Três Reis Contra O Tempo escrita por Lord Iraferre


Capítulo 35
Medida Extrema




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Após certo tempo caminhando pelos túneis, Brady finalmente consegue achar a saída para a montanha. Era uma abertura estreita, o que mostrou para Brady logo de cara, que não era o mesmo local por onde havia entrado. De qualquer forma, era bom respirar o ar puro da montanha de novo.

Quando Brady inspira profundamente, seus pulmões lhe avisam que o que entrou não era ar puro, mais sim fumaça. E o rei começa a tossir, tentando enxergar alem.

Ele estava quase na passagem mais alta da montanha, e nesta parte a neblina não estava tão densa, mais havia fumaça, como se um forno estivesse acesso em algum lugar ali perto.

A passagem seguia em frente, de forma sinuosa, cercado de um lado pelo precipício e do outro por um paredão de rocha, o caminho fazia uma curva mais a frente, ficando fora de vista até que Brady o alcançasse.

A vertigem volta a atacar Brady e ele é obrigado a caminhar encostado no paredão, o medo puxando o seu estomago para baixo.

Quando enfim alcança a curva, o caminho fica um pouco mais largo, e o vento sopra mais forte. Brady ouve um rugido, e vê uma coluna de fogo sair da boca do dragão, trinta metros acima dele. Novamente pedras começam a cair, barrando a entrada pela qual Brady passara. Temeroso de que o dragão pudesse ter sentido a sua presença ele fica recostado na rocha fria aguardando.

Se o dragão ainda estava vivo... Brady tenta não pensar nas consequências daquilo e continua o seu caminhar vacilante, a estrada de pedras fica mais larga revelando um espaço aberto onde poderia descansar. Nessa área aberta havia um grande tronco envelhecido, na ponta do precipício. A casca da árvore estava negra, e tinha escoriações, que mostravam o quão velha a árvore ela era.

Tomando coragem Brady se aproxima do tronco, e senta na beirada do precipício. A frente dele se estendia uma bela vista, dali era possível ver boa parte do labirinto, parecia tão inofensivo das alturas, que Brady riu.

Depois Brady olha novamente para o tronco, e percebe que uma parte dele, era oco, Brady se aproxima para visualizar melhor e se segura para não soltar um grito.

Não podia ser verdade, Mikayla estava encolhida ali dentro, dormindo. Ao mesmo tempo não parecia nem um pouco com a Mikayla, parte do cabelo estava armado e chamuscado, havia fuligem e poeira por todo seu corpo, assim como alguns arranhões.

— Mi-Mikayla — diz Brady cutucando a garota com a vara de caniça brava.

Mikayla acorda assustada com um gemido inesperado, fazendo Brady se afastar e por muito pouco não cair do precipício.

— Rei Brady? Brady! Oh, Brady! — diz Mikayla se lançando sobre os braços do rei.

Brady novamente tem que se esforçar para não cair, ele gira o corpo na direção oposta a da queda e os dois tombam no chão, abraçados.

— Mikayla o que aconteceu com você? — diz Brady sem saber o que dizer.

— O que você acha? Tomei uma surra do dragão. Passei a última hora inteira procurando por você, mais você não estava mais lá, ai o dragão me atacou de novo e eu achei esse esconderijo... Ele é poderoso demais Brady — diz Mikayla com o orgulho ferido.

Os dois continuam abraçados no chão por mais algum tempo, quando o dragão ruge, de algum lugar próximo.

Mikayla e Brady se levantam alertas, passado o choque, ela se vira para o rei e pergunta.

— Aonde você estava? — diz Mikayla olhando para o estado dele, como se ele fosse um monstro. — O que aconteceu com sua bermuda medieval? Cadê seu bandolim? Que curativo é esse em suas mãos? E esse bastão? O que aconteceu com você, você está péssimo.

— Ow vai com calma Candis — diz Brady pedindo tempo. — Você também não está uma maravilha, sabia? É uma longa história, mais basicamente é o seguinte: Cai na caverna por sua culpa...

— Como assim por minha culpa? — diz Mikayla recuperando seu tom mandão.

— Você foi enfrentar o dragão, ele derrubou um monte de pedra em mim e eu caí na caverna. — diz Brady. — Mais o que importa é, eu consegui achar a banana brava.

Ele ergueu a vara.

— É caniça brava.

— Tanto faz, depois que eu peguei esse troço ai, eu descobri que isso é cheio de espinho e minha mão começou a sangrar, daí a bermuda medieval virou shorts medieval, porque eu precisei fazer o curativo... Se mais alguém se machucar, receio que vou acabar essa aventura pelado.

— Ou morto. — diz Mikayla em tom severo.

— Falou a garota guarda que com um machado desafiou um dragão cuspidor de fogo de trocentas toneladas! — diz Brady. — Já o bandolim... Você não vai acreditar.

— Fala logo o que aconteceu com o bandolim!

— O bandolim na verdade era uma ferramenta que me ajudava a enxergar no escuro, mais ai eu o quebrei na cabeça de uma bruxa canibal. — diz Brady evitando mencionar que a tal bruxa tinha o rosto da Mikayla.

— Tem razão, eu não consigo acreditar nisso. — diz Mikayla cruzando os braços. — E agora o que faremos? Temos que descer por aquele lado.

Mikayla aponta para o labirinto lá embaixo.

— E você fala isso para mim? — diz Brady. — Tudo o que sei é que o caminho pela caverna o dragão destruiu, sem chance de descer por lá. Você conhece outro caminho?

— Não — diz Mikayla coçando a testa. — O caminho do outro lado leva para o alto da montanha. Estamos em um dilema, se subirmos o bicho pega, se descermos nós morremos. Consegue pensar em alguma coisa?

— Se uma banana descascada fosse lançada a mais de trezentos quilômetros...? — diz Brady pensativo.

— Brady foco! Eu estou falando de alguma coisa que nos ajude a descer. — diz Mikayla.

— Ow, isso — diz Brady. — Você deve estar muito desesperada para pedir a minha ajuda.

— E estou mesmo — diz Mikayla chutando uma pedrinha com o pé. — Eu aceito qualquer plano para não ficar parada esperando a morte.

— Pensei que o que te seguia era um dragão... — diz Brady, ao ver a expressão de Mikayla ele fica quieto.

Brady olha ao redor pensativo. Tentando bolar algo perigoso e idiota, que fizesse Mikayla desistir de pedir sua ajuda.

— Poderíamos transformar esse tronco em uma espécie de carrinho de rolimã e descer a montanha indo direto para o labirinto. — diz Brady aguardando a pancada de Mikayla.

— Esse é o pior e mais estupidamente mortal plano que eu já ouvi na vida — diz Mikayla. — Mais vai servir.

— O que? — diz Brady olhando com atenção para Mikayla, para ver se ela não estava caçoando dele. — Fácil assim?

— Sim — diz Mikayla. — Melhor um plano estúpido na mão do que dois bons planos na mente do dragão.

— Argh! Por que eu tenho que ser tão inteligente!? — diz Brady irritado.


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