O Adeus De Willy Wonka escrita por dayane


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

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Capitulo 3: Más noticias

Ele também previa tudo...

Não era de se assustar quando Mike Tevee convocou a imprensa mundial para encontrá-lo no hotel cinco estrelas da mesma cidade em que a Fantástica Fábrica de Chocolates residia.

Charlie observava todos os canais disponíveis em diversas televisões. Cada televisor em um canal mundial, fazendo com que o herdeiro sentisse orgulho de ter convencido Willy a assinar contrato com uma empresa de canais via satélite.

O chocolateiro não queria aceitar a empresa, pois ela teria que instalar diversos cabos e os instaladores teriam de andar por sua fábrica. Quem provaria que nenhum inimigo se disfarçaria de técnico e roubaria suas receitas?

Charlie tinha tido um trabalho árduo durante todo o processo e ainda assim se responsabilizou por possíveis falhas.

Mas agora tinha o prazer de ver o quão previsível Mike Tevee poderia ser. O jovem havia reunido a imprensa de todo o planeta para informar que Charlie havia acusado Willy Wonka de ter abandonado a fábrica por não estar mas tendo ideias mirabolantes.

– Eu não consigo entender esse Charlie, por que ele contaria algo tão importante quanto isso, sabendo que Mike Tevee ia espalhar?

Violete Beauregarde estourava uma bola de chiclete enquanto via o canal local da fábrica. Ainda estava hospedada no hotel, assim como Augustus Gloop e Veruca Salt, afinal todos imaginaram o que Mike Tevee ia aprontar algo.

Ela riu enquanto relia o bilhete que estava no envelope com a reserva. Havia compreendido, assim que os olhos leram o bilhete que acompanhava a carta, que Charlie era tão esperto quanto o chocolateiro que foi seu tutor.

– Ele previu tudo! Previu que Mike Tevee seria o primeiro a sair e que todos saberiam que ele espalharia para o mundo o que Charlie havia contado.

A Beauregarde escutou batidas na porta de seu quarto e permitiu que a pessoa entrasse, afinal ela sabia que Augustus Gloop e Veruca Salt não seriam tão burros a ponto de não perceberem que os três teriam que dar algumas palavras para a imprensa.

Onde quer que Willy Wonka estivesse ele acabaria vendo o que Charlie havia dito para os jovens e Charlie sabia que o maluco criador da fábrica não havia morrido. O herdeiro só deveria arranjar uma forma de chamar a atenção de Wonka e, por que não, utilizá-los?

No dia que sucedeu a entrevista de Mike, uma multidão entupia os portões fechados da fábrica e o pai de Charlie quase não conseguiu entrar em sua casa. Ver seu pai ali poderia ser algo bom ou ruim, mas Charlie só descobriria horas mais tarde.

E vendo que não arrancaria nada de seu criador, o herdeiro de Wonka colocou-se a trabalhar na sala de invenções até que desse a hora da conversa.

Já era tarde quando o senhor Bucket contou aquilo que Charlie não queria escutar. O mais novo precisou de algumas horas para, finalmente, conseguir digerir as palavras de seu pai.

– Diga que está brincando comigo!

Se o senhor Bucket não tivesse o ouvido bem treinado, não teria escutado a voz do filho.

– Infelizmente não.

Observou o pequeno garoto que parecia desnorteado, mas que para muitos estava aceitando a situação como homem. O pai de Charlie, sabia que o garoto já havia suportado dor demais e que agora estava tentando reparar as rachaduras, mas para o bem do próprio garoto aquele muro teria que ceder.

Havia contado ao filho a péssima notícia que trazia, mas o garoto continuou com a refeição. Depois partiu para algum cômodo da fábrica e sumiu durante o dia todo. Só voltou a ver o filho durante o jantar.

Charlie ainda aguentou metade do jantar. Depois disso, as palavras, a notícia, não podiam mais ficar inexistente em sua mente. Não havia mais um lugar para fugir.

– A vida parece até... Parece até brincadeira. - Os lábios tremiam e o menino parecia engolir algo que não gostava. Tinha largado a comida pela metade e saiu caminhando e murmurando diversas coisas. Seu pai tinha acompanhado cada passo. Quieto, quase inexistente. - Na verdade parece até que... que eu sou brinque... - Charlie sentiu aquela tristeza forte e se calou.

Queria acabar com aquela dor.

– Você está bem? - A preocupação do pai emergiu por entre as dúvidas, mas o garoto apenas concordou com a cabeça e manteve os olhos pregados na neve.

Quanto tempo havia caminhado? Quando foi que seus passos lhe guiaram até a neve?

A pergunta voltou a bater em seu ouvido e ele voltou a concordar. Não conseguia falar, alguma dor forte em sua garganta impedia que qualquer palavra saísse. Mas quando a pergunta lhe atingiu novamente forçou a voz, deixando que apenas um sussurro, inaudível e rouco, saísse de seus lábios.

– Você não está bem!

Não, não estava. Negou com a cabeça e a voz bateu em seu ouvido pedindo para chorar. Não queria chorar. Não podia chorar. Tinha uma fábrica para controlar, Oompa Loompas para administrar e cuidar, chocolates e doces para inventar... Tinha que ser forte e aceitar que era apenas uma fase...

Mas, por mais que quisesse ser forte, percebeu a primeira lágrima a cair de seus olhos. Involuntária e sem permissão. “Chorar faz bem, limpa a alma.” Dizia a vozinha em seus ouvidos.

Mas não queria chorar e aquela dor em sua garganta, apertando-a e impedindo de engolir, falar ou respirar estava lhe torturando. Então Charlie percebeu que não chorava pela dor do sentimento e sim pela reação que o sentimento dava em seu corpo.

Deixou-se cair ajoelhado na neve branquinha e soltou o ar pela boca com força.

Uma rápida lembrança correu em sua mente. Lembrou-se de Willy.

“Charlie! Não gosto de ne..." O chocolateiro reclamava de terem que sair do aconchego quente da fábrica “Como ousa jogar uma bola de neve em mim?!”

Willy não suportava neve. Odiava sair de sua fábrica, até mesmo ir para o pátio dela. Qualquer contato com o ar externo lhe deixava subitamente irritado. Mas naquele dia, ele jogou sua bengala longe e brincou por horas com Charlie... E era covardia ir embora assim, sem uma despedida de verdade!

Puxou o ar novamente e sentiu como se sua garganta tivesse sido cortada, assim soltou o ar em um grito agonizante que atormentou o silêncio da cidade.

Ah, como chorou naquela neve branca, derretendo apenas um pouco do frio e quebrando a paz da cidade. Logo que se rendeu ao choro, sentiu um corpo quente e gostoso abraçando-lhe.

Queria saber quem era aquela voz que lhe sussurrava ao ouvido “vai ficar tudo bem, eu estou aqui contigo!”. Como queria! Mas não tinha coragem de olhar.

– Não se preocupe, você vai aguentar firme meu campeão. - Olhou para a pessoa e por um seguindo viu seu avô. Aquele que lhe ajudou a ganhar a fábrica, aquele que lhe fizera rir e lhe contara as malucas aventuras de Willy Wonka, mas piscando, percebeu que era seu pai e agora seu único parente vivo.

Curvou-se no chão abraçando as pernas e formando um casulo. Urrou em meio as lágrimas, mas o som fora abafado.

Quando abriu os olhos novamente, estava na cama. Queria permanecer ali, mas sua mente trabalhava a mil por hora lhe trazendo ideias e memórias ao mesmo tempo. Os olhos estavam inchados e as lágrimas secas deixavam os cílios endurecidos.

Caminhou até o banheiro e lavou o rosto, antes e depois de escovar os dentes. Olhou-se no espelho e viu o inchaço, que já havia diminuído, e os olhos vermelhos. Apertou os olhos e sentiu-os arder ao mesmo tempo em que relembrava o sonho que havia tido.

Havia sonhado com um dia em que, quando era menino, machucará o joelho e sua avó Georgina lhe dizia “nada de chorisso menino!”.

Abriu os olhos e sorriu. Retirou as roupas e se jogou sob a água quente do chuveiro.

Seus pensamentos trabalhavam a mil e precisava sair logo daquele banho. Vestiu roupas em cor amarela para ter mais energia e correu para a sala de invenções enquanto segurava o chapéu que combinava com a roupa.

Entrou na sala e virou a folha do flip-chat. Pegou uma caneta vermelha e escreveu a palavra inventada pela vovó Georgina. Ao lado da palavra foram feitas quatro setas e cada uma recebera um nome.

“Estrelinha, assim que eu começo minhas invenções e sempre dá certo.” Willy sorria enquanto alisava a folha do flip-chat. “Primeiro eu dou um nome geral e depois segundos nomes”.

“Mas, senhor Wonka, não seria mais fácil fazer o doce e depois o nome?”

“Seria, mas imagine que você criou uma bala vermelha e com sabor de banana. Que nome você daria?” Charlie manteve-se calado. “Quando se cria um nome, já se imagina como será.”

Charlie sorriu com as lembranças. Seu pai o observava através da porta sem compreender como seu filho conseguia sorrir sendo que não tinha motivos para isso.

Algumas horas depois havia nascido as primeiras amostras do chocolate Chorisso de sentimentos, com os sabores de Chorisso de dor, Chorisso de alegria, Chorisso de tristeza e Chorisso de Chorisso.

E Charlie sabia que eles venderiam, pois quando sentimos dor, fazemos de tudo para sentir mais e mais dor, quando estamos felizes, fazemos de tudo para fica mais e mais feliz e no final, queremos apenas aumentar este sentimento que nos controla.

– O ser humano é maluco não é? - Charlie viu seu pai entrar na sala de criações e sorriu de forma triste.

– É papai, tanto quanto chocolate.

– Charlie, eu não queria te interromper, mas aquele garoto disse coisas ruins sobre o Willy e você não disse nada, a imprensa ainda está na porta da fábrica.

– Eu sei papai, mas já não está sob o meu poder. Deixe que a imprensa uma hora se cansa, fala coisas ruins e vai embora. - Charlie sorriu enquanto observava a reação do chocolate em um Oompa Loompa.

– Você planejou tudo não é? - O homem sorriu para o filho.

– Sim. - Anotou algumas coisas no papel. - Mike Tevee adoraria se expor para destruir a reputação do cara lhe humilhou. Ele seria o primeiro a sair e reunir a imprensa o mais breve possível, como eu herdei a fábrica e Willy sumiu, ele se vingaria de mim, expondo o que eu disse. Eu apenas mantive o garoto sob meu olhar e só tenho que esperar a reação da Violete Beauregarde, do Augustus Gloop e da Veruca.”

O Oompa Loompa que experimentou o chocolate, agarrou a perna de Charlie enquanto chorava e clamava por mais chocolate.

– Acho que tem sentimento demais - O pai de Charlie disse e o garoto riu.

Um Oompa Loompa entrou correndo na sala e puxou a barra da calça que Charlie usava, o Garoto olhou e o Oompa Loompa mexeu os braços avisando que alguém queria falar com ele e que precisava conversar urgente.

Charlie mexeu os braços em uma sequência em que agradecia ao Oompa Loompa pelo alerta. O herdeiro olhou para o pai e pediu que cuidasse do Oompa Loompa, seguindo para a porta da fábrica, onde Mike Tevee estava o aguardando.

Passou pelo jardim comestível e puxou uma bolinha de chocolate de uma árvore, passando a degustá-la com prazer. Ao chegar onde Mike Tevee estava recebeu uma pergunta que lhe fez sorrir:

– Esse cheiro insuportável de chocolate sempre está presente?

– Você se acostumaria, se tivesse ganhado essa fábrica.

A voz era suave e Charlie pediu para que o jovem sentasse em alguma cadeira.

– Não preciso sentar, quero apenas te dizer que... - Ah mas Charlie cortou o garoto. O jovem, que agora, carregava o sobrenome Wonka jogou-se em uma poltrona marrom e sorriu docemente interrompendo o jovem Tevee:

– Não ache que eu vou me desesperar por você ter dito à imprensa o que eu disse no café que eu ofereci para vocês. - Charlie mordia o doce com calma, irritando ainda mais o garoto que estava perto de explodir em um mar de fúria.

Aquele corpo jogado na poltrona, com o braço envolta do encosto e as pernas cruzadas era a mesma pose que Willy Wonka tinha. A astucia, a arrogância, a elegância.

– Deveria. Você vai aparecer como um vilão para a sociedade do mundo todo, afinal, Willy Wonka deu dignidade para a sua vida! - Mike Tevee sorriu com os braços cruzados.

– Mesmo? Você teria aprendido muito com Willy, sabia?

– Aquele cara era louco, e você também esta!

– Tevee, eu sabia que você ia correndo para a imprensa, por isso deixei vocês quatro em um mesmo hotel. O hotel é perto de mim, e ainda tenho a sorte de você ser vingativo. - Charlie apreciou o ultimo pedaço de seu doce. Suspirou sentindo o gosto perfeito que Willy havia criado. - Willy não me deu dignidade, isso eu já tinha.

– Esclareça, senhor cheio de dignidade. - Ironizou.

– E eu vou. - Olhou para a visita, mas não perdeu a calma. - Por ser vingativo você quer destruir a fábrica e manchar minha reputação, mas se torna previsível. Eu sabia que você ia convocar a imprensa mundial e ia fazer tudo o que fosse necessário para ter informações da fábrica. Espalhando o que eu disse vai atingir Willy Wonka onde quer que ele esteja. Afinal ele precisa ficar atento sobre como a fábrica está caminhando.

– O que?

Tevee sentiu-se usado.

– A fábrica é a vida de Willy, se ele souber que algo esta destruindo a fábrica dele ele volta. Se ele for menosprezado ele volta. Se for desafiado...

– Maldito, você me usou! - Mike Tevee socou o encosto da poltrona, em que Charlie estava, com a mão direita e apoiou a mão esquerda no braço dela.

– Sim.

– Eu vou te destruir Charlie Bucket! - Sussurrou para o novo dono da fábrica. - Ou prefere, Charlie Bucket Wonka? Só saiba que eu vou te destruir!.

– Vai sim, mas antes vai ter que procurar outros meios.- A mão herdeira escorregou pelo bolso da calça do visitante, pegando um pequeno aparelho. Enquanto o observava, o herdeiro continuou: - Porque este meio, meu amigo, vai ficar aqui.”

– Não pode ficar com este aparelho. Seria roubo!

– Posso sim, está no contrato que você assinou assim que pisou dentro dessa fábrica.

Ah sim, havia percebido o volume de algo no bolso dele assim que o viu.

Mike Tevee saiu em uma fúria descontrolada e Charlie nunca ouviu tantos adjetivos negativos para classificá-lo em toda a sua vida.

Observou o gravador e o material que Mike Tevee tentou levar para a imprensa.

Teria que ter muito cuidado com aquela fera, pois, agora que estava furiosa, ficaria mais difícil de saber o que ele planejaria. Porem uma coisa que surpreendeu Charlie: a forma com que Mike Tevee o havia chamado.

Era como se soubesse de toda a sua vida e isso significava que o garoto vivia para destruir a fábrica.

Precisou adotar o sobrenome Wonka para poder herdar a fábrica. Seus pais tinham aceitado, desde que o nome Bucket permanecesse. Nunca havia assinado como Charlie Bucket, sempre como Charlie Wonka. No máximo usava um B. Para representar o nome de sua família, nada além disso. Também nunca divulgou a adoção. Nunca permitiu que falasse sobre. Todos os artigos que utilizavam o sobrenome Bucket havia sido destruído. O nome era só uma lembrança para a sociedade.

Só falava do Bucket para seus melhores amigos. Pessoas de sua confiança.

Mike estava vivendo para destruir aquela fábrica e a todos que nela viviam. E isso, segundo as crenças de Charlie, era ruim para Mike.




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Notas finais do capítulo

Eu precisava de um personagem que fosse o vilão. Alguém que não tivesse medo de correr riscos e que tivesse sede de vingança.Não encontrei ninguem melhor do que Mike Tevee. Ele é astuto e vingativo. Claro que ser esticado seria visto por ele como uma humilhação.Apesar de amar Willy e gostar muito de Charlie, acabei me apegando a personalidade que dei para Mike.Obs: está história também é postada em outro site.



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