Cartas Para Antônio Ferreira escrita por Mari


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Gnt demoramos um pouquinho mais estamos de volta...
Esse capitulo se inicia sendo narrado a partir dos pensamentos da Laura e depois muda para os do Edgar!
bjsss

Por Mari

Um agradecimento especial para Tais que emprestou seu talento a essa parceria...



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Por Laura

Eu não queria citar a carta na frente do Edgar, mas o que o Guerra queria com essa pergunta afinal de contas... eu sentia que o meu rosto havia corado e que o Edgar que me encarava desde a minha entrada agora com essa pergunta do Guerra ele parecia ainda mais atento as minhas reações. Eu evitei o máximo encara-lo, sabia que não era imune a ele e iria acabar fraquejando então respondi olhando somente da direção do Guerra desviando apenas para a minha bolsa da onde eu resgatei o pequeno envelope que entreguei a ele. Pretendia entregar a carta e me retirar sem voltar a encarar o Edgar mais a pergunta que esse me lançou me tirou de meus planos.

– Desde quando trocas correspondência com esse jornalistazinho?

– Como disse ao Guerra eu não lhe devo satisfações... E não me olhe assim por que você não tem esse direito Edgar, como se atreve a cobrar satisfações de mim quando nós dois sabemos que você esta se encontrando com aquela moça.

– Moça? Que moça Laura do que você esta falando?

– Não se faça de desentendido Edgar... o nome Heloisa não diz nada a você? Pois pra mim diz muita coisa...

– O que a Heloisa tem a ver com esse seu interesse repentino pelo Ferreira?

– Você não tem o direito de me exigir nada Edgar, você deixou bem claro qual é a nossa situação... E a minha história com o Ferreira não lhe diz respeito.

– A sua história com o Ferreira?

– Calma gente vocês não precisam brigar!

– Eu não estou brigando Guerra... alias eu já fiz o que vim fazer! Passar bem.

Eu deixo o jornal totalmente transtornada, não estava preparada para encontrar o Edgar nessas circunstâncias e também não esperava brigar com ele após tantos dias sem o ver mais acabei me descontrolando com o cinismo dele em me cobrar explicações enquanto ele esta se envolvendo com aquela moça, mesmo que o meu interesse pelo Ferreira seja puramente jornalístico eu não devia satisfações a ele... o que me entristecia era que essa briga só confirmava o que vinha rondando a minha mente nós últimos dias, por mais que eu ame o Edgar não tinha como não ver que nós estávamos tomando rumos opostos.



Por Edgar.

Vários minutos se passaram depois que a Laura saiu do jornal e eu continuo encarando a porta, ela nem tentou esconder de mim o fato de que quer conhecer o Ferreira, não se preocupou em disfarçar o fato para não ferir os meus sentimentos e pela reação dela ela parecia determinada em seguir adiante com essa história.

– Você viu isso Guerra? Viu o jeito como ela me tratou?

– Vi, vi sim meu caro... mais acho que quem não esta enxergando muito bem as coisas é você?

– Como assim?

– Edgar esta na cara, a Laura tem ciúmes de você com a Heloisa da mesma forma que você esta com ciúmes do Ferreira.

– Não Guerra uma coisa não tem nada a ver com a outra, eu e a Heloisa não temos nada... já ela não esconde o interesse dela pelo Ferreira.

– Edgar que você e a Heloisa não tem nada eu sei e você também mais a Laura não... pra ela ter citado a moça ela deve ter presenciado ou ouvido alguma coisa, e o ciúme dela tem certa relevância não é Edgar afinal você convidou a tal moça para um almoço.

– Foi só um almoço Guerra, a Heloisa é uma companhia agradável e mais nada... e eu não acho que a Laura esteja com ciúmes de mim, se ela tivesse não estaria tão empenhada em conhecer o Ferreira.

– Falando em Ferreira Edgar, o que você vai fazer com a segunda carta?

Olhei para o pequeno papel que o Guerra estendia para mim e não me contive dessa vez não suportei esperar ficar sozinho para abrir a carta da Laura, abri mesmo no escritório do Guerra, mesmo correndo o risco que a Laura voltasse. Quando rasguei o envelope o Guerra se adiantou trancou a porta e ficou fitando o meu semblante... Ao terminar de ler a carta disse ao Guerra que precisava pensar e sai rapidamente em direção a minha casa. Cheguei em casa fiquei só de colete e camisa e afrouxei a gravata e parei para reler a carta, uma coisa não saia da minha cabeça agora ela queria se corresponder com o Antônio Ferreira, meu Deus qual seria a próxima novidade perguntar se ele era casado... Não, chega ia responder as cartas e parar por ai.

Começo então a carta...


Rio de Janeiro 1910

Cara Senhora Laura Vieira

Perdoe-me não responder sua primeira carta, mas diante dessa segunda carta vejo a urgência de fazê-lo. O seu agradecimento à pesquisa e a matéria que realizei torna-se desnecessário, pois fiz o que achei que era minha obrigação diante dessa sociedade que comete tantas injustiças contra as mulheres.

Busquei entrevistar várias mulheres de classes sociais diferentes e constatei a mesma coisa a violência com relação às mulheres não tem idade classe social e acontece dentro e fora de casa. A violência no trabalho é também bem relevante, pois como você ressaltou na sua carta muitas vezes a família dessas mulheres tira seu apoio para que elas desistam do emprego e voltem às ocupações do lar.

Eu soube do que aconteceu com a senhora e devo dizer-lhe que tem todo meu apoio e solidariedade, espero que a matéria realmente tenha lhe ajudado a erguer a cabeça e seguir em frente no trabalho, daqui em diante.

Mudando de assunto a senhora sugeriu uma caixa postal para correspondência eu aceito, desde que me explique sua dúvida de por que o Guerra não entregaria a carta... talvez ele não me julgue confiável o bastante para uma aproximação consigo, conselho de amigo é sempre bom ser seguido, não seria essa uma oportunidade de desistir da ideia que tem de conhecer-me?

De qualquer forma seja qual for à decisão segue o número da caixa postal.

Atenciosamente

Antônio Ferreira


Pronto estava feito, agora poderia saber o quanto minha querida Laura estava interessada em outro homem.

O Guerra poderia dizer que eu era insano, mas não era assim que me sentia...


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