Amanda estudava em Bridge, um colégio interno, não era uma das melhores alunas, e nunca se importou com nada nem ninguém, até a chegada do novo aluno misterioso, Daniel. Ele era bonito, alto, forte, cabelos pretos e olhos azuis. Não falava muito com as pessoas, e se isolava em um canto da sala, depois do horário das aulas sumia, e nem mesmo seus colegas de quarto sabiam onde ele ficava.

Ela se sentia completamente atraída por ele, não só pela beleza, mas pelo mistério e até mesmo o perigo que ele transpassava. Ela percebeu que ele não parava de olhá-la durante a aula, e nem mesmo quando ela o olhava de volta. Ele simplesmente estava com seu olhar vidrado nela.

Assim que o sinal bateu dando fim às aulas, ele se levantou rapidamente, indo para um lugar que ela e todos desconheciam. A curiosidade e o perigo a atraíam de tal forma, que ela não pensou duas vezes antes de segui-lo, quando viu, já estavam em um corredor vazio e escuro da escola, ao que parece, indo em direção as escadas que davam acesso ao telhado do instituto.

- Talvez você tenha cometido um grande erro vindo atrás de mim – ele disse, quebrando aquele silêncio mórbido, e assustando Amanda, que estava escondida atrás de um dos armários.

- Como você sabia que eu estava aqui? - disse, saindo do esconderijo e se aproximando mais dele.

- Você não é uma pessoa muito silenciosa – ela notou um sorriso de lado nos lábios dele.

- E o que você pretende fazer comigo? – ela disse em tom de brincadeira, mas estava nervosa.

- Não sei – disse sem nenhum tom de brincadeira, já subindo as escadas. Ela ficou parada.

- Você não vem? – ele disse.

Os dois estavam no telhado e a visão era realmente incrível dali de cima.

- Aqui é incrível! – ela olhava admirada para a paisagem.

- Você ainda não viu nada – ele estava em cima do parapeito.

- O que você está fazendo?! – gritou, correndo até ele – Desce daí seu louco, você vai acabar caindo!

- Eu quero te mostrar uma coisa – disse, estendendo-lhe a mão. Ela não sabia por que, mas confiava nele, apesar de conhecê-lo há pouco tempo, sentia-se segura ao seu lado. Assim que segurou sua mão, ele a puxou, ficando frente a frente. Seus olhos estavam numa tonalidade mais clara e pareciam brilhar mais a cada passo que se aproximava mais dela. Seus corpos estavam colados, seus olhos desviaram para seus lábios, ela respirava com dificuldade, até fechar os olhos e sentir seus lábios contra os dele, o beijo era calmo e doce. Ela nunca havia sentido nada como aquilo.

- Estava com saudades disso – ele sussurrou com um sorriso nos lábios.

Quando ela abriu os olhos percebeu que não estavam no mesmo lugar e sim em um lugar bem mais alto do que aquele. Eles estavam voando, ou melhor, ele estava. Daniel possuía enormes asas brancas, que eram estonteantes com a luz do luar.

Amanda estava assustada com tudo isso, mas se agarrava mais a ele com medo de cair.

- Como assim?Quem é você? – perguntou com a voz tremula, achava que estava sonhando, mas tudo aquilo era real demais para ser uma mera alucinação.

- Um anjo – quando a encarou novamente, outro sorriso surgiu em seu rosto – Estive te observando todos esses anos... – segurou o rosto dela delicadamente – Você não precisa ter medo, sou seu protetor... Seu anjo da guarda.

Amanda acordou sobressaltada, e sem fôlego. – Foi um sonho – disse em voz baixa com ela mesma.

- Não, não foi – Amanda se assustou, olhando para o lado, e vendo Daniel sentado ao lado de sua cama, com uma expressão de preocupação – Você está melhor?

- O que você tá fazendo aqui?- ela disse.

- Você desmaiou, e eu tive que te trazer de volta – disse, se levantando e sentando na cama de frente pra ela.

- Então... Isso foi real – ela não questionou, mas confirmou. Ele segurou suas mãos e se aproximou mais.

- Sei que isso é difícil de entender, mas... – ela o interrompeu, acariciando seu rosto.

- Porque seu rosto me é familiar? – ela perguntou, agora encarando seus olhos que estavam brilhando mais do que nunca – E porque eu sinto essas coisas quando estou perto de você?

- Não é a primeira vez que você me vê. Sempre apareci nos seus sonhos, fazia você acreditar que eram sonhos, porque você não poderia saber da minha existência. Mas eu não consigo ficar longe de você, eu te amo, sei que isso é errado, e que corro o risco de ter as asas arrancadas, mas a única coisa que eu quero é ficar perto de você.

Ela não sabia o que dizer, mas sabia que sentia o mesmo que ele, ou até algo mais forte, ela não pensou no risco nem no perigo que passariam a enfrentar. Inclinou-se e o beijou, começou lento e calmo, mas depois foi ficando intenso, como se aquilo fosse a única coisa de que precisavam, um do outro.