Fogo Celestial escrita por Kika


Capítulo 26
Fogo Celestial II


Notas iniciais do capítulo

OIIIIIIIII GENTEEEEEEEEEEE..
QUE SAUDADES DE VOCÊS!!!!

Vou dizer uma coisa esse capitulo aqui foi difícil de sair hein... e olha que ele nem ficou tão grande. Mas enfim ele está aqui.. espero que ninguém, mas ninguém mesmo tenha me abandonado!

Mesmo eu deixando vocês frustradas sem atualizações eu ainda fiquei feliz por ver o interesse de vocês, algumas me deixaram comentários perguntando das atualizações, outras me mandaram MP perguntando se eu tinha abandonado a história: Desculpa pessoal pela demora.. Mas abandonar? NUNCA!!

Como eu já disse antes, está mais difícil agora para mim escrever, mas mesmo que eu demore a história prosseguirá até o fim.

Há, e ByaHoran eu não me esqueci de você. Você foi a ultima a recomendar minha história, já faz bastante tempo mas eu ainda não tive a oportunidade de agradece-la, então... MUITO OBRIGADA MESMO, obrigada pelo carinho, obrigada por recomendar e dizer a todos que você realmente gostou. Essa é uma das coisas que eu mais gosto, saber que o que eu faço é digno do tempo de quem já teve em mãos as maravilhas que Cassandra Clare escreve.

Então vamos lá..

Boa leitura!



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A noite parecia eterna, principalmente quando não se prega o olho. Às três da manhã Clary estava sentada no umbral da janela da sala de Simon.

Ben dormia no sofá ao lado dela, e Simon fingia dormir em seu quarto. Ela não o culpava por estar evitando-a.

O que ela culpava era a si mesmo, e por mais estranho que parecesse ela se culpava por sentir culpa. Durante o seu tempo “longe” ela parou de se culpar por qualquer coisa. Sentimentos apenas atrapalhavam, são necessários para que as pessoas não se tornem algo parecido com Sebastian, mas em excesso te transformam em marionetes, sempre a mercê de algum sentimento — por alguém, por algo, ou até por si mesmo.

E culpa era um sentimento, foi fácil não se culpar, quando ela estava longe de tudo, ela estava longe do mundo, concentrada apenas no que ela precisava. E foi mais fácil ainda não se culpar pelo o que acontecia, era apenas automático, ela dizia para si mesma que era necessário e que no fim tudo se resolveria.

Mas agora com um susto ela se pega pensando em “quem ela é?” será mesmo que ela está usando a tão fadada frase “os fins justificam os meios” como um dia Valentine usou.

Então ela se culpa. Culpa-se por ter ferido tanto as pessoas quando ela as deixou. Clary realmente não pensou em conseqüências. Mas estando aqui ela pode vê-las e os sentimentos que um dia foram tão fáceis de afastar agora travam uma batalha dentro dela, querendo aflorar novamente, dominá-la. E por isso ela se culpa por sentir culpa. Ela ainda não terminou o que começou, ela não pode abrir caminho para sentimentos ainda. Isso vai atrasá-la, atrapalhá-la.

E isso não pode acontecer.

Mas é extremamente difícil esquecer a expressão de desapontamento no rosto de Simon quando ela mentiu para ele a fim de obter informações.

Clary nunca havia parado para pensar nisso até agora — por mais que Ben a tivesse alertado, mais de uma vez. — que ela estava sendo dura de mais, cruel de mais, que pouco a pouco ela estava se transformando naquilo que ela tão duramente luta para combater.

E pela primeira vez em quase um ano Clary sentiu medo.

Medo de Sebastian e Ben estarem certos. E se no fim, o certo e o errado se tornassem tão relativos em uma linha tão tênue que ela acabasse se juntando a ele — Sebastian. Pensando bem, sendo realmente sincera consigo mesma, agora, ela poderia — relutantemente — admitir que isso fosse possível.

Não que ela concordasse com qualquer coisa que ele tenha dito ou feito. Mas os fatos são: 1. ela era sim capaz de fazer coisas horríveis aos olhos de muita gente como o que Sebastian faz é horrível aos seus olhos. 2. apesar de ser ainda mais difícil de admitir, ela sentiu certa simpatia por Sebastian a ultima vez que o viu, uma simpatia que existiu quando ela ficou enclausurada com ele e Jace, mas que desapareceu completamente quando ela descobriu que era somente uma farsa.

Clary viu nele alguma coisa, em seu olhar talvez, ou a falta do sorriso presunçoso que sempre esteve nele, que a fez pensar na conversa que teve com Magnus algum tempo atrás... e se, tudo o que Sebastian precise para ser alguém melhor for de bons exemplos, de sentimentos, de amor? E se isso for verdade, quer dizer então que ela — quem estava se afastando cada vez mais de cada sentimento que ela conhecia — poderia muito bem tornar-se alguém como ele, poderia um dia aceitar as palavras e acabar indo até ele.

E foi por isso que ela disse a Jace mais cedo que não iria a lugar algum. Ela não queria se tornar uma versão de seu irmão, ela não queria trair os amigos, não queria magoar as pessoas e... Não queria deixar de amar quem ela amava. Então ela iria ficar, e ela deixaria as pessoas ficarem ao redor dela novamente.

Cada um deles sabe muito bem como se cuidar, afinal de contas. E agora que ela se sente mais forte mais determinada — e o mais importante — mais independente, ela pode ficar e ainda conseguir alcançar seu objetivo.

Na verdade, Clary começa a achar que só conseguirá atingir este objetivo se ficar.

Benjamin mexeu-se novamente no sofá. Ele estava em um sono muito agitado. Clary olhou para seu rosto normalmente tão sereno e que agora não parecia nem um pouco relaxado com o sono, mas sim contraído e afligido. Ela tentou imaginar com o que ele poderia estar tão preocupado. Não que fosse difícil saber que ela era a razão, no entanto ela gostaria de saber o que ela fez agora para deixá-lo preocupado.

Sentimentos são uma droga, Clary pensou. Agora que ela se permite sentir um pouco mais, a culpa por Simon não é a única que a atormenta. Ela deveria se sentir muito, muito culpada por tudo o que fez Benjamin passar. Não que ela não o tivesse avisado pra ficar longe, então basicamente a culpa é toda dele. Ainda assim Benjamin foi o único a mantê-la longe da loucura durante todo esse tempo, então talvez ela devesse algo mais a ele do que somente a vigília de seu sono.

Clary estava pensando em si mesma e em tudo o que ela sofreu até ali e depois em Benjamin. Ela ao menos teve toda uma infância vivida normalmente e, sim, feliz. Foi uma mentira, mas ela não pode mudar o fato que ela foi sim feliz. Benjamin não teve sequer isso. Uma infância atormentada, uma adolescência conturbada e perigosa, tanto sofrimento em si mesmo e ainda assim capaz de tanta bondade — mesmo com alguém que ele considere louca — Clary sentiu um sorriso surgir com este pensamento.

Benjamin era alguém que ela admirava. Sua força, sua bondade, seu caráter, sua própria presença que inspira ao mesmo tempo tanta calma e apreensão. O rosto serio e a maneira como encara toda a dificuldade, seu senso de humor que surge nos momentos mais inesperados, sua capacidade de fazê-la sentir-se bem até mesmo quando ela não achava que isso seria possível. Tudo isso e muito mais é claro, faz dele a pessoa que ele é, e Clary ama tudo isso. Além do fato de ele ser lindo é claro: o corpo de caçador de sombras muito bem desenvolvido — ainda mais do que o normal por ter começado seus treinamentos muito antes de qualquer outro — seus lindos olhos verdes, tão vazios como um poço que não se pode ver o fundo, mas um poço onde se deseja pular somente para descobrir o que irá encontrar em seu fim. Seus lábios cheios e tão bem desenhados, e — Clary sorriu novamente — seus lindos e castanhos cachos, a maneira como ele os mantém nem curtos demais que destruíam os cachos, nem compridos de mais para que seja possível prende-los e por isso sempre há um pequeno cacho fugitivo em seu rosto.

Um pequeno cacho que ela sempre desejava colocar no lugar. Um pequeno cacho que neste momento descansava em sua bochecha, que se move lentamente ao ritmo de sua respiração.

Clary se aproximou do sofá e sentou-se no chão, face a face com Benjamin. No momento em que sua mão retirou o cacho rebelde de seu rosto Benjamin abriu os olhos. Os lindos olhos verdes, vazios. E Clary sentiu uma estranha necessidade de mergulhar neles.

— O que foi? — Perguntou ele com a voz rouca do sono.

— Nada. Você é muito bom para mim, você sabe não é?!

— O que aconteceu Clary? — Ele perguntou sentando-se no sofá e mantendo a expressão preocupada de seu sono.

— Não aconteceu nada Ben. Eu só quero ter certeza que você saiba disso. Você é muito bom para mim e, talvez eu nem fosse mais eu mesma se não fosse por você. — Clary sorriu suavemente.

— Clarissa, estou preocupado e acho que você deveria ficar também. Isso por acaso foi um sinal de seus sentimentos? — Ben falou muito seriamente, mas terminou a frase com um sorriso encantador que fez com que algo quente, parecido com ouro derretido se espalhasse em seu interior.

Ben inclinou-se para Clary que ainda estava sentada no chão, deslizou sua mão por seus cabelos mantendo-a ali e suavemente roçou seus lábios nos dela, Clary sentiu um arrepio percorrer todo o seu corpo. O leve roçar de lábios se aprofundou em um beijo, um beijo que se aprofundou se intensificou rapidamente.

E enquanto Benjamin a tirava do chão e a trazia para o sofá, para junto de si, Clary não pode deixar de pensar — por mais que seus pensamentos estivessem nebulosos — que o ouro derretido que ela sentia dento de si, a lembrava muito de Jace.

***

Na manhã seguinte — muito de manhã mesmo — o sol não havia sequer surgido completamente no horizonte ainda, Clary ouviu a campainha de Simon, tentou se levantar cuidadosamente para não acordar Benjamin — quem não teve quase nada de sono durante a noite — Mas assim que sua cabeça deixou o colo de Clary seus olhos se abriram, ela sorriu e lhe disse:

— A campainha.

— Eles não perdem tempo — Ben suspirou levantando-se e indo em direção ao banheiro.

Neste ponto alguém tocava incessantemente a campainha e Simon apareceu do corredor com os cabelos despenteados e a camisa amassada assim como seu rosto que tinha vincos do travesseiro por todo o lado direito.

Clary riu, saboreando esta sensação, que não era nova, mas que estava a muito esquecida, de se divertir com pequenas coisas.

— Eu abro. — Ela disse se encaminhando para a porta, onde a campainha ainda ensurdecia a todos.

— Agora você diz isso. — Murmurou Simon, indo até a geladeira e tirando de lá um grande e gelado litro de sangue.

— Pelo anjo, pensei que você tinha sumido novamente e levado meu namorado junto. Vamos deixar uma coisa bem clara: vá, mas deixe-o onde está.

Foi o que Isabelle disse assim que Clary abriu a porta. Nada de oi, ou bom dia, mas essa era Izzy.

Os outros estavam ali também, Jace parecendo muito cansado, mas forçando um ar de simples tédio; Alec com sua inabalável postura e Magnus brilhante — literalmente — ele tinha calças pretas e uma camisa branca, até ai sem muito glamour, mas ele trazia também um casaco amarelo com gliter por todos os lados e em seus olhos uma espantosa sombra azul anil com mais gliter.

Vendo o olhar espantado que Simon lhe dava, ainda da cozinha, ele disse:

— O que? Acordei me sentindo radiante hoje. — Ele tirou seu olhar de Simon e passou-o para Clary. — E pelo visto eu não fui o único. É impressão minha ou isso em seu rosto é um sorriso!? E venha até aqui, você esta corada?

Neste momento Benjamin surge vindo do banheiro, tão amassado quanto Simon, no entanto com olheiras profundas que Simon jamais teria.

— Já você não parece nada bem. — Acrescentou Magnus.

— E olha quem está me julgando pela minha aparência. — Ben respondeu sentando-se no sofá.

Alec riu e juntou-se a ele, Isabelle que estava agora na cozinha com o namorado olhava de Ben para Clary e vise e versa como se tentando entender alguma coisa, Jace continuava com o ar de entediado e Magnus observava curiosamente o sorriso de Ben.

— Tudo bem, você me pegou nessa Haikai.

— Vocês vão se sentar e discutirem a moda ou podemos fazer o que viemos fazer? — Perguntou Jace, sem alterar sua fisionomia.

— Que seria exatamente? — Perguntou Simon — Vocês sabem que horas são?

— É a hora. Vamos Clary, pode continuar sua história.

De repente Clary sentiu todo o bom humor de manhã se esvaindo e por um momento ela odiou Jace por isso. Mas ele não era o único que sabia fazer cara de paisagem e ela prometeu que contaria tudo hoje, por isso ela foi para seu lugar na janela e sem delongas começou a falar.

— Bom, acho que paramos na parte em que descobrimos que eu tinha esse maldito fogo dentro de mim. — depois da risadinha sacana de Izzy, Clary acrescentou seca: — o fogo celestial eu quero dizer.

— Sim, foi ai que paramos. — Alec ajudou.

— Então, não há muito mais o que dizer.

— O que? Você só pode estar brincando. — Jace estranhamente parecia fora de si.

— Não, não estou.

— Jace tem razão Clary, estamos todos ansiosos para saber o que aconteceu com você depois que descobriu sobre o fogo celestial, e você diz que não tem mais o que dizer?!

Clary ficou em silencio por um momento, não é que ela não tinha mais o que dizer é que apenas o que ela tem para dizer daqui para frente torna-se mais pessoal e até constrangedor. Mas então, ela tinha que dizer não tinha?

— Depois de descobrirmos sobre o fogo celestial, Katherine usou sua influencia como líder de um instituto para conseguir informações sobre Jace.

Jace deu a ela um olhar de espanto, mas continuou calado.

— Ela conseguiu falar com os irmãos do silencio e Zacharyah deu a ela todas as informações sobre seu caso.

— Meu caso... — Interrompeu Jace, ainda espantado. — Como se eu fosse um parente doente em algum hospital mundano.

— Não é isso Jace. É apenas que não há fatos registrados sobre algo como isso, então você era nossa única fonte de informações. Clary não tinha realmente nenhuma noticia sua desde que deixou Nova York, e nós precisávamos saber de alguma coisa para ajudá-la. Era visível que o recipiente já não agüentaria por muito tempo.

Jace sentiu-se nauseado pela falta de interesse de Clary por ele, mas muito interessado na ultima frase de Ben.

— O que você quer dizer com ‘o recipiente não aguentaria’? — Simon quis saber.

Benjamin olhou para Clary e como ela não fez menção de continuar ele o fez.

— Como eu disse antes o poder que existe dentro de Clary é extremamente forte. Ela o controlou por muito tempo sem ao menos saber que ele estava ali, mas com o tempo as grandes emoções as tensões e o aumento desse poder, Clary que é o recipiente já estava muito frágil para conter tamanho poder.

— Foi por isso que Katherine achou que seria bom saber o que estava acontecendo com você. Quando ela soube que você estava controlando isso com treinamento, disciplina e muitas vezes esgotamento físico, ela achou que funcionaria comigo também.

“Mas não funcionou. Eu já tinha todas essas coisas em minha vida e talvez tenha sido isso que conteve o fogo celestial até então, mas, por acaso, ou não, desde que eu soube com certeza que havia algo dentro de mim, ficou cada vez mais difícil controlar.

“Eu me sentia fora do ar por muitas vezes, sentia uma raiva e frustração com tudo que não eram minhas antes e havia também as dores. Por todo o corpo o tempo todo, me esgotando, me levando ao limite.”

Clary se calou, lembrando-se não tão nitidamente do dia em que realmente chegou ao limite, ao dia em que ela perdeu completamente o controle de si mesma, o dia em que o recipiente se quebrou.


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Notas finais do capítulo

Genteeeeee por favor falem comigo que eu estou com saudades de vocês rsrs

Me digam o que acharam, sim?

Bjoss, Bjoss ^^



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