Passar o dia com Diego era a melhor coisa que eu podia fazer. E foi o que fizemos naquele sábado. Assistimos filmes chatos, comemos muitos doces e rimos de tudo. Eu adorava aquilo, a forma como ele me tratava. Ele me deixava zonza com seus beijos entorpecedores. Eu não conseguia sentir mais nada além daquilo e ele era tudo que eu queria.

Só fazia uma semana que a gente se conhecia, mais eu já sentia que gostava dele mais que qualquer coisa e eu só queria ficar com ele. Não queria magoar Diego e eu sabia que teria que fazer alguma coisa pra mudar tudo. Eu teria que impedir que Bruce fizesse qualquer coisa contra ele. Mais eu só não sabia o que fazer.

À noite Rodney ligou, queria falar comigo e com Luca.

– O que houve Rodney? – Luca perguntou.

– Bruce disse que já chegou a hora de entrarem na casa de Diogo – ele avisou.

– Mais... – comecei só que Luca fez o gesto pra que eu não dissesse nada.

– A gente vai fazer o que tem que fazer Rodney – Luca disse me encarando.

– Tudo que tem que fazer é só investigar e... – Rodney começou mais depois disto eu não escutei mais nada. Eu não queria machucar Diego de nenhuma forma.

Depois de desligar o telefone resolvi dar uma volta. Eu estava cansada da vida que levava e pensava em alguma forma de evitar que o meu mundo desabasse e que assim Diego se machucasse. Eu só queria ser feliz, ou não ter me apaixonado por ele. Eu sabia que algo ruim iria acontecer e percebi que poderia dar a minha vida para salva a de Diego.

Voltei para casa e Luca estava na sala olhando o computador.

– Luca você quer ficar livre da Marshal & Goldsmith? – eu perguntei a ele.

– Do que está falando Luce? – ele perguntou.

– Exatamente o que você ouviu? Já sentiu vontade de ser livre? De destruir aquele império sórdido? – continuei.

– O que você tem Luce? – ele perguntou. – Parece louca... Ah já sei. É sobre Diego. Você gosta dele, e quer mudar o destino da família dele não é?

– No começo pensei em mudar só o dele, mais pensei bem e vi que o nosso Luca, o nosso é o pior. Passaremos nossa vida inteira sendo mandados a cumprir missões e matando pessoas e na maioria das vezes envolvendo pessoas inocentes nisto?

– Você nunca teve problemas com a morte e nem eu – ele argumentou.

– Mais depois que entramos na escola e vimos pessoas com pensamentos diferentes do nosso eu passei a pensar diferente também. Não teria problemas em matar alguém, mais se isto for machucar alguém que gosto é algo que me faz sofrer. E eu não quero passar minha vida inteira naquela prisão cumprindo ordens do Bruce.

– Eu sei – ele olhou para o piso branco, estava pensativo e eu sentia muita vontade de saber o que ele pensava. – O que iremos fazer?

* * *

Eu ainda não sabia o que iriamos fazer. Luca havia me dito que tudo que ele sempre quis era sair da Marshal & Goldsmith e o que ainda lhe mantia preso àquele lugar era apenas eu. Ele achava que eu gostava daquela vida, que eu me sentia bem com tudo aquilo e perguntei-me como ele, que tinha habilidades de pressenti e entender sentimento, pensava assim. Eu estava pensando no que fazer quando a frase de Vitoria me veio a cabeça.

“E você tem algum valor Lucinda?”

Porque aquilo estava me incomodando tanto? Eu nunca tive problemas com este tipo de ofensas mais aquilo não saia da minha cabeça e eu concordava com ela. Eu não tinha valor algum e era bem pior que Vitoria, afinal ela era só uma ex namorada irritante que adorava provocar e gostaria de me ver longe. Mais eu já havia matado e não me custaria nada fazer isto novamente. Eu não havia matado uma ou duas pessoas, eu havia matado milhares de pessoas tanto inocentes quanto culpadas, e as imagens não deixavam de passar em minha cabeça como uma tortura. Eu lembrei da primeira pessoa que matei, era só um teste. Eu tinha dez anos, ela era uma ladra e meretriz e eu havia perfurado seu coração com um punhal. Depois eu fugi, eu corri sem entender o motivo de ter feito aquilo, mais não tive medo e não derramei uma lagrima sequer. Apenas fiquei correndo, tentando fugir de mim mesma. Foi uma terrível sensação e eu achava ser a pior até descobrir que gosto de viver e gosto de viver com Diego.

Eu tinha que tira-lo desta situação de maneira que ele não saísse ferido e não me descobrisse. Se Diego soubesse jamais iria querer me ver.

Luca entrou correndo em meu quarto.

– Luce, Bruce ligou – ele disse, mais tinha algo mais. – Eles estão vindo... os vingadores.

– O que?

Saltei da cama. Os vingadores eram uma espécie de clã de cinquenta e três pessoas e eles treinavam para matar qualquer tipo de aberração, como Luca e eu, ou agir como Bruce. Mais éramos inimigos e há muito tempo eles nos procuravam, especialmente a mim por ter matado a filha do chefe Jimmy. Eles eram humanos difíceis de matar e ninguém iria querer confusão com eles.

Sorri e Luca me olhou com uma expressão confusa mais não surpresa.

– O que esta tramando? – ele perguntou.

– Lembra que antes de matar Jessica, o irmão dela Kyle era apaixonado por mim? – perguntei.

– Mais agora ele quer sua cabeça em uma bandeja – ele sorriu.

– Eu sei, mais se eu conseguir ficar só com ele por uma hora no mínimo vou conseguir entrar em sua mente... – contei.

– Mais o que importa é o pai dele, sem a ordem do chefe você não vai conseguir nenhuma trégua.

– O que Kyle quer, Jimmy faz. Sempre foi assim...

– Certo. Pode dar certo. E depois?

– Depois? Conseguiremos os aliados contra a Marshal e Goldsmith – eu disse com um sorriso malicioso e vitorioso.

– Por que você matou Jessica? – ele perguntou, eu sabia que meu irmão tinha uma leve paixão pela Barbie vingadora.

– Ela falou sobre termos sido vendidos por nossos pais e naquela época eu ainda não controlava meus sentimentos. Sei que não devia tê-la matado mais... Aquilo que ela me disse foi horrível apesar de fazer sentido – eu disse. – Desculpe, eu sei o quanto você gostava dela. Você sempre teve mais sentimentos do que eu... Eu nunca senti nada de verdade.

– Até agora – ele sussurrou. – Eu sinto falta dela. E eu entendo o que houve com você, Jessica sempre foi provocadora... E se pudéssemos a trazer de volta?

– O que? – perguntei. – Nada contra Luca, mais ela deve estar horrível agora. Mais magra que de costume.

– Luce é serio, eu escutei Bruce dizer algo sobre uma bruxa que vive no Alasca – ele disse.

– Uma bruxa? Esta brincando né? – ele me olhou serio – Foi mal, mais isto é sinistro. Mais, sim eu te ajudo no que for, eu sei que é isto que quer. Quem Bruce queria ressuscitar?

– Eu não sei. Deve ser alguém especial – ele disse.