Eu estava caminhando pelo jardim da mansão observando o crepúsculo, quando ouço uma melodia familiar, virei o rosto de um lado para outro procurando pela origem dela, mas não encontrava em lugar algum por mais que procurasse. Depois de um tempo desisti e voltei a caminhar, quando percebo que chutei algo.

 -O que isso esta fazendo aqui? -Falei, notando que era o relógio de bolso do meu servo. -Então era daqui que vinha a melodia. -Sussurrei, esticando meu braço para pega-lo. O mais estranho era que ele o carregava como se fosse um tesouro, por isso ele não o deixaria longe dele por nenhum motivo. -Já sei, ele deve ter perdido. Mas como eu sou uma boa mestra vou pegar e devolver a ele. -Se ele não me agradecer, vou castigá-lo escondendo-o dele. Pensei, com um sorriso de satisfação no rosto.

 Assim que peguei o relógio e levantei a cabeça, percebi que não estava mais no jardim e sim em um local escuro totalmente destruído. Por mais que o local fosse familiar para mim, eu não conseguia reconhecê-lo de jeito nenhum, e aflição começava a aumentar em meu peito por causa disso.

 -Alice... -Eu escuto meu nome ser chamado. -Venha Alice... -Eu segui andando em direção à origem da voz que me chamava, como se estivesse hipnotizada por ela, mesmo o receio e o medo não me impediam de ir atrás dela.

Quando noto que estou em frente de uma porta branca, sem nada ao redor.

 -Venha, não tenha medo... -Eu ouço a voz vinda de traz da porta, me convidando a entrar. Eu ponho relutante minha mão na maçaneta e a giro, abrindo a porta devagar, assim que termino de abri-la vejo uma garota de cabelos brancos sentada em um sofá, sem demonstrar nenhuma expressão facial, observando cada movimento meu.

 -Quem é você? -perguntei com medo da resposta que ela me daria.

 -Você sabe quem eu sou... -Dizendo isso eu recuei alguns passos para trás, esbarrando em alguma coisa. Passei a mão devagar para saber em que tinha esbarrado, sem parar de olhar para ela. Era uma...

-Parede?! –Falei espantada, virando meu rosto para ver se era mesmo. Mas desde quando tinha uma parede atrás de mim?

 Vendo minha expressão ela disse:

 -Você ainda não descobriu onde nos estamos? -Ela me perguntou. No mesmo instante eu paro de olhar para trás e começo a notar o local onde nós nos encontrávamos naquele momento. Era em um salão que lembrava muito o da mansão da Sheron. A diferença era que as paredes e o chão estavam manchados de sangue em algumas partes e a maioria dos moveis estavam destruídos.

 -Viu o que você fez? -Ela falou como se tivesse me acusando de ter feito aquilo. -Entendi agora? Você o matou.  -Disse com um tom de indiferença.

Ouvindo aquelas palavras, senti um aperto no peito como nunca tinha sentido antes.

 -Olhe bem ali. -Ela disse, apontando para um canto próximo de onde nos estávamos. Estava com medo de olhar, sem saber bem o porquê, mas estava ainda sim virei à cabeça devagar para o lado que ela apontou e vi o corpo de um garoto loiro sobre uma poltrona suja.

 -Oz! -Gritei desesperada ao reconhecê-lo. Sai correndo de onde estava e fui até ele. -Oz! -Gritei outra vez. -Por que você não esta me respondendo heim? -Falei histérica. -Fale alguma coisa. Vai. -Disse me ajoelhando ao lado dele e o balançando devagar. -Oz... Oz... Oz! -Disse com lagrimas escorrendo pelos olhos e a voz embargada. Mas nada de ele me responder. Então deixei o medo que sentia me consumir e desabei em prantos.

 -Não adianta chorar sobre o leite derramado agora. -Ela disse isso sem mudar a expressão facial ou o tom de voz.

 Comecei a me levantar, enquanto secava as lagrimas que escorriam pelo meu rosto. Virei à cabeça para o lado onde ela se encontrava.

 -Por quê? Por que você fez isso com ele? -Eu disse com raiva. Uma raiva que até hoje nunca tinha sentido. -Heim? Responde-me! -Falei contendo as lagrimas que queriam correr outra vez.

-Eu?... -Ela começou a falar com aquela voz desprovida de emoção outra vez. -Eu não fiz nada, na verd...

 -Chega! -Eu berrei. Impedindo que ela continuasse a falar. Não aguentava mais, não suportava mais ouvir nenhuma palavra que saia da boca dela. O jeito que ela falava, e aquele tom de voz estavam me enlouquecendo. -Cala a boca. -Falei andando em direção a ela.

-O que você acha que vai faz...

-Eu já disse para você calar a merda da sua boca! -Falei irritada. Acelerando meu passo cada vez mais. -Por que você o matou?! -Gritei usando todo o ar dos meus pumões.

-Alice...

Ouvi uma voz fraca me chamando. Parando de andar e me virando de subto para traz, para ver quem me chamou.

-O... Oz. - Eu não estava acreditando ele... Ele esta... -Vivo... -Sai correndo emocionada chorando de felicidade por ele estar vivo. -Oooz!

-Por que... Por que Alice... -Eu o ouvi me perguntando com a voz fraca. Eu olhei para ele para ver como ele estava e o vi com a mão esticada em minha direção.

-Alice... Por que... Você... Me matou...