O dia amanheceu finalmente. Rin não tinha dormido nada na noite anterior. Esperou muito por esse dia. Arrumou suas coisas. Sua roupa de exterminadora, suas armas, frascos... Tudo. Não demorou muito para uma voz interrogar:

- Tem certeza disso, minha filha? – era a velha Kaede.

- Sim, Kaede-sama! Eu tenho certeza absoluta. – disse Rin convicta.

- Faça o que o seu coração mandar.

- Obrigada, Kaede-sama. Obrigada por cuidar tão bem de mim.

- Eu é que agradeço.

Foi doloroso para Rin deixar aquela senhora que tanto cuidou dela. Já tinha sido doloroso o suficiente até ela ter que se despedir de seus amigos: Kagome, Sango, Miroku, InuYasha, Shippou e Kohaku.

- Kagome-chan, muito obrigada por tudo! – falou abraçando a amiga.

- InuYasha, obrigada por me proteger sempre.

- Miroku, obrigada por me ensinar tantas coisas sobre a Shikon no Tama, além de me ensinar a ler e a escrever. 

- Shippou, muito obrigada e boa sorte no seu treino com outros youkais-raposas.

- Kohaku, muito obrigada por ser sempre meu amigo.

- E Sango-chan, muito obrigada por ser a melhor professora que eu já tive.

- Que é isso! Você é que é dedicada e muito talentosa. – respondeu Sango.

- Rin, se precisar estamos aqui, viu? – falou InuYasha.

- Venha nos visitar sempre – falou Kagome.

Rin sentiu seus olhos encherem de lágrimas. Amava aquele lugar. Mas, precisava fazer o que seu coração pedia. Precisava ver ele, o Sesshoumaru-sama. Sentia falta dele, das viagens com ele, Ah-hun e até o chato do Jakén. Queria tirar a limpo uma coisa: por que ele não foi buscar ela antes? Afinal, já fazia muito tempo que a luta com o Naraku tinha acabado e que ela foi deixada por Sesshoumaru no vilarejo. Será que ele tinha se esquecido dela? Será que ele não queria mais ver ela? Tudo isso passava pela cabeça da jovem Rin. Andava perdida em seus pensamentos até que uma voz agonizante a tirou do transe:

- A senhorita é uma exterminadora, certo? – era uma mulher com o pavor estampado em sua cara.

- Sim, eu sou.

- Salve nosso vilarejo! Ele está sendo atacado por youkais, por favor! Salve o nosso vilarejo.

- Calma, eu irei salvá-los.

Rin se sentiu heroica, mas ao mesmo tempo fraca, com medo. Era o primeiro trabalho como exterminadora. Não podia falhar.

Não muito longe dali o dai-youkai, Sesshoumaru, repousava em baixo de uma árvore. A verdade é que depois que Naraku tinha sido derrotado e que havia deixado Rin no vilarejo, a vida do temível príncipe havia ficado pacata. Claro, ele sempre estava lutando. Mas, não tinha a mesma emoção de antes. Sesshoumaru, não queria admitir, mas as lutas estavam chatas porque faltava a sua protegida. Faltava a sua Rin. Não se esquecera da menina um só momento. Lembrava-se dela sempre, com aquele sorriso meigo e infantil. Fazia muito tempo que não a via. Tinha parado de fazer suas vistas a pequena garota. Era absurdo para ele admitir que sentisse falta de uma humana. Mas, no fundo ele sabia que aquela humana estava fazendo muita falta. Aquela pequena Rin, agora não mais tão pequena assim, ocupava um grande lugar em seu coração. O cheiro de sua protegida era a única lembrança viva que ele tinha dela.

- Cheiro... Esse cheiro é de Rin! – falou Sesshoumaru baixo. E saiu voando em busca dela. Ele tinha certeza: o cheiro era dela. Voou e se lembrou do dia em que se conheceram. Ela inocentemente tentava cuidar dele. O que era desnecessário. Lembrou-se de quando viu a menina morta e que sacou sua Tenseiga para salvá-la. Perdido em suas memórias Sesshoumaru voava atrás de sua pequena. Percebeu que o cheiro parava em um lugar onde havia dois grandes youkais e uma exterminadora de costas lutando habilidosamente contra eles.

“ Não é possível...” pensou Sesshoumaru. “Não é possível que Rin tenha se tornado uma exterminadora.”

Mas seu olfato aguçado não mentia. Aquela garota era Rin. Ele estava perplexo. Viu a moça derrubar o segundo youkai e foi então que ela finalmente ficou de frente para ele.

“ Ela está tão linda...”

“ Ah, o que é isso Sesshoumaru? Ela é só uma humana.” pensou o príncipe se repreendendo.

Foi aí que a garota exclamou:

- Sesshoumaru-sama – falou ela com um largo sorriso.

Não tinha mais dúvidas. Era a menina Rin. A garota, então, agiu por impulso e abraçou o inabalável Sesshoumaru. Ele estava sem reação. Simplesmente deixou seu instinto falar mais alto e correspondeu ao abraço. Rin, timidamente, afastou-se dele.

- Por que não foi me buscar? – ela perguntou com os olhos cheios de lágrimas.

Sesshoumaru deixou a língua funcionar sem ajuda do cérebro falou:

- Não era tempo. Mas, eu senti sua falta.

- Eu também senti sua falta, Sesshoumaru-sama.

- Você ainda quer viajar comigo?

- Mas que pergunta. É claro que sim. – falou Rin numa felicidade incalculável.

- Então vamos.

Ele não queria admitir, mas, estava feliz por a menina ter voltado. Quem diria? O majestoso e frio Sesshoumaru, feliz por ver uma humana.