O Retorno escrita por Isabela e Thaís


Capítulo 6
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Neste capitulo a 1º parte é no ponto de vista do Cinna e a 2º no ponto de vista da Rue
Dark Paradise-Lana Del Rey :
http://www.youtube.com/watch?v=aazb8Rt31nk
Let The Flames Begin-Paramore :
http://www.youtube.com/watch?v=-AP11h6c-A4
The Catalyst-LinkinPark :
http://www.youtube.com/watch?v=YWm9z2W223Y
I Hate to See Your Heart Break- Paramore :
http://www.youtube.com/watch?v=HQM2e60A_Yk



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   -Chegamos. –Alice avisa entrando com meu pai, Gale, Johanna, Annie, Beetee, uma garotinha que lembrava Alan e minha mãe. Ela corre ao meu encontro.
                -Cinna!! –ela me abraça e chora. –Onde está sua irmã?
               -Ela, ela fugiu com os outros.
               -Com todos? –Alice pergunta.
               -Alice, venha ver isso. –diz Gale.
           -Katherine? –ela corre para perto do microfone. –Katherine o que está fazendo?
           “Entre no jogo” –diz ela.
          -Não! Katherine não faça isso!! –Alice berra do outro lado.
          -Ela sabe o que faz. –Diz Beetee acalmando-a. –Veja. –ele aponta para a tela, pode-se perceber apenas um fino fio passando por entre ela e os bestantes que estão vindo.
“Quando eu falar, descarregue a maior voltagem que tiver na pedra ao lado” –diz.
        Katherine se vira para a câmera, leva os três dedos médios à boca e os levanta. Uma pedra cai e interrompe a conversa de Alice e Katherine. Katherine percebe e corre. Alice obedece descarregando toda a energia na pedra, ouve-se uma grande explosão e a câmera é acertada por um pedaço de pedra.
           -Espero que dê certo. –ela diz se afastando
        “Cinna...” –ouço Finnick me chamar. Vou para frente do microfone. Não tenho imagens deles, mas parece que todos estão bem.
            -Oh meu bebê está a salvo! –Annie suspira ao fundo.
            -Pergunte de Prim, como ela está? Está bem? –Gale pergunta.  –Pergunte sobre a minha garotinha, Cinna!
             -Sim sim, todos estão bem, senhor.
          -Não precisa me chamar assim. –ele diz se aproximando dos auto-falantes.
          Johanna o segue e o abraça por trás. Meu pai e minha mãe se aproximam também. Beetee e Alice se afastam, preocupados com Katherine. Alice parece tentar contato com sua irmã, mas parece que a explosão danificou a comunicação. Beetee acaba cuidando da irmã de Alan, a pobrezinha não sabe o que está acontecendo, não tem culpa nenhuma, não merece que descarreguemos nossa ansiedade nela.
Pego o mapa dos esgotos da Capital e os guio enquanto Alice tenta se comunicar com Katherine. Passa-se algum tempo. Não sei se devo contar, mas...
           -Papai...
           -Sim, Cinna?
      -Acho que minha irmã arranjou um namorado. –digo com um sorriso no rosto. Sei que não é hora de fazer piadinhas, mas essa não deixarei escapar por nada!
        -Como é? Quem é ele? De quem é filho? Como se atreve a chegar perto da minha menininha? Ela é nova de mais e...
          -Peeta, se acalme, uma hora tinha que acontecer. Até já sei quem pode ser. –minha mãe diz ao abraçar de lado meu pai, olha para Annie e completa. –Melhor ele do que outra pessoa.
              -Como? Finnick? O filho da Annie? Mas como que...
              -Pai, é sim, é o Finnick.
              -Sabia que ele era encrenca. –disse meu pai.
            -Annie, não ligue para meu marido, ele só está agindo como o pai ciumento.
              Eu comecei a rir da situação, mas algo me interrompe. 
Prim grita, meu coração se aperta ao ouvi-lo. 
             -Essa é Prim? É ela? O que está acontecendo? –Johanna solta Gale e vem pra perto do microfone - Me dê isso. Prim?
            “Rue, pegue Prim e vá, vire a próxima direita e chegará lá!”
         Finnick grita, ouço vários barulhos, parece que foram descobertos e há pacificadores os atacando.
         -Me dê isso, Johanna! Finn me escute, saia daí meu filho, não quero te perder! Você consegue escapar deles! –diz Annie.
           -Não, Finn mande Rue atacar com o arco, ela consegue! –minha mãe pega o microfone.
          -Finnick, não encoste na minha filha! Se você chegar perto dela de novo eu...
         -Parem com isso! Finnick, está ouvindo? Recuem! Vocês não vão atacar agora! Isso não é hora de... Finnick? Finnick? –perco o sinal. Todos estão aflitos, não sabem o que esperar ou o que fazer.
O sinal volta.
       “Prim está com um machado e... Oh meu Deus! Onde ela aprendeu esses golpes?”
           -Essa é minha garotinha! –diz Johanna com um enorme sorriso no rosto.
           “Alan está ajudando, vou ir para frente deles, atacar os que estão vindo.”
           -Onde está minha irmã? –pergunto.
          “Ela está vindo até mim, não acredito! Rue volte!”
         -Ela é teimosa que nem a mãe, irá ficar ao lado dele. –meu pai diz.
         Ouvimos barulho, Finnick grita de dor. Ouço Rue se aproximando dele.
          -Oh não... –Alice diz ao se aproximar.
          -O que houve? –Pergunto.
        -Eles foram capturados. –ela diz olhando para mim, para meus pais e para Annie.

Ficamos durante um tempo sem saber o que dizer, sem saber o que fazer. Logo o alçapão abre. Passam Prim e Alan, ambos cheios de sangue e chorando.
           -Prim! –Johanna corre ao encontro da filha.
Prim solta o machado no chão. Johanna e Gale abraçam sua filha e esta começa a chorar.
Alan encontra com sua irmã e a abraça o mais forte possível.
           -Onde está a mamãe? –pergunta-a.
           -Não sei. –ela começa a chorar.
        -Alan, ela está na enfermaria. Achamos ela na sala de tortura, estava muito machucada, achamos melhor que ela fique com o povo do Distrito 13 para se curar.
      -Sim, concordo. -Ele enxuga as lágrimas. Olha para Alice e a abraça. –Me desculpe, deveria ter salvado ela, morreria para salvá-la, mas não pude. –Ambos começam a chorar.
          -Tudo bem, Alan. Ela pode ter se salvado, mas ainda deve estar na arena. Não sei, perdi o contato com ela.
           -Como assim pode ter se salvado? –Ele pergunta.
      -Ela preparou uma armadilha de última hora para matar os bestantes e... Bom, não sei o que aconteceu depois.
O alçapão se abre novamente. Katherine aparece com suas roupas queimadas e rasgadas. Totalmente atrapalhada, bastante machucada, aliás.
           -O que você está olhando projeto de padeiro? –ela diz dando um sorriso.
        Todos se animam com sua chegada, principalmente Alan. Ele a abraça e Beetee o encara durante um momento.
        -Vocês sabem quão difícil é ter que quebrar pedras e mais pedras, depois achar um caminho para chegar aqui? Tive que dar uma volta debaixo dos quarteirões da Capital para chegar aqui!
        -E você por acaso viu os pacificadores com a minha irmã e Finnick como reféns? –pergunto.
    -Como assim “reféns”? Prim, Alan... Vocês deixaram isso acontecer? Sabia que não devia abandonar vocês!
          Prim e Alan contam para nós o que aconteceu. Todos ficaram chocados. Katherine ainda arremessa uma cadeira longe. Minha mãe se desespera de tanta raiva e faz uma promessa silenciosa a si mesma, cuja não consegui ouvir, mas sei o que significa. Ela voltará para Capital para salvar Rue, nem que custe sua vida.

* * *

         Acordo em uma cela. Presa entre grades grossas e enferrujadas, mas não estou sozinha. Finnick está aqui, totalmente inconciente, cortes e machucados estão por todo seu corpo, ele está sujo, tão sujo quanto eu. O que aconteceu? Bem, isso está claro, fomos levados como reféns da Capital.

         O povo de Panem jamais deixaria que toda aquela era infernal se repitisse, como pude ser tão burra a ponto de achar que todos se renderiam tão fácil quanto eu pretendia me render?

         Katherine está morta, não sei o que aconteceu com Prim e Alan. Minha familia? Com certeza corre perigo. Eu e Finnick fomos capturados. São nestes momentos em que as pessoas costumam desistir de tudo e deixar que qualquer coisa aconteca, mas comigo será diferente.

         Aproximo-me dele, escuto sua respiração, isso me acalma, Finn está vivo. Seguro sua mão e espero que ele acorde. Enquanto seus olhos permaneciam fechados, lembrava-me de nosso beijo, eu estava no pior e no melhor momento da minha da vida. O que aconteceria conosco era incerto, podiamos ser mantidos prisioneiros, ou então ser torturados, ou até mesmo mortos. Senti como se a qualquer segundo toda a vida seria extraida de Finnick, pensei como se esse momento seria o último entre nós dois, então fechei os olhos e o beijei, na esperança de que isso talvez o acordasse. Seus olhos se abrem e ele retribui o beijo mas o imterrompe pela dor que sente no braço, aquele corte está realmente profundo e parece doer muito. Ele analisa o lugar com os olhos cansados:

         - Rue... – ele faz um som de dor enquanto pressiona o machucado – Fomos capturados não é? A Capital nos achou?

         Eles devem ter dado algo muito forte para inconcientizar Finnick a ponto de ele não ter certeza do que aconteceu, poís era obvio

         - Estamos em uma cela, quem mais além da Capital teria interesse em capturar os tributos rebeldes que fugiram da arena? Estão nos mantendo como reféns, eu suponho, para atrair nossos pais e amigos. – digo devagar para garantir que ele enteda cada palavra.

         - Então quer dizer que acabou, a revolta pode continuar lá fora mas acabou para nós, vamos ser usados por Plutarch, jamais ficaremos livres... – diz ele, agora bem mais conciente.

         - Não foi você que estava me dizendo para não perder a esperança?

         - Sim, eu estava. Não podemos perder a esperança quando tê-la ou não é uma escolha nossa, é diferente quando a arrancam de você.

         - Quer dizer que você desiste? Não vai mais lutar contra isso?

         - Eu não tenho outra opção... Contraria-los só me traria mais dor, eu não tenho forças para continuar lutando. Você tem de fazer o mesmo, Rue, ou então eles a torturaram até a morte, eles podem tirar minha esperança e força para lutar, mas jamais deixarei que tirem você de mim

         - Eu não os deixarei tirarem nada de mim, muito menos você, Finn.

         Nesse instante quatro homens de branco entram na cela, dois agarram meus braços e os outrso dois os braços de Finnick. Eu luto contra, tento escapar, dei um chute no pacificador da direita que me soltou e se contorceu de dor no chão, livrar-me do segundo foi fácil, torci meu braço deixando o ato de segura-lo bem difícil, em seguida o puxei com toda minha força. Quando corria até Finnick para ajudá-lo a se soltar cinco pacificadores vieram de ambos os lados do corredor e me seguraram. Agora meu corpo está preso, estou detida, mas isso não irá me parar.

         Arrastam-nos até uma sala cinzenta, piso e paredes de concreto e duas cadeiras de madeira, uma do lado da outra, com uma algema presa em cada braço, reconheco-as rapidamente, são as cadeiras onde nos torturarão.  Eles nos prendem nas cadeiras brutalmente.

         - Nós não vamos nos render! – gritei

         Um homem soca meu rosto

         - Pare Rue! Isso só vai pior as coisas! – grita Finnick entre as lagrimas

         - Siga o conselho do muleque e cale sua boca! – berra um pacificador

         - Não grite com ela! Faça o que quiser comigo, mas deixe Rue em paz! – Finnick grita de volta, tentando levantar-se da cadeira para esmurrar o homem.

         - Quem você pensa que é garotinho atrevido? – diz o pacificador agarrando o pescoço de Finnick com força, ele começa a perder o ar e a morte estampa seu rosto, ele grita tudo que consegue com a a garganta apertada – Você quer morrer hoje garoto?!

         - NÃO! – em seguida só consigo gritar o mais alto possível em meio as lagrimas, ele já parou de enforcar Finnick, mas agora está socando seu rosto com força e sem intervalo, sangue escorre de suas temporas.

         - Garoto estupido! Acha que pode salvar sua amiguinha? Saiba que isto esta muito longe de seu alcançe! – diz o homem, não consigo ver a expressão de Finn, mas seu rosto está todo vermelho, eu não paro de gritar por um segundo sequer – E você garota, cala a boca! Já não basta eu ter que espanca-lo, terei que te espancar também? – Ele parou de socar Finnick para dizer isso e se dirigiu até mim, então me bateu no rosto, quando pensei que ele continuaria com o espancamento estava errada, ele tirou um chicote do cinto e me chicoteou, desta vez nos braços, uma dor excruciante preenche meu corpo e rosto e sei que a mesma preenche Finnick.

         - Pare com isso agora! Você vai matá-la! – diz Finnick

         - Seria melhor mesmo se morrese! Assim não me dava tanto trabalho, mas não tenho permissão para matá-la! – diz o pacificador.

         Enquanto eles tiveram esta breve conversa ele parou de me chicotear, e tive tempo para perceber que minha cadeira não é tipica de tortura, não é de ferro nem presa no chão, ela está solta. Então aproveito a deixa, concentro toda minha força e me atiro contra a cadeira de Finnick, ambas se quebram mas deixam grandes pedaços presos a nossos braços por causa das algemas. Os outros pacificadores que ficaram encostados na parede apontaram suas armas para nós. Olho com desespero para Finnick.

         - Por que fez isso? – ele susurra

         Nesse momento Plutarch entra na sala.

         - O que está acontecendo aqui... Dois fugitivos? – diz ele com um sorriso no rosto.

         - O que você quer conosco? – digo com o que restou de minha voz, em seguida tusso um pouco de sangue, estou fraca e cansada.

         - Você me parecia mais esperta, querida. Pensei que já tivesse entendido

         -  Nossa familia não irá morder sua isca Plutarch, eles não viram até nós!

         - Ah querida, tão ingenua... Eu trabalhei com seus pais antes, eles tem experiencia nesse jogo, jamais viriam até vocês sem um plano sem porcentagem de erro para me derrotar, sua mãe talvez viesse por impulso mas seu pai a pararia, tenho certeza. Não quero mover algo pequeno como os parentes de vocês, quero algo muito maior, quero mover Panem, e vocês dois serão simbolo de meu poder. Um casal jovem que fará todos acreditarem que meu governo será épico, vocês farão aparições públicas, contando a todos o quão maravilhoso será esta nova era. Vocês serão “os fugitivos que se renderam ao poder”.

         Tusso um pouco mais, olho para Finn e ele esta com graves machucados no rosto.

         - Agora que já foram concientizados do que acontecerá se me desobedecerem podem voltar para sua cela e tentar dormir. Levem-os! – ordena Plutarch

         Nos arrastaram de volta para a cela e trancam as grades depois de nos despejar lá dentro. A cela não possui camas, só uma grande quantidade de feno, Finnick está mais fraco e machucado do que eu, ele sofreu um espancamento muito mais longo que o meu. Junto um monte de feno, formando dois travesseiros, então nos deitamos e olhamos para o teto de pedra.

         - Se você tivesse se rendido não teria sido espancada, Rue...

         - O que são estes cortes comparados com as dores que Plutarch trará para Panem? Eu não posso ficar parada e observar tudo – digo, mas meu dia foi sofrido e não consigo conter minhas lagrimas – você não se rendeu Finn, tentou me salvar...

         - Você está chorando? Rue, eu sei que isso foi difícil.... – diz ele me abraçando e fechando os olhos com força.

         - Só queria que nós estivessemos seguros, ou livres... A única coisa que deixa isso não tão ruim é ter você do meu lado, mesmo que eu deseje que você estivesse seguro e bem longe daqui.

         - Sabe...  Eu sempre quis te conhecer...

           - E você sabia de minha existencia?

         - Sim, sua mãe nos mandou uma foto de sua familia, colocamos uma moldura e a deixavamos em cima de uma mesinha. Eu sempre olhava para a menina no canto, com um olhar distante, como se estivesse em outro mundo. Sempre quis te encontrar. Sem querer parecer estranho, mas sua imagem sempre me trouxe paz, quando o mundo parecia quebrar em minhas mãos... As suas me ajudavam a segurar. E finalmente te encontrei, mas agora nós não temos temos tempo de ser felizes.

         Ele me abraçou com mais força, eu também o abraçei mais forte, não dissemos uma única palavra depois daquele momento, também acho que não fechamos os olhos, passamos a noite com frio e fome tentando pensar em quando e como teriamos tempo de ser felizes


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