The Imprinting escrita por Nessie Black Halloway


Capítulo 4
Declínio


Notas iniciais do capítulo

Oi, amores!
Demorei um pouquinho mas postei! :D
Esse capítulo pode ter ficado meio óbvio, mas acreditem, todo personagem merece ter a chance de escolher.

Boa leitura!



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Renesmee Cullen’s POV

Durante alguns segundos, nós ouvíamos apenas a respiração desnecessária e ofegante de Bella, agora com as mãos no rosto e os olhos dourados abertos e atentos. Ela estava completamente imóvel, os pés colados no chão, na mesma posição em que ela se levantara para entender a reação abrupta do meu pai.

Todos nós ficamos sem nos mexer também, Carlisle enrijeceu o braço em volta de Esme, ambos com a expressão confusa ao olhar para minha mãe e para a mulher parada na porta. Edward apenas observava a mamãe, com o cenho franzido e os olhos cautelosos. Percebi que ele esperava por alguma reação dela, pois mexia os pés de um lado para o outro, pronto para ir até ela, leva-la até onde ele estava e confortá-la, como sempre fazia quando ela estava naquele estado, completamente em choque. Mas ele hesitava e se interrompia cada vez que Bella mexia a boca, sem emitir som algum, e soltava o ar rapidamente, inspirando de novo.

A senhora do sorriso largo deu um passo à frente, ficando ao lado do meu pai. Seus olhos azuis marejaram-se de repente, as lágrimas rolando pelo rosto pálido como o da mamãe quando era humana. Agora eu captava as semelhanças entre as duas – a altura, o formato do rosto, os lábios... Lembrei-me das fotografias que Bella me mostrara, do sorriso enorme de sua mãe ao abraçá-la com força em quase todas as fotos, e das bochechas rosadas dela ao forçar um sorriso tímido para a câmera. Lembrei-me das vezes em que ela acariciava o rosto da jovem mulher nas fotografias mais antigas, suspirando ao dizer o quanto sentia sua falta, o quanto tinha saudades do seu jeito divertido, irresponsável e carinhoso.

Reneé abriu os braços, os lábios tremendo ao se moverem.

- Bella...

Pareceu que sua voz ao pronunciar o nome provocou um choque de realidade na minha mãe, que finalmente acreditou no que via.

Ela não mais hesitou, correu da forma mais humana possível e a abraçou, ignorando por completo as barreiras existentes entre humanos e vampiros, esquecendo de o quão diferente estava desde o último dia que vira a mãe. Mas isso não importava. Eu teria feito a mesma coisa.

Meus olhos arderam ao verem a cena, uma lágrima tímida escorrendo por minha bochecha. Enxuguei-a rapidamente com as costas da mão, e meu pai sorriu ao ler o que eu estava pensando. Uma emoção forte e repentina apertou meu coração, parecia que eu podia sentir o que Bella sentia.

Reneé pegou a cintura de Bella e afastou-se um pouco para olhá-la. Meu coração acelerou, mas agora por medo e insegurança – ela não podia saber a verdade.

- Bella – Reneé pegou suas mãos e meu corpo congelou quando percebi que ela poderia sentir sua pele fria. Soltei o ar, aliviada ao ver que mamãe usava, além de uma jaqueta de couro até os punhos, um par de luvas cor de chocolate nas mãos. Eu podia jurar que ela estava eternamente agradecida pelo presente de Alice, que fora “desnecessário” quando o ganhou.

- Você está tão linda! – Foi o que Reneé disse, e isso me surpreendeu.

Mamãe estava diferente desde a época que a vira, diferente até demais. Busquei o olhar de Edward, ansiosa por uma explicação. Mas ele apenas assentiu e moveu os lábios em palavras mudas: Tudo bem.

Bella apenas ficou a fitando, calada – ela não sabia o que dizer.

- Ah, meu amor, que saudades! – Reneé voltou a abraça-la, ainda com a expressão animada no rosto.

- Eu também, mãe – Bella soltou de uma vez, prendendo a respiração ao enterrar o rosto no ombro de Reneé. – Venha, entre. – Ela a puxou pela mão até o sofá da sala.

- Como vai, Reneé? – Carlisle antecipou-se, sentando-se com Esme no outro sofá. Papai ficou encostado na mamãe, apenas observando.

Eu permaneci onde estava, sem saber o que fazer. Parecia que eu estava assistindo uma cena do passado, de uma época em que eu ainda não existia. Por um momento tive a sensação de estar sonhando.

- Estou bem, Carlisle, obrigada – mas dessa vez Reneé deixou escapar um sorriso triste, o que não condizia com sua personalidade. Edward franziu a testa, inclinando o corpo para ver o rosto dela. – Olá, Edward! – Disse ela, alegre novamente – Desculpe-me, nem vi você.

- É um prazer vê-la novamente, Reneé – respondeu, mas ainda a olhava de um jeito estranho.

Pai, tem alguma coisa errada? - pensei.

Ele lançou para mim um olhar vago, sem resposta nenhuma. Fiquei incomodada de repente.

- Onde estão os outros? – Reneé quebrou o momento de tensão, olhando para todos os lados da casa.

- Em uma viagem de lua de mel – explicou Esme. – Voltarão na próxima semana.

Bella parecia não perceber os sinais do meu pai, pois apenas sorria, fascinada, ao olhar para a mãe e abraça-la pelos ombros.

- O que a traz aqui? – Perguntou.

Ela a fitou com as sobrancelhas arqueadas.

- Vim visita-la, meu anjo – disse. – Eu não aguentava mais de saudades.

As duas riram, e os olhos azuis de Reneé percorreram a casa e pararam em mim, confusos.

Mamãe virou a cabeça e se levantou subitamente.

- Ah! Minha nossa, desculpe-me... – ela sacudiu a cabeça e veio até mim, me puxando pela mão. – Mãe, esta é Renesmee, minha filha.

Minha mente vacilou por um instante, mas logo lembrei-me que ao comunicar-se por telefone, mamãe havia contado à Reneé a mesma história que contara à Charlie – que eu era órfã, filha de um irmão de Edward, e que fui adotada pela família Cullen quando recém-nascida.

- Olá, vovó – inclinei-me para apertar sua mão. – Prazer em conhecê-la.

Ela levantou-se, sem hesitar ao me abraçar.

- Ah, o prazer é todo meu! – Ela tocou meu rosto, acariciando com a ponta dos dedos. Fez um biquinho e juntou os dedos, apertando minha bochecha, o que me fez rir. – Você é tão linda!

Por um momento, ficamos nos olhando. Na verdade, Reneé não parava de voltar os olhos para mim e Bella, de um lado para o outro, piscando várias vezes. Pensei que ia comentar a semelhança que existia entre nós, mas ela deu uma olhada para meu pai e parou de me analisar, talvez considerando minhas características com meu suposto tio.

Meu celular tocou no bolso da calça jeans. Olhei no visor e vi que era Alice.

- Com licença – saí para a varanda e fechei a porta atrás de mim.

Tia Alice ligando para mim no meio de uma viagem romântica!? Não era bom sinal.

- Oi, tia.

- Finalmente alguém me atendeu! – Sua voz estava exaltada, com um agudo de impaciência.

- O que aconteceu?

- Onde está Edward? – Ela ignorou minha pergunta, então pude imaginar do que se tratava. – Eu sinceramente preciso dar-lhe um celular novo de bateria mais durável. Depois que casou e virou pai responsável, abandonou completamente a tecnologia, inclusive esqueceu que os aparelhos eletrônicos precisam ser carregados.

- Tia, o que está acontecendo? – Insisti. – Por favor me diga. Reneé está aqui e...

- Deixe-me falar com ela, Nessie – assustei-me com a voz de meu pai, que já estava atrás de mim.

Suspirei e entreguei-lhe o celular.

- Sou eu, Alice – disse ele.

Fiquei esperando ele falar, mas ele apenas ouvia, atento ao murmúrio que eu conseguia escutar de onde estava.

Cruzei os braços, batendo o pé no chão – a impaciência de Alice estava passando para mim.

Então, ele finalmente falou:

- Tudo bem. Conversamos melhor quando você chegar.

O murmúrio alto do telefone acentuou uma pergunta.

- Alice, eu não vou estragar esse momento de Bella. Reneé está decidida a contar-lhe ainda hoje.

Houve uma despedida e Edward desligou o telefone.

Eu o fitei, esperando.

- O que Reneé vai contar para a mamãe? – Perguntei.

Papai suspirou, passou o braço por meus ombros e começou a me levar para dentro.

- É melhor você ir dormir. Amanhã conversamos.

- Pai, por favor... Estou ficando preocupada.

- Não fique – aquele era um momento raro, pois havia insegurança em sua voz. – Bella precisa saber primeiro, depois você vai saber.

Resolvi não mais insistir. Despedi-me de todos e fui para meu quarto, acompanhada de Carlisle e Esme, que disseram que iam “dormir” também.

Depois de horas virando de um lado para o outro na cama, procurando uma forma de dormir, tive um péssimo sonho.

Eu estava em La Push, andando pela areia tranquilamente enquanto sentia a maré subir e bater em meus pés à medida que o sol escondia-se no horizonte.

Abracei minha própria cintura, um vento gelado me atingindo e arrepiando meus braços. De repente, senti-me completamente só.

Algo estava errado – Jacob deveria estar ali.

Comecei a andar e a procurá-lo, sem chamar por seu nome, pois minha voz entalava-se em minha garganta reprimindo soluços.

Ao longe, às margens da floresta, avistei meu pai, a postura completamente ereta e de costas para mim, fitando as árvores à sua frente.

Corri até ele o mais rápido que pude, e cada vez que avançava mais um pouco, sentia uma falta enorme no peito, como se metade de mim tivesse sido arrancado à força, como se o calor guardado sob minha pele escapasse pelos poros, dando lugar ao frio congelante do ar.

Parei a alguns metros dele.

- Pai, você viu Jacob? – Perguntei.

Ele não se moveu um centímetro, permaneceu de costas ao olhar para a floresta escura. Pensei que ele não havia me ouvido e já ia perguntar outra vez, mas ele falou:

- Você demorou. Precisamos ir, não temos mais tempo – sua voz era fria, quase morta.

- Mas ir para onde? – Eu estava ficando intrigada porque ele não deixava que eu visse seu rosto. – Onde está a mamãe?

- Vamos, Renesmee – ele estendeu a mão para o lado, ainda sem se virar.

- Onde está a mamãe? – Repeti. – E Jacob? Por que ele não está aqui?

Edward esticou a mão para trás, em minha direção, ignorando qualquer coisa que eu dissesse.

- Confie em mim e em sua mãe – disse vagamente.

Hesitante, peguei sua mão e ele apertou a minha com firmeza. Mesmo frio, senti-me parcialmente confortada com seu toque.

Algo me dizia que minha mãe e Jacob estavam longe – longe o suficiente para que meu pai e eu estivéssemos ali, sozinhos. Havia um motivo para que nós estivéssemos apenas com a companhia um do outro, sem as pessoas mais importantes para nós – um motivo o qual eu tinha certeza que sabia, de alguma forma, mas não conseguia lembrar.

Por um segundo pensei que ia cair no chão e apertar os braços contra o peito, para tentar amenizar a dor que dava apunhaladas cruéis em meu coração, mas então meu pai me puxou, começando uma corrida apressada. Corremos tanto tempo que já anoitecia quando chegamos ao ponto mais alto do penhasco da praia de La Push. Sombras negras e silenciosas erguiam-se no escuro da mata, assombrando-me a cada passo que eu dava.

- Para onde estamos indo? – Perguntei, ofegante.

- Venha comigo – disse papai. – Vai ficar tudo bem, confie em nós.

Edward avançou a corrida, e fui obrigada a acompanhá-lo, pois me recusei a soltar sua mão.

Nossos pés iam tão rápido que tive a sensação de estar flutuando. Olhei para baixo, e quando percebi, não havia mais chão. A água batia ferozmente nas pedras lá em baixo, e estávamos caindo, caindo e caindo.

Enquanto sentia o vento chicotear meu rosto, o desespero tomou conta de mim. Não havia mais saída, e por mais que eu soubesse nadar, algo me dava a certeza que aquilo ia me matar - mesmo que eu saísse viva da água, eu não aguentaria viver mais um dia.

Fechei os olhos, esperando pelo pior, e os dois rostos pairaram em minha mente, fazendo com que tudo ficasse pior – minha mãe, sorrindo para mim, chamando por meu nome, me abraçando e me envolvendo em seu braços confortantes; Jacob, olhando para mim como se eu fosse a joia mais preciosa da Terra, como se o mundo girasse ao nosso favor. Ele abria seu sorriso, tão lindo, fascinante e perfeito aos meus olhos. Dizia que me amava e me puxava para seu peito, beijando-me apaixonadamente.

E agora eu não os tinha. Nunca mais os veria. Jamais viveria com eles outra vez.

Quando abri os olhos, pensei que ainda estivesse caindo do penhasco. Sentei-me na cama, tentando recuperar o fôlego, de depois de alguns segundos levantei-me e corri para fora do quarto. Eu precisava ver minha mãe e Jacob. Meu coração apertava tanto em meu peito que chegava a doer, algo me impulsionava a querer abraçá-los imediatamente e nunca mais soltá-los.

Parei subitamente quando cheguei na varanda e vi Bella sentada em uma cadeira, sozinha, olhando para o vazio. Seu rosto não tinha expressão nenhuma, era como se ela não estivesse ali realmente.

- Mãe! – Pulei em seu colo e a abracei pelo pescoço.

- Oi, meu amor – ela disse. Sua voz correspondia à expressão vazia.

Observei seu rosto e o toquei. Parecia que sua pele estava alguns graus mais gelada.

O que aconteceu? – pensei.

Bella fechou os olhos, pegou minha mão e a beijou. Seu rosto afundou em meu ombro, e eu afaguei seus cabelos, tentando consolá-la.

Você está triste. Mamãe, o que houve?

Ela me olhou pesadamente, os olhos profundos com um brilho opaco.

- É Reneé – disse vagamente.

- O que tem ela?

- Está doente. – Bella 0lhou para o chão, chorando do seu jeito – Ela tem câncer. E não reage mais ao tratamentos.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Espero os reviews! :)
Beijos!