Cartas Para Antônio Ferreira escrita por Mari


Capítulo 46
Capítulo 46


Notas iniciais do capítulo

Demoramos mas aqui estamos de novo com mais um capítulo, ficamos com receio de não atender as expectativas com esse capítulo por isso levamos para organizar as ideias e passa-las para o papel... esperamos agradar no final das contas.

bjosss e bom domingo pra vcs!



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Por Laura

A primeira noite na fazenda foi calma e graças a Deus nenhuma das crianças estranhou o lugar e tanto a Melissa quanto o Antônio dormiram tranquilamente, o Antônio acordou apenas uma vez durante a noite o que me surpreendeu ainda mais.

Nos primeiros dias o Edgar tirava a parte da manhã pra ficar com a gente e logo após o desjejum saímos para conhecer os encantos da fazenda, a empolgação do Edgar contando suas aventuras no lugar me encantava e aos poucos aquele peso em meus ombros foi relaxando, não vou dizer que não pensava mais em meus pais, no meu irmão e todas as coisas que estavam nos esperando na capital a fim de resolução, mas eles não eram mais tão frequentes em minha mente.

A Melissa não desgrudava da Bernarda a menos que fosse para nos acompanhar em algum passeio, as histórias do pai também a conquistava, os seus olhos brilhavam de expectativa para também viver as próprias aventuras. No nosso segundo dia na fazenda o Edgar estava mostrando algumas das dependências quando uma movimentação chamou a nossa atenção, logo um dos funcionários da fazenda explicou que uma égua estava parindo, o Edgar percebeu o brilho da curiosidade em meus olhos mas ambos olhamos para a Melissa, a possibilidade de assustar a pequena estampada em nossos rostos.

– Eu posso ver papai? Posso ver a égua parindo?

– E você sabe o que é isso minha filha?

– Eu sei papai, a tia Laura me explicou, é quando ela tem filhote neh?

– Você explicou pra Melissa o que é parir?

– O termo surgiu em uma historia que ela estava lendo meu amor, eu só expliquei o que era.

– Que tipo de historia essa menina anda lendo...

– Para com isso meu amor, eu leio todos os livros que compramos para ela antes de colocarmos em seu quarto e o livro em questão não tem nada de mais... anda responde, ela pode ou não ver a égua parindo?

– É você ou é ela que esta querendo assistir isso, eu fiquei na duvida.

– As duas!

Respondemos juntas e caímos na gargalhada com a cara que ele fez, eu ignoro a cara de nojo do Edgar e pego na mão da Melissa e ambas seguimos na direção em que o funcionário da fazenda se perdeu, demos pelo menos uns três passos antes de ouvir o resmungo do Edgar dizendo um “eu deveria ter ficado dormindo com o Antônio” antes de finalmente nos seguir.

Depois de longos passeios e descobertas voltávamos para casa e após o almoço o Edgar se juntava ao Juvenal e iam andar pela fazenda, desta vez não a passeio mas sim para ficar por dentro de todos problemas mais urgentes da fazenda a serem resolvidos, eu ficava me distraindo com as crianças ou então me enfiava na cozinha para ouvir mais histórias contadas pela Maria e assim conhecer um lado do meu marido que eu ainda não conhecia.

Os homens voltavam a se juntar a gente próximo ao horário do jantar, apenas em tempo de se refrescar e sentar a mesa. E ainda assim o Edgar dizia que o tempo que estava passando com a gente era muito curto e que queria mais tempo para estar em família e prometia que mudaria isso assim que as coisas se acalmassem na fazenda.

Até ai não via nada de estranho, o Edgar sempre se mostrou exagerado no que diz respeito a mim e as crianças, e eu amava o jeito babão dele com os filhos, a figura de pai lhe vestiu muito bem, mas o que eu andava sentindo falta nos últimos dias era do meu marido, quer dizer depois da nossa conversa lá em casa onde ele disse que estava com saudades de me tocar mais que esperaria o meu tempo, ele nunca mais tentou nenhum avanço, não que ele não me tocasse, pra falar a verdade ele fazia isso com muita frequência, eram beijos, abraços e varias outras demonstrações de carinho, era como se tivéssemos voltado a fase do namoro, não nos desgrudávamos um segundo se quer quando ele não estava resolvendo algum assunto da fazenda, mas a noite quando voltávamos para o quarto o Edgar cauteloso e um tanto distante estava de volta, ele me envolvia num abraço protetor e dormíamos assim... eu sempre gostei de dormir nos braços de Edgar, mas ultimamente essa atitude dele estava me irritando, eu queria o meu Edgar de volta, só não sabia como dizer para ele parar de se preocupar comigo e voltar a pensar no nós.

Por Edgar

Depois que voltei para a fazenda junto só Juvenal estava exausto, mas satisfeito, não precisaria ir novamente a cidade vizinha, pelo menos não a trabalho e o próximo passo era resolver as outras pendências da fazenda, mas essas resolveria daqui mesmo e não precisaria me ausentar por longas horas, queria desfrutar dessa paz e sossego com a minha família e desde que chegamos aqui não tive muito tempo para isso, após descer do cavalo um dos ajudantes do Juvenal veio ao nosso encontro e prontamente se encarregou de levar os cavalos, eu fiquei agradecido pois nos pouparia o trabalho e trocando um sorriso satisfeito com o Juvenal entramos em casa, o cheio vindo da cozinha logo nos chamou a atenção e nossa barriga roncou em concordância, estávamos morrendo de fome e antes de seguirmos para a cozinha a Maria veio ao nosso encontro.
– Mas já não era hora achei que iam pernoitar por lá mesmo.
– Graças a Deus não foi o caso... Mas me diz o que é que cozinhou hoje? O cheiro está de lamber os beiços.
– Isso é jeito de falar homem? Pois venha que eu já vou servir... O senhor também dr Edgar.
– Edgar Maria, apenas Edgar... A Laura já jantou?
– Sim meu filho, ela estava decidida a lhe esperar, mas a menina Melissa já estava reclamando de fome então ela acabou a acompanhando.
– Sim e como ela está hoje?
– Parecia mais animada, recebeu uma ligação do pai que a deixou com os pensamentos um pouco longe, mas depois com as traquinagens das crianças logo se distraiu a Bernarda me disse que até se envolveu na brincadeira com as duas, disse que nunca viu um sorriso mais bonito.

As palavras da Maria me alegram e eu penso no sorriso da minha amada, realmente eu nunca vi sorriso mais lindo, mais doce o único pesar foi não estar aqui para testemunha-lo, depois do jantar fui até o nosso quarto para vê-la e quando não a encontrei me decidi pelo quarto da Melissa, mas assim que abri a porta para deixar o meu quarto dei de cara com a Bernarda no meio do corredor.
– Boa noite Bernarda você viu a dona Laura.
– Vi sim senhor ela está dando de mama ao pequeno.
– Ela está no quarto da Melissa?

Ela assente, mas quando faço menção de contorna-la para ir ao quarto em que a Melissa estava ocupando ela me bloqueia.
– Que brincadeira é essa Bernarda?
– A senhora mandou avisar que o senhor pode ir banhar-se que logo ela irá ao encontro do senhor.
– Eu agradeço a sua gentileza em me passar o recado Bernarda, mas eu vou entrar para dar um beijo na Melissa e o que a Laura tiver para falar ela vai dizer pessoalmente.

Dou mais um passo a frente achando que ela se daria por vencida, mas tenho que controlar a raiva quando ela me bloqueia novamente.
– A senhora ficara brava comigo, vai achar que eu não lhe dei o recado como me pediu.
– Não se preocupe que eu mesmo irei dizer que o recado foi dado Bernarda.

Ela assente porém continua feito uma estaca pregada no chão, eu respiro fundo e depois de passar as duas mãos pelos cabelos acabo desistindo, a final não tinha o porque insistir em ver a Laura imediatamente só para contrariar a menina, apesar de estar louco para rever a Laura, não havia me despedido dela antes de sair hoje cedo para não arranca-la de seu sono, mas acabei seguindo o seu conselho e fui para o quarto de banhos pelo menos assim quando fosse rever a Laura eu já teria me livrado da poeira adquirida no meu dia na cidade.

Depois de tomar o meu banho e retornar para o nosso quarto a Laura ainda não estava lá, decidi conter meus instintos de ir atrás dela, estava parecendo aqueles maridos controladores e possessivos, então fingi uma calma que não era minha e me acomodei em nossa cama com o primeiro livro que encontrei, se era para esperá-la porque não na companhia de um bom livro... As primeiras páginas não conseguiram prender a minha atenção, porém da terceira em diante eu já não estava mais tão disperso e parei de olhar para a porta a cada dois minutos e só quando o ranger da porta se abrindo e logo em seguida sendo fechada é que eu me permiti desprender a minha atenção da leitura e mesmo assim terminei o parágrafo antes de erguer os olhos e ficar completamente boquiaberto com a visão a minha frente.

A Laura estava em pé com as costas ainda apoiadas contra a porta, levei um tempo para acreditar que os meus olhos não estavam me pregando uma peça, quer dizer a minha Laura estava totalmente avessa a fazer aquilo por mim ou não estava? Foi só quando o mover dos seus cílios acusou o seu piscar de olhos é que tive a certeza de que eu não estava sonhando acordado, ela realmente estava ali, ela realmente tinha vestido a fantasia de fada para mim.

Ela continuou em silêncio apenas me encarando, eu também não disse nada, acho que nem conseguiria mesmo que quisesse, eu estava hipnotizado por essa visão, ela parecia nervosa pela situação e o seu acanhamento ainda a deixou mais bela se é que isso era possível. Permiti-me dar mais uma olhada de cima a baixo ela parecia ainda mais bonita naquela fantasia do que eu me lembrava, me perguntei se isso se devia ao fato de agora saber de quem se tratava o rosto por trás da mascara ou se eram suas novas curvas acentuando aquela beleza. O livro escorregou da minha mão e caiu fazendo um banque no chão do quarto me dando um susto e me fazendo acordar daquele transe, eu tinha que falar alguma coisa e parar de olhá-la feito um bobo, mas as palavras não saiam da minha boca, eu a abri pelo menos umas duas vezes e a fechei por não encontrar a palavra certa.

Um sorriso surgiu no rosto dela, aparentemente a minha falta de fala era cômica e sem dizer nada ela fixa os seus olhos em mim e começa a caminhar na minha direção com uma determinação que não estava ali antes, ela para na minha frente, deixando poucos centímetros nos separando, leva as mãos até o meu peito e se colocando na ponta dos pés para juntar os seus lábios aos meus.

O pouco de auto controle que eu tive até agora se foi assim que os nossos lábios se encontraram, minhas mãos envolveram a sua cintura e a puxando para mais perto e aprofundando ainda mais o nosso beijo, fazia tempo que não a beijava daquela maneira e agora queria aproveitar até ambos ficarmos sem fôlego.
– Você está linda meu amor.
– Você achou? Eu não pensei que fosse me servir, mas tentei assim mesmo, quase desisti de colocá-la ficou tão justa e...
– Está perfeita... Perfeita!

Respondo colando a minha boca na dela novamente e ela ri da minha afobação, mas não me para ao invés disso leva os seus braços até os cabelos da minha nuca me puxando para mais perto.
– Laura meu amor isso é tortura demais para mim.

Ela se afasta um pouco sem entender o que eu quero dizer e eu me apresso em tentar explicar antes que ela me interprete errado.
– Me diz que eu vou poder tirá-la... quer dizer se você ainda não se sentir pronta para voltarmos a...

Ela coloca dois dedos nos meus lábios me calando e com um sorriso nos lábios começa a brincar com os meus cabelos antes de agarrar as minhas orelhas e volta a juntar as nossas bocas.
– É claro que pode seu bobo, eu a vesti por sua causa... Eu sinto tanto a sua falta.

Não foi preciso dizer mais nada, não eram mais preciso nenhuma palavra e meus lábios já estavam buscando os dela novamente reivindicando os seus beijos da forma que não os tinham a tempos, as minhas mãos vagando por seu corpo com desespero e saudades.


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