Três Reis Contra O Tempo escrita por Lord Iraferre


Capítulo 49
Turbilhão




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/386048/chapter/49

— Você e suas narinas ultrassensíveis. — diz Boomer irritado para Brady.

Os três reis estavam sendo arrastados para dentro da masmorra.

— Com tanto lugar para aquela camareira limpar e ela tinha que começar justo perto do sofá. — diz Brady desconsolado.

— Se os guardas não tivessem chegado, acho que aquela camareira já teria nos matado! — diz Boomer massageando os calombos.

— Nunca pensei que uma vassoura poderia ser tão perigosa. — diz Brady tentando apagar da memória os últimos acontecimentos.

— Pelo menos nós temos um lugar para dormir... — diz Boz tentando ver o lado positivo.

— Você já se esqueceu que o nosso objetivo é pegar o anel, né? — diz Boomer.

— Não seja patético, você acha que eu ia esquecer nosso objetivo? — diz Boz com pouca confiança na voz. — Só por via das dúvidas, senhor guarda, poderia trazer uma caneta para eu anotar algumas informações em minha mão?

— Fiquem em silêncio — diz o guarda irritado. — Vocês passarão a noite aqui na masmorra, amanhã o Rei irá pedir satisfações.

— Não foi isso o que eu pedi. — diz Boz indignado. — Eu pedi uma caneta...

Os três reis são deixados em uma cela, os guardas a trancam e vão embora.

— Olha só para esses guardas — diz Brady. — Não são subornáveis, e são durões... Esses guardas sim são de respeito, não se compara com os sacos de geleia com facões, que nós chamamos de guardas, no nosso tempo.

— Da muito orgulho conhecer os guardas de antigamente — diz Boomer. — Mais ainda assim precisamos saber o que fazer.

— Esqueceu o objetivo principal também, não é? — diz Boz com um dedo indagador na cara de Boomer.

— Tira esse dedo da minha cara — diz Boomer dando um tapa na mão de Boz. — Eu não esqueci os objetivos, porque diferente de você, eu escrevi na palma de minha mão. O que eu quero dizer é: agora que estamos presos como vamos pegar o anel?

— O jeito é ter paciência e aguardar essa reunião real. — diz Brady se ajeitando no chão de pedra. — Nela tentaremos convencer o nosso pai que viemos de um futuro distante, e que precisamos do anel para evitar o fim do mundo.

— Mais não podemos ser vistos por nosso pai, lembra? — diz Boomer.

— Pediremos para eles cobrirem nosso rosto com algum lenço — diz Boz. — Ai, podemos arranjar a desculpa de que nossos costumes são assim.

— Isso foi inteligente — diz Brady impressionado. — Da onde você tirou essa ideia?

— Nem me pergunte — diz Boz. — Só sei que quando apronto alguma besteira, eu sempre arranjo uma desculpa.

— Então tudo o que temos que fazer é esperar — diz Boomer sentando balançando para frente e para trás. — Esperar... Esperar... Esperar...

Cinco minutos depois.

— Meu Deus! Eu não aguento mais esperar!! — diz Boomer desesperado chacoalhando as grades da cela.

***

Ao amanhecer o Rei se assentou em seu trono pronto para julgar alguns invasores.

Os três rapazes foram trazidos a sala, com um guarda de cada lado. Também no salão estavam alguns dos Anciões, duas camareiras, incluindo Kelsey, alguns outros membros importantes do povoado, Mason e Larry. E havia alguns arqueólogos que chegaram em Kinkow, há algumas horas. O Rei não gostava muito da presença deles.

— Está iniciado o julgamento — diz o Rei de forma pomposa — Por que vocês estão usando esse lenço sobre o rosto?

— E para você não nos reconh... Uhhh!!! — diz Brady quando toma um soco na boca do estomago.

— É um antigo costume de nosso povo — diz Boomer, ao lado de Brady. — Há algum problema nisso p... Aahhhh!

— O que ele quis dizer é rei — diz Boz dando um pisão no é de Boomer. — É que essa é uma palavra do nosso idioma, Pa-rei, que significa rei de Kinkow.

— Vocês são muito estranhos — diz o Rei se divertindo.

— Não é o primeiro a dizer isso. — diz Brady. — Majestade.

Ao dizer a última palavra os três reis, deixam uma risada escapar.

— Vocês estão debochando de minha autoridade? — diz o Rei sério.

— Mais é claro que não — diz Boomer. — É que nós três...

— Lembramos de uma piada. — diz Boz.

— Os três ao mesmo tempo? — diz o Rei pasmado com tanta estupidez.

— Temos uma habilidade única de lembrar das mesmas coisas. — diz Brady. — Se chama gemória.

— Sei — diz o Rei passando a mão sobre a testa, aquilo seria mais difícil do que havia pensado. — Agora voltando ao tema principal deste julgamento...

— Estamos em um julgamento? — diz Brady. — Por quê?

— Vocês foram encontrados escondidos dentro do meu quarto! — diz o Rei furioso. — O que vocês querem que eu ache? Que são camareiros ninjas?

— Camareiros ninja! — dizem os três reis caindo na gargalhada. — Essa foi boa.

— Ordem! — diz o Rei se levantando irritado. — Agora expliquem por que estavam no meu quarto durante a noite? E mais uma gracinha e eu corto a cabeça de vocês.

— Vocês têm costumes bem estranhos, para um reino pacifico — diz Boomer irritado. — Mais eu vou contar para vocês tudo o que sei... Ou o que posso dizer...

Boomer começa a contar tudo o que sabia, sobre o Artefato do Tempo, Lanne'Ara, e o fim do mundo que viria se ela conseguisse destruir eles. Ele omitiu algumas partes, sobre o fato de serem filhos do rei, conhecerem Mason, entre outras coisas. Quando Boomer terminou metade dos Anciões estava dormindo. O discurso se focou principalmente na necessidade de conseguir o anel real.

— Vocês querem que eu acredite nessa baboseira? — diz o Rei dando risada. — Que vieram do futuro e coisa do tipo? Vocês só podem estar de brincadeira, acharam que essa história idiota iria nos convencer?

— Cara não precisa humilhar agente. — diz Brady ofendido. — Se não acreditou basta dizer isso uma vez.

— Calado! — diz o Rei de pé. — Vocês tiveram a chance de contar a verdade, e preferiram gastar o tempo contando sobre idiotices de filme de ficção cientifica. Eu condeno vocês três a morte, por tal insolência! Assim está escrito, assim será.

O salão real se tornou um inferno quando os três prisioneiros foram arrastados novamente para a masmorra. Alguns gritavam a favor, outros contra, os arqueólogos pareciam indignados com as decisões reais. Mais o maior barulho vinha dos três reis.

***

— A gente já era! — diz Brady dando um soco nas grades da prisão, e logo em seguida se arrependendo, por causa da dor.

— Por um instante eu pensei que o nosso pai seria sensato. — diz Boomer. — E daria o anel para nós.

— Daqui a pouco vai ser meio dia, e nós voltaremos para o limbo — diz Boz. — Droga, falhamos em nossa missão!

— Eu não sei porque isso soa como novidade — diz Boomer. — Nós somos fracassados em tudo mesmo.

— E não venha com seu otimismo, Boz — diz Brady. — A única coisa boa que poderia acontecer é alguém vir aqui nos libertar...

Naquele momento Mason surgiu diante da cela. Ele trazia a chave nas mãos.

— Ei três esquisitões — diz Mason abrindo a cela. — Sigam-me.

— Mais respeito com seus... — diz Boomer, Boz e Brady pisam em seus pés. — AAAAAAAAHHHH!!!

— Pare de gritar — diz Brady irritado. — E vamos seguir o Pé Pequeno.

— E se for uma armadilha? — diz Boz.

— É melhor do que ficar esperando aqui na cela. — diz Brady.

— E se for uma armadilha mortal? — diz Boz.

— Quando eu disse para você não ser otimista, era antes do Mason surgir dando-nos a liberdade. — diz Brady. — Agora endireitem essa postura e vamos atrás dele.

Os três saem atrás de Mason correndo pela masmorra do castelo. O Pé Pequeno os leva até o banker real, onde o rei estava aguardando.

— Eu não falei, eles vão nos matar — diz Boz tentando fugir desesperado, Boomer e Brady seguram ele pelos braços.

— Eu não vou matar vocês — diz o Rei dando risada. — Aquilo lá em cima foi uma encenação... Eu queria assustar os arqueólogos, eu os odeio, cheios de sede por descobrir o passado, e coisas do tipo. Esse pessoal sempre acaba libertando criaturas, que meus ancestrais demoraram séculos para aprisionar.

— Devemos contar para ele? — diz Brady para Boomer.

— É melhor não, deixe ele ter a surpresa. — diz Boomer.

— Eu e Mason acreditamos que vocês são inocentes, e que vieram do futuro para nos salvar... — diz o Rei. — Por mais estranho que isso pareça.

— Sério? — diz Brady. — E o que foi que fez você chegar a essa conclusão? Nosso uniforme especial?

— Ou a veracidade de nossas palavras? — diz Boomer.

— Ou a nossa aparência de heróis? — diz Boz fazendo uma pose.

— Nenhum dos três — diz Mason.

— Eu e meu servo — diz o Rei. — Percebemos que a história era criativa demais para três manés, como vocês. Sem ofensas.

— Não, tudo bem — dizem os três reis a contra gosto.

— Aqui está o anel real — diz o Rei entregando a Brady a joia. — Espero de coração, que o futuro tenha pessoas mais capacitadas, para ajudarem vocês a vencerem essa tal de Lanne'Ara. Porque se vocês são a nossa única esperança...

— Chega de motivacional. — diz Brady irritado.

Os três agradeceram a Mason e ao Rei.

— A, e só mais uma coisa — diz Brady. — Pé Pequeno, se um dia você tiver uma filha e ela quiser namorar um rei, pega leve com ele...

— Nem a pau! — diz Mason.

— Foi o que eu pensei, que você ia falar. — diz Brady. — Mais o que vale é a intenção.

— E vá malhar um pouco rapaz — diz Boomer apertando as asinhas de frango do Mason. — Se quer encantar a Kelsey, precisa ganhar músculos, alias honre o sangue de Pé Grande dos seus ancestrais.

— Como vocês sabem disso? — diz Mason ficando vermelho.

— Porque somos do alem — dizem os três reis desaparecendo, porque deu meio-dia.

A última coisa que Mason e o Rei escutam é a risada zombeteira do trio.

— Realmente espero que a nossa vida não dependa deles — diz o Rei para Mason. — Por que não me disse que seus ancestrais tinham sangue de Pé Grande? A partir de hoje seu apelido será Pé Grande Mason.

— Ah sem essa — diz Mason.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!