Fogo Celestial escrita por Kika


Capítulo 9
Sangue do meu sangue


Notas iniciais do capítulo

Prometi que ia tentar e aqui esta, mais um capítulo chegando antecipado!!

Bjos e boa leitura.



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***

Clary estava tendo dificuldade para se concentrar no que estava acontecendo. Desde que ela chegou a esta dimensão ela sentiu seu cansaço aumentando vertiginosamente, e não é como se ela tivesse descansado muito ultimamente. Talvez tenha sido por isso que ela foi tão facilmente derrubada. A coisa veio do nada, era apenas uma árvore e de repente os galhos secos se transformaram em garras que apertaram tão profundamente que Clary perdeu todo o ar de seus pulmões e imediatamente ela sentiu algo quente do seu lado esquerdo, ela não precisou olhar para saber que era seu sangue, ela sentiu o cheiro de ferro com açúcar. Logo em seguida tudo se tornou nada, pela segunda vez em pouquíssimo tempo Clary estava perdendo a consciência, seu último pensamento antes de apagar completamente foi “ Mas que porra é essa”.

Quando ela acordou dessa vez não havia cama macia, quarto conhecido ou porta retratos com fotos suas, mas com certeza havia um rosto conhecido ali, pairando bem a sua frente, como se estivesse esperando que ela acordasse.

- Sebastian. – Clary tentou ser firme, mas sua voz saiu rouca e tremendamente fraca, assim como ela se sentia.

Ela ainda podia sentir seu lado esquerdo - bem abaixo de suas costelas – quente, o que queria dizer que o sangramento não havia parado, e ela não sabia quanto tempo tinha ficado desacordada, mas sabia que estava perdendo muito sangue e nesse ritmo logo não teria o suficiente para fazer seu coração continuar a bater.

- Olá irmanzinha. A quanto tempo. Eu poderia perguntar como você tem passado e como você esta. Mas é claramente óbvio não é?! - Sebastian exibia um sorriso arrogante que foi o suficiente para Clary se manter acordada quando tudo começou a ficar escuro novamente.

Ele se agachou em frente a ela enquanto falava, observando seu rosto. Sebastian vestia calças jeans e uma camisa cinza bem apertada deixando bem aparente seus músculos, Sebastian nunca foi um magricela, mas parecia que ele havia malhado bastante ultimamente. Clary não sabia por que estava reparando nisso, mas ela percebeu.

Ela sentiu seus braços formigarem, e foi só então que ela percebeu que seus braços estavam amarados nas costas e que ela estava de joelhos no chão. Mas isso é bom Clary pensou, quer dizer que ela ainda pode sentir seu corpo. O que não foi bom sentir, foi a presença que ela sentiu se aproximando. Assim que ela acordou ela pode sentir todos que estavam ali e ela podia dizer que todos eles eram hostis, mas agora ela sentia uma presença que não era hostil a ela e pior ainda era uma presença conhecida, a mesma que ela sentiu a algumas noites atras no alto do prédio. Droga, ela pensou.

- Sabe Clary, você parece bem acabada. Para quem matou tantos dos meus demônios todos esses meses foi bem fácil pegar você, eu esperava mais.

- Desculpe desaponta-lo. Talvez eu só esteja cansada de tanto caçar seus malditos demônios.

- Humm, você deveria ter guardado sua energia para mim, eu posso pensar em muitas coisas que eu gostaria de fazer com você. – Sebastian se aproximou e passou as pontas dos dedos lentamente pelo rosto de Clary, quando ele chegou aos seus lábios ela realmente tentou morde-lo, mas ele foi mais rápido retirando a mão. – Há sim, você é selvagem, eu senti saudades irmanzinha.

Clary queria arrebentar aquelas cordas e em seguida arrebentar a cara de Sebastian, mas ela sabia melhor. Ela precisava descobrir se ele já tinha conseguido o livro que estava ali, e se já ela precisava pensar em uma maneira de conseguir o livro para ela. E mais importante ainda, se Simon estava ali muito provavelmente os outros também estavam então era somente uma questão de tempo para eles se entrometerem nisso e ai sim tudo seria um banho de sangue. Talvez Simon goste disso afinal, pensamento sarcástico mas ela não pode evitar, ele era um vampiro não era? vampiros gostam de sangue.

Clary sacudiu a cabeça para voltar ao momento, ela estava divagando e isso era só mais um sinal da sua perda de sangue,

- Então, já que essa é uma reunião de família, que tal você me dizer o que te traz aqui.

- Boa tentativa. Você sabe o que eu faço aqui. O mesmo que você Clary, o que você realmente quer saber é se eu tenho o livro dessa dimensão. O que me leva a perguntar, onde estão meus livros Clary? – Ele realmente usou um tom muito serio nesta última frase.

- Se os livros são seus deveriam estar com você não é?

O golpe veio rápido e duro. As costas da mão de Sebastian acertaram a bochecha de Clary, fazendo sua cabeça tombar para traz e arrancado sangue de sua boca com a força do golpe, mas foi bom, a acordou um pouco mais.

- Não brinque comigo. Você tem os livros e eu os quero Clary, eu já tenho todos os outros, e como eu consegui estes eu vou conseguir os que estão com você.

Bem agora ela sabia que ele já tinha o último livro. De repente Sebastian passou a mão pelo foi de sangue que ele havia acabado de tirar dela com o tapa, ele tinha o semblante franzido e o olhar contrariado.

- Você esta me matando. – Clary não precisava, mas ela fez sua voz parecer ainda mais fraca.

- Não é exatamente o que você quer fazer comigo? Não é o que eu quero, não mesmo. O que eu queria era você do meu lado, nós poderíamos fazer tantas coisas juntos. Mas você me obriga a isso.

- Mas se eu morrer... você... não consegue os outros... livros. – Clary sussurrou, diminuindo seu tom a cada palavra.

- Por que você esta tão fraca? De verdade isso me intriga, você se mostrou cada vez mais forte ao longo dos meses – e mais instável também, mas eu achei que isso era bom - e agora mal consegue falar. É verdade que essa dimensão é extraordinária. Ela dobra o cansaço que você sentia quando entrou nela, sabia? Então você devia mesmo estar cansada quando veio até aqui e é verdade também que a adaga que você tem cravada em suas costelas esta enfeitiçada e mantem seu sangue fluindo – isso te enfraquece é claro – mas ainda assim eu pensei que seria preciso muito mais para te derrubar, eu estava pronto para uma briga de verdade.

- Talvez você tenha me... subestimado. Sebastian... eu não...

Antes de terminar a frase Clary caiu de cara na terra seca. Ela não havia desmaiado de verdade, mas ela precisava que Sebastian acreditasse que sim. Ela precisava que ele retirasse a adaga e parasse o sangramento, ele queria muito os livros e só ela sabia onde eles estavam por isso ela estava contando que ele não a deixaria morrer sem antes saber onde eles estavam.

Mas antes que Sebastian pudesse chegar perto o suficiente dela para retirar a adaga, o bando de caçadores de sombras com seu bruxo e vampiro a tira colo que se achavam os heróis do momento apareceram e mais uma vez frustraram os planos de Clary. Isso é mesmo uma bosta, ela pensou enquanto usava suas forças restantes para arrebentar as cordas que prendiam suas mãos, girar de costas para o chão e retirar ela mesma a adaga.

Ela mordeu o lábio inferior arrancando mais sangue dele enquanto puxava a adaga fora de sua carne, por um momento ela perdeu todo o ar e o céu cinza ficou completamente negro, antes de sua visão se estabilizar novamente.

Quando isso aconteceu ela viu exatamente o que ela tinha previsto, um banho de sangue.

Todos estavam lutando ferozmente, mas os demônios estavam em maior numero, eles sempre estavam. E os demônios não pareciam serem afetados pela estranha força que atuava nesta dimensão.

Magnus com suas faíscas azuis saindo de seus dedos parecia estar queimando todos os demônios que se aproximavam, Isabelle e Alec empunhavam lâminas serafins e estavam fazendo estragos nos demônios com elas, mas assim que um ia mais dois apareciam, Jace estava encarando Sebastian que parecia estar se divertindo com a situação. Como ele tinha acabado de dizer, ele realmente queria uma boa briga. Mas quem realmente surpreendeu Clary foi Simon, ele estava realmente lutando. Ele tinha a expressão seria e fria, avançava nos demônios como se eles fossem sua comida preferida e com suas presas arrancava pedaços enormes de todas as partes do demônio até que este não passasse disso, pedaços.

Clary ainda se sentia muito tonta e com falta de ar, mas sua estela não estava por perto para ela fazer uma de suas runas. A vontade de ficar ali fechar os olhos e simplesmente dormir um pouco enquanto os outras resolviam isso era tentadora, mas ela sabia que precisava agir. Sebastian disse que havia vindo preparado para enfrenta-la e isso queria dizer que ele tinha uma força ainda maior do que aparentava. Ele sabia que ela estava mais forte e como ele mesmo disse veio matando seus demônios por meses agora, uma coisa que ele não fazia era subestima-la.

Ela tinha que levantar e lutar.

Mas foi só quando ela ouviu um grito que não veio de nenhum demônio que ela plantou os pés no chão e ficou de pé.

Um demônio com uma calda como a espinha de um peixe e chifres tinha derrubado Alec e estava indo para cima dele novamente, Magnus já estava se movendo para ir ajuda-lo, mas não estava tendo muito progresso porque tinha outros dois demônios com forma de centopeias gordas o rodeando, eles não conseguiam se aproximar, mas também não deixavam que ele se movesse, assim Jace pulou entre o demônio e seu parabaita aplicando um golpe certeiro com sua lâmina serafim bem no centro do peito do demônio, quando Jace se abaixou para verificar Alec um outro demônio o acertou jogando-o a uma certa distancia.

Aparentemente Alec estava com algum problema com suas pernas, ele estava claramente acordado, mas era incapaz de ficar em pé. O que pareceu a chance perfeita para Sebastian pairar sobre ele.

Com uma espada longa como seu ante braço e perigosamente afiada Sebastian se aproximava cada vez mais de Alec.

Clary viu quando o chicote de Isabelle acertou o braço de Sebastian, este deixou escapar um som de desgosto e deixou que a espada caísse, girando seu corpo ele encarrou Izzy.

- Você já me tirou um irmão, eu não vou deixar você fazer isso de novo.

- Quer dizer que dessa vez você não vai se acovardar. Que doce.

E ele teve a indecência de sorrir neste momento.

- Eu nunca me acovardei seu mostro. Não é culpa minha se você não teve uma família que te ensinasse algum valor. Agora se você quer matar algum irmão, por que não mata a sua e fica longe do meu.

Izzy tinha um olhar ardente e estava claro que ela não ia se acovardar, ou fugir ou sequer se proteger. De alguma forma o que ela disse afetou Sebastian, Clary não sabia se foi a coisa sobre ele não ter uma família ou sobre mata-la, pois obviamente ele vinha tentando fazer isso, mas estava fracassando em cada uma das vezes. O fato é que ele não ia deixar Isabelle sair ilesa e Jace podia ser capaz de lutar contra Sebastian, mas Clary sabia que por mais forte e competente que Izzy fosse ela não era páreo para Sebastian.

Com um urro animal Sebastian avançou para Isabelle. Alec lutava fervorosamente para ficar em pé e ajudar sua irmã, mas seu esforço era em vão, ele não estava indo a lugar algum.

Izzy conseguiu acertar seu chicote novamente no braço de Sebastian, dessa vez o enrolando ali. Coisa errada a se fazer, Sebastian ao invés de fraquejar com a dor agarrou o chicote e puxou. Com o puxão Izzy ficou a um palmo de Sebastian e havia deixado escapar o chicote também ela tentava alcançar uma lâmina serafim em seu cinto, mas Sebastian foi mais rápido, ele livrou-se do chicote enrolado em seu braço e segurou o braço de Isabelle que tentava pegar a arma.

Todo esse tempo Clary via o que estava acontecendo e queria interferir, mas ela mau podia se mover, aquela adaga devia ter feito alguma coisa com ela além de mante-la sangrando, ela sentia-se fraca pela perda de sangue, extremamente cansada, mas também havia uma dor excruciante em sua cabeça que fazia com que se concentrar em uma única coisa fosse uma tarefa muito difícil e também limitava seus movimentos, sua visão estava turva e cheia de pontos pretos viajando de um lado a outro. Mas quando ela viu Sebastian jogar Izzy sobre Alec, recuperar sua espada e caminhar até eles, ela empurrou qualquer cansaço ou dor para mais tarde.

- Bem, quem diria que eu teria a chance de exterminar a raça podre dos Lightwood, sem descendentes para vocês.

Alec envolveu os braços em Isabelle que estava em seu colo, com um serio ferimento no braço e com sangue escorrendo por sua boca, Jace gritou ao longe e viu que Magnus tentava desesperadamente se livrar dos demônios que agora o dominavam. Sebastian subiu a espada acima da cabeça e desceu bem no coração de Isabelle.

Jace correu ele tinha que chegar a tempo, mas mesmo enquanto ele corria sabia que era tarde, que ele não conseguiria parar Sebastian e que ele perderia Isabelle e seu parabaita, ele já era capaz de sentir a dor.

Mas antes que a espada alcançasse seu destino Clary estava lá. Ela parou a espada com a mão nua. Simplesmente segurou a lâmina afiada. Jace parou abruptamente com a cena, ele derrapou no solo levantando poeira e viu o sangue escorrendo da mão de Clary para seu braço e a espada, se perguntando como a espada não tinha lhe cortado a mão fora.

Ela estava toda encharcada de sangue, quando Simon chegou dizendo que Sebastian estava ali, que ele tinha Clary e que ela estava morrendo sem sangue, Jace achou que era exagero do vampiro, mas ele sentia Clary muito fraca e quando ele chegou e viu a poça de sangue ao seu redor ele pensou que não podia sobrar muito ainda dentro dela, no entanto ali estava ela, em pé e ainda perdendo sangue tanto pela mão recém-cortada quanto pela ferida feita pela grosseira adaga.

Mas ela estava firme, segurando a espada que Sebastian empunhava com uma única mão e sem-vacilar.

Clary ainda segurando a lâmina a jogou para traz com tanta força que Sebastian tropeçou e teve de dar dois passos para trás buscando equilíbrio.

- Você vai ficar longe deles. Você deveria mesmo ouvir o que Isabelle disse e se empenhar em matar a sua própria irmã.

Clary se abaixou e pegou o chicote de Isabelle que estava aos seus pés.

- Eu sabia que você não me decepcionaria irmanzinha, aqui esta você, forte e pronta para a briga. Você vê não é? Isso é coisa do sangue, nosso sangue, nossa família, nós somos fortes e juntos nós seremos...

Clary estalou o chicote agarrando as pernas de Sebastian e debando-o ao chão, pego de surpresa ele quase não teve tempo de se levantar antes que Clary estivesse em cima dele.

- Não venha me falar de sangue, você derramou quase todo o meu, e agora eu quero o seu. E não fale em família quando você não sabe o que é isso.

Clary lançou o chicote mais uma vez, mas desta vez Sebastian estava preparado e girou seu corpo para a esquerda antes que fosse atingido, ele deu a impressão de que ia falar, mas Clary não deu uma trégua, ela continuou atacando, e ela dava golpes mais rápido do que Sebastian era capaz de se esquivar, nem todos acertavam, mas os que acertavam lhe arrancavam sangue e pedaços de sua pele.

Quando o chicote serpenteou ao redor do pescoço de Sebastian ele gritou, desta vez um verdadeiro grito de dor e caiu de joelhos. Com a voz grossa e rouca ele disse.

- Isso ainda não acabou irmanzinha, eu estou quase lá, eu vou ter todos os livros e então não haverá dor que você possa me causar e eu ainda vou ter você ao meu lado.

Com isso uma forte luz esverdeada brilhou ao redor de Sebastian, o chicote que estava em seu pescoço se partiu onde entrou em contatado com a estranha luz e Sebastiam parecia estar do outro lado de um espelho. A parte do chicote que estava em seu pescoço se soltou e ele sorriu. Clary se aproximou do que parecia um espelho verde encarando Sebastian seus olhos tão verdes agora com um brilho dourado como do sol em torno de sua iris.

- Você acha que isso é dor? Quando eu chegar até você, você irá ansiar por algo doce como a dor. – Disse Clary sombriamente, e então o estranho espelho desapareceu no ar, mas antes de sumir Jace foi capaz de notar uma leve mudança na expressão de Sebastian com as palavras de Clary, pequena, mas esteve ali.

Assim que o portal de Sebastian se fechou Jace olhou ao redor, haviam sobrado apenas três demônios, Magnus já estava dando fim em dois deles, então Jace partiu para o terceiro. Ele foi rápido e preciso, eles precisavam sair dali logo.

Quando ele caminhou para onde Alec e Isabelle estava, Clary já estava ali.

Isabelle parecia meio fora de si, mas fazia iratzes em si própria mais preocupada em saber em como Alec estava do que com ela mesma. Parecia que era o pensamento de todos. Simon estava agachado ao lado de Izzy limpando o sangue de sua boca, Magnus havia chegado até Alec e perguntava como ele estava e quando Jace chegou perto ele pode ouvir a resposta.

- Eu não sei, eu não sinto minhas pernas e minha cabeça não... não para.

- Era um demônio Ifrir que atacou você. Você tem um corte de suas garras no ombro. Ele tem um veneno que paralisa seu sistema nervoso, logo você não vai sentir nada e não só as pernas... e depois... seus órgãos internos vão começar a parar. - Disse Clary com uma voz arrastada e fraca.

-Mas do que você esta falando? Eu nunca ouvi falar de um demônio Ifrir e nem desse tipo de veneno, não em um demônio. E eu conheço muito de demônios. – Afirmou Magnus, parecendo não acreditar em Clary.

- Eu também nunca ouvi falar disso, e a clave conhece todos os demônios. – Agora quem falou foi Izzy, já visivelmente melhor por causa das irtzes. Por outro lado as iratzes que Jace estava fazendo em Alec desapareciam imediatamente sem efeito algum.

- Isso não vai funcionar. – Clary disse olhando para Jace. – Somente porque vocês nunca ouviram falar, não significa que não exista. Algum de vocês já tinha visto um demônio daquele tipo?

Ninguém respondeu, por que era verdade, tinha mais de um, mas Jace nunca tinha encontrado um demônio como aquele, e tem muitos demônios que ele nunca viu pessoalmente, mas ele acreditava que era capaz de nomear cada um que ele visse mesmo que pela primeira vez, porque nas aulas de demonologia no instituto eles estudavam todos os demônios existentes. Mas aquele demônio, ele nunca tinha visto, nem em suas aulas.

- Me de sua estela. – Clary estendeu a mão para a estela que Jace segurava.

- Para que você quer minha estela.

- Porque Sebastian me tirou a minha.

- Vocês querem calar a boca. Nós temos que levar Alec para os irmãos do silêncio. – Apresou Magnus.

- Você não pode fazer nada? Você já o ajudou a se curar de veneno de demônio antes!

- Sim Isabelle, mas isso foi quando eu sabia que tipo de veneno ele tinha no corpo. Agora eu não posso fazer nada. – Magnus disse, decepcionado consigo mesmo.

- Ele estará morto em quinze minutos, leva vinte somente para chegar ao portal, você realmente quer tentar e... - Clary se interrompeu tossindo, e quando ela tirou a mão da frente da boca Jace viu mais sangue ali.

- Você também precisa de uma iratze, você perdeu muito, muito sangue. – Disse Simon.

- Como você sabe que ele vai estar morto em quinze minutos? Já tem mais de quinze minutos que ele foi contaminado. – Quis saber Isabelle.

- Eu estou deduzindo este tempo, porque eu deduzo que ele já tenha o veneno nele a vinte minutos, e o veneno de Ifrir leva este tempo para agir trinta e circo a quarenta minutos, você quer me dar a estela. - Clary continuava com a mão estendida para a estela de Jace, e ele continuava imóvel somente olhando para Alec.

- Hora vamos o que você acha que eu vou fazer, mata-lo com uma estela? – ironizou Clary arrancando a estela da mão de Jace sem-nenhuma resistência.

- Por que não? – Jace olhou para ela neste momento. – Quando eu a conheci você matou um demônio Ravener com meu sensor. Além do mais o que você acha que pode fazer com a estela que nós não podemos?

- Muita coisa. – Clary disse para Jace e depois voltou seu olhar cansado para Alec. – Você vai me deixar fazer isso? Por que eu não vou tocar em você, se você não quiser.

Alec assentiu com a cabeça.

- Vá em frente. – Disse.

Clary foi até o ombro ferido de Alec e colocou a estela ali - Jace notou que sua mão tremia muito – e começou a desenhar um padrão de runas que ele nunca tinha visto antes. Pareciam estrelas sobrepostas com circunferências, algo que lembrava as iratzes, mas eram bem diferentes na verdade.

- O que você esta fazendo? Eu não conheço essa runa. – Isabelle tinha um tom de medo na voz que fez com que Simon a abraçasse mais apertado.

- De novo Isabelle, só porque você não conhece não significa que não exista. – Clary foi seca e dura, mas depois de um olhar para Izzy ela acrescentou. – Isso é uma Arita, vai neutralizar o efeito do veneno e concentra-lo em um único ponto do corpo dele, quando isso acontecer ele vai precisar de outra runa para elimina-lo por completo.

- E... e como você sabe disso? Como você conhece essa runa? – Isabelle ainda falava com muita apreensão, o medo por seu irmão era compreensível para Jace, Alec estava muito imóvel e pálido, tinha os olhos abertos e respirava, mas realmente não parecia bem.

Clary terminou a runa – Arita – e olhou novamente para Isabelle.

- Eu sou a garota que pode criar novas runas você se lembra? Isso não mudou.

Clary se levantou, ainda tremendo muito, olhou ao redor e disse:

- Alec não vai poder andar por um tempo, mas nós precisamos sair daqui. Esse lugar é perigoso e Sebastian sabe que estamos debilitados pode mandar mais de seus demônios, por isso alguém terá de carregá-lo.

- Tudo bem. – Disseram Magnus, Jace e Simon ao mesmo tempo.

Magnus que já tinha Alec em seu colo o levantou e passou um de seus braços por sobre seu ombro, Jace fez o mesmo do outro lado. Assim Simon ajudou Isabelle a se levantar, mas ela disse que era capaz de andar sozinha, então ele só caminhou ao seu lado, mas nunca muito distante. Clary estava a frente, com uma das mãos no buraco que a adaga havia lhe feito e a outra ainda segurando a estela de Jace. Quando eles chegaram perto dela, ela estendeu a estela para ele.

- Você não vai fazer uma iratze em você? – Jace perguntou sem pegar a estela.

- Não.

- E por que não? Você parece com alguém que seriamente precisa de uma. – Agora quem falou foi Isabelle.

- Não vai funcionar. – Com isso ela teve mais um ataque de tosse. – Pegue logo Jace ou vou ficar com essa coisa para mim.

- Sempre tão educada. – Disse Jace enquanto pegava a estela e colocava em um dos bolsos do seu casaco. – E por que não vai funcionar?

- Simplesmente não vai.

- E como você sabe que não vai?

Clary não respondeu e começou a se escorar nas árvores para poder andar.

- E então? Eu lhe fiz uma pergunta. – Insistiu ele.

- Jace, eu... simplesmente não tenho energia para discutir com você...

Neste momento Clary parou completamente e se apoiou em uma das árvores, ela respirava com grande dificuldade, e através daquela estranha ligação Jace podia sentir Clary enfraquecendo cada vez mais, e se ele já não estivesse carregando Alec que parecia ter desmaiado ele teria ido ajudar Clary. Mas não foi preciso afinal, Simon fez isso.

Ele passou o braço pela cintura de Clary lhe dando apoio, ela estava com os olhos fechados e quando sentiu as mãos frias de Simon imediatamente os abriu e o encarou.

- Você tem certeza que não pode usar uma iratze?

- Tenho.

- Então eu ajudo você.


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Notas finais do capítulo

Gostaram??

Obs: para quem pediu e gosta muito, muito de Alec e Maguns não percam o próximo capítulo!

Bjos