Inverno 14 - Cerimônia do Casamento

Billy

Green estavam em minha casa desde o início do dia, me ajudando a preparar tudo para hoje à noite, a grande noite, a noite do meu casamento. Ele me ajudava a organizar alguns preparativos para festança, após a cerimônia, e também algumas coisas do próprio casamento. Estávamos fazendo uma faixa branca para colocá-las no alto da igreja, estávamos arrumando alguns arranjes de flores também, mesmo sendo trabalho das moças, que sabem melhor do assunto. Mas de acordo com a minha futura esposa, ela estava muito ocupada, se arrumando para hoje no final da tarde.

Green, meio desajeitado, foi pegar um vaso de vidro no armário para mim, para colocar algumas flores ali dentro. Pegou um banquinho para alcançar as portinhas que ficavam bem em cima. Subiu, abriu o armário, procurou um vaso, mas só encontrou suprimentos como biscoitos, salgadinhos, geleia, amendoins em saquinho, e algumas outras coisas. Ele abriu espaço entre umas caixinhas de leite que estavam ali, e viu uma coisa brilhante, era o reflexo de alguma luz, em um vidro, só podia ser. Tirou as caixinhas que atrapalhavam, e pegou o vaso. Fechou as portas, com o jarro entre os braços, e quando foi descer do banquinho, se desequilibrou e caiu com tudo no chão, fazendo assim o vaso se espatifar no chão, espalhando cacos de vidro para todos os lados.

- Ah, cara! - disse olhando para o estrago que tinha feito - Olha o que eu fiz!

- Esquenta cabeça não, Green! - eu disse apoiando minha mão sobre seu ombro esquerdo - Temos o dia todo para arrumar tudo isso ainda. Dá uma passada lá no mercado e compra outro.

- Ah, por que eu? Sempre eu! - disse reclamando.

- Oras! Primeiro foi você quem quebrou e segundo, eu não posso ir lá! Hayley pode estar lá se trocando e você sabe que se o noivo ver a noiva de vestido antes do casamento da azar, não sabe? - eu disse já empurrando ele para a porta.

- Tá, tá, tanto faz. - e saiu.

- Bem, o que eu preciso fazer agora...? - pensei alto - Ah sim, tenho que deixar as alianças com Green, já que ele vai ser o padrinho... - saí procurando as alianças pela casa. - Acho que as coloquei aqui, não foi? - Abri as gavetas da cômoda, à procura, mas não achei nada, tirei todas as três gavetas dali, para ser mais fácil de procurar. Procurei embaixo de uns papéis que ali tinham, dentro de uma caixinha, atrás de um fundo falso, que tinha colocado ali para esconder algumas coisas preciosas, mas nada, não consegui achar. - Cadê!? - já estava ficando preocupado, revirei a casa inteira. Procurei debaixo do meu travesseiro em minha cama, nada. Sob as roupas que estavam nas gavetas do meu armário, nada. Sob os talheres e utensílios de cozinha nas gavetas da cozinha, nada. Nos armários da sala, atrás de umas esculturas pequenas de gesso, nada. Procurei no chão da sala e no do meu quarto, talvez eu tinha deixado elas caírem enquanto as segurava mas não tinha percebido, mas nenhum vestígio. Peguei umas roupas que estavam sobre a minha cama, e as chacoalhei, nada.

Eu estava quase desistindo de procurar. Era só eu ir na joalheria ali perto e comprar, aliás, eu tinha dinheiro, e ninguém iria ficar sabendo que eu perdi as outras, o único problema é que aqui não tinha joalheria, e que Ulisses, só fazia estas alianças raramente, e demorava bastante para estarem prontas. Minha vida estava um desastre. Mas então lembrei de um lugar secreto que eu mesmo tinha feito na casa. Fui até a cozinha, peguei um pedaço de ferro torto, me abaixei perto da bancada, enfiei meu braço no espaço que tem debaixo dela, e com o ferro, tentei encachá-lo em um buraco que ali tinha, quando consegui, puxei o ferro um pouco pra baixo e puxei ele de volta para fora. Um compartimento tinha caído, do lugar onde eu estava mexendo. Abri uma portinha que ele tinha, na esperança de talvez eu ter colocado as alianças ali, mas lá só tinha um pouco de pedras de ouro, daquele dia em que consertei a mina. Levantei, saí da cozinha, passei pela sala, e fui para meu quarto, chegando lá, pulei e me joguei na cama, com as mãos em minha cabeça, e com os olhos fechados, resolvi pedir à Harvest Goddess para que me ajudasse a achá-las.

- Ó Harvest Goddess, por favor, peço que me ajude, com todas as suas forças, a encontrar as malditas alianças! Eu não posso ter perdido elas! Não posso! Hayley vai me odiar para sempre, e então quem vai abandonar alguém, vai ser ela! Por favor! - nisso, Green chegou em casa, com uma sacola de compras de papel, nela deveria estar um vaso, substituindo o que o próprio havia quebrado.

- Cheguei! E trouxe comigo um novo amiguinho - ele falava do jarro.

- "Amiguinho"? Isso é só um vaso de vidro, não se iluda.

- Tanto faz, mas então, fez mais alguma enquanto estive fora?

- Ah sim, procurei.

- Procurou? Procurou o que?

- As alianças, que eu perdi - falei, enfiando minha cara no travesseiro em minha frente.

- Aah, essas daqui...? - ele disse, mexendo em seu bolso e tirando dali umas argolas. Eram elas, as alianças.

- Ora seu...! Eu vou te esganar! - gritei me levantando da cama e avançando nele.

- Eei! Espera! O que foi que eu fiz!? - disse, se afastando de mim.

- Eu passei o maior sufoco aqui, achando que eu tinha perdido as alianças, que o meu casamento iria por água abaixo, passei meia hora procurando essas danadas das alianças, e no fim, ela estavam aonde? Hein? No seu bolso! - desabafei, me sentando novamente na cama, olhei para ele e estava rindo da minha cara.

- Se você visse a sua cara de espanto quando te mostrei elas... - e joguei meu travesseiro na cara dele, deitando de costas na cama.

"Obrigado, muito obrigado" pensei.

Hayley

- Aperta ele direito, Lorena! - eu disse, olhando para ela.

- Se você ao menos parasse de se mexer! - ela disse meio embolado, pois estava com uma agulha na boca.

- É impossível, minhas pernas doem. - reclamei

- Assim não dá! Fica quieta! - ela pegou a agulha da boca, e passou numa abertura, atrás do vestido de noiva. - E está pronto!

- Até que enfim! - eu disse olhando para mim mesma no espelho, apreciando cada detalhe da roupa. - Ele é perfeito não é?

- Isso pode dar problema, vai que você fica com ciúmes e acha que eu estou dando em cima dele. É melhor guardar pra mim... e eu estou com o Cliff...- ela estava falando olhando para o chão, mas então olhou para cima e viu a minha expressão - Não estamos falando do Billy, não é?

- Claro que não.

- Certo. Então é do vestido, ok. Ele é lindo, maravilhoso. - Ela olhou para ele, fazendo uma cara de "eu quero" - Você escolheu bem.

- O vestido ou o noivo?

- Estamos falando do vestido. Foco.

- Ok.

- Agora tire ele, tenho que entregar para Wendel, ela disse que faz questão de lavar e passar o vestido. Vamos.

- Aah, mas já? Quero aproveitar ele mais um pouquinho - eu disse, dando uma volta pelo quarto.

- Ele tem que estar pronto até hoje à tarde, então quanto mais cedo melhor! Vamos lá.

Saímos do mercado, Green estava entrando, ele estava ajudando Billy, não estava? Não importa. Lorena estava com o vestido em seu braço, e eu estava com uma roupa normal, casual, quase sempre usava a mesma combinação. Uma camisa branca e uma blusinha preta, um pouco transparente por cima, junto a um short jeans e um tênis all star roxo. Fomos direto para a livraria que era ali perto, onde provavelmente, Wendel deveria estar.

Bati na porta e o seu filho Barney, nos atendeu. Ele tinha 7 anos, tinha o cabelo preto curto, os olhos castanhos, usava uma touca por cima de seu cabelo, uma camisa de botão xadrez, uma calça jeans escura e uma botina também escura. Ele deveria estar indo andar de cavalo ou estar indo em alguma fazenda, ou estaria apenas experimentando as roupas.

- Oh, Hayley! - A mãe de Barney apareceu atrás dele, mandando ele voltar para dentro. - Trouxeram o vestido?

- Está aqui. - Lorena disse, entregando-o. Podemos vir buscar mais tarde? Lá pelas 5 horas?

- Claro, claro, vou deixar ele impecável. - Wendel disse, abrindo o vestido - Ele é lindo, Hayley!

- Obrigada, agora precisamos ir, ainda temos algumas coisinhas para resolver, até mais tarde! - e fui embora acenando para ela.

*   *   *

Billy

- Onde ela está? Já deveria ter chegado! - eu disse impaciente, olhando toda hora para o relógio.

- Calma, calma, é assim mesmo, a noiva sempre se atrasa um pouco. - Green estava ao meu lado, e tentava me fazer pensar em outras coisas. Coisas boas, positivas, otimistas.

- Mas e se ela resolver me deixar justo no último momento? Me deixar sozinho no altar? - eu disse, me preocupando demais.

- Não viaja. A Hayley te ama, não tem porque ela fazer isso! Agora se acalma que daqui a pouco ela estará aqui.

A Igreja não estava muito cheia, tinha apenas alguns convidados, o resto da vila que não estava ali, não pôde vir, mas eu não me importava, o importante é que tinha alguém lá. Eu estava com um terno, que meu avô tinha me mandado por correio alguns dias atrás, logo após que recebeu a notícia do meu casamento. Ele era preto, e tinha um rosa no peito, como um broche. De acordo com Lis, que estava ali, eu estava maravilhoso.

Passou algum tempo, eu estava desesperado, Hayley ainda não tinha chegado. Quando escutei uma musiquinha de casamento, meu coração estava quase saltando pela boca, ele estava totalmente disparado. Avistei alguém lá no final da igreja, alguém de branco. Era uma garota, tinha cabelos assim como o de Hayley, ou melhor, era a Hayley. Ela cada vez se aproximava do altar, até que ela estava já perto de mim. Estava acompanhada de seu pai, até que era a hora de eu acompanhá-la. Entrelaçamos nossos braços e continuamos a seguir o caminho até o altar. Lá na frente estava o Padre Barbosa que assim que chegamos, começou a celebrar.

Após de um pouco de demora, começou a dizer:

- Então, Billy Castelo Turco, você aceita Hayley, como sua legítima esposa, na pobreza e na doença, até que a morte vos separe?

- Aceito. - e coloquei a aliança em sua mão esquerda.

- Então, Hayley Summers Di'Angelo, você aceita Billy com seu legítimo marido, na pobreza e na doença, até que a morte vos separe?

- Aceito - e colocou a outra aliança em minha mão esquerda.

- Agora, pode beijar a noiva, rapaz.

Nossos lábios se tocaram, e ficamos naquilo ali, durante bastante tempo. E após tudo isso fomos para minha casa. Essa foi a primeira das muitas vezes em que dormiríamos juntos. Foi um sonho realizado.