Oi, diário.

Tenho que escrever, porque estou muito nervosa. Nem consegui tirar meu cochilo da tarde! Bom, vou contar como foi a aula.

Fui cambaleante, afinal, não consegui dormir pensando que Dante poderia estar me enganando – e afim de Alice! Cheguei lá com cara de poucos amigos, mas Dante estava me esperando na porta da escola, também com uma cara nada boa. Foi aí que me lembrei que tinha mandado para ele uma SMS dizendo que não queria mais anda com ele. Fiquei vermelha na hora e desviei o olhar do dele, mas tarde demais. Ele já tinha me visto. Dei um bom dia e entrei, mas não pude deixar de perceber que seus olhos estavam vermelhos e inchados. A luz verde estava um pouco apagada e isso doeu no meu coração.

Subi as escadas o mais rápido que pude e fui encher minha garrafinha d’água. Tentei ser rápida, porque eu imaginei que Dante viria correndo atrás de mim pra me chamar de idiota, zombar de mim ou algo do tipo – e para isso eu já tinha as palavras preparadas, mas não a cabeça, tampouco o coração. Pra minha surpresa, ele demorou bastante e não parecia ter pressa em conversar comigo. Parecia triste e bravo e, assim que me viu, cravou seu olhar em mim. Decidi quebrar o gelo e dar-lhe os parabéns de novo. Ele me olhou com uma cara estranha e perguntou por quê. Eu lhe disse que não entendi e ele me perguntou por que, depois de tudo o que passamos, depois de tudo o que ele estava vivendo, depois de ele se apaixonar perdidamente por alguém, eu levei ele para o céu, o deixei aproveitar alguns minutos e o joguei das nuvens. Nessas palavras. Devo confessar que achava que Dante era meio burrinho e nada profundo, então, ele me surpreendeu nessa. Eu fiquei sem palavras por um instante, então vi Alice subindo e a raiva voltou com toda a força. Despejei nele o que ela tinha me dito e perguntei pra que ele ficava jogando comigo, já que era mais limpo ele dizer que só queria ficar. Ele me disse que Alice era uma mentirosa e que eu era louca se pensava que ele estava nessa só pra ficar comigo.

Não pudemos continuar a conversa, pois a diretora chegou, perguntando a Dante por que ele estava sem uniforme – na nossa escola, você pode ir sem o uniforme no dia do seu aniversário. Ele respondeu e os que estavam por peto começaram a parabeniza-lo, então ele pôs a mão na minha cintura e voltou a sorrir. Eu resolvi esquecer a nossa “briga” e o abracei também. Ouvir todas aquelas felicitações ao lado do “anfitrião” me fez sentir como se fôssemos namorados.

Após isso, fui para a sala para assistir às aulas chatas de sempre. Nos passaram um trabalho de filosofia super chato e acabei perdendo a noção do tempo. Quando vi, já tinha soado o sino pro recreio. Dante veio me buscar e subimos juntos, como se fosse uma festa e nós, os anfitriões. No meio de tanta conversa, eu peguei o celular dele para tirar uma foto dele com um amigo. Ele continuou conversando e eu acabei mexendo nas mensagens. Queria ver sobre Alice. Dante percebeu que eu estava demorando demais com o celular e foi ver o que eu fazia.

Quando viu que eu estava lendo as mensagens, ele simplesmente tentou tirar o celular da minha mão, da maneira mais brusca. Eu não deixei, e ele começou a torcer meu pulso. Torceu meu pulso até virá-lo, e eu caí no chão, sem celular nem nada. E ele se preocupou em pegar o celular.

A supervisora viu que eu estava caída de dor no pulso e veio até mim. Me ajudou a me levantar e me levou até a diretora, que viu que meu pulso estava inchado e seria preciso talvez ir no médico. Ligou para a minha mãe, que veio me buscar e me levou direto pro médico. Lógico que, para a minha mãe e para a diretora, eu “caí com a mão no chão”, mas confesso que não sabia com o que estava mais brava: com o que Dante escondia de mim ou com o descaso dele ao me machucar.

Chegando ao hospital, fiquei esperando por UMA HORA. Isso porque tenho plano de saúde! Quando fui atendida – por um lindo médico ruivo dos olhos verdes -, ele pediu um raio-x, mas disse que provavelmente não estava quebrado, mas certamente estava luxado. No final, era isso mesmo – estava eu com uma luxação no pulso e uma lista de remédios caríssimos pra comprar.

Agora estou escrevendo e com o pulso latejando de dor – e enfaixado. E nada, absolutamente nada de Dante até agora.

O que faço, diário?