A brisa da manhã invade a janela, abro os olhos e percebo que Warner ainda está ao meu lado, sua expressão calma e relaxada que há algumas semanas eu nunca cogitaria existir, ele está dormindo. De alguma forma me sinto calma, apesar de decidida a acabar com essa guerra custe o que custar. Estou o encarando, ele parece perceber e sorri um sorriso que eu nunca pensei que iria ver novamente, não depois do que aconteceu em meu quarto, não depois do que eu disse a ele, me sinto culpada, como fui capaz de dizer aquelas palavras? Como fui capaz de jogar na cara dele que sinto pena dele? Sabendo do esforço que ele faz para manter essa sua parte adormecida? Eu sou um monstro, um monstro.

  _Amor? O que você está pensando? – sua voz rouca de quem acabou de acordar me pergunta.

Fico olhando para seus olhos se abrindo lutando contra a claridade de um dia que poderia ser considerando belo se não fosse a guerra lá fora, e não respondo.

_Juliette?

_Sim? – tento um sorriso, mas esqueço de que nunca conseguiria fingir algo para Warner, se existe alguém nesse mundo que poderia me ler de trás para frente e de frente para trás, esse alguém seria ele, não consigo deixar de ver a ironia nisso tudo, pois há apenas algumas semanas atrás eu o enxergava como inimigo, como um ser desprezível sem um pingo de humanidade.  _Eu só estava pensando em meus amigos, em como eles estão se ainda estão vivos, me sinto mal aqui sem poder fazer nada, me sinto inútil, fraca, covarde.

Warner olha para mim e sinto que ele me compreende, então ele me abraça, um abraço carinhoso, amoleço em seus braços, uma lágrima escapa de meus olhos e enxugo em sua camiseta. Ele então olha em meus olhos e diz:

_Amor, você não é inútil nem fraca ou muito menos covarde, olhe ao seu redor, olhe onde você está, e tente se lembrar do motivo de estar aqui.

Não digo nada, não entendo exatamente o que ele está dizendo, afinal essa guerra estava acontecendo por minha causa, porque eu fui idiota o bastante para pensar que poderia lutar, que poderia enfrentar Anderson de frente e ele não faria nada.

_É tudo minha culpa. – digo e lágrimas e mais lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto e Warner me abraça mais forte e tenta me deixar calma.

_Juliette, você é a pessoa mais corajosa, prestativa e forte que eu conheço. Se não consegue se lembrar por si mesma, irei fazer você se lembrar da razão de estar aqui. – ele pausa, me olha nos olhos e começa a dizer _ Você veio sozinha encontrar o meu pai apenas para recuperar seus reféns, teve coragem o bastante para encará-lo de frente, lutou contra ele e venceu, você arriscou sua própria vida para salvar pessoas que não conhece, arriscou sua vida pelas pessoas que conhece, arriscou sua vida por mim, você não tem ideia do que senti quando você atacou meu pai daquele jeito, eu sei que eu deveria estar te protegendo, mas você não precisava de proteção, fiquei orgulhoso, e a última coisa que vi foi você atirar, e eu me senti finalmente bem, porque senti que você estava realmente se aceitando como você é, senti que meu dever foi cumprido e então tudo ficou escuro.

  Eu não sabia o que dizer Warner nunca havia dito coisas assim antes, coisas que ele pensava que o deixava fraco, coisas que pudessem fazer com que as pessoas o enxergassem de outra maneira.

_Warner? – eu não tinha nada para dizer, só fiquei olhando para ele pelo que pareceram horas, então ele quebrou o silêncio.

_Nunca diga para ninguém que eu falei essas coisas pra você amor, eu tenho de manter minha reputação por aqui. – e riu, um riso envergonhado, pois ele tinha tentado fazer isso soar como um piada, mas eu sabia que não era, e não me importo, eu sou a única que pode dizer que conhece ao menos um pouco desse garoto, esse é um privilégio só meu, então estou sorrindo, e dessa vez não estou fingindo quando digo.

_Sou Juliette, mas você me conhece muito bem. Agora quero te conhecer Warner, quero te conhecer Aaron.

  Ele parece surpreso por um momento e depois sorri, e não para de me olhar, e de sorrir ainda mais quando diz.

_Você nunca tinha me chamado de Aaron antes. – Não me lembro muito bem se já tinha ou não, mas eu retribuo seu sorriso.

_Então? – eu digo. _Se apresente.