O público gritava, desesperado, pelo comentário que Teruki acabara de fazer.

Alguns choravam, outros berravam, e outros somente escutavam.

Fechou os olhos e se pôs a sorrir.

“- O próximo é o Kanon..” – caminhou lentamente para o fim do palco, vendo seu amigo andando em direção do microfone.

A platéia voltou a gritar, falando para dar o seu melhor, muitos ainda choravam, tanto quanto antes.

Kanon segurou no microfone, bem forte, e se prendeu em seus pensamentos, resolvendo como começar.

Deu um largo sorriso falso e soltou as palavras.

“- Hm.. Quando eu vi o Bou e nós nos conhecemos-...” – parou no meio de sua fala, tirando aquele sorriso do rosto e transformando-o em uma poça de lágrimas.

Viu o loiro no canto do palco, ajoelhado e encostado na parede, com as mãos sobre o rosto, chorando tanto quanto ele.

“- Eu era muito tímido, e apesar de não falar nada...” – deu uma breve pausa para recuperar o fôlego e continuou.

“- Ele me deu sua atenção.”

“- Você deve ser o baixista, não é?” – riu o garoto que estava em sua frente, de cabelos morenos, com aparência nova e simpática.

“- ... Sim..” – não falava mais do que isso. Eram somente palavras curtas e com poucas sílabas.

“- Você não é de falar muito, não é?” – perguntou fitando o outro da cabeça aos pés.

“- ...” – não respondeu nada, só respondeu ao olhar do mesmo jeito.

“- Somos amigos. Você não precisa ficar tímido assim.” – deu um sorriso de orelha a orelha.

“- Quando eu estava morando sozinho, ele veio me visitar.

Depois disso, fomos a um restaurante de família e comemos juntos, como bons amigos.” – derramou mais lágrimas, mesmo com o sorriso no rosto.

“- Que tal irmos comer? Podemos nos conhecer melhor, e sermos bons amigos.” – disse, enquanto estava na frente da porta da casa do outro.

“- Boa.. ideia..”

“- Por que você fala assim? Eu já disse que somos amigos, não precisa falar desse jeito tímido..” – fez uma cara emburrada e cruzou os braços, o outro não pôde deixar de dar uma pequena risada.

“- Viu? É assim que eu quero que você seja.”- sorriu enquanto escutava a doce risada.

“- Tá...”

“- Eu fui muito feliz com ele ao meu lado.” – todo o público estava chorando, só se via lenços coloridos e cabeças baixas diante seus comentários.

Bou também estava lembrando de tudo o que o outro falava, como se fossem uma pessoa só, com os mesmos pensamentos.

“- Quando estávamos em Nagoya, à noite, nós caminhamos pela praia” – sorriu, enquanto lembrava dos momentos.

“- As estrelas eram incríveis..” – ainda sorrindo, levantava mais lágrimas que rolavam pelo seu rosto, enquanto segurava o microfone com força.

O outro, ajoelhado na parede do palco, sorriu também, como resposta.

“- Já faz alguns anos que a gente se conhece.” – falou o loiro, enquanto estavam sentados na beira do mar, olhando as estrelas.

“- É.” – sorriu, admirando as estrelas do lugar.

“- Você mudou, não é mais aquele garoto tímido que eu conhecia.” – deu uma pequena risada, mas sem parar de fitar as brilhantes estrelas do céu.

“- É.. Eu estou melhor assim ou como antes?”- riu junto com Bou.

“- Assim. Nunca mude, seja sempre desse jeito.”

“- Posso saber por que?” – perguntou sério.

“- Por que eu te amo do jeito que está.” – deu um sorriso, olhando as estrelas.

Kanon parou de olhar as estrelas e se concentrou somente no loiro, que ainda olhava a luz no céu, vendo seus olhos brilhantes e alegres, mas ao mesmo tempo, inseguros.

“- Eu já sei que você não sente o mesmo por mim. Mas nunca deixe de ser meu amigo. Só peço isso.” – os olhos que estavam acompanhando o brilho das estrelas, agora estavam grudados no rosto de Kanon.

“- Eu não disse que não te amo.” – se aproximou do rosto pálido do loiro, segurando seu queixo.

Foi trazendo aquele rosto perfeitamente redondo para perto de si, e lentamente fechou os olhos.

Sentiu um calor dentro do seu corpo, ao tocar os lábios rosados e brilhantes do outro tocarem nos seus carnudos lábios. Foi um beijo rápido, um curto toque de corpos, mas foi o suficiente para transmitir todos os sentimentos que estavam presos por anos.

“- Te amo.” – afirmou o loiro, abrindo os olhos e com um sorriso no rosto

“- Nunca me abandone”

“- Como poderia?” – riu

Segurava o microfone com mais força que antes. Sorria, chorava, estava triste mas feliz ao mesmo tempo.

“- Então, quando tocarmos no Nippon Budokan, vou dar a ele um lugar especial na platéia.” – sorriu.

A platéia gritava e chorava. Alguns sorriam pelo bonito comentário que o baixista fizera.

“- O próximo é o Miku.” – afirmou, largando o microfone e partindo para longe do centro do palco e indo em direção do loiro ajoelhado no chão.

Ele chorava, com as mãos no rosto. Mas logo deu um sorriso quando viu Kanon se aproximando. Ele estava com o rosto molhado, cabeça baixa, mas nunca deixava de dar o típico sorriso dele.

Abraçaram-se, com toda a força existente. Deixavam as lágrimas caírem sobre seus ombros.

“- Você disse que nunca iria me abandonar.”

“- Kanon, eu só estou saindo da banda. Eu não vou morrer.” – riu.

“- Mas não nos veremos como antes.” – disse, ainda não largando do abraço.

“- Nos veremos mais do que você imagina.”

Desfez o abraço, olhando para o loiro que estava com um sorriso no rosto.

O fitou com olhar interrogativo.

“- Nós vamos viver juntos, para sempre. Comprei um apartamento para nós dois.” – o mundo de Kanon, que estava totalmente destruído, agora revivia de um minuto para outro. O outro ria, puxando-o para mais um abraço apertado, que fariam milhões de vezes durante suas vidas.

Obrigado por tudo, Saitou.

Obrigado por existir.

Obrigado por me fazer sorrir todo dia.

Obrigado pelo seu trabalho duro durante esses anos.

Obrigado por fazer minha vida valer a pena.