Painless... Touchless.. escrita por AnyBnight


Capítulo 1
Painless... Touchless...


Notas iniciais do capítulo

Hey, primeira e talvez única vez escrevendo sobre Loveless. Eu amo esses Zeros, não dá pra evitar.

Enfim, acho que a palavra "touchless" não existe, mas o google tradutor dá o significado que eu quero então tá beleza.

Acho que exagerei um pouco (ou bastante) na 'insensibilidade' dos zeros. Culpem minha ~inspiração~ por isso.



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Insensibilidade nervosa. Isso nos tornava o combatente perfeito e o sacrifício perfeito até Soubi aparecer. E até tal acontecimento, não havíamos nos dado conta de que nem mesmo podemos sentir nossos próprios toques. Embora estejamos sempre de mãos dadas, sempre entrelaçados, precisamos estar olhando constantemente um para o outro para ter certeza de que é ele mesmo ali.

De fato, fomos criados apenas para lutar. Não importa o quão “humanos" tentemos ser, temos que estar sempre atentos para que não acabemos morrendo por falta desse alerta natural do corpo chamado “dor".

A ausência de sensibilidade física nos tornou também insensíveis aos sentimentos alheios.

De algum modo, com o passar do tempo, ser “indolor" começou a doer de forma estranha. Eu e Natsuo, que passamos toda a vida juntos, nos amávamos incondicionalmente e não poder senti-lo me deixa mal. Tenho certeza de que ele também pensa assim.

Não sentia o tremer de suas mãos, o calor de seus abraços, nunca pude saber exatamente como era um beijo.


"Nee Ritsuka, como é beijar?"
"O que?!"
"Você ouviu ele, reponda!"
"C-como eu vou saber?!"
"Não minta para nós, sabemos que você e o mala do Soubi vivem se beijando."
"Só queremos saber como é a sensação"
"B-bem… É mais ou menos…"


Quente… Macio… Doce…

Eram apenas palavra sem significado para nós. Já perdi a conta de quantas vezes tentamos sem que qualquer sensação ou sabor fosse criado do ato. Tão frustrante…



– Youji, esfregue minhas costas.


Na banheira da casa de Soubi, a dupla de Zeros desfrutava do banho que só sabiam que era quente pela presença de vapor saindo da água. Estavam um de frente para o outro, disputando a chutes fracos espaço para suas pernas. Mesmo sendo tão magros, os dois não cabiam direito na banheira.

Ao fazer o pedido, Natsuo se virou desajeitadamente ainda dentro da água, praticamente se jogando contra Youji sem deixar o mangá que lia se molhar. Youji resmungou alguma coisa, em seguida se moveu os braços até que pudesse abraçar Natsuo pelo pescoço, pousando seu queixo no ombro dele.


– O que está lendo?
– Nada em especial, o idiota do Soubi comprou a revista errada.
– Hum…


Youji desfez o abraço, recuando um pouco até que houvesse certo espaço entre ele e as costas de Natsuo. Sem muita vontade, tirou um dos braços de dentro da banheira e o tateou no chão até encontrar a esponja. De volta a água, acatou o pedido do parceiro mantendo-se estranhamente pensativo enquanto o fazia.

Começou com deslizes leves em zigzag, e só por curiosidade, passou a esfregar com força em movimentos verticais. Sabia que aquilo não machucaria Natsuo, estava apenas sendo tomado por uma recente frustração.


– Ei, devagar. Não quero minhas costas cheias de arranhões.
– Como sabe que estou forçando?
– Está me empurrando pra frente.


Parou, recuou. Jogou a esponja fora e voltou a abraçar Natsuo.


– O que foi?
– Não sentir tem se tornado muito incômodo.
– Eu sei. - Disse ao ceder a cabeça, para que a acomodasse no ombro de Youji.


Permaneceram daquele jeito por certo tempo, até que o vapor vindo da água praticamente sumisse. Antes que pudesse se mover, Natsuo reparou que era tocado em um lugar nada conveniente.


– Por que está fazendo isso?
– Dizem que a virilha é a parte mais sensível do corpo.


Natsuo suspirou, tocou-se por cima das mãos de Youji, as afastando em seguida.


– Não vai adiantar, sabe disso. O máximo que conseguiremos com isso é sujar a água.
– Isso é tão injusto… Nós supostamente não deveríamos sentir dor, por que também não podemos sentir o resto das coisas?
– Pergunte à Nagisa-sensei, não à mim. - Jogou o corpo pra frente um pouco, levantando-se em seguida.


Não era como se estivesse satisfeito com aquilo, Natsuo apenas era mais maturo que Youji. O zero de cabelo escuro também sentia-se frustrado com a insensibilidade de seus corpos, mas sabia que nada podia ser feito. Este já havia aceitado a condição a que foram submetidos, porém o outro…

Youji estava sendo mais infantil do que de costume. Enquanto Natsuo se secava e envolvia a cintura com uma toalha, o companheiro permanecia na banheira, quase totalmente imerso, com apenas a metade de cima do rosto para fora da água; fazia bolhas barulhentas diante do rosto, como uma criança birrenta quando contrariada.


– Hey…
– Hum?
– Se nos tornarmos adultos, vamos voltar a sentir?
– Claro que não. Você viu as outras Zero, não viu? Elas já não tinham orelhas e mesmo assim—

Um empurrão impediu a frase de ser completada. Youji havia saído da banheiro enquanto Natsuo estava de costas e se jogara sobre o companheiro com tanta vontade que caíram os dois no chão. Apenas hematomas leves surgiram na pele branca dos cotovelos do zero, nenhuma dor fora sentida.


– Mas que droga, Youji… - tentava se levantar, mas como tinha o outro agarrado ao seus peito, não conseguiu - Youji?
– Não é justo. Não é. - Birrava o zero esverdeado com o rosto escondido nas costas do parceiro.


Não é justo amar tanto alguém e não poder senti-lo. Eu vejo Natsuo, eu o ouço, por que não o sinto? Zeros são a maior prova do egoísmo e narcisismo dos Sete Luas. Nascemos apenas para lutar, sequer temos uma estimativa de vida no mínimo normal’. Somos armas. Frios como tal, mesmo sem saber como é o “frio", eu suponho que seja algo como o sentimento que tive a primeira ver que lutei. Meu inimigo me atacava e eu revidava sem me importar com meus braços sangrando. Matei meu adversário como se ele não fosse nada. Meu corpo não doía, mas um mal estar me tomava.

Zeros, os combatentes perfeitos, tem lá seus defeitos.

Os cientistas nos privaram de sentir fisicamente, mas esqueceram de levar, com nossos nervos, nossos sentimentos. Isso com certeza dói bem mais do que cair de uma escada, ser atropelado ou levar uma facada.



– Ei, Youji, se levanta vai. Temos uma reunião com a sensei daqui a pouco. - Falava manso, tentando acalmar a inquietação de Youji. Breves recuos na pele das costas alertavam que o coração do zero pulsava forte, mas não podia sentir as vibrações dele. Não podia sentir.
–Injusto. - Ele resmungou uma última vez e então se levantou.


Youji levantou-se sem voltar a encarar Natsuo, vestiu um roupão que roubou do armário de Soubi sem que este soubesse e foi para a porta, parando diante da passagem ainda de costas para Natsuo.


– A sensei tirou de nós a sensibilidade errada. - falou baixo.


O zero moreno já se punha de pé. Deu de ombros uma vez e enrolou uma toalha na cintura.

– Também acho. - E cabisbaixo, dera um sorriso triste.

Uma última vez os dois arriscaram um beijo. Seguravam no rosto um do outro e se selaram. Por cerca de cinco minutos tentaram, de novo e de novo, sem sentir nenhuma das sensações descritas por Ritsuka. Ao se separar, ainda com os rostos entre mãos, apenas suspiraram.


– Melhor parar de tentar. Não vale mais a pena. - Youji disso já baixando as mãos.
– Não. - Natsuo então erguera o rosto juntamente com o rosto do outro. - Se essa é a única dor que somos capazes de sentir, eu faço questão de senti-la.

A única orbe esmeralda do moreno brilhava fraco. Não era de agora que falava como sendo forte mesmo sentindo-se tão pra baixo quando Youji. O zero esverdeado limitou-se a dar um selinho nos lábios do outro e se afastar em seguida.


– É, não temos escolha nenhuma no final.
– Não temos.
– Não é justo.
– Não é.
– Não vai ter graça “virar adulto" desse jeito.
– Realmente. - acabou rindo, logo dando alguns passos até Youji e o tocando o ombro - Vamos nos vestir logo, morrer de frio ainda é possível.


Nós sentimos a mais dolorosa das dores:

Não sentir o toque e o gosto do ser amado.


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Notas finais do capítulo

E cá entre nós, tem bem um ano que estou pra completar essa fic.

Realmente acho que exagerei na insensibilidade deles. Ficou muito ruim desse jeito?



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