Golpes Da Vida escrita por Alyssa Sullivan


Capítulo 35
O reflexo


Notas iniciais do capítulo

Oi! Estou de volta!



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A ex governanta se ajoelhou ao lado da filha.

— A muito tempo eu prometi para sua mãe que eu não te contaria quem é seu pai.

— Por quê? – perguntou Bella.

— Ela sentia muita vergonha porque era um homem casado e com filhos. Mas na época que eles se relacionaram ele estava separado da esposa. – Renée engoliu a seco – O seu pai biológico é o Carlisle.

Bella sentiu como se estivesse flutuando. Renée não parava de falar e pedir desculpas. Mas em algum momento o que sua mãe dizia era inteligível. A adolescente segurou a barra da sua saia com força. O seu pensamento só ia em uma direção.

— E o Edward?

— O quê? – Renée ficou desorientada pela interrupção do que falava.

Josh se levantou do sofá.

— Ele é adotado, querida. Eu não sabia até uns meses atrás.

Bella ficou com os olhos marejados de lágrimas.

— Todo mundo sabia disso? Carlisle sabia ... de mim?

— Nem todo mundo sabe – Renée baixou a cabeça.

— Carlisle sabia sobre mim? – repetiu Bella.

Renée balançou a sua cabeça em tom de conformidade.

Bella sentiu o seu coração apertado. Ela não sabia o que dizer. Logo as lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto. A adolescente passou a mão para limpa-las. Todos daquela sala ficaram em silêncio.

— Até você tio Charlie sabia e não me disse nada.

— Eu fiquei sabendo hoje. Minha irmã nunca me disse nada mesmo eu perguntando. Então, depois de um tempo eu deixei de questionar – Charlie respondeu angustiado.

— Por que estão me dizendo isso agora? Por que depois de tanto tempo? – a voz de Bella saiu num tom tremulo.

— A leitura do testamento da minha esposa vai ser nesse sábado e pouco antes morrer foi revelado que você era neta dela... minha neta... nossa neta. Ela decidiu lhe incluir no testamento.

Bella ficou de pé e correu até o seu quarto. Renée foi atrás dela.

— Você mentiu para mim – Bella estava de costas para sua mãe.

— Fiz isso para lhe proteger.

— Proteger? – Bella virou-se para encara-la – Proteger de ter uma boa vida? Proteger me fazendo sentir inferior a eles?

— Bella eu... eu sinto muito.

A garota pegou a sua mochila e enfiou algumas roupas dentro.

— Bella, para onde você está indo?

Antes que Bella passasse pela porta do quarto Renée se pôs na frente da moça.

— Me deixa passar! – a adolescente falou em um tom áspero.

— Entenda que não lhe disse antes porque não queria que você sofresse.

Renée tocou no ombro da filha.

— Eu sempre me senti que eu não merecesse conviver com aquelas pessoas ricas e... eu via as outras crianças comprando roupas novas enquanto eu tinha que vestir roupas velhas de um brechó. Eu nunca saí do Estado – Bella soluçou com o choro – Que os meus avós não me queriam eu já estava acostumada... Eu imaginava que o meu pai tinha dado um pé na bunda da minha mãe quando ele descobriu que ela estava grávida. Mas que eu morava na mesma casa dele e que ele me via todos os dias e saber que ele não dava a mínima é muito pior.

— Nem sempre ele soube de você.

— Então ele sabe desde quando?

— Na festa das bodas.

— Isso já vai fazer um ano!

Renée limpou o rosto com barra do roupão.

— Eu te amo.

— Que tipo de amor é esse que faz a pessoa passar necessidade? Que mente? Que inferioriza?

Renée não soube o que responder.

— Eu te odeio! – vociferou Bella.

A jovem passou quase que correndo pela sala.

— Isabella! – chamou Josh.

Bella parou segurando a maçaneta da porta, mas não se virou para olha-lo.

— Eu sei que mal nos conhecemos. Mas vou te pedir algo – Josh fez uma pausa – Acredito que seja melhor que você não conte para o Edward.

Bella respirou fundo e saiu.

***

 Bella estava sentada no meio fio da calçada da lanchonete que ficava perto dos fundos. Ela ainda estava com o uniforme do colégio. Janete que estava colocando o lixo para fora achou estranho ver a garota ali.

— O que você está fazendo aqui tão cedo? Seu turno começa daqui há uma hora!

Bella ficou em pé.

— Não sabia para onde ir! – o rosto dela estava inchado de tanto chorar.

— Não fica aí. Pode entrar!

***

Bella vestia uma calça jeans escura e uma camisa de listras preta e branco. O sino da entrada soou anunciando os novos clientes. A garçonete revirou os olhos quando viu quem era. Ela não tinha a mínima energia para se forçar a ser simpática. Mas pelo visto iria sobrar para ela já que as outras garçonetes estavam ocupadas.

— O que vocês vão querer? – perguntou Bella em um tom enjoado.

— Acho que eu vou querer umas salsichas empanadas.

Os outros amigos de Benji deram risadinhas.

— Para comer aqui o levar para viagem?

— Os dois.

— Quantas vocês vão querer?

Benji olhou para Bella de cima a baixo. Ela se segurou para não bufar.

Bella anotou o pedido que não demorou a ficar pronto. Ela deixou na mesa sem a menor sutileza.

— Tem mais uma coisa!

— O quê?

— Essas salsichas são boas mesmo?

— Sim, sim são muito boas.

— Então prova para a gente ter certeza! – Benji sorriu ironicamente.

— Isso vai contra as normas do estabelecimento.

— Mas se você quiser depois do expediente pode experimentar algumas salsichas lá no galpão.

Benji e seus amigos riram. A garçonete mordeu os lábios para se controlar.

— Vou ter que dispensar convite. Mas você e os seus amigos podem fazer o que quiserem, não tenho preconceito.

Benji segurou Bella pelo pulso fazendo com que ela se assustasse.

— Tá dizendo isso porque eu não sou universitário? Você não sabe o que está perdendo!

Bella se desvencilhou do rapaz e foi direto para parte interna da lanchonete.  Sarah que estava por perto apenas trocou olhares com Janete.

***

 O reflexo que refletia no espelho manchado do banheiro das funcionárias não era dos melhores. As bolsas abaixo dos olhos estavam inchadas e suas pálpebras também. Bella lavou o rosto como se quisesse lavar a sua alma. Ela foi até ao armário e pegou em sua mochila uma toalha para enxugar o rosto. A garçonete tirou o corretivo e passou em pontos estratégicos do rosto, mas estava claro que a garota não parecia bem. Então decidiu guardar o seu avental e não mais voltar a atender mesas naquele dia.

Antes que Bella saísse pela porta dos fundos o gerente apareceu na sua frente.

— Para onde é que você está indo? Não terminou o seu expediente! – perguntou rispidamente o homem alto de sobrepeso.

Bella respirou fundo. Ela não havia pensado numa justificativa.

— Ela não está se sentindo bem a pobrezinha. Chegou aqui com a cara pálida e mesmo assim quis trabalhar – respondeu Janete por Bella – Ela até provocou no banheiro.

— Ela aparece acabada mesmo – o gerente olhou mais pouco para menina – mas era para ter avisado quando fosse sair. Pode ir. Mas vai ter que compensar no final de semana

Bella assentiu com a cabeça.

— Obrigada! – Bella sussurrou para Janete.

Antes que Bella passasse pela porta ela pode escutar o comentário do gerente para Janete.

— Espero que esse vômito não seja gravidez.

***

Parecia loucura ela está atravessando parte do Estado só para ver para fugir das revelações da sua que ocorreram horas antes. Bella gastou oitenta dólares para chegar ao seu destino. Com um turbilhão de pensamentos passando na sua cabeça a adolescente nem lembrou de avisar a Edward que iria ao Campus visita-lo. Ela mandou uma mensagem para o namorado. Ele demorou a responder e disse para namorada o encontrar numa lanchonete que ficava na faculdade. Ao chegar no local a garçonete se surpreendeu ao ver o nadador servindo uma mesa.

Edward ficou feliz com a visita de Bella e pediu que ela o esperasse na parte interna da lanchonete, pois em breve seria a hora da sua janta.

Ao se sentar na mesa o nadador estava com um sorriso resplandecente.

— Por que você veio me visitar hoje?

— Eu não planejei... Você é garçom agora?! – Bella estava confusa com o que iria dizer – Por que não me disse nada? Há quanto tempo você está trabalhando aqui?

— Eu ia te contar logo. Comecei essa semana.

— Aposto que os seus pais não sabem disso.

— Provavelmente eles iriam surtar – Edward baixou a cabeça e depois olhou para Bella – Eu não quero ficar o tempo todo dependo dos meus pais.

— Entendo.

Edward entrelaçou os seus dedos nos de Bella.

— Eu queria te contar uma coisa, mas não aqui.

— Tá certo!

***

 Passava da meia noite quando Edward levou Bella para o seu dormitório. Ele acendeu a lanterna do celular para não incomodar o seu colega que dormia aos roncos. A adolescente entrou nas pontas dos pés para não fazer barulho, depois tirou o seu tênis e sentou na cama. O nadador ligou o abajur de luz fosforescente baixa. 

— Edward, precisamos conversar!

Bella deu uma ligeira olhada para o quarto que tinha um espaço razoável, duas beliches e uma cama. Quando voltou a atenção para o namorado o rapaz estava só de cueca.

— Edward! O seu colega está dormindo aqui do lado.

Edward se aproximou da garota.

— Vai por mim, ele não acorda com nada, nem se jogasse uma bomba.

O nadador puxou a namorada para si.

— Mas você tem outro colega que pode aparecer a qualquer momento.

— Ela passa dias sem pisar na faculdade. Fica tranquila! A gente pode ir ao banheiro.

Edward guiou Bella até o banheiro.

***

Bella mal conseguia dormir ao lado de Edward. Ela sentia que tinha que contar toda verdade, mas como faria isso? Se os Cullens não tivessem escondido a vida toda que ele era adotado seria mais fácil contar que Carlisle era seu pai. A adolescente analisou o que ela tinha parecido com o médico, porém não encontrou nenhuma semelhança entre os dois.

Eram quase 3 horas da manhã quando delicadamente Bella saiu do lado de Edward e pegou o celular. Ela vestia uma camisa que ele havia emprestado. A jovem viu diversas ligações da Renée e do Charlie. Então, decidiu mandar uma mensagem para o seu tio se tranquilizar e tranquilizar a sua mãe.

Em algum momento Bella pegou no sono e acordou com batidas desesperadas na porta do quarto. Edward se levantou a contragosto. O rapaz vestia uma camisa e uma cueca escura.

— Já vai! – avisou Edward.

Bella cobriu o rosto com o lençol.

— Mãe?

A adolescente tirou o lençol da cara e pode constatar que era Esme.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem ;)



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