Semanas havia se passado, eu não ouvia falar em Alex e também não havia falado nada a respeito do que tinha descoberto. Minha cabeça dava mil voltas, como ele poderia ser irmão do Evan? Como poderia ter mentido sobre tudo... Sobre si mesmo... Ter mentido pra mim.

Era sábado, e eu estava em casa, olhando para o meu notebook e vendo inúmeros emails de Evan, Procurador da Justiça e outros blá, blá, blás. Meu quarto parecia tão vazio depois que as visitas intrusas de Alex não aconteciam mais, quando tudo não acontecia mais.

Triiim, triiiim

– Alô.

– Amelie, precisamos conversar. - uma voz rouca e baixa falava do outro lado.

– Alex... - meu coração batia acelerado, pensei que ele poderia ouvir do outro lado.

– Não posso demorar muito no telefone, não saia de casa hoje a noite, estarei ai.

– Mas... - e ele ja havia desligado.

Me encostei no travesseiro e fiquei olhando pro dia brilhando lá fora. Estava sozinha desde que Eva e Eric foram morar juntos. Um pouco rapido da parte dos dois, mas eles se acharam um no outro e isso me deixou feliz. Respirei fundo, meu coração apertou por ver Alex hoje, depois de ter respondido todos os dias que não estava com ele para Eric, depois de esquecer tudo, ele iria vir aqui e eu teria que fingir que não sabia de nada.

Iria almoçar com meu irmão e isso me fez pensar ainda mais o que iria fazer quando chegasse em casa, me deixando ansiosa. Me vesti e fiquei pronta antes que ele me ligasse. Tranquei tudo, portas e janelas, para que quando eu chegasse em casa não tivesse surpresas.

Estava saindo de casa, quando estava na metade do caminho, um carro começara a me seguir. Olhei para o retrovisor tentando ver quem era.

– Mas que merda. - falei, batendo no volante. Não iria despistar, fui direto para o restaurante onde Eric me esperava. Quando parei no acostamento, esperei que o tal carro passasse por e eu visse quem era dirigindo, mas ele parou logo atrás. Revirei os olhos, como aquilo poderia ta acontecendo? Abri o meu porta luva e tirei minha calibre 357 e coloquei na bolsa.

Uma respirada funda e desci.

Entrei no restaurante e Eric estava lá, acenou para mim e fui até a mesa. Coloquei a bolsa de lado, de uma forma que eu pudesse ser rápida o suficiente.

– Você tá bem? - Eric me perguntou, curioso. - Parece que ta fugindo de alguma coisa.

– Eu to bem. Só cansada. - falei, dando um sorriso forçado.

Ele ficou me olhando, como se soubesse de alguma coisa.

– Tem haver com aquele cara? O Alex? - ele colocou a taça com água na mesa.

Respirei fundo, não acredito que ele iria voltar com aquilo novamente.

– Como está a Eva? Por que ela não veio hoje? - disse mudando o assunto, olhando para o cardápio.

– Ela ta bem. Foi visitar os pais. - ele disse, sorrindo. - Dia da família hoje. - e fez um gesto que apontava para mim.

– Claro. O que vamos comer nesse "Dia da Família" ? - falei, novamente olhando o cardápio.

– O que você quiser... - ele disse.

Eric e eu passamos a tarde juntos, fomos ao shopping comprar umas coisas para o apartamento que ele e a Eva estavam morando e então teve que voltar para um plantão no hospital.

Cheguei em casa, na frente estava tudo aparentemente normal, entrei na garagem e fechei tudo o mais rápido possível. O carro que me seguia, não estava lá quando saí do restaurante.

– Disse pra você não sair de casa. - Alex saiu da cozinha, estava com uma maça na mão e se encostou na parede.

Coloquei as chaves na mesa, junto com a bolsa.

– Minha vida não gira ao redor do que você quer. - falei, ia passando por ele quando ele segurou meu braço. Ele não me olhou e eu não iria fazer isso. - Por que você mentiu?

Ele respirou e me soltou. Virei-me pra ele, seus olhos não estavam em mim.

– Eu não queria colocar tudo a perder. É complicado.

– O que é complicado, Alex? Falar a verdade? Ser sincero é complicado? - disse, me afastando dele e ele ainda continuava sem me olhar e aquilo estava me irritando.

– Amelie, por favor... - era suplicante.

– Por que você fez isso, Alex? Ou devo chamar você de Vicent Graysson?

Dessa vez ele me olhou, seco e frio, meu coração doeu e minha pele gelou.

– Não podia colocar tudo a perder, você não sabe, é complicado. - ele disse vindo até mim, recuei um passo. Ele não disse nada e eu também não queria falar. Passei por ele e fui até a porta e abri.

– Vai embora.

– Você vai atras do dna de todos os seus namorados? - ele disse

– Você nunca foi meu namorado, nunca foi nada meu. - falei.

Ele veio até mim, me olhou por um bom tempo.

– Não é isso o que você quer.

– Se manda, Alexander.

Então ele saiu e não olhou para trás.