse morrer certo de que tomei a decisão correta.
- Você tem razão, Annabeth. Eu não posso perdê-la. Não vou deixar isso acontecer. Vou dar continuidade à minha vida.
Ela abriu um sorriso satisfeito. Adorava quando admitiam que tinha razão.
- Eu acredito em você, Leo. Você é meu amigo, e eu quero te ver feliz por inteiro.
Dizendo isso, Annabeth largou o elmo de grifo em cima da mesa e saiu do Bunker. Eu esperava ouvir conselhos amorosos de Piper, de Johnny e, se bobear, até de Nyssa. Mas jamais premeditaria que Annabeth me diria tais sensibilidades. A realidade era bem simples: se eu, que nasci em meio a objetos inanimados e passo a maior parte do tempo imerso nesse universo à parte, cultivo sentimentos por alguém, por que Annabeth não teria o direito de sentir um desconforto no peito e a sensação singular de ter seus hormônios em combustão?
E foi aí que pensei: Porra, o que mais precisava acontecer pra eu ficar com a Pattie? Uma chuva de canivetes?
A mudança de atitude era imprescindível. E ela aconteceria. Na verdade, o projeto ‘ adeus covardia, olá liberdade’ começou no mesmo dia da conversa com Annabeth.
Pattie treinou a tarde toda. Percy abriu mão do seu tempo de treino e o cedeu a ela. Diferente dos outros dias, eu deixei meus projetos de lado e fiquei sentado nas arquibancadas com Piper, Johnny e Will. Adam estava treinando com Pattie (dos irmãos dela, ele era o menos pior com a espada), e apesar de ter trilhões de coisas para fazer, eu optei por apenas ficar observando-a. Não passei reto pela arena na intenção de não atrapalhá-la. No final das contas, ela só desejava a minha companhia.
No final do treino, ela praticamente se rastejou até nós. Tirou o elmo, balançando os longos cabelos castanhos, limpando delicadamente o suor da testa.
- Belo treino, raio de sol. – Piper comentou, arrancando um sorriso dela. Adam massageava o bíceps.
- Eu que o diga! – ele reclamou. – Mana, você é triste!
- E é por isso que ela vai ganhar amanhã. – Johnny exclamou. – VAI CHALÉ 7!
- Você grita demais, cara! – eu ralhei. – Quer um megafone?
- Não, obrigada. Eu já tenho um. – Johnny rebateu, afetado.
- Vocês dois deviam se casar. – Pattie rolou os olhos. – E então, Leo. – eu adorava prestar atenção na maneira como ela pronunciava meu nome. – Acho que temos uma biga novinha em folha para mostrar ao chalé 7.
Era verdade. Eu terminei a biga na noite anterior, aproveitando os momentos de solidão para refletir e trabalhar com força máxima.
- Estava quase me esquecendo disso. – eu abri um sorriso. – Se vocês quiserem vê-la agora...
Os irmãos de Pattie concordaram e Will foi chamar os outros para conferir o resultado final da biga que eu e Pattie construímos. Piper já havia visto, então, preferiu se preparar para o jantar. De fato, só Will, Johnny, Matt, Leroy e Adam nos acompanharam, pois os outros estavam ocupados em limpar o chalé. Andar pela floresta era muito mais fácil durante o dia. Os raios solares do crepúsculo brincavam entre as árvores, anunciando a chegada da noite. E eu só desejava ter um momento a sós com Pattie.
Foi gratificante ver a reação de Will ao bater os olhos na biga novinha em folha. Eu fiz questão de desenvolver uma cabine mais confortável do que a anterior, já que tive a oportunidade de reconstruí-la por inteiro. Agora, a biga contava até com um sistema de ar-condicionado. Pattie sustentava uma expressão leve e serena, como se um peso tivesse saído de suas costas.
- Caramba, vocês capricharam! – Matt passava as mãos em um dos pégasos autômatos de bronze. – Está mil vezes mais bonita que a outra.
- Quem fez os desenhos? – Will analisava os entalhes feitos por Pattie na lataria da biga.
- Fui eu. – ela respondeu, orgulhosa.
- Ah, é lógico que foi a Pattie! – Johnny debochou. – O Leo não tem essa delicadeza toda. Ogros não são delicados.
- Você está no meu Bunker, falando da minha biga e da minha – Pattie trocou um olhar tenso comigo. – assistente. Então, por favor, cierra la boca.
- O que? – Johnny perguntou, esboçando sua típica expressão de ‘hã?’. Pattie foi a única que entendeu e balançou a cabeça, rindo.
- O chalé de Ares não está nem aí pra essa biga. – Leroy falou. – Ela deveria ser considerada só nossa.
- Ela é só nossa. – Will disse. – Eles não precisam ficar sabendo disso. – e deu uma piscadinha no final da frase.
- Até todos começarem a brigar de novo. – Adam sussurrou e ouvimos, ao longe, o som de concha que anunciava o jantar. Isso correspondeu a um tiro de largada para eles.
- Cara, você só percebe quando está com fome – Johnny começou. – quando escuta esta porra desse barulho que mais parece um elefante espirrando. Se me dão licença, eu vou me fartar de comer. A biga ficou muito maneira, casal. Parabéns!
A palavra casal fez minhas bochechas esquentarem perigosamente. Matt olhou de mim para Pattie de uma forma descarada e estranha.
- É, acho melhor todos irmos comer. – ele anunciou, incentivando os irmãos a saírem do Bunker. Will ficou para trás, sorrindo para mim e para Pattie.
- Não sei como agradecer. – ele parecia um pouco sem jeito. – A biga de vocês ficou incrível. Nem sei se eu merecia tanta dedicação. Obrigado.
- Para com isso, Solace. Se quer me agradecer, me dê dracmas. – eu repliquei, mas é óbvio que eu estava brincando. Não era tão explorador assim.
- E eu pensando que era tudo de coração! – Will se fez de ofendido e Pattie apertou suas bochechas.
- Foi de coração, sim. Você realmente vai levar o Valdez a sério? Seu sorriso é o melhor agradecimento. Agora pode ir jantar. Vou pegar minha armadura, que esqueci aqui, e já vou.
Pattie dispensou o próprio irmão para ficar a sós comigo.
Inspirar. Respirar. Controlar os batimentos cardíacos e a temperatura corporal. Não pensar demais. Bem simples.
Will deu as costas e saiu do Bunker, adentrando a floresta. Eu pensei que Pattie se aproximaria ou diria alguma coisa, mas ela andou até a mesa onde sua armadura jazia e a observou.
- Você a poliu e consertou o risco que Ryler fez. – Pattie murmurou, pegando a peça com as mãos. – Além de ter dado um tapa no escudo.
- Sim. – foi o que consegui dizer, sem tirar os olhos dela por nenhum segundo.
- Me ajuda a levar? – ela pediu, lançando-me um sorriso que aqueceria até a mais fria das almas. Eu concordei e peguei o escudo e o elmo. Tanta expectativa foi por água a baixo. Pattie foi em direção as portas e saiu do Bunker. Não tive opção a não ser segui-la.
Eu não podia tolerar o silêncio que se estabeleceu entre nós. Pattie andava rápido, me desafiando a alcança-la. Vários diálogos se formavam em minha cabeça, porém, um era pior que o outro. Aproximei-me dela, andando lado a lado, fazendo com que nossos braços se roçassem, e comecei a dizer:
- Pattie... – eu tentei com todas as forças, mas não consegui evitar que minha voz falhasse um pouco. – Me desculpe pelo episódio com a Daisy. E-eu... Não tive a intenção de te ofender. E nem de trazer a tona seu relacionamento com o Ryler. Eu fui hipócrita. Já fiz o mesmo com você.
Esse pedido de desculpas deveria ter saído dos meus lábios no dia em que brigamos. Para que eu conseguisse tê-la, todo tipo de ressentimento merecia ficar para trás.
Pattie parou de chofre. Estávamos praticamente na saída da floresta; não notei que andamos tão rápido assim, e menos ainda que levei tempo demais pensando no que falar.
- Leo, você não tem que pedir desculpas. – ela falou, me fitando com seus inquietos olhos azuis. – Eu estava errada. Não deveria ter tratado você nem a Daisy daquela forma. Fui tão ridícula que não tenho palavras para me descrever.
- E eu não devia ter sido tão estúpido com você. – fiz uma objeção. – Você tem todo o direito de sentir ciúmes de mim. Porque eu também sinto ciúmes de você.
Pattie se aproximou, entrelaçando sua mão livre na minha. Ela se encontrava tão perto que eu sentia a sua respiração bater no meu rosto, me causando uma sensação arrasadora de combustão instantânea.
- Nada de desculpas. – ela propôs. – Vamos esquecer isso. Amanhã vai ser um dia muito especial. E, sem dúvidas, eu quero você ao meu lado.
O aperto da sua mão era forte e me fazia querer derrubar aquele escudo e o elmo no chão para abraça-la e senti-la até me enjoar, se isso fosse possível. Seus olhos me hipnotizavam de uma maneira arrebatadora, afastando a possibilidade de uma reação digna vinda de minha parte.
- Amanhã é um dia especial, óbvio. É o seu aniversário. – abri um sorriso sincero e ela imitou meu gesto. – E mais óbvio do que isso que eu acabei de falar, só eu dizendo que continuarei ao seu lado.
- Como se lembra do meu aniversário? Eu nem te disse o dia exato! – Pattie argumentou, não desfazendo seu sorriso incrível.
- Eu fiz as contas. O dia em que conversávamos e você comentou do seu aniversário, era primeiro de agosto. Vinte dias depois, seria vinte e um de agosto. Simples. – Pattie soltou uma risada discreta e agradável de ouvir.
- Você nunca deixa de me surpreender, Valdez. Nunca.
- Espero que o meu presente também te surpreenda. – deixei escapar propositalmente. A realidade é que não estava planejando lhe dar apenas um presente. Mas sim, dois.
- Um simples gesto já me surpreenderia. – suas palavras fizeram meu coração quase saltar da caixa torácica. Sem aviso prévio, Pattie se inclinou para frente e, para minha total surpresa, depositou um beijo em meu rosto que passou super perto dos meus lábios. Ela estava determinada a acabar comigo, não era possível. Foi difícil controlar meus instintos e evitar que alguma parte do meu corpo entrasse em chamas. – Vamos levar essas bugigangas para o meu chalé antes que o jantar termine.
Eu assenti, continuando a carregar as partes da armadura até o chalé 7. Colocamos as peças num canto e rumamos juntos para o refeitório, meu braço direito envolvendo os ombros dela, sem receio, sem vergonha e sem medo. Estava decidido: ninguém (e nada) seria capaz de estragar o que estávamos começando a viver juntos.


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Notas finais do capítulo

E então? O que vocês acharam? POR FAVOR, expressem suas opiniões. A fic é editável e estamos abertas à sugestões.
Obrigada por estarem acompanhando a fic até aqui e desculpem pela menor frequência de postagens. A vida não tá fácil pra ninguém.
Beijinhos ♥

Taty xX