O Diário De Bianca escrita por Lolita


Capítulo 4
Olhos-Verdes




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Olá diário!

Hoje eu estou realmente empolgada! Meu dia foi corrido, mas bem produtivo. Todos toparam o tema que propus e eu ainda listei algumas doenças mentais para que eles escolhessem. Tudo fluiu muito bem! Já tenho umas ideias para a decoração: podemos comprar um pedaço grande de pano branco, forrar uma parede da sala e fazer marcas de mãos vermelhas nele. Lembraria um sanatório, eu acho. Como sou eu quem vai cuidar da decoração, farei o que achar melhor. Só preciso me apressar.

Durante uma das aulas, a professora não quis explicar nada, então ficamos todos batendo papo. Eu e Henrique, sempre sentados juntos e de mãos dadas, causando comentários. Era o efeito que eu queria, de verdade.

Nessas brincadeiras e conversas que a turma estava tendo, a atenção dos bagunceiros da sala - que eram do meu grupo - se voltou para mim, e eles começaram a inventar cantadas. Uma mais engraçada que a outra. Eles sabiam realmente fazer alguém se sentir bem! Uma das cantadas foi "me joga na mesa, me chama de sobremesa". Sem graça, eu admito. Mas, na hora, eu ri.

Deu o sinal do recreio e Henrique preferiu ir com os garotos do grupo e Cláudia para outro canto. Como eu havia prometido a Alice que ficaria com ela, assim fiz. Nos sentamos numa mesa afastada, sob o sol, pois era inverno. Chegou a supervisora, que era super engraçada, e sentou-se conosco. Começamos a contar pra ela das cantadas e, sem que eu percebesse, o olhos-verdes chegou e pediu licença para sentar. Alice disse que sim e eu nem pude responder nada. Ele perguntou do que falávamos, já que estávamos rindo tanto, e a supervisora, que se chama Conceição, lhe contou sobre as cantadas - sobre a da sobremesa, principalmente. Ele gargalhava e olhava para mim, que me limitei a rir um pouco e tentar esconder a vermelhidão do meu rosto (eu estava com muita, MUITA vergonha, diário!). Eis que ele solta a seguinte frase: - Então você está cobiçada pelos garotos... Posso saber o nome dessa sobremesa?

Por Deus! Como eu fiquei com vergonha! Acho que ele percebeu, porque riu. Eu respondi e perguntei o dele. Meu coração palpitava, porque finalmente eu saberia o nome do olhos-verdes. E então, com a voz mais engraçada que eu já te disse, diário, que ele tem, ele respondeu: "Dante". Dante. Era esse o nome do garoto mais bonito que já vi. Eu tentei ser mais "descolada", puxei uns assuntos, perguntei sua idade (que era 19, quase 20, diário, 19! Quero dizer... O garoto repetiu de ano duas vezes!) e tive um flashback. Aquele rosto não me era estranho e meu encanto por ele não era repentino. Eu lembrei que o conheci quando tinha 6 anos. Minha amiga da época, Letícia, era apaixonada por ele - e moravam no mesmo prédio. De repente, me lembrei de todas as vezes que nos maquiávamos, porque ele ia descer e ela tinha que estar bonita. Das vezes que colocávamos funk para tocar no corredor, para que ele nos visse dançando. Era ele! Lhe contei sobre isso e ele disse o que eu esperava - que se lembrava da Letícia, pois ainda moravam no mesmo prédio, mas que não se lembrava de mim. E riu das minhas histórias. Dessa vez, ele riu comigo, e não de mim.

Quando o sinal que anuncia o fim do recreio soou, ele deu um tchau e desceu. Alice e eu descemos uns minutos depois e eu não pude evitar de contar para ela sobre minha queda por Dante. Ela disse que seria impossível, com tantas meninas mais velhas dando em cima dele, e eu concordei. Descemos as escadas rindo e conversando e acabamos trombando com ele. Dessa vez, ele não me olhou de cara feia. Ele sorriu e me ajudou a me recompor. Se ofereceu para nos levar até a porta de nossa sala, e assim o fez. Se despediu com um beijo na bochecha, minha e de Alice. Senti ciúmes dela naquele momento, confesso. Mas, a sensação dos lábios dele na minha face predominou, e as tão faladas borboletas que moram no nosso estômago, enfim, voaram.

Voltei pro meu lugar completamente nervosa, mas me recompus. Me sentei com Henrique e fiquei olhando para a porta, sem ter porquê. Decidi deitar minha cabeça no ombro dele e, nesse exato momento, Dante passou na porta da minha sala e me viu. Me viu abraçada com Henrique. Não sorriu, não me cumprimentou. Apenas me viu e saiu andando. Seriam ciúmes? Acho que não. Mas, bem que poderia... Tentei tirar da minha cabeça tudo isso e focar na aula. Nosso grupo marcou uma reunião, na casa de Henrique, pra daqui 3 dias. Não te disse, diário, mas eu odeio compromissos à tarde. A não ser as aulas de piano, que faço toda quarta feira, eu gosto de dormir durante toda a tarde. Mas, o que não faço por notas boas?

Vim embora com Cláudia - já havia virado hábito, e aquela garota realmente conquistou minha amizade. Decidi não contar para ela sobre Dante. Ela me acharia uma tola, como Alice achara. Cláudia me disse que Guilherme, seu interesse amoroso, queria ficar com ela, e que talvez eles ficassem na casa de Henrique, no dia da reunião. Dei total apoio, afinal, formavam um casal realmente bonito e eu gostava dos dois.

Quando cheguei em casa, não havia ninguém, então, fui para o computador e entrei no Facebook. Resolvi procurar pelo nome de Dante. Achei seu perfil lá, lindo, sorridente na foto, todo popular. Esse era o meu olhos-verdes. Sim, de imediato eu pensei: ele vai ser meu. Não sei como, não sei quando. Mas, vai. O adicionei, fiquei olhando suas fotos... Uma hora depois, ele me aceitou e mandou uma mensagem: Oi, sobremesa! Está aceita! Beijos!. Pensei em continuar a conversa, mas decidi que era demais para um só dia e preferi vir escrever e te contar tudo, diário.

Agora que já contei, vou dormir. Amanhã tem aula e eu não quero deixar de ir e não ver meu querido olhos-verdes. Eu sei que seu nome é Dante, mas para mim, sempre será olhos-verdes.

Boa noite, diário.


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